Lições Bíblicas CPAD
Jovens e Adultos
2º Trimestre de 1998
Título: Romanos — O Evangelho da justiça de
Deus
Comentarista: Esequias Soares da Silva
Lição 13: As obras sociais na igreja
Data: 28 de Junho de 1998
TEXTO ÁUREO
“E não vos esqueçais da beneficência e comunicação,
porque, com tais sacrifícios, Deus se agrada” (Hb 13.16).
VERDADE PRÁTICA
A prática da filantropia ou serviço
social deve estar baseada no amor, na prática do bem e na mútua cooperação.
LEITURA DIÁRIA
Segunda — Pv 11.26
Quem retém o trigo o povo amaldiçoa
Terça — Pv 14.34
A justiça exalta as nações
Quarta — Pv 19.17
Quem dá ao pobre empresta a Deus
Quinta — Mt 25.35-40
Jesus prometeu retribuir aos que
fizerem algo pelos seus pequeninos
Sexta — 2Co 8.9
Jesus se fez pobre para nos
enriquecer
Sábado — 2Co 8.14
Deus multiplica o que é dado aos
pobres
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Romanos 15.22-29
22 — Pelo que também muitas vezes
tenho sido impedido de ir ter convosco.
23 — Mas, agora, que não tenho
mais demora nestes sítios, e tendo já há muitos anos grande desejo de ir ter
convosco,
24 — quando partir para Espanha,
irei ter convosco; pois espero que, de passagem, vos verei e que para lá seja
encaminhado por vós, depois de ter gozado um pouco da vossa companhia.
25 — Mas, agora vou a Jerusalém
para ministrar aos santos.
26 — Porque pareceu bem à
Macedônia e à Acaia fazerem uma coleta para os pobres dentre os santos que
estão em Jerusalém.
27 — Isto lhes pareceu bem, como
devedores que são para com eles. Porque, se os gentios foram participantes dos
seus bens espirituais, devem também ministrar-lhes os temporais.
28 — Assim que, concluído isto, e
havendo-lhes consignado este fruto, de lá, passando por vós, irei à Espanha.
29 — E bem sei que, indo ter
convosco, chegarei com a plenitude da bênção do evangelho de Cristo.
PONTO DE CONTATO
Quais são as necessidades dos seus
alunos? Será que necessitam apenas ouvir a Palavra de Deus e receber edificação
espiritual? Na verdade, não. Seus alunos têm outras necessidades e você,
professor, deve buscar atendê-las, pois, também, há edificação quando se
satisfaz uma necessidade material, pois demonstramos o amor de Deus em nossos
corações. Se a assistência social assim ocorrer, não haverá dificuldades para
aplicar valores espirituais às vidas dos seus alunos. Você estará abrindo
caminho para que recebam também os bens espirituais que deseja transmitir-lhes.
OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar
apto a:
·
Descrever os
dois sentidos em que se direciona a atividade da Igreja.
·
Justificar porque
é tarefa da Igreja atender aos necessitados.
·
Identificar quais
são as bênçãos de Deus para quem ajuda aos necessitados.
SÍNTESE TEXTUAL
A Igreja de Cristo tem trabalhado com
grande afinco e denodo na tarefa de evangelização dos perdidos. Não obstante a
Igreja prosseguir na sua tarefa principal, depara-se com o enorme desafio de
atuar no ministério de compartilhamento com os menos favorecidos. Nesta lição
estaremos estudando o plano, as bênçãos e o galardão de Deus para a igreja que
exercita misericórdia para com os necessitados.
ORIENTAÇÃO DIDÁTICA
Para introduzirmos esta lição
poderemos pedir à classe que participe comentando sobre os textos das leituras
diárias. Poderemos dividir a classe em seis partes. Cada grupo fará uma análise
rápida de uma das leituras diárias e, poderá ainda comentá-la no momento
determinado pelo professor. O comentário do texto lido poderá enriquecer a
aula, tornando-a interativa e dinâmica. Fazendo isto, você estará lançando mão
do que consta nas Leis do ensino e da aprendizagem, apresentadas no Manual da
Escola Dominical, CPAD, as quais dizem que o aluno normal aprende quando:
motivado: gosta; necessita; vê fazer; faz; há métodos certos de ensino;
investiga; é interessado; crê, confia; ora; e recebe atenção pessoal.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
A parte prática da Epístola aos
Romanos mostra que Deus tem interesse no bem-estar social do ser humano. Isso
pode ser encontrado em toda a Bíblia. As atividades sociais devem acompanhar o
trabalho de evangelização.
I. OS CRISTÃOS POBRES DE JERUSALÉM
1. O papel da Igreja na sociedade. O
objetivo principal da Igreja é glorificar a Deus: “Quer comais, quer bebais ou façais
outra qualquer coisa, fazei tudo para a glória de Deus” (1Co 10.31). Alguém
pode perguntar: “A tarefa principal da Igreja não é a evangelização?”. A
resposta é afirmativa. Isso, porém, é consequência do glorificar a Deus. A
atividade da Igreja se direciona em dois sentidos: vertical — adoração,
atividades espirituais; horizontal — servir ao próximo, atividades
filantrópicas e sociais. Por isso Deus estabeleceu ministérios na Igreja.
2. O reconhecimento dos gentios
(v.27). Os gentios deviam se sentir endividados
espiritualmente com os judeus; afinal Jerusalém era a igreja-mãe. Como nós, no
Brasil, reconhecemos os nossos pioneiros suecos, e temos uma admiração profunda
pela Suécia, a nossa mãe, que nos enviou os primeiros missionários. Assim
também, os gentios tinham um apreço especial pelos irmãos judeus de Jerusalém.
3. Jerusalém e suas necessidades. Agora,
a igreja de Jerusalém padecia necessidades. O apóstolo Paulo era um homem muito
cuidadoso. Tudo o que fazia, o fazia com dedicação e empenho (Ec 9.10). Seu
cuidado com as igrejas não se restringia apenas ao plano espiritual. Paulo,
sabendo dessa necessidade, levantou ofertas na Macedônia, na Acaia (v.26; 2Co
8.1), em Corinto e na Galácia (1Co 16.1-3; 2Co 8.6-11; 9.1-5), para suprir as
necessidades dos irmãos pobres de Jerusalém.
4. Objetivo de Paulo. O
apóstolo Paulo via a necessidade de unir as igrejas gentias com a de Jerusalém.
Os gentios ainda eram vistos com suspeitas por causa dos costumes judaicos.
Essa oferta era um gesto espontâneo baseado no amor fraternal, e com isso
levava os gentios a reconhecerem sua dívida espiritual com Jerusalém. Não era
uma inovação, pois, cerca de 11 anos antes, juntamente com Barnabé, Paulo levou
uma oferta para os necessitados de Jerusalém (At 11.30).
II. A NECESSIDADE ATUAL
1. “Ministrar aos santos” (v.25). Essa
expressão diz respeito ao serviço social prestado pelo apóstolo aos irmãos
pobres de Jerusalém. Ministério significa serviço. Deus incluiu entre os
ministérios dados à Igreja, o serviço social: “Ou o que exorta, use esse dom em
exortar; o que reparte, faça-o com liberalidade; o que preside, com cuidado; o
que exercita misericórdia, com alegria” (Rm 12.8). “...depois, dons de curar,
socorros, governos, variedades de línguas” (1Co 12.28).
2. Mazelas sociais. Jesus
disse: “Porque sempre tendes os pobres convosco, e podeis fazer-lhes bem,
quando quiserdes” (Mc 14.7). Hoje se fala dos meninos e meninas de ruas
juntamente com os idosos abandonados, da prostituição infantil, das frequentes
invasões de terra, do desemprego e de outras mazelas. O que a Igreja tem feito
para aliviar o sofrimento dessa gente? É bom lembrar que desde o princípio do
mundo que os trabalhos filantrópicos estiveram sempre ligados à religião (Tg
1.27).
3. Pão para quem tem fome. Não
podemos ficar alheios ao sofrimento do próximo (1Jo 3.17). Convém lembrar que
uma cesta básica não resolve o problema do pobre. O problema é resolvido à
medida que essas pessoas forem absorvidas no mercado de trabalho, ganhando seu
pão com o suor do seu rosto. A cesta básica é um paliativo até que essas
pessoas consigam emprego. O que não se deve é despedir sem nada o necessitado.
Tiago chama esse procedimento de fé morta (Tg 2.14-17).
III. A FILANTROPIA NA BÍBLIA
1. A filantropia. A
palavra significa “humanitário, amigo da humanidade”, e vem do grego filos, “amigo” e anthropos, “homem”. Ora, se os que não têm
esperança estão sempre dispostos a ajudar a seu próximo, por que não nós, que
somos filhos da luz? O cristão tem inclinação para ajudar os pobres e
necessitados, porque ele é “participante da natureza divina” (2Pe 1.4).
2. Desde Moisés. O
assunto da filantropia vem desde Moisés e perpassa toda a Bíblia. Jesus deu o
exemplo de filantropia numa época em que não havia infraestrutura e nem
organização estatal. Quando falamos de trabalhos sociais e filantrópicos
queremos mostrar as várias maneiras pelas quais a Igreja procura socorrer os
pobres nas suas necessidades. Como o pecado é a causa primária dessa miséria,
enquanto o mundo subsistir, estas coisas estarão presentes.
3. No Cristianismo. Não
demorou muito para que os serviços sociais surgissem na Igreja. Os apóstolos
delegaram esses trabalhos aos irmãos vocacionados, de boa reputação, cheio do
Espírito Santo e de sabedoria. Os apóstolos deram, assim importância a essa
atividade, não ficando alheios aos problemas dos necessitados. Isso está muito
claro em Atos 6.1-6, quando houve a separação de crentes para o diaconato, a
fim de servirem nesse ministério.
IV. AS BÊNÇÃOS DE DEUS
1. Comunicar e comunicação. O
apóstolo Paulo costuma usar o verbo “comunicar” ou o substantivo “comunicação”
com referência ao ato de o cristão compartilhar o que tem com os demais (2Co
8.4; Fp 4.15). A Versão Almeida Atualizada usa
o verbo “associar”. Isso diz respeito à ajuda aos necessitados (Hb 13.16) e
também à ofertas ou ao sustento missionário (Fp 4.15).
2. Deus promete retribuir. Quem
ajuda ao necessitado, Deus o abençoa (2Co 9.8-12). Temos a promessa de Deus de
uma boa colheita — salário abençoado. Por isso, Jesus disse que é melhor dar do
que receber (At 20.35). Jesus garantiu que quem assim faz, de maneira nenhuma
perderá o seu galardão (Mt 10.42).
3. A omissão dessa responsabilidade é
pecado. Deus abençoa, tanto no sentido espiritual como no
material aos que ajudam os necessitados. Ele aumenta os bens materiais para que
também aumente as condições de ajuda aos necessitados. Quem dá ao pobre
empresta a Deus (Pv 19.17). Qualquer omissão diante desta responsabilidade
espiritual, que pesa sobre a Igreja, pode resultar em graves consequências. A
Bíblia diz que o “que retém o trigo, o povo o amaldiçoa” (Pv 11.26).
4. A caridade fraternal. Infelizmente
ainda há igrejas que continuam insensíveis às necessidades do pobre e aos
serviços sociais. Dão muita ênfase à guerra espiritual, ao mundo invisível, mas
não se importam com o mundo visível. Não devemos nos esquecer da hospitalidade,
dos presos e dos maltratados (Hb 13.1-3).
CONCLUSÃO
A generosidade cristã não deve se
restringir apenas aos trabalhos filantrópicos. Deve ser extensivo ao trabalho
de Deus, nos dízimos e nas ofertas, para a expansão do reino de Deus. O ex
primeiro ministro de Israel, Ben Gurion, disse certa vez que Israel vive dos missim e nissim, jogo de palavras hebraicas que
significa: “impostos e milagres”. A obra de Deus se faz com recursos
financeiros — dízimos e ofertas —, e com os milagres. A igreja de Filipos tinha
essa visão e não se esqueceu do apóstolo Paulo. O apóstolo ficou deveras
agradecido aos filipenses pela lembrança e pela ajuda (Fp 4.14-19).
VOCABULÁRIO
Filantrópico: Relativo
à filantropia, ou inspirado nela — amor à humanidade; humanitarismo.
Interativo: Relativo a ou em que há interação; ação que se exerce mutuamente entre duas ou mais coisas, ou duas ou mais pessoas; ação recíproca.
Salvífico: Que traz ou produz salvação.
Interativo: Relativo a ou em que há interação; ação que se exerce mutuamente entre duas ou mais coisas, ou duas ou mais pessoas; ação recíproca.
Salvífico: Que traz ou produz salvação.
QUESTIONÁRIO
1. Quais
os dois sentidos se direciona a atividade da Igreja?
R. Vertical — adoração, atividades espirituais; e horizontal — servir ao
próximo, atividades filantrópicas e sociais.
2. Qual
era o objetivo de Paulo ao promover as ofertas das igrejas gentias para a
igreja em Jerusalém?
R. O apóstolo via a necessidade de unir as igrejas gentias com a de
Jerusalém. As ofertas eram um gesto espontâneo baseado no amor fraternal, e com
isso levava os gentios a reconhecerem sua dívida espiritual com Jerusalém.
3. O
que significa a expressão “ministrar aos santos”?
R. A expressão diz respeito ao serviço social prestado pelo apóstolo aos
irmãos pobres da igreja de Jerusalém.
4. Por
que o cristão tem inclinação para ajudar aos pobres e necessitados?
R. Porque ele é “participante da natureza divina”.
5. Como
Deus abençoa aos que ajudam os necessitados?
R. Deus abençoa, tanto no sentido espiritual como no material aos que
ajudam os necessitados.
AUXÍLIOS SUPLEMENTARES
Subsídio
Teológico
“Eu não conheço qualquer outra
declaração de nossa dupla responsabilidade cristã, social e evangelística,
melhor do que aquela feita pelo Dr. W. A. Visser: ‘Eu creio’, disse ele, ‘que
com respeito à grande tensão entre a interpretação vertical do Evangelho como
essencialmente preocupada com ao ato da salvação de Deus na vida dos indivíduos
e a interpretação horizontal disto, como principalmente preocupada com as
relações humanas no mundo, devo fugir daquele movimento oscilatório mais do que
primitivo de ir de um extremo para o outro. Um cristianismo que tem perdido sua
dimensão vertical tem perdido seu sal e é, não somente insípido em si mesmo,
mas sem qualquer valor para o mundo’.
Mas um cristianismo que usaria a
preocupação vertical como um meio para escapar de sua responsabilidade pela
vida comum do homem é uma negação do amor de Deus pelo mundo, manifestado em
Cristo. Deve tornar-se claro que membros de igreja que de fato negam suas
responsabilidades com o necessitado em qualquer parte do mundo são tão culpados
de heresia, quanto todos os que negam este ou aquele artigo de Fé” (Cristianismo
Equilibrado. CPAD).
Subsídio
Doutrinário
“(1) A verdadeira fé salvífica é tão
vital que não poderá deixar de se expressar por ações, e pela devoção a Jesus
Cristo. As obras sem a fé são mortas. A fé verdadeira sempre se manifesta em obediência
para com Deus e em atos compassivos para com os necessitados.
(2) Tiago objetiva seus ensinos
contra os que na igreja professavam fé em Cristo e na expiação pelo seu sangue,
crendo que isso por si só bastava para a salvação. Eles também achavam que não
era essencial no relacionamento com Cristo obedecer-lhe como Senhor. Tiago diz
que semelhante fé é morta e que não resultará em salvação, nem em qualquer
outra coisa boa (Tg 2.14-16,20-24). O único tipo de fé que salva é ‘a fé que
opera por caridade’ (Gl 5.6)” (Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD).
Subsídio
Devocional
Se alguém disser: “Amo a Deus!” e, no
entanto, não se comover ante os sofrimentos do próximo, contribuindo
materialmente para aliviá-los, na medida de suas possibilidades, será um
mentiroso. Pois o amor de Deus requer que compartilhemos de nossos bens com os
irmãos necessitados. O comentário da Bíblia
de Estudo Pentecostal, CPAD, ressalta o seguinte: “O amor
se expressa pela ajuda sincera aos necessitados, compartilhando com eles nossos
bens terrestres” (ver Tg 2.14-17). Recusar a doar parte do nosso alimento, das
nossas roupas, ou do nosso dinheiro para ajudar os necessitados, é fechar-lhes
o nosso coração (ver Dt 15.7-11). Por amor devemos também contribuir com nosso
dinheiro para ajudar a propagar o evangelho aos que ainda não o ouviram.
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PAZ DO SENHOR
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