COMO DEVEMOS EVANGELIZAR
Artigo Escritor Mauricio Berwald
Para começar, o ganhador de almas tem de ter experiência própria da
salvação. É um paradoxo alguém
conduzir um pecador a Cristo, sem ele próprio conhecer o Salvador. Isto é
apontar o caminho do Céu sem
conhecê-lo. Quem fala de Jesus deve ter experiência própria da salvação. (Ver Sl 34.8 e 2 Tm 1.12.)
1. O uso da Palavra de Deus e seu estudo
constante (2 Tm 2.15)
Este é um dos fatores do crescimento
espiritual e da prática
de ganhar almas. Estando nosso coração cheio da Palavra de Deus, nossa boca
falará dela (Mt 12.34).
É evidente que o ganhador de almas precisa de um conhecimento prático da
Bíblia; conhecimento
esse, não só quanto à mensagem do Livro, mas também quanto ao volume em si,
suas divisões, estrutura em geral,
etc. Sim, para ganhar almas é preciso "começar
pela Escritura" (At 8.35).
Aquilo
que a eloquência, o argumento e a persuasão
humana não podem fazer, a Palavra de Deus faz, quando apresentada sob a unção do Espírito Santo. Ela é qual espelho. Quando você fala a
Palavra, está pondo um espelho diante do homem. Deixe o pecador
mirar-se neste maravilhoso espelho! Assim fazendo, ele aborrecerá a si mesmo
ao ver sua situação deplorável.
Está escrito que "Pela lei vem o
conhecimento do pecado" (Rm 3.20).
Através da poderosa Palavra de Deus, o homem vê seu retrato sem qualquer
retoque, conforme Is 1.6. No estudo da obra de ganhar almas, há muito proveito no manuseio de livros bons e inspirados sobre o assunto. Há
livros deste tipo que focalizam métodos de ganhar almas; outros focalizam experiências adquiridas, o
desafio, o apelo e a paixão que
deve haver no ministério em apreço. A igreja de Éfeso foi profundamente espiritual pelo fato de Paulo ter ensinado a Palavra
ali durante três anos, expondo
todo o conselho de Deus (At 20.27-31). Em Corinto ele ensinou dezoito meses (At 18.11). Veja a diferença entre essas duas
igrejas através do texto das duas epístolas (Coríntios e Efésios).
2. Uma vida correta
Paulo evangelizando pessoalmente a Félix, o governador da Judéia, disse:
"Procuro sempre ter uma
consciência sem ofensa, tanto para com Deus como para com os homens" (At 24.16). A
consciência nos seus dois lados -
para com Deus e para com os
homens - deve estar limpa. Muitos crentes têm sido desaprovados por Deus por falharem nesta parte. Trabalham à toda força e frutos não há.
Perguntam: "Por que não há frutos no meu trabalho?" As Escrituras respondem em Is 52.11. Davi compreendia que o pecado é um impedimento à conversão
dos pecadores (Sl 51.2-13). Consideremos aqui os seguintes textos:
- 1 Pe 1.15 Aqui
a santidade é requerida em todas as maneiras de viver.
- Fp
1.27 Mostra
que a nossa conduta deve ser conforme o Evangelho.
- Rm
12.1,2 O ensino aqui
é que não devemos ter uma vida
conformada com o mundo. O povo de Deus
deve caminhar o mais possível distante do mundo.
Certo patrão estava examinando um grupo de motoristas, a fim de
selecionar um deles para ficar como empregado de sua firma. A certa altura
do teste, surgiu a seguinte pergunta
dele: "Se vocês fossem por uma
estrada, beirando um precipício, qual seria a menor distância a que chegariam
da beira do abismo, respeitando
os limites de segurança?" Os motoristas querendo demonstrar
habilidade e experiência, foram dizendo:
"um metro", "menos de
um metro", "meio metro". Nenhuma resposta agradava o patrão até que um deles
disse: "Eu caminharia tão
longe quanto possível do precipício". Este candidato foi aceito
para o emprego.Assim deve ser também na
vida espiritual... O descrente não lê a Bíblia, mas lê a vida do
crente, que de fato deve ser uma Bíblia
aberta! (2 Co 3.2).
3. Aprendendo com o supremo ganhador de almas - Jesus (Mt 4.19)
Em sacrifício, amor, serviço e métodos na obra de
ganhar almas, Jesus é o nosso perfeito exemplo. Entre os diversos casos de
evangelização pessoal do Senhor Jesus, abordaremos um - o da mulher samaritana, em João
capitulo 4. Se seguirmos os
passos de Jesus para
ganhar a samaritana, muito aprenderemos quanto à evangelização pessoal. Em seu ministério, inúmeras vezes
Jesus pregou a milhares de ouvintes; entretanto, um dos seus mais belos sermões - o de João 4 -, foi
proferido perante uma só alma. Isto revela também a importância do testemunho pessoal. Noutra
ocasião, Jesus dirigiu um extenso estudo bíblico para dois discípulos (Lc 24.27).
Sigamos,
pois, os passos do Senhor ao ganhar a samaritana:
3.1 Ter amor, espírito de sacrifício
(vv. 4,6,8). O v.4 fala de sacrifício; o v.6, de cansaço; e v.8, de necessidade (fome). Tudo
por causa duma alma perdida. É interessante notar que Jesus estava cansado da viagem (v.6), mas não
do trabalho. O ganhador de
almas deve estar possuído de ardente amor e compaixão pelos perdidos. O apóstolo
Paulo tinha a
mesma paixão (Rm 9.2,3).
3.2 Ir ao encontro do pecador (v.5). Notai como o Senhor Jesus foi
do geral ao particular: primeiro, à província de Samaria (v.4), depois à cidade
de Sicar (v.5), e por último à fonte de Jacó, para onde a mulher
deveria vir (v.6). Jamais deveremos esperar que os pecadores venham ao nosso encontro. Jesus mostrou,
em Mt 4.19, que a obra de ganhar almas é comparada a uma
pescaria espiritual. O
pescador tem de colocar-se no local da pesca, se quiser
apanhar peixes. Noutras passagens da Bíblia encontramos o mesmo ensino, como em Lc 15.4. O profeta Ezequiel,
conduzido pelo Espírito Santo, foi até os cativos do
seu povo e sentou-se entre eles (Ez
3.14,15).
3.3 Paciência (v.6). Diz o texto: "Assentou-se". Assim fez,
esperando pelo pecador. (Ler At 17. 2.)
3.4 Entrar logo no assunto da salvação (v. 7). Há sempre uma porta aberta para se falar da salvação. No caso da samaritana, o assunto do momento era água e sede, e logo Jesus falou da água
da vida que sacia a sede da alma. Vemos um caso idêntico em Atos capítulo 8. Aí o assunto
era leitura e logo o
servo de Deus iniciou a conversa com uma pergunta também sobre leitura (v.30). Em João, capítulo 3, quando Jesus conversava com Nicodemos, talvez soprasse uma brisa, e logo Ele usou
o vento como figura (v.8).
3.5 Ficar
a sós com quem está falando (v. 8). Quando alguém estiver falando
com um pecador a respeito da salvação, evite
perturbá-lo, a menos que seja convidado.
3.6 Deixar os preconceitos raciais
ou sociais (vv. 9,10). Jesus veio desfazer todas as barreiras que impedem a perfeita relação entre
Deus e o homem, e entre este e seu semelhante. Os preconceitos têm causado grandes males na sua ação
destruidora de separar, ao
passo que Jesus veio unir (Ef 2.11-22).
3.7 Não se afastar do assunto da
salvação (vv. 9-13). No v.9, a mulher alega o
problema do preconceito. No v.12,
Jesus volta ao assunto inicial: água, mas agora água da vida. Nos vv.11,12, a
mulher apresenta
dificuldades. Nos vv.13,14, Jesus volta ao assunto inicial: salvação. Resultado: no
v.15 já há na
pecadora um certo grau de interesse.
3.8 Fazer ver ao ouvinte que ele é
pecador (v.16). Jesus sabia que a samaritana
não tinha marido, mas para
motivar uma declaração dela, disse-lhe: "Chama
o teu marido e vem cá". Muitos pecadores não se podem salvar porque não querem
reconhecer que são pecadores e
muito menos perdidos.
3.9 Não atacar defeitos, nem condenar (v. 18). Isto não quer dizer que vamos
bajular alguém ou concordar
com sua vida ímpia e pecaminosa.
3.10 Evitar
discussão (vv. 20-24). Não permitir
que a conversa degenere em discussão. No v.20, a mulher aponta o fato de os
judeus desacreditarem na religião
dos samaritanos. É costume também o pecador apontar falhas nas igrejas e nas vidas de certas pessoas crentes. Isto mostra que tais ouvintes, em lugar de olhar para Cristo, estão atrás
de igrejas e pessoas. O alvo
perfeito é Cristo (Hb 12.2). Crentes errados darão conta de si
mesmos (Rm 14.12).
Diz uma autoridade em Relações Humanas: "Você nunca vencerá uma discussão. Se
perder, perdeu mesmo, e se ganhar
perdeu também, porque um homem convencido contra a vontade, conserva
sempre a opinião anterior. Quem perde numa discussão fica ferido no seu amor próprio".
3.11 O sexo influi, às vezes (v.
27). O ideal é falar com pessoas do mesmo
sexo, sem contudo fazer disso uma lei. É provável que se uma mulher falasse à samaritana, talvez
não prendesse tanto a sua atenção.
Outros exemplos de Jesus evangelizando pessoalmente:
a) Jesus e Nicodemos (Jo 3.1-21).
b) Zaqueu, o publicano (Lc 19.1-28).
c) O cego Bartimeu (Mc 10.46-52).
d) O malfeitor na cruz (Lc 23.39-43).
e) O doutor da lei (Lc 10.25-37).
f) O
jovem rico (Mt 19.16-30).
g) A mulher adúltera (Jo 8.1-11).
h) A mulher enferma (Mc 5.25-34).
i) A mulher siro-fenícia (Mc 7.24-30).
j) O paralítico de Cafarnaum (Mc 2.1-12).
4. Ser cheio do Espírito Santo
Nos negócios puramente humanos, o homem pode ter êxito e promover o
progresso. Isto acontece nas
construções, nas indústrias, no comércio, na arte, nas ciências, etc, mas no tocante à obra de Deus, só pode de fato haver avanço quando ela
é acionada pelo Espírito de
Deus. Ele é que comunica vida.
Quando o trabalho do Senhor passa a ser dirigido exclusivamente pelo homem, torna-se em organização mecânica, fria e estéril. A Igreja
de Deus, quando dinamizada pelo
Espírito Santo, é de fato um organismo vivo, que cresce sempre para a glória de Deus. A ordem de Jesus à Igreja para
pregar o Evangelho está intimamente
ligada à ordem para receber o
poder do alto, como se vê em Lc 24.49; At 1.8. O poder de Deus faz
a diferença. O apóstolo Pedro, fraco e tímido antes do Pentecoste, tornou-se coluna, após o revestimento de poder.
Todo o crente nascido de novo tem em si o Espírito Santo (1 Co 3.16), mas o
poder glorioso para o testemunho e serviço de Cristo, vem com toda plenitude aos servos batizados com
o Espírito Santo (At 1.4,5,8;
2.1-4). Após o crente ter sido cheio do Espírito Santo é preciso permanecer cheio
sempre (Ef 5.18).
Aí não se trata de um convite divino, mas de uma ordem.
5. É preciso orar sempre (Ef 6.18,19)
A oração abre portas e remove barreiras. Ela é o
meio de comunicação com Deus. A Igreja nasceu quando em oração, e é nesse
ambiente que ela cresce e se desenvolve (At 1.14).
Pedro estava orando quando Deus o usou
para a salvação de Cornélio, seus
parentes e amigos (At 10). (Ver Sl 126.6; At 20.31.) É mais fácil falar ao pecador sobre Deus,
depois que falamos com Deus sobre o pecador...
6. Fé na operação da Palavra de Deus.
Quando
falamos a Palavra de Deus, precisamos confiar no seu autor. A nós crentes
compete anunciar a Palavra; a Deus,
operar. Aquele que disse "Ide
por todo o mundo", também disse "Eis que estou convosco". Devemos falar a Palavra com
plena convicção de que é o poder de Deus para salvação de todo o que crê (Is 55.11; Rm 1.16). Há pecadores que aceitam a mensagem da salvação com toda a simplicidade, outros não. Se o
irmão está procurando levar uma alma a Cristo, nunca desanime. Certo
irmão sueco orou 50 anos paraJesus salvar
determinada pessoa, e viu-a aceitar o Salvador. O Dr. R. A. Torrey, célebre ganhador de almas,
orou 15 anos por uma pessoa, e esta veio a crer em Jesus. Os homens que conduziam o paralítico de Lucas 5
só conseguiram chegar à presença de Jesus,
subindo ao eirado, o que não era muito
fácil. Mas não desanimaram. Isto é perseverança. Às vezes é preciso um esforço assim. Qualquer caso, mesmo
os piores, acham solução no Senhor
Jesus. Para Deus nunca houve impossíveis. Ele é especialista nisso! Portanto, é preciso anunciar a Palavra
com plena confiança na sua divina ação.
Quando você estiver falando de Jesus, ore em espírito para que Deus honre a
Palavra dele e manifeste o seu poder
salvador.
7. É preciso amor
Fé e amor andam juntos na evangelização. Quaisquer
outros recursos serão meros paliativos, como relações humanas, sociologia etc. Jesus
foi a personificação do amor. Ele salvou os pecadores amando-os até o
fim (Jo 13.1). Sua posição ao morrer de braços abertos na cruz é a expressão
máxima do amor. Ali,
num gesto de infinito alcance, Ele uniu os dois povos com seus braços acolhedores (judeus e gentios).
8. A apresentação pessoal
Cuide disso. Sua aparência é importante, como é importante a mensagem que
você leva. Deus pode usar quem Ele quiser e o que Ele quiser, até uma queixada de jumento, como no
caso de Sansão, mas quanto à sua
aparência pessoal, irmão, fica a seu critério. Cuide de sua apresentação, mas sem exagero. Roupa passada, gravata
no lugar, limpeza geral,
inclusive das unhas; barba bem feita, cuidado com o hálito. O traje deve
ser modesto, decente e de bom gosto.
Um traje mundano, imoral e indecente não
é próprio do cristão; pode atrair o povo, mas não para Cristo. Não permita que seu traje seja
motivo de atração para os ímpios, desviando, assim, a atenção a Cristo. Diz a Palavra de Deus no Sl 103.1: "Tudo o que há em mim bendiga o seu santo nome".
9. O uso da fala (1 Co 14.9)
Ao ler a Bíblia ou falar ao pecador, procure evitar
solecismos prosódicos, observando a pronúncia correta das palavras, o que
inclui todas as suas letras. Evite
o pedantismo a todo o custo, porque logo será descoberto. Pedantismo é falsa cultura. Na
pronúncia da língua portuguesa atente para a acentuação, entonação e pontuação. Uma dicção exata impõe-se e dá destaque. Jesus
certamente observava bem estas
regras. O correto emprego das palavras
é também muito importante. Por exemplo, nunca dizer "verso" em lugar
de "versículo",quando referir-se às divisões dos capítulos da Bíblia
o certo é "versículo".
Jesus
ensinou seus discípulos a orar, mas não a pregar, porque aprender a falar e pregar é tarefa nossa. Jesus unge a mensagem e opera por meio dela. Por meio da oração buscamos o Senhor para que
Ele inspire e ilumine a pregação. O que é para o homem fazer. Deus não
executa. (Ver Jo 11.39.) Um auxiliar
valioso para a grafia e pronúncia correta dós nossos vocábulos é o "Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa", edição de 1981.
O
meio ambiente de pessoas cultas também influi poderosamente na boa formação
linguística e cultural. O apóstolo
Paulo nunca desprezou os livros (2
Tm 4.13). É de grande valor o estudo de bons livros, como concordância, dicionários, gramáticas, manuais doutrinários, etc.
10. O manuseio prático da Bíblia
É muito importante o pleno desembaraço no manuseio do volume sagrado. Isto significa
saber onde estão as passagens
necessárias e localizá-las no
volume sagrado com rapidez. É imperioso conhecer a abreviatura de cada
livro. Como já foi dito, este curso de
evangelismo pessoal adota o sistema
mais simples de abreviar os livros da Bíblia: apenas duas letras
para cada livro, sem ponto abreviativo.
Há outros sistemas, mas esse é o mais simples. Nunca cite um versículo incompleto ou de maneira duvidosa. Isso compromete. Também
nunca acrescente ou subtraia
palavras do texto bíblico, mutilando-o. Quanto a isso é bom atentar para
a advertência de Dt 4.2;
12.32; Pv 30.5,6; Ap 22.18,19. Neste
curso temos de memorizar muitos textos da
Palavra de Deus. Se isso parecer difícil ou impossível, lembremo-nos de Fp 4.13.
11. O uso de folhetos e literatura em geral
Nunca distribua nada sem primeiro ler para
si. Há um provérbio que diz:
"Nem tudo que brilha é ouro". Ande sempre munido de porções impressas
da Palavra de Deus: folhetos, revistas, Novos Testamentos. Bíblias completas ou porções dela. Há ocasiões em que não se pode falar nem ingressar
em determinados lugares, mas a Palavra de Deus pode fazer tudo isso. Milhares já foram salvos pela mensagem
impressa. Distribua a mensagem conforme a situação do momento.
O agricultor, quando semeia, escolhe a semente
antes de lançá-la ao solo; ele assim faz porque os terrenos são diferentes.
Também se pode evangelizar por meio de cartas pessoais.
Neste caso, as cartas devem sempre ser manuscritas, a fim de conduzir o toque pessoal. Na Bíblia temos muitas mensagens em forma epistolar.
Fonte: Pr Antonio Gilberto em A pratica
do Evangelismo Pessoal,CPAD ,1982
fonte www.mauricioberwaldoficial.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário
PAZ DO SENHOR
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.