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terça-feira, 30 de maio de 2017

Estudo de Exôdo (11) מחקר שמות





                                                CONTINUAÇÃO
                       
I - AS PRAGAS ENVIADAS E A PRIMEIRA PROPOSTA DE FARAÓ     1. Pragas atingem o Egito (Êx 7.19—12.33).

A palavra de Moisés e os sinais que ele fez por orientação divina não foram suficientes para tirar de Faraó sua dureza de coração. Deus enviaria pragas por toda a terra do Egito, para mostrar com mão forte que a permanência de Israel naquelas terras seria extremamente custosa aos súditos de Faraó.
Depois dessa resposta direta de Faraó, de que não conhecia a Deus e não deixaria o povo de Israel sair do Egito, Deus trouxe a primeira praga àquela nação: o Nilo se transformou em sangue. O Nilo era considerado uma divindade para os egípcios, pois em uma região dependente do rio, sem dúvida ele era uma bênção para as colheitas e para a vida como um todo. Mas o Rio Nilo não era um deus. E foi isso que Deus mostrou aos egípcios.
Veio a segunda praga: as rãs encheram o Egito. Deus estava julgando outra “divindade” egípcia, Heqt, a responsável pela natalidade, segundo o Comentário Devocional da Bíblia. Uma coisa é reverenciar um animal na beira do rio. Outra coisa é ver centenas desses animais na sua casa, espalhados na cozinha, na sua cama e em todos os cômodos da casa. Após essa praga, Moisés então é chamado por Faraó para que termine com ela:
Quando questionado por Moisés acerca de quando iria orar por ele, Faraó disse “amanhã”. O rei tinha a oportunidade de se livrar da praga das rãs naquele mesmo dia, mas preferiu esperar até o dia seguinte. Moisés deu a oportunidade ao rei, e este preferiu protelar o livramento do seu próprio povo! É como se Moisés estivesse dizendo a Faraó: “A prioridade de acertar as coisas é sua. Quando quer que ore por você e por seu povo? Pode ser hoje. Por que não agora?” Mas Faraó não estava realmente interessado em receber uma oração. Ele queria mesmo é que a praga das rás sumisse e que Moisés desistisse de pedir que seus irmãos fossem libertos da escravidão.
Quantas vezes deixamos para amanhã aquilo que Deus está de braços abertos para nos oferecer hoje? Isso pode significar deixar para amanhã o serviço a Deus, ou tomar uma decisão da qual já fomos orientados por Ele. Há momentos em que a resposta de Deus está diante de nós, e apenas precisamos dizer que a queremos nesse momento.COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 25-27.

O CORAÇÃO ENDURECIDO DE FARAÓ

Quão inútil é que o homem se endureça e se exalte contra Deus; porque certamente Ele pode reduzir a pó o coração mais endurecido e abater o espírito mais altivo. Deus "pode humilhar aos que andam na soberba" (Dn 4:37). O homem pode presumir ser alguma coisa: pode levantar ao alto a sua cabeça em pompa e vã glória como se fosse senhor de si próprio.
Homem vão! Quão pouco conhece o seu verdadeiro estado e o seu caráter! Não é mais que um instrumento de Satanás, usado por ele nos seus esforços perversos para impedir os propósitos de Deus. A inteligência mais brilhante, o génio mais elevado, a energia mais indomável, não são mais que outros tantos instrumentos nas mãos de Satanás para executar os seus planos tenebrosos, a menos que estejam postos sob o controle imediato do Espírito de Deus.
Ninguém é senhor de si próprio: ou há de ser governado por Cristo ou por Satanás. O rei do Egito podia considerar-se um ente livre; e contudo não era mais que um instrumento nas mãos de outrem. Satanás estava atrás do trono; e, como resultado de Faraó se ter disposto a resistir aos propósitos de Deus, foi entregue judicialmente à influência endurecedora e cega do senhor da sua escolha.
Isto explica uma expressão que lemos frequentemente nos primeiros capítulos deste livro: "Porém, o SENHOR endureceu o coração de Faraó." Não seria proveitoso para ninguém procurar esquivar-se ao sentido claro desta soleníssima declaração. Se o homem rejeita a luz do testemunho divino, é entregue à cegueira judicial e ao endurecimento de coração. Deus abandona-o a si próprio; e então Satanás, apoderando-se dele, precipita-o na perdição. Houve bastante luz para mostrar a Faraó a sua loucura extravagante em procurar reter aqueles que Deus lhe havia ordenado que deixasse ir. Porém a verdadeira disposição do seu coração era de opor-se a Deus, e, portanto, Deus abandonou-o a si mesmo, e fez dele um monumento para manifestação da sua glória "em toda a terra". Isto não encerra nenhuma dificuldade, salvo para aqueles que desejam arguir com Deus — que se "embravecem contra o Todo-Poderoso" (Jó 15:25), para ruína das suas almas imortais.

Deus dá às vezes aos homens aquilo que está de acordo com a verdadeira inclinação dos seus corações:".. .por isso, Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam na mentira, para que sejam julgados todos os que não creram a verdade; antes tiveram prazer na iniquidade" (2 Ts 2:11-12). Se os homens rejeitam a verdade quando lhes é apresentada, terão, certamente, a mentira; se não querem Cristo, terão Satanás; se menosprezam o céu, terão o inferno. O Espírito incrédulo terá alguma coisa que responder a isto! Antes de o fazer deve certificar-se de que aqueles que são assim tratados judicialmente obram inteiramente debaixo da sua responsabilidade.
Por exemplo, no caso de Faraó, ele agiu, até certo ponto, segundo a luz que possuía. Acontece o mesmo em todos os demais casos. O dever de prova recai, incontestavelmente, sobre aqueles que estão dispostos a argumentar com Deus acerca dos Seus juízos contra os que desprezam a verdade. O mais simples filho de Deus justificará a Deus em face das mais inescrutáveis dispensações; e, ainda que não possa responder satisfatoriamente a todas as perguntas difíceis da incredulidade, acha descanso perfeito nestas palavras: "Não faria justiça o Juiz de toda a terral" (Gn 18:25). Existe muito mais sabedoria nesta forma de resolver uma dificuldade aparente do que nos argumentos mais complicados; porque, certamente, um coração que está disposto a "replicar" a Deus (Rm 9:20) não será convencido pelos argumentos do homem.
Contudo, é uma das prerrogativas de Deus responder a todos os argumentos orgulhosos do homem e abater as ideias altivas do espírito humano. O Senhor pode imprimir a sentença de morte sobre toda a natureza, até nas suas formas mais belas. "Aos homens está ordenado morrerem uma vez" (Hb 9:27). Ninguém pode escapar a esta sentença.
O homem pode procurar encobrir a sua humilhação por vários meios e ocultar a sua retirada através do vale da sombra da morte da maneira mais heroica; dando os títulos mais honrosos que possa imaginar-se aos seus últimos dias; dourando com falsos esplendores o seu leito de morte; decorando o préstito fúnebre e a sepultura com aparência de pompa, de aparato e de glória; levantando sobre os restos corrompidos um monumento esplêndido, sobre o qual são escritos os anais da vergonha humana; tudo isto o homem pode fazer; mas a morte é morte, afinal, e ele não pode retardá-la nem um só momento, nem tampouco transformá-la noutra coisa além do que ela realmente é, a saber: "o salário do pecado" (Rm 6:23).C. H. MACKINTOSH. Estudos Sobre O Livro De Êxodo. Editoração: Associação Religiosa Imprensa da Fé.

Êx 7.13 O coração de Faraó se endureceu. De outra sorte, o Faraó teria anuído prontamente à ordem divina. O trecho de Êxo. 7.5 nos dá uma razão conspícua para isso. Deus estava demonstrando o Seu poder, exaltando o Seu nome, derrotando deuses falsos, instalando nos corações a verdadeira fé e a espiritualidade, exibindo a Sua soberania, provocando uma revolução espiritual. Nada disso poderia ocorrer se 0 Faraó tivesse recuado pronta e facilmente. Muitas lições ainda seriam dadas. Estava em desdobramento um plano divino, e não apenas a libertação da servidão no Egito.
Em Êxodo 4.21 apresento notas completas sobre os problemas teológicos e morais envolvidos na história do coração endurecido do Faraó. Também aludo ali a artigos que examinam esse problema por vários ângulos. O livro de Êxodo atribui o endurecimento do coração do Faraó tanto ao próprio homem como a Deus; e essa questão também é comentada, com referências bíblicas apropria- das, em Êxo. 4.21. Deus se utiliza da vontade humana sem destruí-la, embora não saibamos dizer como isso ocorre.Como o Senhor havia dito. Essa dureza de coração por parte do Faraó havia sido antecipada e predita (Êxo. 7.3). Isso deu margem a que o Senhor multiplicasse os Seus sinais, os quais são descritos em Êxo. 7.14 — 18.27, as dez pragas e os prodígios subsequentes, como aqueles às margens do mar Vermelho.

As Dez Pragas (7.14 — 11.10) Deus Revela Seu Poder Multifacetado (7.14 -18.27) 

Yahweh e o Faraó engalfinharam- se em luta: o sagrado e o profano; o veraz e o mentiroso. Dessa luta resultariam efeitos benéficos e prejudiciais. Levado pelo temor, o Faraó (Êxo. 5.15-21) descartou seus poderes racionais e se tomou um desvairado, espalhando destruição no Egito, por causa de sua dureza de coração. Moisés e Arão eram instrumentos divinamente escolhidos. Deus sempre tem Seu homem para cada missão específica. A providência de Deus (ver sobre ela no Dicionário) é um dos temas principais por todo o Pentateuco. A soberania de Deus (ver a esse respeito no Dicionário) também precisava ser não apenas demonstrada (Exo. 7.5), mas também firmada. O Deus desconhecido, Yahweh, precisava tomar-se universalmente conhecido, começando primeiramente por Israel, e, então, pelo Egito (o reino mais poderoso da época), e, finalmente, pelo resto do mundo. Jesus, o Cristo, tomaria universalmente conhecido a esse Deus desconhecido, de forma toda especial, mediante sua missão salvatícia universal.
Os críticos atribuem esta seção a uma combinação das fontes informativas J, E e P(Sj.

As dez pragas, ao que parece, tiveram lugar durante um período de nove meses. 

Foram agrupadas em três unidades de três pragas. E a décima praga — a morte dos primogênitos—foi a praga culminante. Foram dez milagres didáticos. “As dez pragas podem ter ocorrido por um período de cerca de nove meses. A primeira delas ocorreu quando o rio Nilo estava na enchente (julho-agosto). A sétima praga (Êxo. 9.13), em janeiro, quando florescia a cevada e o linho. Os ventos prevalentes do oriente, em março e abril, teriam trazido os gafanhotos, que foi a oitava praga (Êxo. 10.13). E a décima praga (Êxo. 11 e 12) teria ocorrido em abril, o mês da instituição da páscoa. Deus estava julgando os deuses do Egito (havia muitos deles). Ver Êxo. 12.2; 18.11; Núm. 33.4” (John D. Hannah, in loc).

Primeira Praga: As Águas Tornam-se Sangue (7.14-25)

Êx 7.14 O coração de Faraó está obstinado. Mas agora ele começaria a colher o que tinha semeado. A vontade de Deus usa e manipula a vontade humana sem destruí-la, embora não saibamos dizer como isso sucede. O Faraó endureceu seu próprio coração, e Deus endureceu o coração do Faraó, conforme se vê em Êxo. 4.21. Este versículo repete a mensagem de Êxo. 6.1. Os atos divinos tornavam-se agora milagres didáticos, mediante os quais a vontade de Deus seria efetuada, sem importar o que o homem desejasse.
Êx 7.22 Os magos... fizeram também o mesmo. O autor sacro não nos revela como eles acharam água para a experiência, nem o ponto se reveste de importância, exceto para os céticos. Talvez o vs. 24 nos dê a resposta: as cisternas. Os mágicos encontraram pequena quantidade de água e transformaram-na em sangue, mediante o poder satânico, ou, então, mediante algum truque, fizeram-na parecer sangue. O trecho de II Tessalonicenses 2.11 mostra que alguns homens preferem acreditar na mentira. E Apocalipse 22.15 mostra que alguns homens amam a mentira. O coração endurecido do Faraó inclinava-o a crer na mentira e amá-la. Por igual modo, existem milagres da mentira (II Tes. 2.9), ou seja, sinais que comunicam uma mensagem falsa para aqueles que anelam por acreditar nela.CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 330-331; 333.

Êx 7:14-25. A primeira catástrofe.

 As pragas são descritas por palavras hebraicas cognatas, todas elas com o sentido de “ golpe” ou “ pancada” , bem como pelas três palavras já usadas para “ sinais” . Este fato destaca sua dupla natureza, sendo ao mesmo tempo provas da atividade divina e mostras da natureza dessa atividade, em castigo e salvação. Alguns encontram aqui um problema de ordem moral, não na ocorrência real de tais catástrofes * nem na saída dos israelitas do país devastado, mas na interpretação bíblica de tais catástrofes como a ira de Deus. Todavia, se Deus controla todas as coisas, não será obra Sua tudo que acontece? A não ser que as pragas fossem a manifestação da ira de Deus contra o Egito, como poderiam ser elas a salvação divina em favor de Israel? Ou as duas interpretações estão corretas ou ambas estão erradas. Um exemplo típico da diferença entre fé e incredulidade é que a mesma série de acontecimentos pode ser interpretada de qualquer das duas maneiras. Assim sendo, o crente interpreta cada evento em termos do bondoso propósito de Deus para sua vida (Rm 8:28). Já que nenhum acontecimento pode abalar sua fé, ela acaba por ser a vitória que vence o mundo (1 Jo 5:4). (Uma discussão interessante e completa das pragas se encontra em Hyatt, Apêndice, p. 336.)R. Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 86.

Êx 4.21 Todos os milagres. 

Três poderes específicos tinham sido dados a Moisés: transformar a vara em uma serpente, e de novo em uma vara; fazer sua mão ficar leprosa, para então curá-la; transformar água em sangue. Esses prodígios são comentados nas notas sobre os vss. 3,4,6,7,9. Eram milagres autenticadores e convincentes, a serem exibidos diante dos anciãos de Israel e diante do Faraó (ver Êxo. 4.1, onde estão em foco tanto os anciãos quanto Faraó).

Eu lhe endurecerei o coração. 

O relato sobre o duro coração do Faraó, que resistiu a tantos dos desafios de Moisés, tem-se tornado um campo de batalha teológica na controvérsia entre o determinismo divino e o livre-arbítrio humano. Deus usa o livre-arbítrio humano sem destruí-lo, embora não saibamos dizer como. Precisamos interpretar essas controvérsias do ponto de vista da polaridade. Tanto a predestinação quanto o livre-arbítrio são verdades ensinadas nas Escrituras, como polos de uma doutrina mais ampla, da mesma forma que o globo terrestre tem dois polos. Ensinar somente uma dessas verdades é ensinar uma teologia unilateral. É fácil ensinar somente a predestinação; também é fácil ensinar somente o livre-arbítrio, mas ambos esses lados devem ser ensinados por nós. A salvação requer uma intervenção divina; o livre-arbítrio é necessário para que o homem possa ser moral- mente responsabilizado. Essas duas verdades são legítimas, fazendo parte de uma doutrina mais ampla, embora seja muito difícil ensinar ao menos como isso pode ser verdade. 

É difícil ensinar aquela doutrina mais ampla, que engloba ambos os lados da questão. A Bíblia ensina tanto a divindade quanto a humanidade do Logos. Em doutrinas assim, parece haver alguma contradição. Mas são polos de alguma verdade maior. As Escrituras ensinam o juízo como retribuição; e também ensinam o juízo como um remédio (I Ped. 4.6). Devemos esforçar-nos por ensinar aquela doutrina maior que contém ambas essas ideias.

O fato de que Deus endureceu o coração do Faraó, pelo lado da doutrina da predestinação, paradoxalmente, foi também o exercício da própria vontade livre do Faraó. Mas não sabemos dizer como isso pode ter acontecido. Judas estava destinado a trair a Jesus Cristo; mas isso Judas fez de sua livre e espontânea vontade, por causa de sua perversidade interior e de seu coração corrompido (Mat. 26.24). Mas como esses dois fatores interagiram, não sabemos determinar.

A dureza do coração do Faraó é atribuída a Deus em Êxo. 4.21 ; 7.3; 9.12; 10.1,20,27; 14.4,8. 

E também é atribuída ao próprio Faraó, em Êxo. 8.15,32; 9.34. E também é atribuída ao próprio coração do rei em Êxo. 7.13,22; 9.7,35. Em consequência, a polaridade e o paradoxo fazem parte das expressões das próprias Escrituras. Três modos diversos da mesma operação são salientados; mas não sabemos dizer como essas coisas possam ser. É uma desgraça histórica ridícula que crentes individuais, igrejas e denominações se tenham dividido em torno dessa doutrina. Também é ridículo que os estudiosos defendam um ou outro polo de uma doutrina que, na verdade, tem dois polos. Ver Rom. 9.17 ss e suas notas expositivas quanto ao uso que Paulo fez desta passagem.CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 319.

Êx 4.21. Endurecerei o seu coração.

 Esta expressão às vezes nos parece um problema moral, mas tal estimativa não é justa, pois a Bíblia usa, lado a lado, três maneiras diferentes de descrever a mesma situação, sem qualquer sentido de contradição interna. Três verbos hebraicos diferentes são usados, mas estes não apresentam diferença básica em seu significado. A narrativa apresenta, às vezes, Deus endurecendo o coração de Faraó, como aqui. Às vezes é Faraó quem endurece seu próprio coração, como em 8:15. Outras vezes a descrição é neutra, quando se diz que o coração de Faraó foi endurecido, como em 7:13. Até mesmo para o estudioso ocidental, trata-se de um problema de interpretação teológica, não um problema de história ou de fato. 
Ninguém duvida que Faraó fosse obstinado, que possuía vontade e propósito férreos, que lhe foi impossível mudar seu padrão de pensamento e ajustar-se a novas ideias. Todas essas ideias e algumas outras estão implícitas na expressão bíblica “ duro de coração” , que não se refere a emoções, como em português, mas à mente, à vontade, inteligência e reações. Talvez “ de mente fechada” seja melhor tradução. Escolas teológicas diversas batalharam quanto a esta passagem em séculos passados. Paulo (em Rm 9:14-18) a usa como um exemplo não apenas do poder absoluto e da inescrutável vontade de Deus, mas também de Sua misericórdia em Seu envolvimento com o homem. Paulo, por fim, tem de buscar refúgio no conhecimento da absoluta justiça de Deus, como nós todos devemos fazer. O escritor hebreu, no entanto, não viu qualquer problema aqui. Para ele, Deus era a causa primeira de todas as coisas; todavia, o autor não nega a realidade e a responsabilidade moral dos agentes humanos envolvidos. Ver nesta ambivalência a existência de fontes em conflitos é se aproximar perigosamente da ignorância quanto à psicologia hebraica. O mesmo raciocínio permite ao israelita ver a travessia do Mar Vermelho como resultado da soberana ação divina e, no entanto, como produto da ação conjunta do vento e das marés (cap. 14). Não se trata aqui de explicações mutuamente exclusivas, nem sequer de explicações alternativas igualmente válidas. Para o israelita são uma e a mesma explicação, apenas descritas de maneira diferente.

Driver afirma: “ Deus não endurece o coração de um indivíduo necessariamente com uma intervenção sobrenatural; o endurecimento pode ser produzido pelas experiências normais da vida, operando através dos princípios e do caráter da natureza humana, que são determinados por Ele.” Esta verdade é profundamente hebraica. Um exemplo semelhante desta forma hebraica de pensamento se encontra em Marcos 4:12, onde Jesus apresenta Sua razão para ensinar a verdade sob a forma de parábolas.R. Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 74-75.

Êx 8.15 Faraó... continuou de coração endurecido. 

Foi um triunfo da estupidez. Ao ver que o Egito estava livre, imaginou que tudo terminaria naquele ponto. Ele não se dispunha a perder o trabalho escravo prestado pelos filhos de Israel. Por isso, recuou quanto à promessa que fizera. Lemos aqui que o próprio Faraó endureceu seu coração. Em outros trechos do livro de Êxodo lemos que Deus endureceu o coração dele. Alguma impressão fora feita sobre sua mente (vs. 8), mas não o bastante para mudar o seu coração. Sua contínua obstinação aumentava sua culpa, cada vez mais. O pecador à vontade diante de seu pecado é um pecador obstinado. O trecho de Êxo. 7.14 mostra-nos que Yahweh tinha predito a resistência do Faraó.

Êx 8.19 Isto é o dedo de Deus. 

Alguns estudiosos pensam que essa expressão deveria ser traduzida por “0 dedo de deus”, por suporem que os mágicos não tinham em mente especificamente a Yahweh. O termo hebraico envolvido é Elohim (ver a respeito no Dicionário) que pode ser entendido como alusivo ao verdadeiro Deus ou a deuses, e o próprio vocábulo hebraico não nos indica como devemos compreendê-lo. Seja como for, os mágicos reconheceram que estava atuando algum poder divino, superior a tudo quanto já tinham visto que não se submetia ao controle deles. Talvez Yahweh, a quem o Faraó não quisera reconhecer (Êxo. 5.2), estava começando a ser reconhecido.

Dedo de Deus. Ver também Êxo. 31.18; Deu. 9.10; Sal. 8.3; Luc. 11.20

É indica- do um poder divino que atua sobre circunstâncias específicas. Deus põe Seu dedo sobre certas circunstâncias que as modificam. Fazemos nossos atos e nossas realizações por meio de nossos dedos.
O coração do Faraó estava endurecido, e isso pela sua vontade perversa e teimosa, ou, então, por parte de Deus. Ambas as coisas aparecem como verdades, no livro de Êxodo. Ver as notas sobre Êxo. 4.21 sobre essa questão, que inclui comentários sobre os problemas teológicos envolvidos. As rãs fizeram o Faraó hesitar (Êxo. 8.8 ss.). Mas os insetos não exerceram nenhum efeito sobre ele. Ele estava disposto a sofrer a dor a fim de reter seu trabalho escravo, prestado pelos israelitas, tão vital para seus projetos de construção.

Êx 8.32 Ainda esta vez endureceu Faraó o coração. Algumas vezes lemos que ele mesmo endureceu seu coração, como aqui; mas de outras vezes, lemos que Deus endureceu o coração do Faraó. Assim, a vontade divina e a vontade humana cooperam uma com a outra. Deus usa o livre-arbítrio humano, sem destrui-lo, embora não saibamos explicar como. Ver Êxo. 4.21 quanto a notas completas sobre essa questão e sobre os problemas suscitados acerca da teologia que circunda 0 determinismo versus o livre-arbítrio.

Paradoxalmente, 0 endurecimento do coração do Faraó, por parte de Deus, era o exercício do livre-arbítrio do Faraó. Todavia, não sabemos explicar como isso sucede.Uma vez mais, o Faraó quebrou sua promessa. Prevaleceu de novo a estupidez. Seu embotamento espiritual era refletido em sua falha moral, mediante “o orgulho e a ambição” (John Gill, in loc.).
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 336; 338.Êx 9.7 O fato de que os israelitas foram poupados tornou-se um fato conspícuo, que o Faraó não pôde ignorar. Isso deve ter-se tornado motivo da conversação entre todos os egípcios, motivo de alegria para Israel, mas da mais profunda consternação para os egípcios. Porém, apesar dos vários sinais, o Faraó não se deixou abalar em sua obstinação.

Os Três Sinais.

 1. Foi determinado um tempo específico para início da praga. Nenhuma coincidência estaria envolvida. 2. O gado dos israelitas seria poupado.

3. A praga foi generalizada, muito pior do que qualquer outra que podia ser relembrada. Como era óbvio, tratava-se de um juízo divino. O Faraó viu os sinais, mas conseguiu ignorá-los.

O coração de Faraó se endureceu. Ou por ele mesmo, ou por atuação de Yahweh, ou por ambos. Ver notas completas sobre essa questão, incluindo referência aos artigos que abordam os problemas teológicos envolvidos, nas notas sobre Êxo. 4.21. Os textos diferem, algumas vezes dizendo que 0 Faraó endure- cia seu próprio coração, e algumas vezes dizendo que Yahweh o endurecera. Ver Rom. 9.17, onde Paulo reporta-se ao problema referente ao endurecimento do coração de Faraó.

Êx 9.34 Tornou a pecar. 

Visto que o seu arrependimento (vs. 27) era egoísta e superficial, o Faraó reconheceu a Yahweh, mas não por motivo de espiritualidade. Ele só queria escapar aos juízos divinos. Sua mente embotada pensou que, uma vez cessada a terrível tempestade, Yahweh não mais perturbaria o Egito. Não fazia ideia de que 0 pior ainda estava por vir. Moisés, porém, havia antecipado essa reversão (vs. 30), porque o registro das ações passadas do Faraó não era favorável. O Faraó foi julgado por seus atos. Até uma criança torna-se conhecida por suas ações (Pro. 20.11).


Ao clarear o novo dia, o Faraó voltou às suas trevas mentais e espirituais. Contudo, a misericórdia de Deus permitiu-lhe mais oportunidades.

Êx 9.35 Faraó... não deixou ir os filhos de Israel. 

Um coração endurecido prevaleceu. A Bíblia mostra-nos que algumas vezes o Faraó endurecia seu próprio coração. De outras vezes, judicialmente, Deus endurecia o coração do Faraó. Ou, então, a expressão pode ser indireta como neste versículo, “seu coração estava endurecido”. Deus usa o livre-arbítrio humano sem destruí-lo, embora não saibamos dizer como isso pode ser. Ver as notas em Êxo. 4.21 quanto a notas completas sobre a questão do endurecimento do coração de Faraó, com todos os problemas teológicos envolvidos.

Desobediência. A obstinação e a estupidez mental do Faraó, apesar de tantas evidências iluminadoras, tornaram-se proverbiais. O Faraó foi assim levado a desobedecer ao Poder Supremo. Isso só pode resultar na autodestruição. Neste mundo há muitos que se autodestroem.

Uma Espiritualidade Fingida. 

O Faraó havia exibido uma fagulha de espiritualidade. O arrependimento deveria levar à reparação (vs. 27). Mas assim que aquela fagulha se apagou, o velho coração empedernido do Faraó de novo se manifestou. Quão fácil é para nós criticarmos a outros, mas quão grande é a corrupção interior que nos torna um bando de pequenos faraós, dotados de uma espiritualidade fingida. Até nossa fé e nosso culto religioso podem tornar-se meios de auto glorificação. Um missionário usa a blasfema música “rock” a fim de atrair uma multidão. Ele é glorificado porque é um grande pregador, capaz de falar a muitas pessoas! Um pastor é glorificado devido ao número de seus convertidos, por ter-se mostrado tão eficiente. O sucesso espiritual tem sido usado para glorificar homens, e depois nos pomos a indagar qual terá sido a verdadeira medida de sucesso autêntico. Os dons espirituais são usados para efeito de ostentação.E depois indagamos quão espirituais teriam sido, realmente,esses dons.CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 338; 342(estudaalicao.blogspot.com).
fonte www.mauricioberwaldoficial.blogspot.com

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