Deus não apenas convocou Moisés para aquela empreitada, mas deu- lhe poderes específicos para que o representasse. Os sinais que Moisés presenciou eram um prenúncio do que Deus haveria de fazer no Egito. Ele deveria contar aos hebreus o que presenciara e, mais que isso, deveria, por recomendação divina, pegar a água do rio e lançá-la na terra, para que se tornasse em sangue. Moisés, portanto, tinha não apenas os sinais para contar aos hebreus, mas tinha também outro para fazer na frente deles, caso não acreditassem na sua palavra.COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 21.
Deus Concede Poderes a Moisés (4.1-17)
Os críticos atribuem esta seção a uma combinação das fontes J, E e P(S). Moisés tinha recebido o informe de que era participante do Pacto Abraâmico (Êxo. 2.24). Tinha recebido o Novo Nome de Deus que impressionaria Israel com sua autoridade (Êxo. 3.14). Tinha recebido muitas promessas de sucesso (Êxo. 3.16 ss.), a começar pelos anciãos de Israel, o que culminaria com o resgate de Israel da servidão no Egito. Agora, porém, ele precisava receber poderes divinos, sendo esse o tema da seção à nossa frente. Esses poderes seriam miraculosos, porquanto somente milagres de Deus poderiam conseguir o livramento de Israel. Ver as notas sobre o Pacto Abraâmico em Gên. 15.18, como também os vss. 13 e 16 daquele capítulo.
O texto que se segue destaca mais duas objeções feitas por Moisés. Ver Êxo. 3.11 quanto às três objeções de Moisés, com suas respectivas referências. Agora, era mister que Moisés autenticasse sua autoridade diante dos anciãos de Israel (Êxo. 4.1); e também deveria haver alguma provisão para que ele se comunicasse bem, pois não era homem eloquente (Êxo. 4.10). Deus cuidou paciente e eficazmente dos temores de Moisés. Mas quem não teria tais temores se tivesse de enfrentar ao Faraó e a uma tarefa aparente- mente impossível? Deus deu a Moisés poderes miraculosos (vss. 3,5-9) a fim de mostrar-lhe que o projeto divino contaria com o poder de Deus, que se manifestaria através dele.
No Egito florescia uma mágica supersticiosa. Mas não devemos supor que Moisés participasse dessas artes mágicas. Foi-lhe dado o poder divino, e não um poder mágico. Alguns estudiosos liberais atribuem esse relato a meras noções supersticiosas. O homem espiritual, porém, sabe que existem milagres.
Êx 4.1 Eis que não crerão. Moisés referia-se aos anciãos de Israel (ver os vss. 5 e 21). Além disso, o Faraó também não daria crédito à simples palavra de Moisés. Era mister que ele se tornasse um Moisés dotado de poderes miraculosos, para que seu testemunho fosse eficaz. Os milagres sempre foram úteis para efeito de autenticação. Mas também servem de veículos da misericórdia divina. Cf. Atos 7.22. Moisés possuía toda a sabedoria do Egito, mas agora estava munido de muito mais do que isso. Agora também fora divinamente dotado, o que o distinguia dos mágicos do Egito.Os milagres cristalizam-se em torno de certas crises do trato de Deus com o homem” (Ellicott, in loc).
As palavras têm grande valor. Algumas vezes, porém, é mister adicionar obras. E mais ocasionalmente ainda, deve haver obras miraculosas se os propósitos de Deus tiverem de cumprir-se.Êx 4.2,3 Uma vara. Provavelmente era um cajado comum. Mas logo a vara seria transformada em uma serpente. A habilidade dos mágicos egípcios aparentemente incluía a capacidade de hipnotizar uma serpente, fazendo-a tornar-se rígida. E assim os mágicos eram capazes de segurar na mão uma serpente hipnotizada, para admiração dos circunstantes. Era um truque de mágico. Mas fazer um pedaço de madeira transformar-se realmente em uma serpente era coisa totalmente diversa.
Os céticos pensam que temos aqui uma exibição de antigas artes mágicas, aprendidas no Egito por Moisés. Os mágicos são capazes de fazer coisas deveras admiráveis, embora tudo não passe de ilusão. Mas quando Moisés fugiu da serpente, não havia nela nenhuma ilusão! Os egípcios usavam de ilusão e imitação. Moisés, porém, realizava feitos reais extraordinários. Essa era a diferença vital entre o antigo Moisés e 0 novo Moisés. Se os críticos veem apenas um elemento supersticioso nessa questão da “vara”, podemos estar certos de que havia ali poder, por causa do poder que Yahweh tinha atribuído a Moisés. Assim também a coroa de um rei não tem, em si mesma, nenhuma autoridade. Trata-se apenas de um símbolo dessa autoridade. A vara de Moisés era apenas um objeto de madeira. Mas pareceu bem a Yahweh agir quando Moisés brandia aquela vara. Esta tornara-se emblema do poder divino nele investido, que funcionava sempre que isso se tomava necessário. Ver Êxo. 4.17 quanto a notas adicionais sobre a vara.
O Primeiro Milagre.
Temos aqui o primeiro milagre a ser registrado na Bíblia. Os intérpretes judeus ornavam o texto com toda espécie de descrição pavorosa sobre as serpentes venenosas. Filo, porém, realmente exagerou nos comentários, ao dizer que a serpente era, de fato, um enorme dragão (De Vita Mosis, 1.1 614).
Êx 4.4 Pega-lhe pela cauda. Moisés fugiu de medo, mas a voz de Deus ordenou- lhe que não tivesse medo e segurasse a serpente pela cauda, 0 que não exigia pequena coragem! Moisés obedeceu e, para seu espanto, a serpente transformou-se de novo em uma simples vara. Esse ato final foi necessário para mostrar a Moisés que aquilo que tinha acontecido não era apenas uma ilusão. Moisés tinha que ver, antes de tudo, a autenticidade do poder divino, antes que pudesse convencer os outros a esse respeito.
Metáforas. O que os intérpretes judeus dizem aqui, embora interessante, é totalmente inútil. A serpente é concebida como 0 diabo, ao qual Moisés aprendeu a controlar. Além disso, seus três estados ilustrariam a vida de Israel: primeiro Israel floresceria no Egito, sob José (a serpente como uma vara); então Israel seria escravizado (a serpente adquire vida e torna-se perigosa); e, então, Israel seria libertado (a serpente volta a ser uma vara, sem nenhum dano).
Os intérpretes cristãos veem Cristo aqui: a vara, Sua força; Ele foi lançado por terra em Sua humilhação; finalmente, foi-Lhe restaurado o poder. Mas outros eruditos pensam mais no ministério de Moisés: a principio, em conforto e em paz; então, em perigo; finalmente, foi-lhe devolvida a paz e a vitória.A fé triunfou sobre o mero instinto. O instinto de Moisés consistiu em fugir da serpente. Mediante a fé, porém, foi capaz de vencer isso e segurar a serpente pela cauda. Por igual modo, ele seria capaz de domar a serpente, ou seja, o Faraó.Êx 4.5 Para que creiam. Os milagres autenticam a fé, e esse tem sido sempre o uso da fé. Este versículo faz-nos voltar aos nomes divinos que figuram com tanta importância neste texto.
Em seguida, Moisés levou a Israel os nomes tradicionais de Yahweh e Elohim, associando-se ao propósito que tinha operado através dos patriarcas (Êxo. 3.15). E isso é repetido neste versículo. Ver Êxo. 3.13 quanto ao poder existente no nome de uma pessoa, de acordo com uma antiga crença.
Para que [eles] creiam. Esse “eles” (oculto em nossa versão portuguesa) refere-se aos anciãos de Israel, cuja cooperação com Moisés seria um sine qua non (sem a qual não) do projeto divino. O vs. 21, porém, aplica a questão aos egípcios.“Sem o dom de milagres, nem Moisés teria persuadido os israelitas, nem os apóstolos teriam convertido o mundo” (Ellicott, in loc.).
Êx 4.6,7 O Segundo Milagre Autenticador.
O primeiro milagre, Moisés exibiu diante dos egípcios (Exo. 7.10 ss.). Mas este segundo milagre não foi efetuado diante do Faraó, pelo menos até onde vai o registro sagrado. Mas talvez o vs. 30 tencione dizer que assim aconteceu.
A mão estava leprosa. No Oriente, essa era uma doença comum, ainda que outras enfermidades, e não somente a doença de Hansen, fossem chamadas por esse nome. Ver uma de suas mãos leprosa deve ter assustado Moisés mais ainda do que a serpente. Um mágico poderia fingir tal acontecimento, escondendo algo em sua capa que se apegasse à sua mão como se fosse pele leprosa. Mas um homem que realmente ficasse com uma mão leprosa, mesmo que por alguns segundos apenas, certamente teria consciência do fato. Deus é aqui visto como aquele que pode curar doenças incuráveis. Moisés deve ter passado do horror para o alívio. Essa foi outra lição objetiva de poder. Esse poder foi posto à sua disposição. O primeiro sinal talvez não fosse convincente; mas 0 segundo sem dúvida convenceria (vs. 8).Josefo, ao que parece, pensava que Moisés também tinha usado esse segundo sinal, embora isso não seja registrado na Bíblia. Os egípcios chamavam os hebreus de leprosos”, talvez porque Moisés lhes tinha mostrado esse sinal. Ver Contra Ap. 1.26.
A modalidade esbranquiçada de lepra era considerada a pior, incurável. Ver Lev. 13.3,4; Num. 12.10. Alguns antigos escritores registraram que 0 povo de Israel foi expulso do Egito porque entre eles havia tão grande número de leprosos que os egípcios não queriam contato com eles. Assim disseram Tácito (Hist. 1.5 c.3) e Trogo (Justino e Trogo, 1.36 c.2).
Êx 4.8 O Segundo Sinal. O sinal da mão leprosa, que era curada, foi 0 mais estonteante, garantindo que a Moisés dar-se-ia crédito. Ver no Dicionário 0 artigo Sinal (Milagre). Diz literalmente o hebraico, “a voz do sinal”. Tal sinal daria uma mensagem clara e convincente. Naturalmente, há milagres falsos, ou seja, milagres por trás dos quais falam vozes malignas. As pessoas também dão ouvidos a esses “falsos sinais”. Um milagre não serve de prova indiscutível de correção. No caso de Moisés, entretanto, eram esperados resultados positivos.
Êx 4.9 O Terceiro Sinal.
Jesus transformou água em vinho (João 2). Esse foi 0 Seu primeiro milagre. Moisés transformou água em sangue. Potencialmente, esse foi o seu terceiro milagre. Uma vez mais, não há registro bíblico de que ele tenha usado esse “milagre-sinal”, tal como no caso do segundo (vss. 6,7). “O Deus da fé bíblica é senhor do mundo que Ele mesmo criou. O Deus que controla até os demônios não é alguém que possa ser lisonjeado pelos homens; antes, Ele impõe ao homem a responsabilidade e chama-o para que entre em compromisso sério” (J. Coert Rylaarsdam, in loc.). Visto que os egípcios consideravam o rio Nilo como uma fonte de vida, e alguns chegavam mesmo a pensar que esse rio era divino, Moisés, ao transformar suas águas em sangue, mostraria ser controlador até mesmo daquilo que era tão reverenciado pelos egípcios. O vs. 30 deste capítulo pode significar que os vários sinais (todos eles) foram realizados, embora nada de específico seja dito a respeito. Seja como for, o resultado foi a crença, conforme fora prometido a Moisés. Mais tarde, quando Arão feriu as águas do Nilo com sua vara, estas se transformaram em sangue (Êxo. 7.17-21). Milagres com sangue aparecem entre os milagres e os juízos apocalípticos (Apo. 8.7; 11.6; 16.4).O rio Nilo era considerado sagrado e vital para a vida humana no Egito. Se Moisés foi capaz de poluir ou causar dano às suas águas, então é que os egípcios tinham encontrado nele um respeitável adversário. A libertação de Israel seria o resultado final do dramático conflito.CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 316-317.
Os sinais divinos (4.1-9). Moisés era muito humano, e sua fé ainda estava fraca. Ele disse acerca dos hebreus: Eis que me não crerão (1). Deus então pacientemente lhe deu mais garantias. Usando o cajado comum de pastor, Deus deu provas do seu poder sobrenatural (2,3) transformando a vara em cobra.
O segundo sinal para Moisés foi a mão que ficou leprosa (6,7). Se as pessoas não cressem no primeiro nem no segundo sinal, creriam no terceiro: a transformação das águas do rio em sangue quando fossem despejadas em terra seca (9). Além do caráter miraculoso, estes sinais ensinavam lições importantes. Avara, símbolo do pastor ou trabalhador comum, quando entregue a Deus se torna maravilha e poder. A lepra, símbolo do pecado e corrupção no Egito, pode ser curada imediatamente pelo poder de Deus. O sangue, sinal de guerra e julgamento, garantia vingança pela maldade dos egípcios.Leo G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 147.
Os três sinais.
1. YHWH não te apareceu. Moisés aceitou a realidade da revelação de Deus, mas será que seu povo faria o mesmo? O prometido sinal de que iriam sacrificar a Deus em Seu monte não seria suficiente para eles, pois já exigia a presença de fé (como o sinal da ressurreição de Cristo, Mt 12:39) e nem isso eles possuíam. Moisés solicita sinais de nível inferior, sinais que possam conduzir à fé ou até mesmo criá-la, e assim validar sua vocação aos olhos do povo de Israel. João Batista jamais recebeu poder para realizar “ sinais” desta natureza (Jo 10:41); Cristo se recusou a realizá-los (Mt 12:39), mas alguns personagens do Velho Testamento receberam sinais confirmatórios (por exemplo Acaz, em Isaías 7:11). A passagem em discussão não implica necessariamente em que Israel já conhecesse o nome YHWH. O narrador ou Moisés pode estar simplesmente usando o novo nome para indicar o conhecido Deus patriarcal (6:3). Já que a frase é uma negativa enfática, podemos parafraseá-la “ o Deus de nossos ancestrais não te apareceu” . Moisés está pensando ainda na amarga experiência de 2:14, “ Quem te pôs por príncipe e juiz sobre nós?”
2. Uma vara.
Provavelmente o tradicional cajado curvo do pastor mencionado no Salmo 23:4. No versículo 20 ela é chamada “ a vara de Deus” , por ser usada nos milagres e em 7:9 é usada por Arão. Comentaristas que procuram determinar fontes salientam o fato de que na tradição J, ela aparece como um cajado nas mãos de Moisés; na fonte E, ela aparece como uma miraculosa “ vara de Deus” (4:20), ao passo que em material sacerdotal (fonte P) aparece como a vara de Arão (7:9). Essas “ contradições” aparentes são apenas verbais, normais em tradição oral e apenas confirmam a existência de testemunhas independentes de uma tradição fidedigna.
3. Cobra, nãfyãsé a palavra hebraica comum para cobra.
Números 21:9 usa esta palavra como explicação para o termo “ seraph” , as serpentes que atacaram Israel no deserto, das quais uma imagem foi colocada num mastro, mas os dois incidentes não são paralelos. Êxodo 4:30 menciona a realização deste (v. 3) e dos outros sinais na presença dos israelitas (aparentemente por Arão e não por Moisés). Em 7:9-10 Arão realiza o mesmo sinal mais uma vez, perante o incrédulo Faraó. Nessa referência, entretanto, a palavra usada para cobra é tannin, que bem pode significar um lagarto ou até mesmo um pequeno crocodilo (Driver), bem apropriado para as margens do Nilo.
9. Se nem ainda crerem mediante estes dois sinais. Um terceiro sinal ainda mais impressionante deveria ser dado. Estes três podem ser considerados juntamente, como sendo do mesmo tipo. São os três de natureza mais superficial, com o objetivo de promover fé. Eles convencem a Israel (4:31) mas não convencem a Faraó (7:13,23). Não há referência direta ao uso do sinal da lepra perante Faraó, mas é interessante comparar a narrativa da lepra e cura de Miriã em Números 12. Não podemos agora precisar a natureza exata destes sinais. Podemos afirmar a sua descrição nas Escrituras, tal como devem ter parecido aos olhos de quem os presenciou: uma vara transformada em cobra, uma mão leprosa curada e água transformada em sangue. Alguns aceitam a narrativa literalmente, como o que chamaríamos de manifestações sobrenaturais do poder de Deus.
Outros procuram encontrar Deus, o Senhor da natureza, operando pelo que chamaríamos de meios naturais. Outros os consideram metáforas espirituais. Podemos rejeitar esta última hipótese de imediato; metáforas jamais convenceriam escravos oprimidos, muito menos a Faraó. É imperioso que tenham ocorrido sinais externos, qualquer que seja a explicação correta entre as duas primeiras hipóteses, ou ainda que a verdade esteja numa combinação de ambas. Provavelmente incorremos em erro ao estabelecer tais distinções entre as duas; certamente isso jamais ocorreria à mente de um israelita. Seja qual for a maneira em que Deus escolhe agir, através do mundo que criou ou independente dele, a obra é Sua e, tal como Israel, devemos curvar nossas cabeças perante Ele e adorá-lo (4:31).R. Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 70-72.
3. O retorno de Moisés.
Moisés recebe a ordem para retornar ao Egito e falar com Faraó com uma certeza: Deus estaria com ele. Ele já tinha a chamada, e também os sinais. Faltava agora obedecer. E ele o fez. E evidente que Moisés não saiu de Midiã sem a anuência de seu sogro. Jetro recebeu Moisés de bom grado, e deu-lhe sua filha em casamento. Moisés tinha laços afetivos com a família de Jetro, e antes de ir ao Egito, deveria dizer ao sogro para onde iria e o que faria. É evidente que Moisés não disse tudo, mas o que disse foi suficiente para obter a permissão para se ausentar daquela região e dar prosseguimento ao plano de Deus.
Porém Moisés ainda tinha uma pendência a resolver. Ele tinha um crime em sua “ficha”, quando pertencia à corte egípcia e matou um egípcio quando este açoitava um hebreu. Por esse crime, Moisés teve de fugir, e certamente seu coração não estava esquecido desse detalhe. Como Deus não faz nada de forma incompleta, disse a Moisés: “Vai, volta para o Egito; porque todos os que buscavam a tua alma morreram” (Ex 4.19). Moisés poderia levar a cabo sua missão sem se preocupar com aquela mácula.COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 21-22.
Moisés Regressa ao Egito (4.18-31)
Moisés foi chamado, instruído e dotado de poder para a sua missão. E agora voltou o rosto na direção do temível Faraó, e, com firme propósito no coração e confiança na missão que Deus lhe dera, partiu para a cena onde se mostraria ativo. Deixando sua “terra", naturalmente ele precisou despedir-se daqueles que deixava para trás, principalmente seu sogro, Jetro, e outros parentes por casa- mento. Ele tinha morado em Midiã pelo espaço de quarenta anos — 0 segundo dos três ciclos de sua vida. Esse número, “quarenta”, simboliza os “testes” pelos quais passamos. Ver no Dicionário os artigos intitulados Quarenta e Numerologia. Os últimos quarenta anos de vida de Moisés seriam passados no cumprimento da missão para a qual ele tinha sido cuidadosamente preparado. Ver Êxo. 2.11 e suas notas quanto aos três ciclos de quarenta anos cada, na vida de Moisés.
Êx 4.18 Jetro.
Tanto Reuel quanto Jetro são chamados de sogro de Moisés. Ver Êxo. 2.16,18 e os artigos sobre ambos quanto a completas explicações sobre essa questão, até onde ela pode ser explicada. Moisés despediu-se de seu sogro, embora sem revelar, na oportunidade, qual a verdadeira razão de sua viagem, dizendo apenas que tinha de ver novamente os seus irmãos, ou seja, os hebreus. A vontade de Deus, antes de sua execução, fora revelada ao profeta e libertador Moisés. Haveria tempo para explicações e comunicações posteriores. Moisés tinha servido corretamente Jetro, e não houve objeção ante a sua partida. De fato, Jetro abençoou Moisés. Ele bem que precisava de toda a bênção que pudesse receber, visto que, segundo os padrões humanos, estava ocupado em uma missão impossível. Para Deus, todavia, os impossíveis são possíveis (Mat. 17.20).
“Os laços tribais eram apertados, e exigiam que se pedisse permissão para viajar, pois mesmo uma ausência temporária, requeria o curso de ação apropria- do, mesmo que não fosse necessário” (Ellicott, in loc.).
Êx 4.19 Ver Mateus 2.19,20 quanto a um paralelo na vida de Jesus. Ver em Êxo. 2.2 quanto a Moisés como um tipo de Cristo. Todos, embora esteja no plural, tem em mente principalmente a pessoa de Faraó. Ver na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, o artigo intitulado Faraó, em sua terceira seção, onde se tenta identificar os faraós mencionados na Bíblia. Moisés era um “fugitivo da justiça”, porquanto havia matado um egípcio quando defendia outro hebreu (Êxo. 2.15 ss.). Mas mortas agora as principais autoridades do Egito, Moisés podia reiniciar sua tarefa de libertador. Mas a sua missão em breve haveria de identificá-lo como um revolucionário radical, e sua vida também se tornaria muito miserável. Moisés, todavia, estava pronto para o que viesse, e desceu ao Egito com bom ânimo e cheio de esperança.O Faraó tinha falecido; os homens de seu governo, também; e outro tanto sucedia a todos quanto poderiam lembrar-se de Moisés. Moisés, pois, teve um novo começo, iniciando-se assim 0 terceiro de seus três ciclos de quarenta anos cada. Ver as notas introdutórias ao vs. 18.CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 319.
A prestação de contas (4.18-20).
Moisés, agora submisso ao plano de Deus, primeiramente foi obter permissão de Jetro para ir embora e voltar ao Egito (18). Não lhe apresentou todas as razões para a mudança, mas o motivo que deu foi suficiente para obter aprovação. Seus irmãos eram as pessoas de sua nação, os israelitas. Jetro disse: Vai em paz. Deu liberdade a Moisés e, assim, não pôs impedimento ao plano de Deus.
Deus garantiu que as pessoas que procuravam a vida de Moisés estavam mortas (19). Moisés começou a viagem com sua mulher e dois filhos (20; cf. 18.3,4), embora pareça que depois do episódio da circuncisão (24-26), ele os tenha mandado de volta a Jetro (18.2) e prosseguido sozinho com Arão (29). E lógico que as palavras tornou à terra do Egito (20) é uma declaração geral que teve cumprimento no versículo 29. Pode ser traduzida por: “Pôs-se a voltar para a terra do Egito”.
Leo G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 148.
Êx 5.18. Moisés precisava antes de tudo levar os rebanhos de volta a Jetro, onde quer que ficasse a povoação dos midianitas (seria apenas um acampamento temporário?). Depois, ao contrário de Jacó, obteve de seu sogro a permissão de partir com a esposa e a família que, ao que parece, no tempo dos patriarcas, permaneciam sob a autoridade do sogro (compare a posição da esposa do escravo que deseja deixar o serviço de seu senhor, 21:4).R. Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 74.(estudaalicão.blogspot.com)
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