Lições
Bíblicas CPAD
Jovens e Adultos
2º Trimestre de 1998
Título: Romanos — O Evangelho da justiça de
Deus
Comentarista: Esequias Soares da Silva
Lição 1: A exposição magna da fé cristã
Data: 5 de Abril de 1998
TEXTO ÁUREO
“Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em
fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé” (Rm
1.17).
VERDADE PRÁTICA
O Cristianismo poderia ser
considerado mera seita do Judaísmo se não houvesse, no Novo Testamento, a
Epístola de Paulo aos Romanos.
LEITURA DIÁRIA
Segunda — Rm 3.2
A doutrina das Escrituras em Romanos
Terça — Rm 1.20; 3.4
A doutrina de Deus em Romanos
Quarta — Rm 9.5
A doutrina de Cristo em Romanos
Quinta — Rm 15.13,16,19
A doutrina do Espírito Santo em
Romanos
Sexta — Rm 5.12-19
A doutrina do pecado em Romanos
Sábado — Rm 3.21-26
A doutrina da expiação em Romanos
Romanos 1.1-7,16,17.
1 — Paulo, servo de Jesus
Cristo, chamado para apóstolo, separado para o evangelho de Deus,
2 — o qual antes havia prometido
pelos seus profetas nas Santas Escrituras,
3 — acerca de seu Filho, que
nasceu da descendência de Davi segundo a carne,
4 — declarado Filho de Deus em
poder, segundo o Espírito de santificação, pela ressurreição dos mortos, Jesus
Cristo, nosso Senhor,
5 — pelo qual recebemos a graça
e o apostolado, para a obediência da fé entre todas as gentes pelo seu nome,
6 — entre as quais sois também
vós chamados para serdes de Jesus Cristo.
7 — A todos os que estais em
Roma, amados de Deus, chamados santos: Graça e paz de Deus, nosso Pai, e do
Senhor Jesus Cristo.
16 — Porque não me envergonho do
evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que
crê, primeiro do judeu e também do grego.
17 — Porque nele se descobre a
justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé.
PONTO DE CONTATO
Neste trimestre, você poderá
servir-se da riqueza infindável, que é a Epístola de Paulo aos Romanos, para
promover o crescimento espiritual de seus alunos. Todos os crentes precisam
compreender que, diante de Deus, são justificados mediante a obra de
reconciliação efetuada por Jesus Cristo em seu favor. Agora, o crente tem nova
vida segundo o Espírito e, andando em santificação, é conduzido à glorificação.
Deus, o mais interessado no crescimento de sua Igreja, o usará para contagiar
os seus alunos e falar-lhes ao coração promovendo, assim, um grande avivamento
em sua classe. Deus o abençoe!
OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar
apto a:
·
Conscientizar-se que a justiça de
Deus é a justificação dos pecadores pela fé, mediante Jesus Cristo.
·
Identificar a diferença entre a
justiça de Deus, a justiça pessoal e a justiça legal.
·
Verbalizar as bênçãos decorrentes de
uma vida de fé.
·
Construir novas expectativas para sua
vida baseada numa atitude de fé no que Deus fez em seu favor mediante Jesus
Cristo.
SÍNTESE TEXTUAL
A Epístola aos Romanos ocupa um lugar
de alto destaque na literatura judaico-cristã e nos fundamentos doutrinários e
teológicos da Igreja. Paulo escreveu aos cristãos em Roma antes de visitá-los
pessoalmente. Ele se informou a respeito da igreja através de Áquila, Priscila
e outros cristãos que viajavam pelo mundo mediterrâneo daquele tempo.
O apóstolo confessa no prólogo de sua
carta e o confirma no epílogo da mesma, que desejava com todo o seu coração ir
a Roma, mas seu intenso itinerário evangelístico não o permitiu. O plano era
regressar de Corinto a Jerusalém, entregar a oferta das igrejas gentias aos
cristãos em Jerusalém e empreender uma quarta viagem com destino a Espanha,
fazendo escala na capital mundial, Roma. Ele realizou a quarta viagem, porém
não como planejava; viajou como prisioneiro e não sabemos se depois conseguiu
realizar o plano de ir a outros países da Europa ocidental.
No coração do apóstolo havia o
objetivo missionário. Mas esse objetivo não o fazia ignorar os problemas
doutrinários existentes na igreja em Roma. Por isso, tinha que ajudar a
esclarecer as dúvidas doutrinárias. Diferentemente dos dias atuais, a Igreja no
primeiro século não possuía livros doutrinários. O ensino vinha direto de seus
pastores, que para tal finalidade valeram-se de epístolas.
ORIENTAÇÃO DIDÁTICA
Para introduzir esta série de lições
da Epístola de Paulo aos Romanos, você pode, nesta aula, destacar alguns fatos
da vida do apóstolo Paulo quando ainda era fariseu e lutava contra o evangelho
de Jesus Cristo. Não conte a história mas, usando a técnica de perguntas e
respostas, faça com que seus alunos participem e relembrem em poucos minutos
alguns fatos e a vida legalista que Paulo vivia, pensando estar agradando a
Deus (Ver Gl 1.13,14). O objetivo desta dinâmica é comparar o posicionamento de
Paulo, que, mesmo sendo zeloso da lei, estava condenado à perdição e, agora,
quando escreve esta carta, está salvo pela justiça de Deus. Não esqueça de
fazer aplicação à vida de seus alunos. Lembre-se que hoje muitos vivem no
legalismo, pensando estar agradando a Deus.
INTRODUÇÃO
Hoje, estamos iniciando uma série de
estudos na Epístola de Paulo aos Romanos. Recomendamos, antes de tudo, que cada
aluno e, principalmente o professor, leia no mínimo três vezes a epístola.
A Epístola de Paulo aos Romanos tem
mudado muitas vidas, nações, e até os rumos da história.
I. INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE ROMANOS
1. Títulos. Nenhum
livro da Bíblia tem tantos títulos como Romanos: Evangelho Segundo Paulo,
Evangelho do Cristo Ressurreto, Tratado Teológico Paulino, Mais Puro Evangelho,
Principal das Epístolas Paulinas, etc.
Desde que foi estabelecido o Corpus Paulinum,
no final do primeiro século, Romanos vem ocupando o primeiro lugar entre as
epístolas de Paulo, não pela ordem cronológica, mas por sua importância. Em
relação ao Judaísmo, é uma epístola apologética; em relação ao Cristianismo, é a
exposição magna da fé evangélica. Entender Romanos é entender o Cristianismo.
2. Local e data de Romanos. Com
base em Romanos 16.1, sabemos que o apóstolo encontrava-se em Corinto, quando
escreveu a epístola, pois Cencréia era a cidade portuária vizinha de Corinto.
Paulo estava hospedado na casa de Gaio (Rm 16.23), amigo a quem ele batizou em
Corinto (1Co 1.14). O apóstolo precisava ir a Jerusalém para levar os donativos
levantados na Macedônia e na Acaia, para os irmãos pobres da Judeia. Pretendia
depois ir para a Espanha, passando a Roma (Rm 15.22-30). À luz destes dados, os
expositores do Novo Testamento são unânimes em afirmar que a epístola foi
escrita em Corinto entre 57 e 58 d.C.
3. Destinatário de Romanos. O
endereçamento da carta são os versículos 5 e 6. A palavra “gente”, ethne, no grego, significa também “gentio,
nação”; é o correspondente goiym, em hebraico; mostra que a carta foi
dirigida aos cristãos gentios.
É óbvio que a igreja em Roma era
composta de judeus e gentios (Rm 2.17; 4.1; 7.1).
4. Roma (v.7). Roma
era a capital do Império Romano. Até então Paulo ainda não havia visitado a
metrópole (1.13; 15.23). A origem da igreja, nessa cidade, é desconhecida.
Parece estar ligada à presença de “forasteiros romanos”, no dia de Pentecostes
(At 2.10). Assim, podemos concluir que a igreja em Roma foi fundada por
missionários anônimos. Há ainda quem afirme que o casal Áquila e Priscila, que
morava em Roma (At 18.2; Rm 16.3), começou o trabalho nessa cidade. Mas acerca
disso não há nada de concreto.
5. A influência de Romanos. Qualquer
cristão que compreender Romanos jamais será a mesma pessoa. Leia o que alguns
homens de destaque na história disseram a respeito da epístola.
a) João Wesley. Grande
avivalista britânico do século XVIII, fundador da Igreja Metodista, afirma que
tudo começou com Romanos.
b) Agostinho. Testemunhou,
em 386 a.C. que Romanos 13.13 mudou sua vida.
c) Martinho Lutero. “Fundador
da civilização protestante”. Fez uma exposição de Romanos aos seus alunos, de
novembro de 1515 a setembro de 1516. É a epístola da Reforma Protestante. Disse
que se apenas o Evangelho de João e a Epístola aos Romanos tivessem sobrevivido
seriam o suficiente para preservar o Cristianismo. Na verdade, reconhecemos
todos os 66 livros da Bíblia com a mesma autoridade e inspiração. A declaração
de Lutero, porém, diz respeito meramente ao assunto de ambos os livros por ele
citados.
II. O AUTOR DA EPÍSTOLA
1. O autor de Romanos. Seu
nome hebraico é Shaul, o mesmo nome do primeiro rei de
Israel, que significa “pedido”. Seu nome romano era Paulus, que significa “pequeno”. Ele mesmo
afirma, no prefácio, ser o autor da epístola, sendo Tércio seu amanuense. O
apóstolo, certamente, ditara e Tércio escreveu a epístola (Rm 16.22).
2. “Servo de Jesus Cristo” (1.1). “Servo”,
vem do grego doulos (pronuncia-se dulos), traduzido mormente por
“escravo, servo”. O mesmo que avoda no Antigo Testamento hebraico. Com relação ao povo
de Deus o sentido é de escravo voluntário. Nós, os crentes, somos servos de
Jesus Cristo, isto é, escravos voluntários. Reconhecemos Jesus como nosso Dono,
somos dEle e pertencemos a Ele. Pertencer a Deus é o que há de mais sublime na
vida humana.
a) “Chamado”. Do
grego kletos que aqui tem o sentido de vocacionado. Ele fora
escolhido desde o ventre de sua mãe (Gl 1.15). O mesmo aconteceu com o profeta
Jeremias (Jr 1.5). Paulo, portanto, foi constituído apóstolo por Deus, e não
pelo homem (Gl 1.1).
b) “Apóstolo”. Vem
de duas palavras gregas: da preposição apo, que significa “da parte de”, e do verbo grego stello, que significa “enviar”. A palavra
“apóstolo” significa enviado com mensagem confidencial. Aqui significa um
mensageiro extraordinário, alguém que o próprio Deus encarregou de levar a
notícia mais importante da terra, que toda a humanidade precisa ouvir o
Evangelho de Jesus Cristo. O Novo Testamento afirma que Paulo é embaixador do
céu, apóstolo e doutor dos gentios (At 22.21).
III. O SENHOR JESUS CRISTO NO PRÓLOGO DE
ROMANOS
1. “Santas Escrituras” (v.2). A
vida de Jesus está registrada nos Evangelhos. Tudo o que Lhe aconteceu estava
previsto na Lei de Moisés e nos profetas. Jesus tinha o testemunho da lei e dos
profetas (Rm 3.21). E óbvio que o pensamento paulino sobre o Messias é o mesmo
revelado na lei e nos profetas (At 26.22).
2. Acerca de seu Filho (vv.3,4). Convém
tomar cuidado com essa passagem, pois o apóstolo não está dizendo que Jesus
tornou-se Filho de Deus pela ressurreição. Ele foi o Filho de Deus em fraqueza
e humildade, durante seu ministério terreno, e, pela ressurreição, tornou-se o
Filho de Deus em poder (At 2.36). O apóstolo, assim, revela a origem humana e
divina de Jesus, declarando a sua ressurreição dentre os mortos.
IV. O TEMA DA EPÍSTOLA
1. Evangelho, poder de Deus (v.16). A
palavra “evangelho” vem de duas palavras gregas, “eu” que quer dizer “bem”, e de “angelia” que significa “mensagem, notícia,
novas”. Assim, a palavra “euangelion” quer dizer “boas novas, notícias alvissareiras”
“É o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crer” (1.16). A mensagem
é que Cristo salva o mais vil pecador (Jo 3.16). A expressão “não me
envergonho” é uma figura de linguagem chamada litotes, que significa afirmar pela negação do contrário.
2. A revelação da justiça de Deus
(v.17). A “justiça de Deus” aqui não é a justiça pessoal
nem legal, mas a justiça com que Deus justifica os pecadores pela fé (Rm
3.21,22). Esse plano de Deus para a salvação não é pelas obras, mas pela fé (Rm
3.24-26). “De fé em fé” significa sola
fides — a fé somente. Não é de “fé em obras” ou “de obras
em fé” nem tampouco “de obras em obras”.
3. A justificação pela fé. Toda
a Epístola de Paulo aos Romanos gira em torno da “salvação pela fé”, pois “o
justo viverá da fé” (1.17). Essa expressão significa que a salvação é pela fé
(Ef 2.8,9; Tt 3.5). Esse é o tema da epístola.
4. A Reforma Protestante. Martinho
Lutero nasceu em 1493, em Eisleben, Alemanha. Ingressou na Universidade de
Erfurt em 1501 para estudar Direito. Em 1505, entrou num convento, onde
tornou-se monge. Foi Romanos 1.17 (“O justo viverá da fé”) que “mudou toda a
sua vida e todo o curso da história” (H. H. Halley).
Em 31 de outubro de 1517, Lutero
fixou, na catedral de Wittemberg, as 95 teses, dando início à Reforma
Protestante, e rompendo com a Igreja Católica. Traduziu a Bíblia para a língua
alemã, e levou avante a obra da Reforma. É o autor do hinoCastelo Forte,
cantado hoje em muitas línguas em todo o mundo evangélico. Faleceu em 1546.
CONCLUSÃO
A justiça de Deus é a revelação
fundamental do evangelho. Através de Romanos, o cristão pode compreender melhor
o que Deus fez em seu favor mediante Jesus Cristo. Assim, você deve, em
primeiro lugar, ler a referida epístola repetidas vezes, com oração e
humildade, se possível até decorar para ruminar suas palavras no dia-a-dia.
Deve procurar entender o que o apóstolo quer dizer com lei, graça, fé, justiça,
carne, espírito, etc.
VOCABULÁRIO
Legalismo: Obediência
formal e exterior à Lei de Moisés sem se atentar ao seu espírito, significado e
propósito. Os legalistas, geralmente, são levados a desprezar a graça de
Cristo.
Vindicação: Ato ou efeito de vindicar, reclamação.
Apologético: Que encerra apologia — discurso para justificar, defender ou louvar.
Vindicação: Ato ou efeito de vindicar, reclamação.
Apologético: Que encerra apologia — discurso para justificar, defender ou louvar.
QUESTIONÁRIO
1. A
quem é destinada a Epístola?
R. É destinada aos cristãos gentios.
2. Quando
e onde a Epístola foi escrita?
R. Foi escrita em Corinto entre 57 e 58 AD.
3. Cite
alguns dos grandes homens da história influenciados pela Epístola aos Romanos?
R. João Wesley, Agostinho, Karl Barth, Martinho Lutero.
4. O
que é justiça de Deus?
R. A justiça com que Deus justifica os pecadores pela fé.
5. O
que significa a expressão “o justo viverá da fé”?
R. Significa que a salvação é alcançada pela fé.
AUXÍLIOS SUPLEMENTARES
Subsídio
Histórico
O fato de Paulo ter enviado uma
epístola à igreja em Roma ajuda a derrubar a tradição católica que afirma ser o
apóstolo Pedro o seu fundador. A razão é que, quando Paulo escreveu a epístola
aos Romanos, Pedro não se achava em Roma. Se Pedro lá estivesse, de alguma
forma, haveria referência de Paulo ao apostolado naquela cidade, bem como ao
pastorado de qualquer outro cristão que exercesse liderança espiritual na
igreja de Roma.
Subsídio
Teológico
Alguns termos difíceis desta lição
são respondidos por F. F. Bruce em seu comentário sobre a Epístola aos Romanos:
“‘demonstrado Filho de Deus’. A palavra traduzida por ‘demonstrado’ (horizõ) tem a mais completa força do termo
‘nomeado’ ou ‘constituído’ (usa-se em At 10.42; 17.31) referindo-se a nomeação
de Cristo como Juiz de todos. Paulo não quer dizer que Jesus se tomou o Filho
de Deus pela ressurreição, mas, sim, que Aquele que durante Sua vida terrena
‘foi o Filho de Deus em fraqueza e humildade’, pela ressurreição tomou-se ‘o
Filho de Deus em poder’.
Semelhantemente, Pedro, no dia de
Pentecostes, concluiu sua proclamação da ressurreição e exaltação de Cristo com
as palavras: ‘Esteja absolutamente certa, pois, toda a casa de Israel de que
este Jesus que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo’ (At 2.36). A
expressão ‘poderosamente’, literalmente com poder (en dunamei), aparece também em Marcos 9.1, onde
a vinda do reino de Deus ‘com poder’ é provavelmente a sequência direta da
morte e vindicação de Jesus.
‘Nele se descobre a justiça de Deus’.
Notável antecipação deste duplo sentido da ‘justiça de Deus’ — (a) Sua justiça
pessoal (b) a justiça com a qual Ele justifica os pecadores a partir da fé —
aparece na literatura de Qumran. ‘Sua justiça apaga o meu pecado. ...se tropeço
devido à iniquidade da carne, o meu julgamento está na justiça de Deus que
estará firme para sempre. ...por Sua misericórdia Ele fez que eu me aproximasse
e por Sua amável bondade traz para perto dele o meu julgamento. Por Sua justiça
verdadeira me julga, e por Sua abundante bondade faz expiação de todas as
minhas iniquidades. Por Sua justiça me limpa da impureza que mancha os mortais
e do pecado dos filhos dos homens — para que eu louve a Deus por Sua justiça e
ao Altíssimo por Sua glória’” (Romanos, Introdução e Comentário. F.
F. Bruce).
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PAZ DO SENHOR
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