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quarta-feira, 22 de junho de 2016

Devemos evangelizar



COMO DEVEMOS EVANGELIZAR


                                   Artigo Escritor Mauricio Berwald

Para começar, o ganhador de almas tem de ter experiência própria da salvação. É um paradoxo al­guém conduzir um pecador a Cristo, sem ele pró­prio conhecer o Salvador. Isto é apontar o caminho do Céu sem conhecê-lo. Quem fala de Jesus deve ter experiência própria da salvação. (Ver Sl 34.8 e 2 Tm 1.12.)

1. O uso da Palavra de Deus e seu estudo cons­tante (2 Tm 2.15)

Este é um dos fatores do crescimento espiritual e da prática de ganhar almas. Estando nosso cora­ção cheio da Palavra de Deus, nossa boca falará dela (Mt 12.34). É evidente que o ganhador de al­mas precisa de um conhecimento prático da Bíblia; conhecimento esse, não só quanto à mensagem do Livro, mas também quanto ao volume em si, suas divisões, estrutura em geral, etc. Sim, para ganhar almas é preciso "começar pela Escritura" (At 8.35).

Aquilo que a eloquência, o argumento e a per­suasão humana não podem fazer, a Palavra de Deus faz, quando apresentada sob a unção do Espí­rito Santo. Ela é qual espelho. Quando você fala a Palavra, está pondo um espelho diante do homem. Deixe o pecador mirar-se neste maravilhoso espe­lho! Assim fazendo, ele aborrecerá a si mesmo ao ver sua situação deplorável.

Está escrito que "Pela lei vem o conhecimento do pecado" (Rm 3.20). Através da poderosa Pala­vra de Deus, o homem vê seu retrato sem qualquer retoque, conforme Is 1.6. No estudo da obra de ga­nhar almas, há muito proveito no manuseio de li­vros bons e inspirados sobre o assunto. Há livros deste tipo que focalizam métodos de ganhar almas; outros focalizam experiências adquiridas, o desafio, o apelo e a paixão que deve haver no ministério em apreço. A igreja de Éfeso foi profundamente espiri­tual pelo fato de Paulo ter ensinado a Palavra ali durante três anos, expondo todo o conselho de Deus (At 20.27-31). Em Corinto ele ensinou dezoito me­ses (At 18.11). Veja a diferença entre essas duas igrejas através do texto das duas epístolas (Coríntios e Efésios).

2. Uma vida correta

Paulo evangelizando pessoalmente a Félix, o go­vernador da Judéia, disse: "Procuro sempre ter uma consciência sem ofensa, tanto para com Deus como para com os homens" (At 24.16). A consciên­cia nos seus dois lados - para com Deus e para com os homens - deve estar limpa. Muitos crentes têm sido desaprovados por Deus por falharem nesta parte. Trabalham à toda força e frutos não há. Perguntam: "Por que não há frutos no meu trabalho?" As Escrituras respondem em Is 52.11. Davi com­preendia que o pecado é um impedimento à conver­são dos pecadores (Sl 51.2-13). Consideremos aqui os seguintes textos:

1 Pe 1.15           Aqui a santidade é requerida em to­das as maneiras de viver.
Fp 1.27              Mostra que a nossa conduta deve ser conforme o Evangelho.
Rm 12.1,2          O ensino aqui é que não devemos ter uma vida conformada com o mundo. O povo de Deus deve caminhar o mais possível distante do mundo.

Certo patrão estava examinando um grupo de motoristas, a fim de selecionar um deles para ficar como empregado de sua firma. A certa altura do teste, surgiu a seguinte pergunta dele: "Se vocês fossem por uma estrada, beirando um precipício, qual seria a menor distância a que chegariam da beira do abismo, respeitando os limites de segurança?" Os motoristas querendo demonstrar habilida­de e experiência, foram dizendo: "um metro", "me­nos de um metro", "meio metro". Nenhuma res­posta agradava o patrão até que um deles disse: "Eu caminharia tão longe quanto possível do pre­cipício". Este candidato foi aceito para o emprego.Assim deve ser também na vida espiritual... O des­crente não lê a Bíblia, mas lê a vida do crente, que de fato deve ser uma Bíblia aberta! (2 Co 3.2).

3. Aprendendo com o supremo ganhador de al­mas - Jesus (Mt 4.19)

Em sacrifício, amor, serviço e métodos na obra de ganhar almas, Jesus é o nosso perfeito exemplo. Entre os diversos casos de evangelização pessoal do Senhor Jesus, abordaremos um - o da mulher samaritana, em João capitulo 4. Se seguirmos os passos de Jesus para ganhar a samaritana, muito aprendere­mos quanto à evangelização pessoal. Em seu minis­tério, inúmeras vezes Jesus pregou a milhares de ouvintes; entretanto, um dos seus mais belos ser­mões - o de João 4 -, foi proferido perante uma só alma. Isto revela também a importância do tes­temunho pessoal. Noutra ocasião, Jesus dirigiu um extenso estudo bíblico para dois discípulos (Lc 24.27).

Sigamos, pois, os passos do Senhor ao ganhar a samaritana:

3.1 Ter amor, espírito de sacrifício (vv. 4,6,8). O v.4 fala de sacrifício; o v.6, de cansaço; e v.8, de necessidade (fome). Tudo por causa duma alma perdida. É interessante notar que Jesus estava cansado da viagem (v.6), mas não do trabalho. O ga­nhador de almas deve estar possuído de ardente amor e compaixão pelos perdidos. O apóstolo Paulo tinha a mesma paixão (Rm 9.2,3).

3.2 Ir ao encontro do pecador (v.5). Notai como o Senhor Jesus foi do geral ao particular: primeiro, à província de Samaria (v.4), depois à cidade de Sicar (v.5), e por último à fonte de Jacó, para onde a mulher deveria vir (v.6). Jamais deveremos esperar que os pecadores venham ao nosso encontro. Jesus mostrou, em Mt 4.19, que a obra de ganhar almas é comparada a uma pescaria espiritual. O pescador tem de colocar-se no local da pesca, se quiser apanhar peixes. Noutras passagens da Bíblia encontramos o mesmo ensino, como em Lc 15.4. O profeta Ezequiel, conduzido pelo Espíri­to Santo, foi até os cativos do seu povo e sentou-se entre eles (Ez 3.14,15).

3.3 Paciência (v.6). Diz o texto: "Assentou-se". Assim fez, esperando pelo pecador. (Ler At 17. 2.)

3.4 Entrar logo no assunto da salvação (v. 7). Há sempre uma porta aberta para se falar da salvação. No caso da samaritana, o assunto do mo­mento era água e sede, e logo Jesus falou da água da vida que sacia a sede da alma. Vemos um caso idêntico em Atos capítulo 8. Aí o assunto era leitura e logo o servo de Deus iniciou a conversa com uma pergunta também sobre leitura (v.30). Em João, capítulo 3, quando Jesus conversava com Nicodemos, talvez soprasse uma brisa, e logo Ele usou o vento como figura (v.8).

3.5 Ficar a sós com quem está falando (v. 8). Quando alguém estiver falando com um peca­dor a respeito da salvação, evite perturbá-lo, a me­nos que seja convidado.

3.6 Deixar os preconceitos raciais ou sociais (vv. 9,10). Jesus veio desfazer todas as barreiras que impe­dem a perfeita relação entre Deus e o homem, e en­tre este e seu semelhante. Os preconceitos têm cau­sado grandes males na sua ação destruidora de se­parar, ao passo que Jesus veio unir (Ef 2.11-22).

3.7 Não se afastar do assunto da salvação (vv. 9-13). No v.9, a mulher alega o problema do preconcei­to. No v.12, Jesus volta ao assunto inicial: água, mas agora água da vida. Nos vv.11,12, a mulher apresenta dificuldades. Nos vv.13,14, Jesus volta ao assunto inicial: salvação. Resultado: no v.15 já há na pecadora um certo grau de interesse.

3.8 Fazer ver ao ouvinte que ele é pecador (v.16)Jesus sabia que a samaritana não tinha marido, mas para motivar uma declaração dela, disse-lhe: "Chama o teu marido e vem cá". Muitos pecadores não se podem salvar porque não querem reconhecer que são pecadores e muito menos perdidos.

3.9 Não atacar defeitos, nem condenar (v. 18). Isto não quer dizer que vamos bajular alguém ou concordar com sua vida ímpia e pecaminosa.

3.10   Evitar discussão (vv. 20-24). Não permi­tir que a conversa degenere em discussão. No v.20, a mulher aponta o fato de os judeus desacreditarem na religião dos samaritanos. É costume também o pecador apontar falhas nas igrejas e nas vidas de certas pessoas crentes. Isto mostra que tais ouvin­tes, em lugar de olhar para Cristo, estão atrás de igrejas e pessoas. O alvo perfeito é Cristo (Hb 12.2). Crentes errados darão conta de si mesmos (Rm 14.12).

Diz uma autoridade em Relações Humanas: "Você nunca vencerá uma discussão. Se perder, perdeu mesmo, e se ganhar perdeu também, porque um homem convencido contra a vontade, con­serva sempre a opinião anterior. Quem perde numa discussão fica ferido no seu amor próprio".

3.11 O sexo influi, às vezes (v. 27). O ideal é falar com pessoas do mesmo sexo, sem contudo fa­zer disso uma lei. É provável que se uma mulher falasse à samaritana, talvez não prendesse tanto a sua atenção.

Outros exemplos de Jesus evangelizando pes­soalmente:

a) Jesus e Nicodemos (Jo 3.1-21).
b) Zaqueu, o publicano (Lc 19.1-28).
c) O cego Bartimeu (Mc 10.46-52).
d) O malfeitor na cruz (Lc 23.39-43).
e) O doutor da lei (Lc 10.25-37).
f) O jovem rico (Mt 19.16-30).
g) A mulher adúltera (Jo 8.1-11).
h) A mulher enferma (Mc 5.25-34).
i) A mulher siro-fenícia (Mc 7.24-30).
j) O paralítico de Cafarnaum (Mc 2.1-12).

4. Ser cheio do Espírito Santo

Nos negócios puramente humanos, o homem pode ter êxito e promover o progresso. Isto acontece nas construções, nas indústrias, no comércio, na ar­te, nas ciências, etc, mas no tocante à obra de Deus, só pode de fato haver avanço quando ela é acionada pelo Espírito de Deus. Ele é que comuni­ca vida. Quando o trabalho do Senhor passa a ser dirigido exclusivamente pelo homem, torna-se em organização mecânica, fria e estéril. A Igreja de Deus, quando dinamizada pelo Espírito Santo, é de fato um organismo vivo, que cresce sempre para a glória de Deus. A ordem de Jesus à Igreja para pre­gar o Evangelho está intimamente ligada à ordem para receber o poder do alto, como se vê em Lc 24.49; At 1.8. O poder de Deus faz a diferença. O apóstolo Pedro, fraco e tímido antes do Pentecoste, tornou-se coluna, após o revestimento de poder.

Todo o crente nascido de novo tem em si o Espí­rito Santo (1 Co 3.16), mas o poder glorioso para o testemunho e serviço de Cristo, vem com toda ple­nitude aos servos batizados com o Espírito Santo (At 1.4,5,8; 2.1-4). Após o crente ter sido cheio do Espírito Santo é preciso permanecer cheio sempre (Ef 5.18). Aí não se trata de um convite divino, mas de uma ordem.

5. É preciso orar sempre (Ef 6.18,19)

A oração abre portas e remove barreiras. Ela é o meio de comunicação com Deus. A Igreja nasceu quando em oração, e é nesse ambiente que ela cres­ce e se desenvolve (At 1.14). Pedro estava orando quando Deus o usou para a salvação de Cornélio, seus parentes e amigos (At 10). (Ver Sl 126.6; At 20.31.) É mais fácil falar ao pecador sobre Deus, depois que falamos com Deus sobre o pecador...

6. Fé na operação da Palavra de Deus.

Quando falamos a Palavra de Deus, precisamos confiar no seu autor. A nós crentes compete anun­ciar a Palavra; a Deus, operar. Aquele que disse "Ide por todo o mundo", também disse "Eis que es­tou convosco". Devemos falar a Palavra com plena convicção de que é o poder de Deus para salvação de todo o que crê (Is 55.11; Rm 1.16). Há pecadores que aceitam a mensagem da sal­vação com toda a simplicidade, outros não. Se o ir­mão está procurando levar uma alma a Cristo, nun­ca desanime. Certo irmão sueco orou 50 anos paraJesus salvar determinada pessoa, e viu-a aceitar o Salvador. O Dr. R. A. Torrey, célebre ganhador de almas, orou 15 anos por uma pessoa, e esta veio a crer em Jesus. Os homens que conduziam o paralítico de Lucas 5 só conseguiram chegar à pre­sença de Jesus, subindo ao eirado, o que não era muito fácil. Mas não desanimaram. Isto é perseve­rança. Às vezes é preciso um esforço assim. Qual­quer caso, mesmo os piores, acham solução no Senhor Jesus. Para Deus nunca houve impossíveis. Ele é especialista nisso! Portanto, é preciso anun­ciar a Palavra com plena confiança na sua divina ação. Quando você estiver falando de Jesus, ore em espírito para que Deus honre a Palavra dele e mani­feste o seu poder salvador.

7. É preciso amor

Fé e amor andam juntos na evangelização. Quaisquer outros recursos serão meros paliativos, como relações humanas, sociologia etc. Jesus foi a personificação do amor. Ele salvou os pecadores amando-os até o fim (Jo 13.1). Sua posição ao mor­rer de braços abertos na cruz é a expressão máxima do amor. Ali, num gesto de infinito alcance, Ele uniu os dois povos com seus braços acolhedores (ju­deus e gentios).

8. A apresentação pessoal

Cuide disso. Sua aparência é importante, como é importante a mensagem que você leva. Deus pode usar quem Ele quiser e o que Ele quiser, até uma queixada de jumento, como no caso de Sansão, mas quanto à sua aparência pessoal, irmão, fica a seu critério. Cuide de sua apresentação, mas sem exa­gero. Roupa passada, gravata no lugar, limpeza ge­ral, inclusive das unhas; barba bem feita, cuidado com o hálito. O traje deve ser modesto, decente e de bom gosto. Um traje mundano, imoral e indecente não é próprio do cristão; pode atrair o povo, mas não para Cristo. Não permita que seu traje seja mo­tivo de atração para os ímpios, desviando, assim, a atenção a Cristo. Diz a Palavra de Deus no Sl 103.1: "Tudo o que há em mim bendiga o seu santo no­me".

9. O uso da fala (1 Co 14.9)

Ao ler a Bíblia ou falar ao pecador, procure evi­tar solecismos prosódicos, observando a pronúncia correta das palavras, o que inclui todas as suas le­tras. Evite o pedantismo a todo o custo, porque logo será descoberto. Pedantismo é falsa cultura. Na pronúncia da língua portuguesa atente para acentuação, entonação e pontuação. Uma dicção exata impõe-se e dá destaque. Jesus certamente observava bem estas regras. O correto emprego das palavras é também muito importante. Por exem­plo, nunca dizer "verso" em lugar de "versículo",quando referir-se às divisões dos capítulos da Bíblia o certo é "versículo".

Jesus ensinou seus discípulos a orar, mas não a pregar, porque aprender a falar e pregar é tarefa nossa. Jesus unge a mensagem e opera por meio de­la. Por meio da oração buscamos o Senhor para que Ele inspire e ilumine a pregação. O que é para o ho­mem fazer. Deus não executa. (Ver Jo 11.39.) Um auxiliar valioso para a grafia e pronúncia correta dós nossos vocábulos é o "Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa", edição de 1981.

O meio ambiente de pessoas cultas também in­flui poderosamente na boa formação linguística e cultural. O apóstolo Paulo nunca desprezou os li­vros (2 Tm 4.13). É de grande valor o estudo de bons livros, como concordância, dicionários, gra­máticas, manuais doutrinários, etc.

10. O manuseio prático da Bíblia

É muito importante o pleno desembaraço no manuseio do volume sagrado. Isto significa saber onde estão as passagens necessárias e localizá-las no volume sagrado com rapidez. É imperioso co­nhecer a abreviatura de cada livro. Como já foi di­to, este curso de evangelismo pessoal adota o siste­ma mais simples de abreviar os livros da Bíblia: apenas duas letras para cada livro, sem ponto abreviativo.

Há outros sistemas, mas esse é o mais simples. Nunca cite um versículo incompleto ou de ma­neira duvidosa. Isso compromete. Também nunca acrescente ou subtraia palavras do texto bíblico, mutilando-o. Quanto a isso é bom atentar para a advertência de Dt 4.2; 12.32; Pv 30.5,6; Ap 22.18,19. Neste curso temos de memorizar muitos textos da Palavra de Deus. Se isso parecer difícil ou im­possível, lembremo-nos de Fp 4.13.

11. O uso de folhetos e literatura em geral

Nunca distribua nada sem primeiro ler para si. Há um provérbio que diz: "Nem tudo que brilha é ouro". Ande sempre munido de porções impressas da Palavra de Deus: folhetos, revistas, Novos Tes­tamentos. Bíblias completas ou porções dela. Há ocasiões em que não se pode falar nem ingressar em determinados lugares, mas a Palavra de Deus pode fazer tudo isso. Milhares já foram salvos pela men­sagem impressa. Distribua a mensagem conforme a situação do momento.

O agricultor, quando semeia, escolhe a semente antes de lançá-la ao solo; ele assim faz porque os terrenos são diferentes. Também se pode evangelizar por meio de cartas pessoais. Neste caso, as car­tas devem sempre ser manuscritas, a fim de condu­zir o toque pessoal. Na Bíblia temos muitas mensa­gens em forma epistolar. 
Fonte: Pr Antonio Gilberto em A pratica do Evangelismo Pessoal,CPAD ,1982
fonte www.mauricioberwaldoficial.blogspot.com



 

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