Texto básico Mateus 10.1-42 Textos de apoio
Lc 14.33
Lc 22.39
Jo 8.31
Jo 13.35; 15.8
Gl 4.19
Ef 4.13
Introdução
“Você quer ser igual a mim?” Na tradição judaica, quando alguém era convidado por um rabino para segui-lo era como se ouvisse esta pergunta instigante. Teria sido esta a mesma questão que ressonou na mente e no coração dos doze primeiros discípulos de Jesus? E, um pouco mais tarde, na mente e no coração do apóstolo Paulo? Para eles, sem dúvida, tratava-se de um chamado radical – imitar o rabino Jesus. Quais eram as exigências, os deveres, os estímulos, as dificuldades e as recompensas de ser um discípulo de Jesus? É o que vamos estudar a seguir.
Você é um Verdadeiro Discípulo de Jesus?
A palavra "discípulo" aparece centenas de vezes no Novo Testamento, onde é usada para descrever os seguidores de Jesus com muito mais freqüência do que "cristão" ou "crente". Um discípulo é uma "pessoa que segue os ensinamentos de um mestre" (Dicionário da Bíblia Almeida). Visto que o mestre dos cristãos é o próprio Jesus, o verdadeiro discípulo aprende e segue a vontade do Filho de Deus. Mas, será que todos que se dizem cristãos são verdadeiros discípulos do Senhor? Ao invés de olhar para outros e criticar hipócritas, vamos examinar as nossas próprias atitudes e ações para ver se nós realmente somos discípulos de Jesus.
Como Jesus Define o Discípulo
Três dos relatos do evangelho incluem as palavras desafiadoras do Cristo: "Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me" (Lucas 9:23; veja Mateus 16:24; Marcos 8:34). Encontramos aqui três elementos essenciais do verdadeiro discipulado, que apresentam desafios enormes: Negar a si mesmo. Enquanto o mundo e muitas religiões começam com o egoísmo do homem, Jesus exige a auto-negação. As igrejas dos homens convidam as pessoas a realizar seus sonhos de riqueza, felicidade sentimental e posições de honra, mas a mensagem do Senhor é outra. Ele pede que a pessoa negue os seus próprios desejos para fazer a vontade dele. Tomar a sua própria cruz. Jesus veio para oferecer a vida, mas o caminho para a vida passa pelo vale da morte. Não somente a morte do Cristo, mas a nossa também. Paulo disse: "Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim" (Gálatas 2:19-20). Seguir a Jesus. Várias religiões e filosofias exigem sacrifício e auto-negação. Algumas ensinam "preceitos e doutrinas dos homens" e "rigor ascético" que proíbem coisas que Jesus não proíbe (Colossenses 2:20-23). O benefício não vem de auto-negação em si, ou simplesmente de tomar qualquer cruz. Jesus Cristo é o único caminho que leva à vida eterna (Atos 4:12).
Neste estudo, vamos considerar algumas aplicações práticas destes princípios.
Seguir a Jesus, Não aos Homens: Lealdade
A relação de discípulo e mestre tem sido explorada por homens em muitos movimentos religiosos. O raciocínio é relativamente simples. Tirando alguns versículos do contexto e torcendo um pouquinho o sentido de outros, é fácil ensinar aos adeptos a necessidade de submissão quase absoluta aos homens. Considere esta abordagem: "O discípulo não está acima do seu mestre.... Basta ao discípulo ser como o seu mestre...." (Mateus 10:24-25). Alguns homens na igreja são chamados "mestres" (Atos 13:1; Efésios 4:11; Hebreus 5:12; Tiago 3:1). João teve discípulos (João 1:35). Devemos obedecer aos nossos guias (ou líderes, NVI) e ser submissos a eles (Hebreus 13:17). Utilizando tais versículos, torna-se fácil obrigar os mais novos na fé a seguir quase que cegamente a liderança de homens supostamente espirituais. Vários movimentos religiosos se baseiam em sistemas de discipulado nos quais cada "discípulo" é guiado por um "mestre" ou "discipulador", num apirâmide ou hierarquia de autoridade humana.
Há vários problemas com este tipo de discipulado: Investe autoridade excessiva em homens. A palavra traduzida "mestre" quer dizer, na maioria das vezes, "professor". A ênfase está no ensinamento da palavra, não na autoridade de uma pessoa sobre outras. Quando se trata de uma relação que envolve autoridade, as palavras de Jesus são claras e estabelecem a regra que precisamos aplicar hoje: "Vós, porém, não sereis chamados mestres [rabis, NVI], porque um só é vosso Mestre, e vós todos sois irmãos" (Mateus 23:8). Esquece as qualificações dadas por Deus para os líderes. Num sentido limitado, Deus deu responsabilidade de liderança a alguns homens na igreja. No primeiro século, os apóstolos guiavam as igrejas por instrução inspirada e pelo exemplo de imitação de Jesus (1 Coríntios 11:1). Eles iniciaram a prática de escolher presbíteros (também chamados "bispos" e "pastores"-veja Atos 20:17,28; 1 Pedro 5:1-3; Efésios 4:11) em cada igreja (Atos 14:23; Tito 1:5). Poucos homens demonstram as qualificações exigidas por Deus para exercer a função de presbítero ou pastor (veja 1 Timóteo 3:1-7; Tito 1:5-9). Estes homens têm a responsabilidade de cuidar e presidir ou liderar a igreja (1 Timóteo 3:5; 5:17). São os guias que velam pelas almas das ovelhas (Hebreus 13:17). Ignora as limitações na liderança dos pastores. Mesmo nas igrejas que têm bispos qualificados, estes são limitados na maneira de guiar ou liderar a igreja. Não têm autoridade absoluta, arbitrária ou despótica. Eles não ditam regras; pelo contrário, mostram um exemplo de como seguir as regras do Supremo Pastor (1 Pedro 5:1-4). Confunde o papel de evangelistas. Evangelistas são homens que pregam a boa nova (o evangelho). A autoridade deles é limitada ao trabalho de ensinar, corrigir e exortar pela palavra. As cartas de Paulo aos evangelistas Timóteo e Tito apresentam um modelo de homens que vivem vidas exemplares e pregam fielmente a palavra pura de Jesus (1 Timóteo 4:12-16; 2 Timóteo 4:1-5). Nada sugere uma posição de superioridade sobre os irmãos.
- Homens que querem "melhorar" o plano de Deus e dominar sobre outros procurarão apoio nas Escrituras, pervertendo o sentido da palavra do Senhor. Todos os cristãos devem lembrar que temos um só Mestre, e que todos nós somos irmãos (Mateus 23:8).
- Assumir Compromisso com Jesus: Conversão
- Ser discípulo de Jesus exige um compromisso sério com ele. Em Mateus 28:18-20, Jesus destaca dois aspectos deste compromisso: Batismo para entrar em comunhão com Deus (veja também Atos 22:16; Gálatas 3:27; Romanos 6:3-7). Obediência absoluta aos ensinamentos de Jesus. Muitas pessoas se dizem seguidores de Jesus sem dar os primeiros passos de obediência à palavra dele. Para sermos discípulos verdadeiros, temos de apresentar os nossos corpos como sacrifícios a ele, sendo transformados e renovados pela palavra do Senhor (Romanos 12:1-2).
- Imitar o Caráter do Cristo: Proceder
Uma vez que reconhecemos Jesus como o nosso Mestre, devemos aprender das palavras e do exemplo dele. Um dos propósitos da vinda dele à terra é apresentado em 1 Pedro 2:21-22- "...Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os seus passos, o qual não cometeu pecado...."
Como discípulos do perfeito Mestre, devemos nos esforçar para desenvolver o caráter dele, tornando-nos "co-participantes da natureza divina" (2 Pedro 1:4). Assim procuraremos pensar como Jesus pensa, e agir como ele agiria. Que desafio!
Respeitar a Autoridade do Mestre: Obediência
O entendimento da relação do discípulo com o Mestre naturalmente criará em nós um respeito profundo pela vontade do Senhor. Enquanto outros defendem muitas práticas erradas, dizendo que Deus não as proibiu, o discípulo fiel examina com mais cuidado e percebe que a Bíblia não é um livro de proibição e, sim, de permissão. Ao invés de tentar justificar a sua própria vontade, o seguidor de Jesus se limita às coisas que Deus permite, as coisas autorizadas nas Escrituras. Ele percebe, pelo estudo da palavra, que não devemos ultrapassar o que Deus revelou, pois tal abordagem aumenta a arrogância ao invés de demonstrar a humildade de servos do Senhor (1 Coríntios 4:6). Pessoas egoístas seguirão a sua própria sabedoria e dirão que têm liberdade para tratar a Bíblia como uma mensagem "dinâmica" que se adapta à circunstância atual (Provérbios 14:12; Jeremias 10:23; 1 Samuel 13:12). Mas as pessoas espirituais mostrarão respeito maior para com Deus, sabendo que ele é perfeito e perfeitamente capaz de revelar sua vontade aos homens "uma vez para sempre" (Judas 3) para os habilitar "para toda boa obra" (2 Timóteo 3:16-17). O servo fiel entende que o Mestre Jesus recebeu autoridade para mudar a lei, fazendo o que não fora autorizado anteriormente (Hebreus 7:11-14). Mas o discípulo humilde jamais ousaria mudar a lei ou ultrapassar o ensinamento de Jesus (2 João 9).
Buscar a Unidade que Jesus Pede: Cooperação
Jesus quer a unidade dos seus discípulos (João 17:20-23). Esta cooperação não vem por estruturas e regras humanas, e sim por amor a Deus. Homens podem forçar uma conformidade superficial por regras e sistemas de organização e controle. Deus trabalha de outra forma. Ele confia na sua própria palavra para criar a unidade que ele quer (1 Coríntios 1:10). Se cada discípulo continua se aproximando do Senhor, naturalmente estará se unindo cada vez mais aos outros discípulos verdadeiros. Cristãos se reunindo em congregações locais edificam e encorajam um ao outro (Efésios 4:16; Hebreus 10:23-25). Divisão vem quando pessoas seguem diversas revelações (Isaías 19:2-3), ou seguem líderes humanos e não o próprio Senhor (1 Coríntios 1:11-13). Cristo morreu por nós. Somos batizados em Cristo. Ele é o nosso Mestre e o foco das nossas vidas!
Produzir Fruto: Perseverança e Crescimento
O discípulo de Jesus produz fruto (João 15:8). Pelo fato que aceita a palavra de bom e reto coração, e desenvolve a sua fé com perseverança, ele se torna frutífero (Lucas 8:15). O discípulo produz fruto pelas boas obras que faz (Tito 3:14; Efésios 2:10). Produzimos fruto quando obedecemos ao nosso Senhor (Lucas 6:46), progredindo com perseverança (Hebreus 12:1).
Sejamos Discípulos de Jesus!
Reconhecendo o amor de Jesus para conosco, livremo-nos dos sistemas de domínio inventados por homens que querem liderar seus próprios discípulos. Porém, esta liberdade não nos deixa sem responsabilidade de servir. O verdadeiro discípulo de Jesus fará sempre a vontade do Bom Mestre! (notas Denis Alan).
Para entender o que a Bíblia fala
a) Em Mateus 10.1, Jesus dá autoridade àqueles que ele havia chamado para ser seus discípulos. Que tipo de autoridade era esta e para que servia?
b) Logo a seguir, Jesus afirma que “o discípulo não está acima do seu mestre” e que “basta ao discípulo ser como o seu mestre” (versos 24-25). Como podemos ser iguais a Jesus? Veja também 1 Coríntios 11.1 e Gálatas 4.19
c) Que dificuldades enfrenta um discípulo de Jesus? Veja os versos 34 a 39 e Lucas 14.33. Quais dessas dificuldades você já enfrentou? Compartilhe com o grupo.
d) Como você entende as recompensas do discipulado de acordo com os versos 40 a 42?
e) Um discípulo é alguém que permanece na palavra do seu Mestre Jesus (Jo 8.31), tem amor aos outros discípulos (Jo 13.35) e dá muito fruto (Jo 15.8), até chegar à maturidade, à plenitude de Cristo (Ef 4.13). Como e em que grau estas características têm marcado sua jornada de discipulado?
Hora de Avançar
“O que é seguir, senão imitar?” – Santo Agostinho
Para pensar
Mateus 10 talvez seja um dos capítulos da Bíblia mais importantes sobre o que significa ser um discípulo de Jesus. O capítulo começa com Jesus tomando a iniciativa, convocando os doze primeiros discípulos, investindo-os de autoridade para fazer as coisas que ele, o Mestre, fazia (versos 1-4). Após o convite para vir a ele, segue-se o envio, com diversas instruções (veros 5-15). Paul Bendor-Samuel comenta que “o fato de o convite para vir preceder a ordem para ir é um lembrete de que o ministério flui da intimidade”. Depois Jesus dá a eles alguns conselhos e palavras de encorajamento (versos 16-33), que serão essenciais diante das dificuldades por que passarão (versos 34-39). E fecha com a promessa das recompensas – a vida (v. 39) e o galardão, que nunca se perderá (versos 40-42). O início do capítulo seguinte também é muito interessante, porque relata que Jesus passou a ensinar e pregar nas cidades daqueles discípulos (Mt 11.1). Que privilégio!
O que disseram
“Não se trata simplesmente de um estado ontológico, uma questão de ter tomado uma decisão em um dado momento e pronto. Ser discípulo é um estado ativo de aprendizado e crescimento.” (Paul Bendor-Samuel, em Ultimato, set.-out. 2012, p. 50.)
“A razão de quase todas as nossas falhas é a facilidade que temos de esquecer nossa identidade como discípulos.” (John Stott, em O discípulo radical, Editora Ultimato)
Para responder
> Se Jesus aparecesse pra você agora e lhe fizesse a pergunta-convite, “Você quer ser igual a mim?”, o que você responderia?
> A que você tem renunciado para ser um discípulo de Jesus? Compartilhe sua resposta com um amigo ou com o grupo.
> Como a esperança de se tornar um dia 100% igual a Jesus o encoraja a prosseguir na caminhada cristã?
Eu e Deus
“Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens.” (Mt 4.18.)
“Segue-me!” (Mt 9.9)
FONTE www.mauricioberwaldoficia.blogspot.com
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PAZ DO SENHOR
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