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quinta-feira, 1 de junho de 2017

Estudo livro de Exôdo (41) ) מחקר שמות

                                 Princípios do Sacerdócio Biblico.         

               III - MINISTROS DE CRISTO PARA A IGREJA                                      
A tríade fé, amor, constância volta a ocorrer em Tt 2:2; também é achada em 1 Ts 1:3. As duas primeiras palavras representam, é lógico, as graças cristãs supremas; tendo em conta a posição especial de Timóteo, como defensor da fé contra o erro e também como delegado apostólico, é muito apropriado que a constância e a mansidão sejam acrescentadas. Aquela palavra é frequentemente usada por Paulo no sentido de um esforço perseverante; esta (Gr. praüpathia) é um hapax do N.T., mas o Apóstolo estava familiarizado com seu cognato praütès (e.g. 2 Co 10:1;G1 5:22).

Às vezes é argumentado (ver a Introdução, págs. 25,27) que o tratamento aqui de fé e amor, que para Paulo abrangiam a tudo, como sendo virtudes específicas que podem ser catalogadas juntamente com outras, é um traço espalhafatosamente não-paulino. Devemos, no entanto, observar que as duas, sem qualquer indicação de precedência, figuram na lista miscelânea do “fruto do Espírito” em G1 5:22. A objeção de que “para Paulo, estas são as dádivas de Deus, não as realizações humanas” (F. D. Gealy) é igualmente superficial. Se for necessário sermos literais, o próprio Paulo aconselhou os coríntios, com linguagem idêntica, “Segui o amor” (1 Co 14:1). De modo mais geral, a doutrina da primazia da graça não exclui todo o conselho e a exortação.

12. As palavras de desafio que se seguem, Combate o bom combate da fé, trazem à mente o quadro de uma competição de luta-livre ou dalgum outro evento de atletismo; conforme procura ressaltar nossa tradução: “Desempenha tua parte na nobre competição da fé”, a metáfora é tirada do esporte, e não da guerra. Para o uso das analogias do esporte, da parte de Paulo, ver sobre 4:7;cf. também 1 Co 9:24ss.; Fp 2: 16; 3:12-14; 2 Tm 4:7. Paulo o chama o combate da fé, ou porque é a luta que a fé verdadeira empreende contra o erro, ou, mais provavelmente, porque tem em mente “a guerra pessoal contra o mal à qual todo cristão é conclamado” (J. H. Bernard). O imperativo está deliberadamente no tempo presente, o que indica que a luta será um processo contínuo.

Do outro lado, o imperativo no aoristo Toma posse sugere que Timóteo pode apoderar-se da vida eterna (aqui concebida como sendo o prêmio para o evento atlético) imediatamente, num único ato. Destarte, é alguma coisa que o cristão que leva a sério as exigências da sua fé pode desfrutar em certa medida aqui e agora. Não há contradição entre isto e o ensino de Paulo noutros lugares. Se em Rm 6:22 e G1 6:8 fala da vida eterna como sendo uma bênção que o crente fiel ceifa no fim, há outras passagens (e.g. Rm 6:4; 2 Co 4:10-12; Cl 3:3-4) em que concebe da nova vida em Cristo como sendo uma realidade presente.

Duas razões obrigatórias porque Timóteo deve empreender-se nesta luta vitalícia são (a) que Deus e (b) que publicamente reconheceu e aceitou aquela chamada. Quanto, à chamada de Deus, cf. 1 Co 1:9; 2 Ts 2:14. A ocasião em que Timóteo a aceitou foi quando fez a boa confissão, perante muitas testemunhas. Esta expressão às vezes tem sido explicada como sendo uma referência ou à sua ordenação ou à sua corajosa confissão de Cristo ao ser perseguido e arrastado diante dos magistrados civis (cf. Hb. 13:23 para uma menção da sua prisão). A primeira não é especialmente apropriada para o contexto, que diz respeito à chamada de Timóteo para ser cristão (este é, por certo, o significado de ser chamado para a vida eterna), não para ser ministro de Deus. De qualquer maneira, não temos razão para supor que uma solene confissão de fé em Cristo fosse exigida na ocasião da ordenação de um ministro: nenhum indício disto aparece nos relatos antigos do rito. 
A segunda explicação parece ainda menos apropriada, pois um comparecimento diante de um magistrado dificilmente pode ser chamada uma convocação à vida eterna. Além disto, se Timóteo tivesse sofrido desta maneira, e se mostrasse corajoso, teríamos esperado alguma alusão mais direta ao assunto nas cartas, especialmente tendo em vista que elas tendem a ressaltar a sua timidez. Talvez o único pormenor a favor desta exegese seja o paralelismo com o v. 13, que possivelmente (mas ver abaixo) relembre o julgamento de Cristo diante do governador romano. Embora isto sugira, no entanto, que as duas confissões sejam paralelas, é desnecessário procurar um paralelismo rigoroso nas situações também.

Muitos mais plausível do que qualquer destas interpretações é aquela que identifica a boa confissão de Timóteo com a profissão de fé que fez no seu batismo. Esta, acima de todas, era a ocasião em que se podia dizer que o cristão aceitou a chamada à vida eterna, e na igreja primitiva este sacramento era administrado publicamento diante da congregação reunida, i. é, perante muitas testemunhas. Desde os tempos mais antigos, seu clímax era uma solene afirmação de fé por parte do candidato, e Paulo quase certamente está citando semelhante afirmação, ou uma seleção de uma delas, quando escreve (Rm 10:9): “Se com a tua boca confessares (o verbo que emprega, Gr. homologein, é o cognato do subs. homologia traduzida confissão aqui) a Jesus como Senhor, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentro os mortos, serás salvo.” Nenhum argumento pode ser trazido de 2 Tm 3:15 contra esta exegese, porque, embora este trecho revele que Timóteo tinha sido instruído nas Escrituras desde a infância, não dá a entender de modo algum que tivesse sido batizado na infância, o que, em quaisquer circunstâncias, é extremamente improvável. O fato de que Paulo coloca o artigo definido antes de a boa confissão confirma que está falando de uma fórmula que tem um caráter reconhecido e oficial.John Norman Davidson Kelly. Introdução e Comentário. I, II Timóteo e Tito. Editora Vida Nova. pag. 131-134.

3. Comprometidos com a Palavra.

I Tm 3.2 O presidente, pois, deve ser irrepreensível. Essas palavras não instituem o presidente nem seu ministério, mas o pressupõem, e isso sem qualquer ênfase, como em Fp 1.1. Em primeiro lugar se falou do “sacerdócio de todos os fiéis” (cap. 2) e agora de seus servos, em plena concordância com 1Co 3.5. Podemos chamar a lista subsequente de “catálogo de virtudes”, em contraposição ao chamado “catálogo de vícios”. Chama atenção que não se fazem exigências especiais, exceto, talvez, de “apto para ensinar”. Pelo contrário, enumeram-se atitudes práticas e cotidianas que precisam ser consideradas “elementares” para todos os cristãos. Por que, no entanto, escrever acerca delas mesmo assim? Essa lista ou outras similares nas past só podem ser descartadas depreciativamente como “moral burguesa” ou “ética cristã mediana” se ignorarmos como tudo está fundamentado e como as coisas elementares são e continuam sendo necessárias para a fé.

Quando as coisas elementares não são constantemente renovadas e redirecionadas em direção ao que é fundamental (a base) e final (o alvo, a consumação, em grego, o eschaton), rapidamente surgem enredamentos e descaminhos igualmente elementares, arrastando consigo o indivíduo e a sociedade. É preciso ver as orientações das past diante do pano de fundo de uma indomável correnteza de “anomia” na sociedade e igreja.

Irrepreensível não significa simplesmente gozar de boa fama, mas ter um testemunho justificadamente bom. A crítica e as acusações não devem encontrar pontos vulneráveis para seu ataque. Aparentemente a palavra designa o comportamento abrangente, fundamental para tudo o que segue. Jesus frisa a importância do bom testemunho, como também ocorre em geral no NT. Nessa questão é decisivo que o bom testemunho seja reconhecido e fornecido pelos que não fazem parte da igreja. “Vossa conduta seja decorosa aos olhos dos estranhos.” Essa exortação da carta mais antiga de Paulo coincide integralmente com a exigência de ser irrepreensível, o que não pode ser questionado nem mesmo por observadores críticos e hostis. Um modo de vida desses só é viável a partir do “mistério da fé, preservado em uma consciência pura”. Essa é a origem e a renovação de toda a autêntica irrepreensibilidade. Representa o oposto tanto do comportamento antissocial como da exagerada adaptação pacata a todos e a tudo.

Marido de uma só mulher. O presidente deve ser exemplarmente casado. Não se espera o celibato dos servidores da igreja, mas que tenham plena capacidade matrimonial e sejam modelos no casamento. A melhor “escola matrimonial” acontece por “exemplos matrimoniais”. Presidentes e diáconos devem ser casados uma única vez; isso aponta em 3 direções:
1) Acerca da profetiza Ana lemos que era virgem até se casar. Quando o marido morreu após 7 anos de casamento, ela passou a viver sozinha até idade avançada (84 anos), servindo a Deus. De acordo com a palavra profética permaneceu fiel ao “noivo de sua mocidade”.
2) Conforme as palavras do Senhor a monogamia é o alvo original, estabelecido por Deus, do relacionamento entre homem e mulher. Se os próprios gentios chamam atenção para isso e os cristãos aspiram ao amor e à fidelidade no matrimônio, quanto mais isso deveria valer, então, para aqueles que se “apresentam em todas as coisas” (logo também no casamento) como “exemplo de boas obras”.
3) A interpretação aqui fornecida possui relevância justamente com vistas à prática do divórcio, que naquela época se alastrava com força, e do correlato recasamento de pessoas divorciadas, seja entre gregos, seja entre judeus.
A expressão única pode ser mantida em forma tão genérica pelo fato de que deve caracterizar de forma abrangente a atitude básica fundamental da castidade em todas as situações. O casto não reprimiu sua sexualidade, mas a tornou íntegra, porque castidade é alegrar-se com a sexualidade respeitando os limites do respeito.
Sóbrio (nephalios) vale tanto para mulheres como para homens idosos. O verbo correspondente já é utilizado por Paulo em sua carta mais antiga: “Não durmamos como os demais, mas vigiemos e sejamos sóbrios.” Ser sóbrio faz parte da oração e da vigilância e diz respeito a uma contenção de orientação escatológica diante de todo tipo de fanatismo, embriaguez, dissoluções no pensar, sentir e agir.

Quem reconhece a verdade em Deus torna-se sóbrio diante do delírio do pecado, para viver uma vida reta.

Sensato (sophron): assim como o adjetivo “sóbrio”, também ocorre somente nas past, mas o termo é usado como verbo na carta aos Romanos: cada qual deve pensar com moderação, ser sensato, segundo a medida da fé que Deus repartiu a cada um. Quem é temperante possui uma medida correta de auto avaliação, um sentido para o que é real. É compreensivo. Depois de ser curado, o homem antes possesso está tranquilamente assentado, está vestido e em perfeito juízo. O temperante é espiritualmente saudável. “O fim de todas as coisas está próximo, sede, portanto, criteriosos e sóbrios a bem das vossas orações!” Ambas as palavras – sóbrio e temperante – possuem um viés escatológico, e o fato de aparecerem juntas serve para enfatizar isto. Quem está embriagado e alimenta sonhos devotos a respeito de si mesmo e do mundo não consegue orar de fato, porque orar é justamente o contrário de fugir da chamada “realidade” para um mundo onírico. Vale o contrário: quem ora acorda para a verdadeira situação, e quem está alerta ora de olhos abertos. É disso que resultam as boas obras.

Digno (kosmios): sensato e digno (como em 1Tm 2.9 para as mulheres!) pode ter aqui o sentido de cortês, solícito, o que no entanto não deve ser entendido como cortesia artificial, que visa as aparências, porque isso representaria uma contradição com sóbrio e sensato. Realmente cortês é aquele que ao avaliar a si mesmo e a todas as coisas de forma sensata e de acordo com a perspectiva de Deus, acordou para as necessidades daqueles aos quais serve.
Hospitaleiro: em outras ocasiões Paulo também exorta as igrejas para que cuidem das necessidades dos santos e pratiquem a hospitalidade. Nos escritos do NT lemos a respeito de cristãos que são viajantes e também comerciantes; outros são perseguidos e precisam fugir para outras cidades. Os apóstolos e seus colaboradores viajavam de localidade em localidade, dependendo para isso da acolhida solícita nas casas dos crentes. Para as reuniões da igreja e para os que estavam em trânsito as casas das famílias dos fiéis representavam o alojamento propício. Tudo isso torna necessária a exortação de que não se esqueçam da hospitalidade. Mais tarde é preciso proteger a hospitalidade contra os abusos de andarilhos itinerantes e “irmãos estranhos”.
Hoje quem viaja por países em que os cristãos são perseguidos ou representam uma minoria sabe o que significa e custa a hospitalidade. Mas também onde os cristãos são maioria na sociedade, mas as formas eclesiásticas não são (mais) marcantes e formadoras de comunhão, a cordial liberalidade das famílias que creem em Cristo em relação a visitantes, conhecidos e desconhecidos, constitui o nervo vital para uma igreja que irradia para dentro do mundo. A abertura hospitaleira não é uma palavra em favor, mas contra o aburguesamento, porque o burguês se isola e se fecha em seu castelo, ainda que seja apenas uma pequena moradia alugada no mesmo edifício com outros 10 ou 100 inquilinos. O burguês não gosta de se colocar a caminho, nem gosta de ser incomodado por inconstantes. 
A vida de gueto de muitas comunidades eclesiais tem por correlação a vida na reclusão caseira e na privacidade de seus membros. Os servidores da igreja, porém, devem ser exemplos no matrimônio e na família pelo fato de serem abertos e livres para o hóspede.

Apto para ensinar (didaktikos): em todo o NT o termo ocorre somente aqui e em 1Tm 3.2. O seu sentido é descrito exaustivamente em Tt 1.9: o presidente deve “apegar-se à palavra confiável e conforme a doutrina, para que seja capaz de, pelo reto ensino, exortar bem como convencer os que o contradizem”. Deve estar aberto para questões doutrinárias, capaz de formar sua própria opinião e instruir a outros. Precisa discernir entre o que é importante e o que leva a descaminhos, entre doutrina verdadeira e falsa, saudável e doentia e ser capaz de ensinar e transmitir corretamente o que é apropriado em cada caso.
Do presidente espera-se capacidade de ensinar, do diácono não. Não se pode concluir disso que ensinar seja atribuição exclusiva do presidente, nem é possível obter aqui uma base para o posterior “magistério” católico-romano. Porque conforme 2Tm 2.2 Timóteo deve transmitir o evangelho a “pessoas fiéis”, não especificamente apenas presidentes, que serão capazes de novamente ensinar a outras. O ensino ministrado por mestres específicos somente tem sentido sob a premissa de que todos são capazes de se instruir e exortar mutuamente.
 No entanto, só se pode esperar isso deles quando e porque eles próprios são “ensinados por Deus”. Ademais, 1Tm 5.17 deixa explícito que a presidência não era exercida por uma pessoa sozinha, e que nem todos que presidiam ou eram presbíteros também ensinavam.
Os presidentes tinham de ser exemplos no ensinar, não para aliviar outros desta tarefa, mas capacitando-os para isso. Na escola o professor de matemática deve instruir os alunos para que saibam solucionar pessoalmente tarefas de matemática. Não deve resolver a tarefa por eles, e nem todos os alunos devem tornar-se matemáticos ou professores de matemática.Hans Bürki. Comentário Esperança Cartas aos I Timóteo. Editora Evangélica Esperança.

I Tm 3.2. Tendo ressaltado que o cargo vale a pena, Paulo logicamente pode insistir que É necessário, portanto, que o bispo seja irrepreensível, etc. A tradução tradicional de bispo para o Gr. episkopos deve ser rejeitada como enganadora. O episcopado posterior, baseado no conceito de um só bispo presidindo em cada área e tendo completa autoridade sobre ela em todos os departamentos, desenvolveu-se dos “superintendentes” do século I, mas há diferenças tão importantes entre os dois cargos que parece desejável empregar termos distintos para eles. No N.T. fora das Pastorais, episkopos é achado somente em Fp 1:1; At. 20:28; e 1 Pe 2:25 (com referência a nosso Senhor). No mundo contemporâneo grego, o termo era empregado para denotar uma grande variedade de funções, e.g., inspetores, administradores cívicos e religiosos, oficiais financeiros. 
Antigamente, muitas pessoas pensavam que a igreja apostólica devia ter tomado o título emprestado deste último uso, visto que o episkopos cristão tinha as finanças da congregação (assistência aos pobres, etc.) sob seus cuidados. Do outro lado, se pudermos confiar nas Pastorais, e se tivermos razão em identificar os “líderes” e “pastores” das demais Paulinas como sendo episkopoi, fica claro que suas responsabilidade abrangiam um campo muito mais largo do que o financeiro somente. Estavam encarregados, por exemplo, das relações externas da igreja, e como representantes dela, hospedavam cristãos visitantes.
Na própria congregação exerciam um ministério magisterial e pastoral, e tinham autoridade para disciplinar membros. De modo geral, presidiam sobre seus negócios como um pai cuida da sua família e do seu lar. É, portanto, interessante que acham seu paralelo mais próximo no “superintendente” (em Hebraico mebaqqer) da comunidade de Cunrã.
Segundo o Manual da Disciplina (esp. 6:10ss. e 19ss.) e o Documento de Damasco (esp. 13:7-16; 14:8-12), estes tinham o dever de ordenar, examinar, instruir, receber esmolas ou acusações, tratar com os pecados do povo, e pastoreá-lo de modo geral. Parece, portanto, mais provável que o termo, bem como o sistema administrativo que representava, tenha entrado na igreja a partir do judaísmo heterodoxo.
A despeito do seu uso no singular tanto aqui quanto em Tt 1:7, é extremamente provável que “o superintendente” deve ser entendido genericamente, e que uma pluralidade de tais oficiais é pressuposta. Esta ideia é apoiada não somente pelos paralelos em Fp 1:1 e At 20:28, como também pela posição intercambiável, ou pelo menos parcialmente coincidente, dos superintendentes com os presbíteros (cf. 5:17; Tt 1:5-7). De qualquer maneira, não há sugestão do episcopado “monárquico” posterior nestas cartas. O singular pode ter sido sugerido pelo singular alguém no v. 1 supra. Quanto à predileção de Paulo pelo singular genérico, cf. sua discussão das viúvas em 5:4-10, onde fala de “a viúva,” etc., a despeito de ter o plural em 5:3.
A lista de qualidades que se segue às vezes tem surpreendido os leitores pela sua generalidade; até mesmo tem sido dito, de modo algo injusto, que não contém nada de especificamente cristão, e muito menos adaptado a um ministro cristão. Dois comentários podem ser feitos.
Primeiramente, paradigmas análogos de virtudes e vícios, preparados para vocações diferentes (e.g., governantes, generais, médicos) eram populares no mundo contemporâneo helenístico e judaico-helenístico, e estes, também, eram colocados em termos surpreendentemente gerais.
A influência de tais paradigmas pode ser discernida noutros lugares do N.T., inclusive nas cartas de Paulo (e.g. 3:18 - 4:1; Ef 5:22 — 6:9). O , fato de que está modelando seu conselho sobre eles, aqui, e noutros lugares nas Pastorais, explica suficientemente seu estilo aparentemente chão e sem colorido. Mas, em segundo lugar, este aspecto tem sido grandemente exagerado. Cada uma das qualidades exigidas era apropriada num superintendente, e algumas delas tinham relevância direta às suas funções. Se o leitor moderno às vezes é tentado a pensar que Paulo colocou suas exigências em nível surpreendentemente baixo, deve lembrar-se que os padrões de conduta não eram altos na Ásia Menor no século I, que as pessoas para as quais as cartas foram escritas tinham saído recentemente de um ambiente pagão e provavelmente ainda tinham estreitos contatos com ele, e que o Apóstolo era um realista.
O catálogo começa com um requisito que a tudo abrange; o superintendente deve ser irrepreensível. Ou seja: não deve apresentar nenhum defeito óbvio de caráter ou de conduta, na sua vida passada ou presente, que os maliciosos, seja dentro, seja fora da igreja, possam explorar para desacreditá-lo. Em especial, sua vida sexual deve ser exemplar, e os mais altos padrões devem ser esperados dele: deve ser casada uma só vez. O novo casamento seja depois do divórcio no caso de um pagão convertido, ou depois do falecimento da sua primeira esposa, é censurado como sendo impróprio num ministro de Cristo. £ igualmente proibido aos diáconos (3:12) e aos presbíteros (Tt 1:6), e conta como uma desqualificação nas aspirantes à ordem das viúvas (5:9).

Este é o significando claro de esposo de uma só mulher. Alternativas propostas como interpretações são 
(a) que as palavras são dirigidas contra manter concubinas ou contra a poligamia, i.é, ter mais de uma só esposa de uma vez - sugestões estas que são extremamente improváveis, visto que nenhuma destas práticas pode ter sido uma opção real para qualquer cristão comum, é muito menos para um ministro; 
(b) que meramente estipulam que o superintendente seja um homem casado — isto está em harmonia com o alto valor que a carta atribui ao casamento (4:3), mas é muito improvável em si mesmo, e de qualquer maneira torna sem sentido a palavra uma só enfática em Grego; 
(c) que o objeto é meramente preceituar a fidelidade dentro do casamento, tratando-se de “não cobiçar outras mulheres senão sua esposa” — mas isto é extrair do Grego mais do que o texto pode suportar. Quanto a esta questão, bem como em tantos outros assuntos, a atitude da antiguidade era marcantemente diferente daquilo que prevalece na maioria dos círculos hoje, e há evidências abundantes, tanto da literatura quanto das inscrições funerárias, pagãs e judaicas, que permanecer solteiro depois da morte da cônjuge ou do divórcio era considerado meritório, ao passo que casar-se de novo era considerado um sinal de autoindulgência.
Paulo certamente compartilhava deste ponto de vista, e embora permitisse a uma viúva que se casasse de novo, estimava-a mais bem-aventurada se se abstivesse de um segundo casamento (1 Co 7:40). De modo geral, embora se opusesse ao ultra ascetismo que desconsiderava o casamento e que aplaudia façanhas de abnegação (cf. e.g., sua crítica das “uniões espirituais” em 1 Co 7:36-38), tinha grande respeito pela abstinência sexual completa, considerando-a um dom de Deus, e também sustentava que o controle-próprio periódico dentro do casamento era de valor espiritual (1 Co 7:1-7). No contexto de táis pressuposições era natural esperar que os ministros da igreja fossem exemplos a outras pessoas e que se satisfizessem com um único casamento. 
Nos primeiros séculos cristãos, devemos notar, o segundo casamento não era totalmente proibido, mas era considerado com nítida desaprovação. O superintendente deveria, além disto, ser temperante, palavra esta (Gr. néphatíos; no N.T. somente aqui e em 3:11; Tt 2:2) que originalmente denota a abstinência do álcool, mas que aqui, visto que a bebedice é expressamente estigmatizada no versículo seguinte, provavelmente tem o significado mais amplo e metafórico. Este sentido está em harmonia com o uso de Paulo do verbo relacionado néphõ em 1 Ts 5:6 e 8;cf. 1 Pe4:7.
Os dois adjetivos seguintes, sóbrio (Gr. sõphrón; talvez tenha a mesma nuança que o subs. correlato em 2:9, ver a nota ali) e modesto, ressaltam traços essenciais no caráter e no comportamento do superintendente respectivamente, ao passo que o terceiro, hospitaleiro, sublinha que na sua capacidade oficial, tem o dever de manter sua casa franqueada tanto para os delegados que viajavam de igreja em igreja quanto para os membros comuns da congregação que estavam necessitados. Cf. as instruções de Paulo aos seus correspondentes (Rm 12:13): “compartilhai as necessidades dos santos; praticai a hospitalidade.” Este serviço mútuo, ao mesmo tempo caridoso e diplomático, desempenhava um papel importante na vida diária da igreja primitiva, conforme fica abundantemente atestado (5:10; Hb 13:2 1 Pe 4:9; 3 Jo 5ss.; 1 Gem. 1:2; Hermes, Mand. 8:10), e cabia primariamente ao superintendente (Tt 1:8).
Outro aspecto importante nas funções de um superintendente é indicado no pedido de que seja apto para ensinar. Os superintendentes provavelmente devam ser identificados com aquele grupo dentro do corpo dos presbíteros “que se afadigam na palavra e no ensino” (5:17, onde ver a nota). Estes deveres estão mais plenamente especificados em Tt 1:9, sendo que consistem em: (a) lealdade à tradição apostólica, (b) disposição para instruir nela a congregação, e (cj vigilância em confundir os que a pervertem.John Norman Davidson Kelly. Introdução e Comentário. I, II Timóteo e Tito. Editora Vida Nova. pag. 75-78.

Qualificações do Bispo (3.2)

Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar. No total, há 15 qualificações estipuladas pelo apóstolo, sete das quais ocorrem no versículo 2. E importante que a primeiríssima destas seja a irrepreensibilidade. O significado da palavra é “acima de repreensão”, “de reputação irrepreensível” (cf. CH), “de caráter impecável”, “que ninguém possa culpar de nada” (NTLH). Por qualquer método que avaliemos, esta é a virtude mais inclusiva que aparece na lista. Significa que o líder na igreja de Cristo não pode ter defeito óbvio de caráter e deve ser pessoa de reputação imaculada. Dificilmente se esperaria que não tivesse defeito, mas que fosse sem culpa. E apropriado que o ministro seja julgado por um padrão mais rígido que os membros leigos da igreja. Os leigos podem ser perdoados por defeitos e falhas que seriam totalmente fatais a um ministro. Há certas coisas que um Deus misericordioso perdoa em um homem, mas que a igreja não perdoa no ministério deste. A irrepreensibilidade do candidato é requisito no qual devemos ser insistentes hoje em dia, como o foi Paulo no século I.
O líder da igreja deve ser exemplar especialmente em assuntos relativos a sexo. Este é o destaque da segunda estipulação do apóstolo: Marido de uma mulher (2). Trata-se de precaução contra a poligamia, que gerava um problema sério para a igreja cujos membros eram ganhos para Cristo vindos de um paganismo que tolerava abertamente casamentos plurais. Em todo quesito que a igreja com seus altos padrões éticos relativos a casamento confrontar o paganismo de nossos dias, em regiões incivilizadas ou não, a insistência cristã na pureza deve ser enunciada de forma clara e seguida com todo o rigor.
Mas temos de perguntar: A intenção de Paulo era desaprovar o segundo casamento? Alguns dos manuscritos antigos requerem a tradução “casado apenas uma vez” (conforme nota de rodapé na NEB). “Sobre este assunto, como em muitos outros”, comenta Kelly, “a atitude que vigorava na antiguidade difere notadamente da que prevalece em grande parte dos círculos de hoje. Existem evidências abundantes provenientes da literatura e inscrições funerárias, tanto gentias quanto judaicas, que permanecer solteiro depois da morte do cônjuge ou depois do divórcio era considerado meritório, ao passo que casar-se outra vez era visto como sinal de satisfação excessiva dos próprios desejos”.1 E óbvio que em alguns segmentos da igreja primitiva esta era a opinião prevalente, chegando ao extremo último da ordem de um ministério celibatário.
Mas esta não é a interpretação do ensino de Paulo que prevalece hoje. E bem conhecida sua própria preferência da vida solteira em comparação ao estado casado; e há passagens nos seus escritos em que ele recomenda este estado aos outros (e.g., 1 Co 7.39,40). Talvez o melhor resumo da intenção do apóstolo para os nossos dias seja a declaração de E. F. Scott: “O bispo tem de dar exemplo de moralidade rígida”.

As próximas três especificações vigilante, sóbrio, honesto (2) — têm relação próxima entre si e descrevem a vida cristã ordeira. Moffatt traduz estas qualidades pelas palavras: “temperado [NVI; cf. RA], mestre de si, calmo”. A temperança neste contexto transmite a ideia de autocontrole (cf. CH) ou autodisciplina.

O próximo quesito qualificador é apresentado pelo apóstolo na palavra descritiva hospitaleiro (2). Esta mesma característica é mais detalhada em Tito 1.8: “Dado à hospitalidade, amigo do bem”. Nesses primeiros dias da igreja, esta era uma virtude muito importante. Havia poucos albergues no mundo do século I, e os apóstolos e evangelistas cristãos que eram enviados de lugar em lugar ficavam dependentes da hospitalidade de cristãos que tivessem um “quarto de profeta”, mantido com a finalidade de atender essas necessidades. Em nossos dias de hotéis, expressamos nossa hospitalidade cristã de modo diferente. Mas quando a igreja era jovem, essa hospitalidade era extremamente primordial. O dever e privilégio de ministrá-la recaíam naturalmente sobre o bispo ou pastor. O espírito essencial do ato é tão importante hoje como era outrora.

Igualmente essencial e até mais importante é a sétima qualidade que Paulo menciona: Apto para ensinar (2). Pelo visto, nem todos os pastores eram empregados no ministério de ensino. E o que mostra 5.17: “Os presbíteros que governam bem sejam estimados por dignos de duplicada honra, principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina”. Mas a aptidão para ensinar era rendimento certo para o ministro cristão. Era importante então como é hoje. Sempre haverá indivíduos que possuem maior capacidade nesta ou naquela área que outros, mas certa habilidade para ensinar é de extrema necessidade ao ministério completo e frutífero.J. Glenn Gould. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 9. pag. 469-470. estudalicao.blogspot.com)
fontewww.mauricioberwaldoficial.blogspotcom

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