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terça-feira, 30 de maio de 2017

Estudo livro de Exôdo (4) מחקר שמות



                                             
                   MOISÉS SE APRESENTA A FARAÓ (ÊX 5.1-5)

                                        1. Moisés diante de Faraó.

Como era de se esperar, o encontro de Moisés com Faraó não foi nada promissor. Isso vemos da resposta que o rei deu a Moisés: “Quem é o Senhor, cuja voz eu ouvirei, para deixar ir Israel? Não conheço o Senhor, nem tampouco deixarei ir Israel” (Êx 5.2). A lógica de Faraó era a seguinte: Há vários deuses no Egito. Por que obedecer a um que não conheço, e que acha que pode me ordenar a libertar minha mão de obra escrava? Esse Deus do deserto não tem uma forma definida, e ainda me manda um representante pastor...Deus já avisara a Moisés que os diálogos com Faraó mostrariam o quanto o coração do rei era duro, e que apenas pela forte mão de Deus os hebreus sairiam daquela nação.COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 22.

Moisés e Arão Falam ao Faraó (5.1-5)

O Faraó era um homem idólatra e despótico. Reagiu às demandas de Moisés exibindo ambos esses defeitos. De imediato ficou claro que a tarefa consumiria muito tempo e muita luta. Duas qualidades são necessárias para alguém realizar um grande projeto: entusiasmo e persistência. O Faraó haveria de testar Moisés quanto a esses dois pontos. Seria necessário muito sacrifício pessoal. Para obterem livramento, os escravos sacrificam tudo mais (cf. Fil. 3.8). Os escravos do pecado, por igual modo, enfrentam o sacrifício de seus antigos caminhos, tendo de adotar um caminho total- mente novo. O mesmo se dá com a dedicação do crente ao Senhor (Rom. 12.1,2).Moisés teria de enfrentar a cólera do Faraó, bem como a insatisfação de sua própria gente. Coisa alguma funcionaria com suavidade.

Êx 5.1 Uma Petição Humilde.

 Moisés estava sondando a situação, como um lutador de boxe que não mostra o seu jogo logo no primeiro round. E fez uma petição humilde: queria apenas licença para uma breve jornada deserto adentro, a fim de realizar um ato religioso. Não disse claramente, mas deixou implícito, que traria 0 povo de Israel de volta depois de três dias (vs. 3). Talvez, porém, estivesse planejando continuar caminhando, efetuando assim um êxodo rápido, o que solucionaria a escravidão com um golpe simples e astucioso.
Faraó. Alegadamente filho de uma divindade, versado no folclore politeísta, era profundo conhecedor de verdades religiosas. Mas nunca tinha ouvido falar em Yahweh, o Deus dos hebreus, e não se dispunha a fazer nenhuma concessão a uma divindade estrangeira (e, para ele, falsa).
“Era absurdo que ele entregasse Israel a uma divindade que nem ao menos conhecia. A ironia do drama que se segue é que esse foi o próprio Deus que, progressiva- mente, despiu o Faraó de todas as coisas” (J. Coert Rylaarsdam, in loc.). O homem deificado seria derrotado miseravelmente no seu conflito contra o verdadeiro Deus. E assim sucedeu.O Targum de Jonathan diz: “Não encontrei o nome de Yahweh escrito no livro dos anjos. Não tenho medo dele”.O Senhor Deus. No hebraico, Yahweh Elohim, dois nomes tradicionais do Deus dos hebreus. 

Deixa ir o meu povo. Esse é o tema central bem como o grito de guerra do livro de Êxodo. Cf. Êxo. 4.22,23. O povo de Israel era o filho primogênito de Yahweh, o filho privilegiado. Se não fossem libertados, pereceriam todos os filhos primogênitos do Egito.Uma festa no deserto. Não foi especificada a natureza dessa festa. Os israelitas cumpririam seus deveres religiosos diante de seu Deus. E então, presumivelmente, voltariam ao Egito. A viagem ao deserto talvez tivesse sido planejada para impedir a indignação dos egípcios que seriam testemunhas do sacrifício de animais que eles reputavam sagrados. Pelo menos, Moisés pode ter apresentado essa desculpa como razão pela qual ele queria uma saída até algum deserto.

Êx 5.2 Não conheço 0 Senhor. Faraó não poderia mesmo ter respondido de outra maneira. Primeiramente, porque nenhum perdido conhece o Senhor Deus, como uma experiência pessoal. Porquanto está morto em seus pecados. E, em segundo lugar, porque Deus estava endurecendo o coração do Faraó, ao passo que o Faraó também endurecia, por sua vez, o seu próprio coração, conforme por tantas vezes se lê a respeito de todo este incidente longamente historiado. Por conseguinte, o Faraó falou de tal modo que exprimiu o seu caráter distorcido e a realidade de seu estado espiritual.

Êx 5.3 0 Deus dos hebreus. 

No hebraico, Elohim. Também chamado Yahweh (vs. 2). Deus é quem havia baixado a ordem. Moisés afirmava ter tido um encontro pessoal com Yahweh, de acordo com o incidente registrado em Êxo. 3.2 ss., bem como boa parte do quarto capítulo deste livro. Tinha havido uma longa entrevista, que incluíra muitas instruções. Moisés reivindicava ter conhecimento em primeira mão de seu Deus. Não havia apenas lido sobre Ele em algum livro, nem ouvira 0 Seu nome ser louvado por homens sábios e piedosos. Outro tanto tem acontecido a muitos homens espirituais. Se quisermos poder espiritual, teremos de receber o toque místico em nossa vida. Além disso, esse poder é transformador, tal como Moisés, o humilde pastor de Midiã, agora era o líder de Israel, a proferir palavras exigentes diante do monarca do Egito.Ver Êxo. 3.18; 7.16; 9.1,13 e 10.3 quanto a esse título, “o Deus dos hebreus”. O Deus único e verdadeiro foi posto em confronto com os muitos deuses e espíritos venerados no antigo Egito.
Caminho de três dias. Ou seja, do Egito ao Sinai (ou Horebe), o monte de Deus (Êxo. 3.1; 4.27), onde seriam efetuadas a festividade e a adoração.
E não venha ele sobre nós. Se o Deus de Israel fosse desobedecido, haveria punição. Para o Faraó, porém, isso pareceu apenas como outro aspecto da mitologia de Moisés.Êx 5.4 Ide às vossas tarefas. O Faraó percebeu que o problema envolvia apenas o relacionamento senhor-escravos. Hoje em dia a luta se dá entre o capital e 0 trabalho, e há muitos empregados que são virtuais escravos. Os oficiais dos governos vivem em escandalosa luxúria, com contas polpudas nos bancos nacionais e estrangeiros, ao passo que metade da população do país nem tem o suficiente para alimentar-se.

No versículo anterior, o Faraó tentou descartar Deus tão voluvelmente, e, agora, fazia-o com Moisés. O porta-voz de Moisés recebeu um tratamento similar. Provável- mente, o Faraó supôs que Moisés tinha sido enviado como representante dos escravos. A parte divina da história seria uma fábula. Os escravos estariam tentando escapar de seus superintendentes, os quais desde há muito tinham provado ser homens sem razão e sem misericórdia. Devem ter pensado que um apelo feito diretamente ao Faraó lograria resultados. O Faraó deve ter pensado que estava sendo promovida alguma agitação, e quis cortá-la pelas raízes. E assim, respondeu com severidade, não cedendo um milímetro. Sua resposta para o problema foi mais trabalho. Não foram reconhecidos direitos dos trabalhadores, uma provocação que, finalmente, haveria de devastar o país inteiro.
Êx 5.5 ׳ A greve havia deixado ociosa praticamente toda a população. A produtividade estancara, a um custo incalculável! As palavras do Faraó foram um reca- do indireto a seus oficiais, salientando o dano causado por aquele atrevido Moisés.O povo da terra já é muito. Em algumas traduções lemos aqui: “O povo da terra está preguiçoso”. Mas isso requer leve emenda textual, a qual, contudo, pode estar com a razão.
Se os escravos descansassem de seus labores, isso significaria “torná-los mais numerosos ainda” (John Gill, in loc.). O outro decreto do Faraó, ordenando que os meninos hebreus fossem afogados no rio Nilo, falhara miseravelmente, e 0 problema tinha apenas aumentado. Ver Êxo. 1.22.

O Faraó Intensifica a Opressão (5.6-14)

Êx 5.6,7 Naquele mesmo dia. Cargas de Israel Foram Aumentadas. Se, anterior- mente, os capatazes, para facilitar as coisas, forneciam palha para o fabrico de tijolos, agora foi descontinuada essa pequena ajuda, aumentando mais ainda 0 trabalho dos escravos israelitas. E embora agora tivessem de trabalhar extra para conseguir a palha, a quantidade de tijolos não foi diminuída (vs. 8). “A palha era misturada com a argila e a areia, não tanto como agente cimentador, mas para fazer a argila tornar-se mais duradoura” (John D. Hannah, in loc.).As pessoas que têm conhecimento das coisas dizem que essa exigência deve ter dobrado o labor dos escravos. Usualmente, no Oriente, os tijolos eram secos ao sol, embora também haja provas de que alguns coziam seus tijolos ao forno. Filo (Oper. edit. vol. íi. par. 86) refere-se ao processo e diz que a palha servia de liga. Ver no Dicionário 0 artigo chamado Tijolo, quanto a informações sobre 0 fabrico de tijolos no mundo antigo.
Obter palha requeria dos escravos ir aos campos, cortar certas plantas, transportar o material a depósitos, e, finalmente, trazê-lo até onde os tijolos estavam sendo feitos. No Egito, tijolos crus eram feitos do lodo do Nilo misturado com palha cortada, que eram então secos ao sol. E os tijolos eram usados na construção de casas, túmulos, muros, fortificações, recintos sagrados, edifícios e toda espécie de construção. E, em casos raros, eram usados até na construção de pirâmides. Ver Heródoto (Hist. vol. 2, par. 213).Êx 5.8 Exigireis deles a mesma conta de tijolos. O ócio dos israelitas seria curado mediante maior carga de trabalho, 0 que os forçaria a desistir da ideia de perder tempo com inúteis cerimônias religiosas. Embora agora tivessem de trabalhar o dobro, porque tinham de conseguir a palha que antes lhes era fornecida, continuavam tendo de produzir a mesma quantidade de tijolos.

O fervor religioso dos israelitas seria abafado com grande excesso de trabalho. Se o Faraó mostrou-se tão severo diante do pedido dos escravos de se afastarem por três dias, qual não seria sua severidade se eles quisessem deixar o país de forma permanente? A ira provocada pelas circunstâncias forma o ambiente em volta do qual foi escrito o livro de Êxodo.

Êx 5.9 Agrave-se 0 serviço. Uma conversa tola seria descontinuada por um trabalho físico redobrado. Moisés teria despertado esperanças de libertação no coração dos israelitas, mediante “palavras mentirosas” (ver Êxo. 4.30). Também é possível que o Faraó tenha percebido que a jornada de três dias, deserto adentro, fosse apenas um ardil para que partissem do Egito de forma permanente.CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 320, 322-323.

a) A recusa do rei (5.1-5). 

Ao homem que mantinha Israel em seu poder, Moisés e Arão proferiram a palavra de Deus: Deixa ir o meu povo (1). Não há que duvidar que Faraó ficou surpreso, porque ele considerava que Israel era seu povo. Fazia mais de quatro séculos que os hebreus estavam no Egito. Como alguém poderia pedir a lealdade destes escravos e exigir que fizessem uma festa de sacrifício?Além disso, Faraó não reconhecia autoridade senão a si próprio. Ele perguntou: Quem é o SENHOR, cuja voz eu ouvirei, para deixar ir Israel? (2). Havia muitos deuses no Egito, e este rei conhecia todos. Para ele, as pessoas tinham de manipular os deuses e não lhes obedecer. Seu ultimato foi: Não conheço o SENHOR, nem tampouco deixarei ir Israel.Moisés e Arão mantiveram-se firmes na petição. Disseram ao rei: O Deus dos hebreus nos encontrou (3). Pediram permissão para fazer uma viagem de três dias a fim de sacrificar ao Deus que serviam. No único tipo de linguagem que Faraó entendia, avisaram que, caso o pedido fosse negado, o Senhor o julgaria: E ele não venha sobre nós com pestilência ou com espada. Mas o rei recusou assim mesmo.
Faraó os acusou de preguiçosos, indivíduos que procuram fugir da responsabilidade apelando para a religião. Por que fazeis cessar o povo das suas obras? (4). Para ele, tratava-se de preguiça e afronta. Em outras palavras: “Por que afastar as pessoas do trabalho?” Os déspotas sempre acham difícil acreditar que os súditos tenham uma causa justa. b) O aumento de trabalho (5.6-14). O rei, furioso, ordenou imediatamente que os exatores do povo e os oficiais (6)25 israelitas aumentassem o trabalho dos escravos. Em vez de fornecer a palha dos campos já cortadas e prontas para uso, os exatores do povo exigiram que as pessoas mesmas colhessem palha para si (7). A palha era misturada com barro para deixar mais forte os tijolos secos ao sol. O restolho era a parte inferior do talo das gramíneas. Embora houvesse o trabalho extra de juntar a palha, a conta (o número) dos tijolos fabricados devia permanecer a mesma (8). Este tirano, insensível ao bom senso, estava determinado a minar a vontade do povo. Nem se dava conta de que não podia ir contra Deus. Ele poderia ser cruel com o povo de Deus, mas as palavras que ouvira não eram palavras de mentira (9).Leo G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 149-150.

2. A queixa dos israelitas (Êx 5.20,21).

O povo de Israel sentiu-se prejudicado pela intervenção de Moisés junto a Faraó. Na verdade, eles não sabiam que Moisés estava ali obedecendo a Deus, e que ele não tinha o desejo de fazer com que o sofrimento dos seus irmãos fosse aumentado.Esta deve ter sido uma prova dura para Moisés. Ele estava no Egito obedecendo à voz de Deus, falando com Faraó para que o povo fosse liberto, e como consequência o rei ordena que os hebreus trabalhem mais. Não é incomum que líderes se vejam nessa mesma situação: obedecem a Deus, mas não veem de imediato um fruto positivo de sua obediência.O que devemos saber é que obedecer a Deus não é uma garantia de que as coisas que se seguirão não serão alvo de investidas de Satanás. Além disso, os líderes devem entender que nem sempre o povo vai entender determinadas atitudes, mas que se estamos agindo de forma correta e dentro da vontade de Deus, Ele vai se responsabilizar por nos honrar no devido tempo.COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 22.

Êx 5.20 Moisés e Arão estavam esperando pelos representantes do povo de Israel, os capatazes que estavam tendo uma audiência com 0 Faraó, para ouvirem 0 relatório que trariam. Havia uma expectação doentia, doentia porque era inútil dialogar com 0 tresloucado Faraó, conforme Moisés e Arão já tinham descoberto quando tentavam dialogar com ele.
Êx 5.21 Olhe o Senhor... e vos julgue. Assim disseram os capatazes israelitas, Chegaram a invocar a Deus como juiz. A sentença divina (conforme estavam certos os capatazes) seria que Moisés e Arão tinham produzido toda a miséria que tanto os afligia. O Faraó teria ficado indignado por causa da sugestão tola de Moisés e de Arão que os israelitas se internassem no deserto caminho de três dias. E apesar de os capatazes não terem sido encarcerados, a vida dos escravos tinha sido reduzida a frangalhos. A violência poderia irromper a qualquer instante. Os superintendentes egípcios tinham espadas nas mãos; o Faraó poderia apelar para a execução em massa. “Temor e desespero” eram as palavras que descreveriam bem a sorte dos israelitas. Moisés e Arão tinham posto a espada nas mãos de seus inimigos.

... nos fizestes odiosos. Ou “mal cheirosos”, conforme a palavra hebraica também pode ser traduzida. Aos olhos do Faraó, agora eles eram vis e repelentes. Cf. a ideia de “mau cheiro" com os trechos de Gên. 34.30; I Sam. 13.4; II Sam. 10.6.0 Papyr. Anastas, (i.27,7) diz algo semelhante. Agora as espadas poderiam aparecer na cena, a fim de manter a ordem. E provavelmente não temos aí mera metáfora, mas uma negra realidade.
Êx 5.22 Então Moisés, tornando-se ao Senhor. Moisés apresentou diante de Deus a sua queixa. Diz um antigo hino: “Leva tua carga ao Senhor, e deixa-a com Ele”. Tão amarga foi a queixa de Moisés que ele reconheceu a alegada verdade daquilo que o povo tinha dito, e passou a lançar a culpa sobre Deus. 
É muito fácil lançarmos a culpa sobre Deus. Clamamos procurando saber “a razão” de nosso sofrimento, e as respostas que obtemos não são satisfatórias. E, então, a culpa pelo sofrimento humano é lançada sobre Deus. É verdade que Moisés aprendeu que aquela derrota inicial era, na verdade, uma primeira vitória disfarçada. Deus castigaria Faraó por causa do que ele estava fazendo. Em outras palavras, as maldades do Faraó provocariam a ira divina, e esse seria, afinal, 0 poder que libertaria o povo de Israel, e não os pobres discursos que Moisés e os capatazes israelitas poderiam fazer. Naquela conjuntura, meras palavras nada resolviam. A mão divina feriria os ofensores.
Moisés estava à cata de uma solução rápida para um problema dificílimo. Ele tinha esperado fazer Israel sair do Egito com o simples ardil de levar 0 povo ao deserto num caminho de três dias (Êxo. 5.3), e, então, simplesmente desaparecer. Mas o truque não deu certo. O Faraó percebeu a artimanha. Moisés estava agora sem novas ideias. Mas o plano divino tinha muitas outras provisões guardadas na algibeira.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 323-324.Êx 5.20. Encontraram Moisés e Arão. Este é o mesmo verbo significativo que Moisés e Arão usaram para descrever perante Faraó o encontro com YHWH no monte Sinai (5:3).Que estavam à espera deles. O verbo hebraico usado aqui sugere mais do que simplesmente “ estar em pé à espera de alguém” ; a palavra (sãbah) tem a conotação militar de “ estar postado” . Estariam os dois líderes cheios de esperança ou estariam determinados a enfrentar as conseqüências do fracasso?

Êx 5.21. Olhe YH W H para vos outros e vos julgue. Esta é a costumeira alegação de inocência de quem sofre injustamente (cf Gn 16:5). Moisés deve ter ficado muito sentido com a observação, como se vê no v. 22. Nos fizestes odiosos aos olhos de Faraó. Literalmente ‘ ‘nos fizestes cheirar mal” . Os anciãos de Israel podem ser diretos e rudes, mas comunicaram muito bem o que estavam pensando. Claramente eles pressentiam que o pior ainda estava para vir.R. Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 80.

3. Deus promete livrar seu povo (Êx 6-1).

A promessa divina para com Israel não foi esquecida por Deus. Depois do encontro com Faraó e das reclamações dos hebreus, Deus diz a Moisés: “Agora verás o que hei de fazer a Faraó; porque, por mão poderosa, os deixará ir, sim, por mão poderosa, os lançará de sua terra” (Ex 6.1). Uma palavra de Deus em meio às adversidades e correntes contrárias é suficiente para que tenhamos a certeza de que Ele está conosco, e que se aguardarmos nEle, no devido tempo ele cumprirá o que prometeu.
E evidente que levou um tempo até que o que Deus falou se cumprisse. As dez pragas enviadas contra o Egito mostraram o quanto Deus é poderoso, e o quanto Ele deu oportunidade para que Faraó voltasse atrás e libertasse o povo de Israel sem que a nação egípcia sofresse tantos danos e mortes. Entretanto, Deus cumpriu o que prometeu, e no devido tempo trouxe a libertação tão esperada àquela nação e honrou seu servo, Moisés, diante de seus inimigos e diante do seu próprio povo.Lembremo-nos de que a chamada que Deus tem para cada um deve ser obedecida, e que no devido tempo, Deus cumpre suas promessas e honra a fé daqueles que confiaram nEle.COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 23.

Agora verás. Deus repassava agora as promessas que tinha feito ao povo de Israel, além de ameaçar Faraó. Ambos esses fatores eram necessários para o divino projeto de redenção de Seu povo.“Agora precisamos continuar a confiar no Senhor. A religião consiste em continuar a confiar em Deus, depois de termos envidado nossos esforços ao máximo... Moisés tinha feito o melhor ao seu alcance e estava desencorajado diante dos resultados; mas fizera 0 máximo que podia. Deus disse que, para ele, isso poderia parecer um adiamento desnecessário, mas ele precisaria somente confiar em Deus, o qual entraria em ação quando chegas- se o momento oportuno (J. Edgar Partt, in loc).Por mão poderosa. Haveria a intervenção divina, sem a qual Israel simples- mente nunca seria posta em liberdade. “A mão poderosa... o poder soberano, aplicado de maneira súbita e com força” (Adam Clarke, in loc). A mão de Deus mostrar-se-ia tão poderosa que o Faraó em breve haveria de “deixá-los ir-se”. Seria alto demais o preço a ser pago, se ele quisesse reter o trabalho escravo.

Êx 6.2 Eu sou o Senhor. A Presença de Deus continuava com Moisés. Por muitas vezes, vemos a presença divina, nos primeiros livros da Bíblia. Toda decisão e mudança importante que os homens de Deus precisam enfrentar são acompanha- das pela presença de Deus: ou sob a forma do Anjo do Senhor; ou sob a forma de uma teofania (ver sobre isso no Dicionário); ou sob a forma de um sonho (ver as notas sobre Gên. 28.12; 31.10). Não basta tomarmos conhecimento acadêmico das realidades espirituais, ler a Bíblia, orar e meditar. Precisamos do toque místico em nossas vidas.

Êx 6,3 Apareci a Abraão.
 Conforme se vê em Gên. 17.1, onde aparece pela primeira vez na Bíblia 0 nome El Shaddai (ver abaixo). A comissão dada a Moisés estava ligada à história dos patriarcas de Israel. Cabia a Moisés dar continuidade ao plano divino, à história sagrada que tinha começado com aqueles. Este trecho do versículo tem paralelo em Êxo. 3.15. A comissão outorgada a Moisés estava vinculada à missão dos patriarcas. No caso presente, são nomeados Abraão, Isaque e Jacó, e não meramente Abraão.

O Deus Todo-poderoso. 

No hebraico, El Shaddai. Esse era um antigo nome de Deus, que significa “o todo-suficiente”, embora outras ideias existam sobre o seu significado. Esse nome não era usado exclusivamente pelo povo de Israel. Ver Joel 1.15 e Deu. 32.17. Deuses estrangeiros e poderes destrutivos também podiam ser chamados assim. Jó usou esse nome por trinta e uma vezes (Jó 5.17 e outros trechos).O Senhor. No hebraico, Yahweh. De acordo com este versículo, um nome mediante o qual Deus não se manifestara aos patriarcas. Essa declaração tem deixado os estudiosos perplexos. Os trechos de Êxo. 13.3; 17.2 e outros contêm esse nome. Os críticos supõem que essa declaração é oriunda da fonte informativa P(S), ao passo que, em outras fontes, o nome Yahweh era conhecido entre os patriarcas como um nome divino. Os críticos veem nisso apoio para sua teoria de fontes múltiplas, supondo que o nome Yahweh (J seria a fonte do nome) seria um nome divino usado por outra fonte informativa, mais tardia. Nesse caso, o aparecimento do nome Yahweh, nos relatos sobre os patriarcas, deveria ser visto como inserções feitas por algum editor, em narrativas antigas, e não algo nativo a essas narrativas. Para Adão, o nome de Deus era Elohim; para Abraão, era Adonai; para Moisés, era Yahweh. Mas o culto a Yahweh foi estabelecido muito antes de Moisés, assim a confusão permanece de pé. Seja como for, o autor sacro diz-nos aqui que podemos chamar Deus de El-Shaddai ou de Yahweh, pois, em ambos os casos, nos estaremos referindo ao mesmo único Deus. Esse Deus único guiara a Abraão; e agora estava guiando a Moisés.

Os eruditos conservadores opinam que o próprio Moisés inseriu o nome Yahweh nos relatos anteriores (ver Gên. 2.4; 3.14; 9.1-9 etc.). Adam Clarke escreveu toda uma página de duas colunas tentando explicar como Yahweh já era um nome divino nos dias dos patriarcas, tendo achado esse nome até mesmo em outras culturas semíticas do mundo antigo. Mas lemos aqui que não foi assim que as coisas sucederam. Clarke não chegou a nenhum resultado definitivo, e é precisamente ai que nos encontramos, fazendo-lhe companhia.Observou John Gill (in loc.): “Isso não deve ser entendido em um sentido absoluto; pois é certo que Ele se fizera conhecer por Abraão, Isaque e Jacó por esse nome: Gên. 15.6-8; 26.2,24; 28.13. Mas comparativamente... Ele não era tão bem conhecido por aqueles, por esse nome, do que era conhecido pelo outro nome [El Shaddai]”. Uma boa tentativa, mas não o suficiente.
Este versículo tem sido alistado em favor da chamada hipótese quenita, ou seja, de que Moisés aprendeu esse nome divino, Yahweh, bem como as práticas religiosas ligadas a esse nome, da parte dos midianitas, entre os quais permaneceu, com seu sogro, durante quarenta anos, na terra de Midiã. Ver Êxo. 18.1 e suas notas introdutórias, bem como as notas em Êxo. 18.12 onde a questão é mais amplamente ventilada.
Êx 6.4 Estabeleci a minha aliança. O Pacto Abraâmico (ver as notas a respeito em Gên. 15.18) reunia em um bloco toda a nação de Israel, a começar por Abraão, estendendo-se aos demais patriarcas, até Moisés, e, finalmente, a todo o povo de Israel. No livro de Gênesis, esse pacto é reiterado por dezesseis vezes, em várias conexões e graus de plenitude. Uma das principais provisões dessa aliança era que Israel teria um território pátrio. Mas antes que esse território lhes pudesse ser dado, deveria haver um período de exílio no Egito, ao mesmo tempo em que os habitantes originais da terra de Canaã teriam de preencher a sua taça de iniquidade. 
Quando essa taça estivesse cheia, então Deus os julgaria, e um dos resultados desse juízo é que os cananeus perderiam seus territórios. E, então, o povo de Israel apossar-se-ia deles. Ver Gên. 15.13,16. Ver Êxo. 2.24 quanto a como Deus lembrou o Seu pacto com Abraão, e, por essa razão, tinha levantado Moisés para ser o libertador.A terra em que habitaram como peregrinos. Ver Gên. 17.8 e 23.4. “Abraão, Isaque e Jacó ocupavam a terra de Canaã por mera concessão; tinham permissão de ocupá-la, porque ela não lhes pertencia, mas foi-lhes dado esse direito por aqueles que realmente a possuíam. Esse território pertencia às nações cananéias, aos hititas, e outros (Gên. 20.15; 23.3-20)” (Ellicott, in loc).
Êx 6.6 Reiteração da Mensagem Divina. Moisés deveria anunciar ao povo a mesma mensagem anterior. Agora Yahweh a tinha reiterado. Um grande livra- mento estava surgindo no horizonte, e esse livramento contava com o poder de Deus.
... vos resgatarei com braço estendido. O poder de Deus haveria de manifestar-se, e a tarefa da libertação seria cumprida. Ver em Êxo. 3.20 as notas sobre a poderosa mão de Deus. Ver Êxo. 3.10 quanto à declaração do propósito divino de libertação.Com grandes manifestações de julgamento. Esses juízos seriam dois: 1. Me- diante uma longa série de prodígios que produziriam confusão e destruição, culminando na décima praga mediante a qual pereceriam todos os primogênitos do Egito. Ver Êxo. 12.28 ss. Assim teria cumprimento o que fora dito em Êxo. 4.22,23. Ou 0 filho primogênito (Israel) de Yahweh seria libertado, ou teriam de morrer todos os primogênitos do Egito. 2. Haveria 0 grande milagre de destruição na travessia do mar Morto (Êxo. 14).
Êx 6.7 Compare as declarações deste versículo com Êxo. 19.5,6 e Deu. 7.6. Uma nação havia sido escolhida para tornar-se o veículo da mensagem espiritual e para produzir 0 Messias. Mas o mundo é o objeto dessa mensagem (João 3.16; I João 2.2). Deus era e sempre será o Deus de todas as nações (Sal. 67.4). Todos os povos são aceitos por Ele (Atos 10.35; ver também Mat. 8.5-13; Luc. 7.2-10; Atos 10.1-33). Confronte a escolha de Abraão, em Gên. 17.7,8, onde as notas expositivas se aplicam a este versículo. A providência de Deus (ver sobre esse assunto no Dicionário) é multifacetada. Ela opera através de Israel e beneficia a todas as demais nações, e não somente a nação de Israel.
Demonstrando a Natureza de Deus. Esse é um dos propósitos do livramento de Israel da servidão no Egito. Deus seria exaltado; Seu poder seria exibido; Sua justiça comprovada; Sua misericórdia mostrada; e Sua vingança seria provada contra os injustos, especialmente contra Faraó. Uma pessoa é conhecida por meio de seus atos.CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 324, 326.

A Renovação da Promessa e da Ordem (6.1-13)

Deus não deixou Moisés na mão. A demora na libertação não significava renúncia da promessa. Deus estava trabalhando em seus propósitos. Smith-Goodspeed traduz o versículo 1 assim: “Agora verás o que farei a Faraó; forçado por um grandioso poder ele não só os deixará ir, mas os expulsará da terra”. Outras dificuldades tinham de vir sobre Israel (5.19), mas a promessa de Deus ainda era certa.
O valor da promessa estava no fato de Deus endossá-la: Eu sou o SENHOR (2). Os antepassados de Israel conheciam o Deus Todo-poderoso (3), o Deus de poder e “força dominante”. “Aqui a ideia primária de Jeová concentra-se, pelo contrário, em sua existência absoluta, eterna, incondicional e independente.”26 Ambos os nomes eram muito antigos e amplamente conhecidos (Gn 4.26; 12.8; 17.1; 28.3), mas Deus se manifestou principalmente pelo nome de El Shaddai, Deus Todo-poderoso. Para este grande livramento, o próprio Deus revelou o pleno significado de Yahweh, “o Senhor”. Esta não é outra narrativa do chamado de Moisés, diferente da anterior, como advogam muitos estudiosos liberais, mas trata-se de uma renovação das promessas a Moisés com maior destaque a um povo desanimado.A nova revelação neste nome retratava que Deus se ligara com seu povo por concerto (4). Este concerto começou com os patriarcas e incluía a promessa da terra de Canaã, por onde, durante muitos anos, vaguearam como peregrinos e estrangeiros (Gn 15.18).
Deus se lembrou do concerto quando ouviu o gemido dos filhos de Israel por causa da escravidão (5). Ele não esqueceu; somente esperara até que os filhos estivessem prontos para cumprir sua parte no concerto.
Deus ordenou que Moisés renovasse a confiança dos israelitas. Ele tinha de lhes dizer que seriam libertos da servidão egípcia, que Deus os resgataria com braço estendido (“ação especial e vigorosa”, ATA) e com juízos grandes (6) sobre os opressores. Israel seria o povo especial de Deus e lhe daria a terra da promessa por herança (7,8).
Estas palavras tranquilizadoras foram apoiadas pela declaração: Eu, o SENHOR. Embora a promessa fosse feita com firmeza, os líderes de Israel não ouviram a Moisés, por causa da ânsia do espírito e da dura servidão (9). Embora tivessem crido antes (4.31), o aumento da crueldade os abatera tanto que meras palavras de promessa não bastariam. As vezes Deus tem de operar para que creiamos em suas promessas. Mais tarde, nos lembraremos das palavras da promessa. Quando Moisés (10) não pôde convencer Israel, duvidou que pudesse convencer Faraó (11), a quem agora Deus o dirigia. Se Israel não lhe dava ouvidos, por que Faraó escutaria? Incircunciso de lábios (12), de acordo com a expressão idiomática em hebraico, seria um defeito que interfere com a eficiência. O ouvido incircunciso era um ouvido que não ouvia (Jr 6.10), e o coração incircunciso era um coração que não entendia.

A boca de Moisés não podia falar com clareza.

 Mas a despeito da debilidade humana, Deus falaria. Ele daria mandamento para os filhos de Israel e para Faraó, e o assunto seria resolvido (13).Encontramos em 5.22 a 6.13, certos “Problemas para a Fé”: 1) A demora de Deus em agir, 22,23; 2) Espíritos desanimados e abatidos, 9; 3) Pessoas indiferentes, 12; 4) Enfermidades físicas, 9.
Nos versículos 1 a 8, temos estas “Garantias para a Fé”: 1) O poder de Deus, 1; 2) O nome de Deus, 3; 3) A resposta de Deus, 5; 4) O relacionamento de Deus, 7; 5) A promessa de Deus, 8.Leo G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 150-151.
Êx 6:1. Agora verás o que hei de fazer. Eis aqui uma promessa divina renovada, uma promessa que vai além da anterior. Faraó não irá apenas permitir que os israelitas saiam de sua terra, o que até aqui recusou fazer; na verdade, o monarca os “ lançará fora” . O verbo usado parece ser uma reminiscência clara da “ expulsão” de Moisés para Midiã e provavelmente contém um trocadilho com o nome de Gérson, filho de Moisés (2:22).

6. E vos resgatarei com braço estendido. Literalmente “ farei o papel do parente resgatador” ou gõ ’êl. A melhor ilustração deste costume é a atividade de Boaz em relação a Rute (Rt 4). A legislação aparece em Lv 25:25. Driver sugere “ reivindicar como direito” ou “ vindicar” como traduções possíveis com base nesse costume. Ao contrário do verbo pãdâh, gã’al sugere um relacionamento pessoal íntimo entre o redentor e o redimido e assim o termo é apropriado para descrever o Deus da aliança.

7. Tomar-vos-ei por meu povo. Esta é uma das mais límpidas declarações causadas pela aliança. O pensamento é ampliado em 19:5,6, por ocasião da ratificação da aliança entre Deus e Israel. Que vos tiro de debaixo das cargas do Egito. Este é o começo do grande credo da fé israelita, e aparece de forma mais distinta na introdução aos dez mandamentos (20:2). À medida que crescia a experiência de Israel com Deus, novos “ artigos” eram acrescentados ao credo, mas este “ artigo” fundamental permaneceu o mesmo em toda a história da nação.R. Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 80-81; 83.(estudaalicao.blogspot.com)
fonte www.mauricioberwaldoficial.blogspot.com

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