Lições Bíblicas CPAD
Jovens e Adultos
2º Trimestre de 1998
Título: Romanos — O Evangelho da justiça de
Deus
Comentarista: Esequias Soares da Silva
Lição 12: A tolerância para com os fracos na fé
Data: 21 de Junho de 1998
TEXTO ÁUREO
“Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis,
e não sereis condenados; soltai, e soltar-vos-ão” (Lc
6.37).
VERDADE PRÁTICA
Não existe pecado que os cristãos
mais “ardorosos” sejam mais inclinados a cometer do que o de criticar os
outros.
LEITURA DIÁRIA
Segunda — Pv 6.16-19
Qual a sétima coisa que Deus abomina?
Terça — Mt 7.1-5
O Senhor Jesus condena o julgamento
temerário do próximo
Quarta — Jo 7.24
Não julgueis segundo a aparência
Quinta — 1Co 4.3-5
Quem nos julga é o Senhor
Sexta — Rm 2.1-3
Deus condena quem julga os outros e
comete os mesmos pecados deles
Sábado — Tg 1.26,27
Quem cuida ser religioso e não
refreia a sua língua a religião desse é vã
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Romanos 14.1-12.
1 — Ora, quanto ao que está
enfermo na fé, recebei-o, não em contendas sobre dúvidas.
2 — Porque um crê que de tudo se
pode comer, e outro, que é fraco, come legumes.
3 — O que come não despreze o
que não come; e o que não come não julgue o que come; porque Deus o recebeu por
seu.
4 — Quem és tu que julgas o
servo alheio? Para seu próprio senhor ele está em pé ou cai; mas estará firme,
porque poderoso é Deus para o firmar.
5 — Um faz diferença entre dia e
dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente seguro
em seu próprio ânimo.
6 — Aquele que faz caso do dia,
para o Senhor o faz. O que come para o Senhor come, porque dá graças a Deus; e
o que não come para o Senhor não come e dá graças a Deus.
7 — Porque nenhum de nós vive
para si e nenhum morre para si.
8 — Porque, se vivemos, para o
Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. De sorte que, ou vivamos
ou morramos, somos do Senhor.
9 — Foi para isto que morreu
Cristo e tornou a viver; para ser Senhor tanto dos mortos como dos vivos.
10 — Mas tu, por que julgas teu
irmão? Ou tu, também, por que desprezas teu irmão? Pois todos havemos de
comparecer ante o tribunal de Cristo.
11 — Porque está escrito: Pela
minha vida, diz o Senhor, todo joelho se dobrará diante mim, e toda língua
confessará a Deus.
12 — De maneira que cada um de
nós dará conta de si mesmo a Deus.
PONTO DE CONTATO
Você é tolerante? E os seus alunos,
será que são tolerantes? Ser tolerante é admitir e respeitar opiniões
contrárias à sua. Será que seus alunos respeitam as diferenças existentes no
seu meio? Ajude-os a refletir sobre o assunto. Por mais que o grupo seja unido,
coeso, sempre haverá diferenças. Estas precisam ser vistas com amor. carinho e
respeito. Pois, em última instância, cada pessoa é livre para tomar as suas
decisões e viver como bem lhe aprouver. Nem Deus lhe tira esse direito. Embora,
isso não signifique dizer que os homens são isentos de responsabilidades e
compromissos.
OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar
apto a:
·
Distinguir o
padrão de conduta judaico do padrão estabelecido pelo Cristianismo.
·
Identificar em
quais questões se envolvem os cristãos fracos na fé.
·
Aplicar em
seu viver diário a atitude bíblica da tolerância.
SÍNTESE TEXTUAL
A Igreja de Cristo é constituída de
diferentes pessoas. São cristãos que têm valores e formações distintas e com
qualificações diversificadas. Não obstante estarem unidos numa só fé, continuam
sendo diferentes, pois são únicos. Nesta lição estaremos estudando a vontade de
Deus para sua Igreja com relação a valores terrenos, pessoais e como tratar com
estas diferenças de maneira pacífica e cristã.
ORIENTAÇÃO DIDÁTICA
Sugerimos para esta lição o uso da
técnica de perguntas e respostas para avaliar o conhecimento prévio da classe
com relação a julgamento. O nosso objetivo final é levá-los a serem tolerantes
com os fracos. Contudo, se forem juízes de seus irmãos não conseguirão ser
tolerantes como Deus deseja. Pergunte se sabem conceituar a palavra julgar.
Ouça-os e depois dê o resultado de acordo com o dicionário Aurélio: “Decidir
como juiz ou árbitro: julgar uma pendência”. Leve-os a arrazoar sobre a atitude
de serem árbitros de alguém. Será que temos este direito? E Jesus como agiria
em nosso lugar? Como Ele agiu no caso da mulher adúltera? Se Ele teve uma
atitude de perdão para com uma pecadora, como devemos agir com os nossos irmãos
em Cristo?
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Estudamos na primeira parte da
Epístola aos Romanos a teologia paulina da justificação pela fé, sem as obras
da lei, centrada em 1.17; 3.28. Nas duas últimas lições estudamos a parte
prática, começando com a consagração a Deus e depois o nosso compromisso com o
Estado. De 14.1 a 15.6 o apóstolo discorre sobre a tolerância — o cristão não
deve julgar e nem criticar o outro. É o tema que vamos estudar hoje.
I. JUDEUS E GENTIOS FORMANDO A IGREJA
1. A ética judaica. Os
judeus tem um alto padrão de conduta e um modus
vivendi exemplar, porque isso aprendem nas sinagogas todos
os sábados (At 15.21). Uns achavam que o padrão judaico devia ser vivido pelos
gentios e não somente isso, que tal procedimento era condição para salvação. Os
pontos básicos eram a guarda do sábado, a circuncisão (At 15.1,5) e a
prescrição dietética da Lei de Moisés, que os judeus ainda hoje chamam de kash'rut (At 15.20,28).
2. Salvação pelas obras? As
seitas e as religiões falsas acrescentam algo mais que a fé para a salvação.
Aplicar essa conduta judaica aos gentios era o mesmo que afirmar que a graça do
Senhor não era suficiente. A Lei de Moisés seria o complemento para a salvação.
Isso reduziria o Cristianismo a uma mera seita do Judaísmo e além disso
confundiria aquele com a identidade judaica.
3. A ética dos gentios. Os
gentios não aprenderam os bons costumes porque nunca tiveram quem os ensinasse,
por essa razão o modus vivendi deles era precário. Agora ambos os povos formam
a Igreja (1Co 10.32). Eles foram transformados pelo poder do Espírito Santo.
Deviam, portanto, mudar sua maneira de viver, mas nem por isso estavam
obrigados a viver como judeus (At 15.10,11).
II. QUANTO AO ALIMENTO
1. Enfermo e fraco (vv.1,2). As
palavras, “enfermo” e “fraco” não significam, nesse contexto, fé vacilante, mas
imaturidade nas questões práticas, pois muitos deles são sinceros e tementes a
Deus. A questão não era sobre pontos vitais da doutrina cristã; do contrário,
não seriam membros da Igreja, mas sobre assuntos secundários.
a) Não contender. “Recebei-o”
significa que devemos receber a cada irmão como ele é e não como queremos que
ele seja. Não temos o direito de impor a ele a nossa maneira de ver o
Cristianismo, nem discutir na tentativa de convencê-lo do contrário (1Co 11.16;
1Tm 6.4). Devemos recebê-lo com amor sincero dentro da fraternidade cristã.
b) Convivendo com os enfermos e
fracos. A questão dos bêbados, por exemplo, a Bíblia diz
que os tais não herdarão o reino de Deus — a menos que se convertam (1Co
6.10,11). O crente que se associa com os tais está pecando (1Co 5.11). Não é o
caso aqui. Esses enfermos e fracos são nossos irmãos que ainda não se
emanciparam de sua escravidão espiritual.
2. Legumes (v.2). Convém
lembrar que o vegetarianismo religioso teve a sua origem no hinduísmo. Os gnósticos
eram também vegetarianos. Havia até os que considerasse canibais aquele que
comesse carne. Talvez alguns judeus tivessem chegado a esse extremo por causa
de uma interpretação judaica forçada de Deuteronômio 14.21: “Não cozerás o
cabrito com o leite da sua mãe”. Não é permitido ao judeu consumir a carne do
cabrito juntamente com o leite da cabra, mãe do animal, como faziam os povos
idólatras, vizinhos de Israel. Os judeus, portanto, evitando correr o risco de
o leite comercializado ser da mãe do cabrito comprado no açougue, resolveram
proibir o consumo de carne com leite.
3. Restrição alimentar dos cristãos. A
única restrição alimentar dos cristãos está na determinação do Concílio de
Jerusalém (At 15.20,28), com relação ao sangue, carne sufocada e sacrificada
aos ídolos. Mesmo assim, essa determinação parece mais injunções do que
ordenanças obrigatórias (Rm 14.13-16; 1Co 8.7-13; 10.27-29), pois, Paulo
defendia essa liberdade cristã (vv.14,20; 1Co 10.25; 1Tm 4.4,5).
4. Evitando o risco. O
crente fraco ou enfermo mencionado nos vv.1,2 deve ser judeu muito escrupuloso
quanto à alimentação, o qual resolveu ser vegetariano para evitar o risco de
comer carne sacrificada aos ídolos ou sufocada. Abster-se de alimento por
questões de saúde é algo pessoal. Praticar, porém, tal coisa como condição para
ir ao céu, a ponto de criticar os que não seguem esse padrão, isso caracteriza
seita.
III. A QUESTÃO DOS DIAS
Provavelmente, a expressão “um faz
diferença entre dia e dia” (v.5) trata-se dos dias especiais de festa segundo
as leis cerimoniais do Antigo Testamento. O comentário da é
do parecer que alguns cristãos, mormente os judeus cristãos, ainda consideravam
que os dias sagrados do Antigo Testamento continuavam válidos, ao passo que
muitos outros os tinham como dias comuns.
1. O sábado. O
fim do sábado estava previsto nos profetas (Os 2.11). A palavra profética
previa a chegada do Novo Concerto (Jr 31.31-33) e o fim do sábado que se
cumpriu em Jesus (Cl 2.14-17). A questão não é o sábado em si, mas o fato de que
não estamos debaixo do Antigo Concerto (Hb 8.6-13), por essa razão o sábado não
aparece nos quatro preceitos de Atos 15.20,29.
2. O sábado cerimonial. As
festas judaicas eram anuais, mensais ou lua nova, e semanais (1Cr 23.31; 2Cr
2.4; 8.13; 31.3; Ez 45.17). O sábado cerimonial ou anual já está incluído na
expressão “dias de festa”, que são as festas anuais; “lua nova”, mensais; e
“dos sábados”, festas semanais (Cl 2.16). No versículo seguinte o apóstolo diz:
“Que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo” (Cl 2.17). Isto
é: são figuras das coisas futuras, que se cumpriram em Jesus. Por isso que
Jesus afirmou ser Senhor do sábado (Mc 2.28).
3. Constantino e o Domingo. Afirmar
que o imperador romano, Constantino, substituiu o sábado pelo domingo é uma
falácia. A palavra “domingo” significa “dia do Senhor”. Isso porque nesse dia
Jesus ressuscitou (Mc 16.9). O primeiro culto cristão aconteceu num domingo (Jo
20.1) e o segundo também (Jo 20.19,20). As reuniões cristãs de adoração
aconteciam no primeiro dia da semana (At 20.7; 1Co 16.2). Aos poucos essa
prática foi se tornando comum, sem decreto e sem imposição. Foi algo
espontâneo. O imperador apenas confirmou uma prática cristã antiga.
4. Lição prática. O
apóstolo conclui que “cada um esteja inteiramente seguro em seu próprio ânimo”
(v.5b) e que “aquele que faz caso do dia, para o Senhor o faz” (v.6). Isto é:
quando adoramos não é tão importante, quanto o que, como e por que adoramos. O
que realmente importa é Cristo ser o centro em tudo quanto o crente faz.
IV. A PREOCUPAÇÃO DO APÓSTOLO
1. O que o apóstolo condena?
(vv.4,10). Nem o crente enfermo ou fraco e nem o mais
esclarecido espiritualmente são a preocupação do apóstolo. Isso porque ambos
agiam de forma diferente com o propósito de servir a Deus (vv.6,7). O que ele
condena é a crítica e não essas práticas: “Quem és tu que julgas o servo
alheio?” (v.4) “Mas, tu, por que julgas teu irmão?” (v.10). A preocupação do
apóstolo era evitar divisões na Igreja por causa de assuntos secundários.
2. O respeito à consciência cristã. O
apelo do apóstolo era que houvesse respeito mútuo entre os crentes. Cada um
deve seguir a sua consciência cristã (v.5). Se algo lhe parece pecado, se a
consciência lhe acusa, não deve praticar tal coisa, pois se assim fizer estará
pecando (v.23). Nem por isso deve criticar os outros (Tg 4.11,12).
3. Cada um prestará contas a Deus
(vv.10-12). Com essas palavras o apóstolo está dizendo que
devemos deixar as coisas secundárias com a pessoa e Deus. Ninguém tem o direito
de interferir na vida privada do cristão. As questões do alimento e dos dias
são de somenos importância, mas a crítica Deus não tolera (Pv 6.16-19; Tg
1.26).
CONCLUSÃO
Na Igreja atual existe também os
mesmos problemas, de maneira ainda mais dilatada, pois as práticas sociais vão
aumentando a cada dia que se passa. A melhor solução é olhar para Jesus, Autor
e Consumador da fé (Hb 12.1,2) e não à vida alheia. Seu dever é orar por aquele
que, por causa de certas práticas, você considera fora da Palavra de Deus, e
não criticá-lo, pois em cada crente o desenvolvimento da sua consciência
depende do conteúdo bíblico doutrinário nela entesourado e da maturidade
espiritual desse crente.
VOCABULÁRIO
Modus vivendi: Do
latim, maneira de viver.
Escrupuloso: Cuidadoso, zeloso, rigoroso, meticuloso.
Escrupuloso: Cuidadoso, zeloso, rigoroso, meticuloso.
QUESTIONÁRIO
1. O
que significaria aplicar a conduta judaica aos gentios?
R. Seria o mesmo que afirmar que a graça do Senhor não era suficiente.
2. O
que significa a expressão “recebei-o”?
R. Devemos receber a cada irmão como ele é e não como queremos que ele
seja.
3. Por
que o sábado não aparece nos quatro preceitos de Atos 15.20,29?
R. Não estamos debaixo do Antigo Concerto (Hb 8.6-13).
4. O
que apóstolo Paulo condena nos vv.4,10?
R. Ele condena a crítica no sentido do julgamento alheio.
5. O
que o apóstolo quer dizer com as palavras “cada um prestará contas a Deus”?
R. Ele está dizendo que devemos deixar as coisas secundárias com a pessoa e
Deus. Ninguém tem o direito de interferir na vida particular do cristão.
AUXÍLIOS SUPLEMENTARES
Subsídio
Doutrinário
“O dever do crente sadio para com o
‘enfermo na fé’, é o que trata o apóstolo Paulo. Da mesma forma que hoje nos
deparamos com os crentes fracos na fé, que facilmente se ofendem e se
escandalizam, também, havia isso entre os crentes em Roma. Era um grupo de
crentes, não muito grande, mas que merecia a atenção do grande apóstolo.
14.1. Esses crentes são tratados como
‘enfermos’ na fé, por isso, devem merecer o nosso amor complacente para com as
suas fraquezas. Há coisas em que a consciência dos homens diverge e não convém
discutir, nem querer provar o contrário. Pelo fato de serem ‘enfermos na fé’
não devem ser rejeitados no meio da igreja, mas Paulo diz: ‘Recebei-os’.
Disputar com eles seus preconceitos não vale a pena, não traz benefício a
ninguém. A verdade é que dentro da igreja existiam dois grupos bem distintos:
os mais abertos e liberais e os extremistas, ou excessivamente escrupulosos.
14.2,3,4. Neste texto o fraco deve
ser recebido com amor porque Deus o recebeu (v.3), e é ‘servo do Senhor’ e não
servo dos nossos preconceitos e interesses. Diz Paulo: ‘Para seu próprio Senhor
está em pé ou cai’ (v.4), isto significa que não temos o direito de julgar os
outros, não importa o estado da pessoa, se está em pé ou caído, o julgamento é
do Senhor.
14.5,6. A divergência de consciência
quanto aos hábitos e costumes existe. Essas questões devem ser tratadas de acordo
com a relação com Deus. A questão de certo e errado tem sido uma barreira para
muitos, mas isto não nos compete julgar, antes devemos nos basear, para esse
julgamento, na responsabilidade pessoal de cada um.
14.7-9. Nestes versículos está a
solução apontada. Todos são do Senhor e vivem para o Senhor. Portanto, fracos
ou fortes, todos estamos ‘em Cristo’” (Carta aos Romanos, CPAD).
Subsídio
Teológico
O Dicionário
Teológico, CPAD, traz uma definição clara de
consciência com aplicação aos cristãos e que se encaixa ao que o apóstolo quis
dizer no v.5: “Do latim, conscientia, senso íntimo. Voz secreta que temos
na alma que aprova ou reprova nossos atos. E alimentada pelo direito natural
que o Todo-Poderoso incutiu em cada ser humano. Se a consciência não for
devidamente educada, fatalmente será induzida a esquecer-se dos reclamos
divinos. Eis a melhor forma de se educá-la: instrui-la na Palavra Deus”.
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