A ESCOLA DO SACERDOCIO ARÃO E SUS FILHOS
I - O SACERDÓCIO (ÊX 28.15)
1. O sacerdote.
O fato de que Arão e seus filhos tinham um monopólio do sacerdote é aqui referido quase incidentalmente, como se soubéssemos disso o tempo todo. Naturalmente, a época refletida é a de Moisés. Arão era o sumo sacerdote e o tabernáculo requeria um elaborado sistema de manutenção o sacerdócio aarônico. As descrições das vestes e das funções dos sacerdotes correspondem às do período pós- exílico (ver Eclesiástico 45.6-24 e 50.1-24). E os críticos pensam que temos aqui um reflexo desse período mais recente. Os eruditos conservadores, por sua vez, pensam que essas práticas já tinham começado nos dias de Moisés, com projeções para épocas subsequentes.
O termo sumo sacerdote só começou a ser usado após o exílio babilônico; e aqui 0 título é conferido a Arão, porque essa tinha sido a sua função original, embora ela não fosse chamada por esse nome. Ver sumo sacerdote (II Crô. 19.11; 24.11; Esd. 7.5); príncipe da casa de Deus (I Crô. 9.11). Na época dos hasmoneus, o sumo sacerdote tornou-se uma poderosa figura política, mas foi então que o oficio sofreu várias corrupções. Funções sacerdotais existiam em uma religião de tendências predominantemente reconciliadoras; de outra sorte, elas nem seriam necessárias. Os sacerdotes aarônicos eram mediadores do pacto mosaico (ver as notas a respeito na introdução a Êxo. 19.1). O sumo sacerdote destacava o conceito da necessidade que o homem tem de reconciliar-se com Deus (Êxo. 33.12-23). Arão mediava as graças e dons de Yahweh ao povo de Israel. Mas foi através de Moisés que Arão havia recebido seu ofício e sua autoridade.
Èx 28.1 Arão e seus filhos tomaram-se uma classe sacerdotal. Todos os sacerdotes eram levitas, mas nem todos os levitas eram sacerdotes. Havia funções e deveres maiores e menores. Vir para junto de ti. Em outras palavras, consagrar, pois Moisés é que dava a Arão e seus filhos a autoridade original deles. Os sacerdotes tinham vestes que ilustra- vam os poderes, os privilégios e a dignidade de seu ofício; e neste capitulo vinte e oito são descritas as vestes sacerdotais.
Nadabe, Abiú, Eleazar e Itamar. Arão pode ter tido outros filhos, não mencionados, sendo presumível que esses outros também receberam funções sacerdotais de alguma espécie.
“O ofício sacerdotal, na verdade, estava circunscrito às famílias de Eleazar e Itamar. Eleazar tornou-se sumo sacerdote em razão da morte de Arão (Núm. 20.28). Foi sucedido por seu filho, Fínéías, que era o sumo sacerdote no tempo de Josué (Jos. 22.13) e mais tarde (Juí. 20.28). Em data posterior, mas sob circunstâncias desconhecidas, o sumo sacerdócio passou para a linhagem de itamar, à qual Eli pertencia" (Ellicott, in loc). Arão era tipo de Cristo em Sua função de Sumo Sacerdote, ideia essa inclusa no artigo sobre o assunto.CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 429.
A Indumentária dos Sacerdotes (28.1-43; cf. 39.1-31)
a) Introdução (28.1-5).
Deus escolheu Arão, o irmão de Moisés, e seus descendentes, para servir de sacerdotes. Até este momento, Moisés era o único mediador, mas foi a família de Arão, e não a de Moisés, que foi escolhida para administrar perante Deus a favor de Israel (1). As vestes destes sacerdotes eram especiais e consideradas santas (2). Típico da pureza interior do povo de Deus, os objetos externos eram separados para propósitos santos. Estas roupas também eram para glória e ornamento. Seria incompatível e desprovido de glória o sacerdote ministrar com roupas simples e sem brilho no Tabernáculo graciosamente colorido. Deus, o Autor de tudo que é bom e bonito, deseja que seu povo seja formoso e que haja beleza nos procedimentos de adoração. Deus concedeu espírito de sabedoria (3) a homens sábios para capacitá-los a fazer estas vestes. Deus, que criou a beleza, dá ao homem a apreciação divina pela beleza e a aptidão divina para criá-la. Certas produções que o mundo chama arte não passam de imoralidade, mas a verdadeira arte é de Deus.
No versículo 4, há uma lista dividida em grupos dos artigos para o sumo sacerdote, os quais são detalhados separadamente nos versículos seguintes. Os materiais eram os mesmos para as cortinas do Tabernáculo (5), exceto que havia ouro.Leo G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 214.
A vontade de Deus era que a nação de Israel fosse um "reino de sacerdotes (Êx 19:6) no mundo, revelando a glória do Senhor e compartilhando as bênçãos de Deus com as nações incrédulas a seu redor. No entanto, a fim de magnificar um Deus santo, era preciso que Israel fosse um povo santo, e, assim, entrou em cena o sacerdócio de Arão. Os sacerdotes (a família de Arão) e os levitas (as famílias de Coate, Gérson e Merari; ver Nm 3-4) eram incumbidos de servir no tabernáculo e de representar o povo diante de Deus. Os sacerdotes também deviam representar a Deus diante do povo ao ensinar a lei e ao ajudá-los a lhe obedecer (Lv 10:8-11; Dt 33:10; Ml 2:7).
No entanto, Israel não viveu como um reino de sacerdotes. Em vez disso, a liderança espiritual do povo foi se deteriorando gradualmente até que os sacerdotes chegaram a permitir que o povo adorasse a ídolos dentro do templo de Deus (Ez 8)! O Senhor castigou seu povo ao permitir que os babilônios destruíssem Jerusalém e o templo, levando milhares de judeus para o exílio. Por que isso aconteceu? "Foi por causa dos pecados dos seus profetas, das maldades dos seus sacerdotes que se derramou no meio dela o sangue dos justos" (Lm 4:1 3).
Hoje, Deus quer que sua Igreja ministre a este mundo como um "sacerdócio santo" e um "sacerdócio real" (1 Pe 2:5, 9).1 Se o povo de Deus for fiel a seu ministério sacerdotal, então proclamará "as virtudes daquele que [o] chamou das trevas para a sua maravilhosa luz" (1 Pe 2:9). Ao estudar o sacerdócio do Antigo Testamento, você verá paralelos significativos entre os sacerdote israelitas do 1. Os sacerdotes são escolhidos para servir a Deus (Êx 2 8 :1 ,3 ,41 ; 29 :1 ,44 )
As palavras do Senhor "para que me ministre" aparecem cinco vezes nesses dois capítulos e também em Êxodo 30:30; 40:13, 15 e Levítico 7:35. Por certo, os sacerdotes ministravam ao povo, mas seu primeiro dever era ministrar ao Senhor e agradá-lo. Se eles se esquecessem de sua obrigação para com o Senhor, não tardaria para que começassem a menosprezar suas responsabilidades para com o povo, e a nação entraria em decadência espiritual (ver Ml 1:6 - 2:9).
Deus escolheu Arão e seus filhos para ministrar no sacerdócio por um ato de sua graça soberana, pois eles certamente não tinham direito a essa posição nem a mereciam.
Contudo, o fato de Deus salvar pecadores como nós e de constituir-nos seu "sacerdócio santo" também é um ato da sua graça, e não devemos jamais deixar de admirar esse privilégio espiritual. "Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros" (Jo 15:16).
Infelizmente, Nadabe e Abiú desobedeceram ao Senhor e foram mortos (Lv 10). Quando Arão morreu, Eleazar tornou-se seu sucessor (Nm 20:22-29), e os descendentes de Itamar deram continuidade ao ministério sacerdotal, mesmo depois do cativeiro (Ed 8:1, 2).
Como povo de Deus nos dias de hoje, devemos nos lembrar de que nosso primeiro dever é agradar e servir ao Senhor. Se fizermos isso, ele trabalhará em nós e por nosso intermédio para realizar sua obra neste mundo. Quando Jesus restaurou Pedro à condição de discípulo, não perguntou: "Você ama seu ministério?"; nem mesmo: "Você ama as pessoas?". A pergunta que repetiu foi: "Amas-me?" (Jo 21: 17). Assim como o maior dever de um pai é amar a mãe de seus filhos, também a obrigação (e o privilégio) mais importante do servo é amar ao Senhor.
Todo o ministério flui desse relacionamento.
Uma parte dessa incumbência de agradar a Deus era usar as vestes sacerdotais. O sumo sacerdote, os sacerdotes e os levitas não podiam se vestir como bem entendessem quando ministravam no tabernáculo. Tinham de usar as roupas que Deus havia planejado para eles. Havia pelo menos três motivos para Deus ter providenciado essas vestes: (1) davam ao sacerdote dignidade e glória (Êx 28:2) e distinguiam-nos do resto do povo, como um uniforme identifica um soldado ou uma enfermeira; (2) revelavam verdades espirituais relacionadas a seu ministério e a nosso ministério hoje em dia; e (3) se os sacerdotes não usassem suas vestes especiais, correriam risco de vida (vv. 35, 43).WIERSBE. Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. A.T. Vol. I. Editora Central Gospel. pag. 315-316.
A nomeação dos sacerdotes: “Arão e seus filhos”, v. 1. Até aqui, cada chefe de família era o sacerdote para a sua própria família, e oferecia, conforme julgasse haver ocasião, sobre altares de terra. Mas agora que as famílias de Israel começavam a incorporar-se em uma nação, e um tabernáculo da congregação seria erigido, como centro visível da sua unidade, era essencial que houvesse a instituição de um sacerdócio público. Moisés, que até aqui tinha oficiado, e por isto é reconhecido entre os sacerdotes do Senhor (SI 99.6) já tinha trabalho suficiente para realizar, como seu profeta, para consultar o oráculo por eles, e como seu príncipe, para julgar entre eles.
E ele não desejava monopolizar todas as glórias para si mesmo, nem transmitir esta glória do sacerdócio, que por si só era hereditária, para a sua própria família, mas ficou muito satisfeito por ver o seu irmão Arão investido nesta função, e seus filhos depois dele, enquanto (por maior que ele pudesse ser) os seus próprios filhos seriam apenas levitas comuns. É um exemplo da humildade deste grande homem, e uma evidência da sua sincera consideração pela glória de Deus, o fato de que tivesse tão pouca consideração pela primazia da sua própria família. Arão, que tinha humildemente servido como profeta para seu irmão mais jovem, Moisés, e não recusou este trabalho (cap. 7.1) agora é promovido para ser um sacerdote, um sumo sacerdote para Deus. Pois Ele exalta aqueles que se humilham. E ninguém toma para si essa honra, senão o que é chamado por Deus, Hebreus 5.4. Deus tinha dito, sobre Israel, de modo geral, que eles seriam, para Ele, um reino de sacerdotes, cap. 19.6.
Mas por ser essencial que aqueles que ministravam no altar devessem dedicar-se integralmente ao serviço, e porque aquilo que é o trabalho de todos em breve passa a ser o trabalho de ninguém, Deus aqui escolheu entre eles uma família para ser uma família de sacerdotes, o pai e seus quatro filhos. E dos lombos de Arão descenderam todos os sacerdotes da igreja judaica, sobre os quais lemos tão frequentemente, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento. É uma grande bênção quando a verdadeira santidade prossegue em uma família de geração em geração, como a santidade cerimonial.HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 329.
«...Jesus...» Somente este livro aos Hebreus, dentre os livros mais teologicamente orientados do N.T., o simples termo, «Jesus», é usado frequentemente, sem elaborações, como Senhor Jesus, Cristo Jesus, Senhor Jesus Cristo, etc. (Ver Também Heb. 2:9; 6:20; 7:22; 10:19; 12:2,24 e 13:12). Neste livro, acima de todos os outros, é enfatizada a verdadeira hum an id ad e de Cristo, mostrando-nos como ele está perfeitamente identificado com nossa humanidade, a fim de que, por nossa vez, nos possamos identificar perfeitamente com sua natureza celestial. (Ver Heb. 2:10 ess. quanto à natureza da doutrina da «comunhão»), O título «Jesus» fala-nos de sua identificação com os homens, mediante o que ele se torna o nosso Salvador.
«...precursor...» No grego é usado o vocábulo «proâromos», isto é, o «ir adiante», mas que é usado pessoalmente para falar de quem «entrou adiante». A ideia é de alguém que é «pioneiro no caminho», que se torna o líder que outros devem seguir, e que devem atingir o mesmo «destino», como alguém que foi à frente. Essa palavra é usada somente aqui, em todo o N.T. Esse vocábulo é usado nos escritos clássicos para indicar «escoteiro», alguém que espia a terra e a prepara para a chegada das tropas. Posto que Jesus entrou no Santo dos Santos, então até ali deverão chegar também os seus remidos. Encontramos a mesma ideia em Heb. 10:19. Vários intérpretes acreditam que os céus são pintados como arquétipo do templo terreno.
Tem muitos compartimentos, até como o templo terreno tinha o átrio dos gentios, o átrio das mulheres, o Lugar Santo e o Santo dos Santos. Isso equivale, em significado, aos «lugares celestiais» mencionados por Paulo, comentados em Efé. 1:3, bem como às «muitas mansões» aludidas por Jesus, e comentadas em João 14:2. Os antigos nunca concebiam um «céu» só, uma única «habitação espiritual», e, sim, muitas esferas ou reinos espirituais. Ora, Jesus, na posição de nosso precursor, entrou no «mais alto céu», a saber, no Santo dos Santos. Ali ele aguarda por nós. Isso não significa que o mero ato da morte nos conduzirá até ali. Antes, penetramos nos «lugares celestiais», na grande casa de Deus, sobre a qual Cristo governa como Filho. Mediante o processo de glorificação é que eventualmente entraremos na própria presença de Deus, porquanto quem não estiver perfeito, não poderá entrar ali. Contudo, todos os remidos poderão estar no seu «templo», e assim estarem «com Cristo».
A eternidade definirá para nós esses detalhes. Notemos Heb. 9:23,24 quanto ao fato que, na epístola aos Hebreus, o templo terreno aparece como símbolo do templo celestial. Jesus, por causa de sua grandeza, não poderia mesmo ocupar algum lugar inferior ou secundário. Entrou diretamente no Santo dos Santos.
Assim também o faremos, quando da glorificação, o que significa, finalmente, a participação nas perfeições e atributos de Cristo, baseada essa participação em sua própria natureza. Mas essa glorificação é gradual, sendo, de fato, o avanço da alma para a recepção de «toda a plenitude de Deus», conforme encontramos em Efé. 3:19. Visto que há uma infinidade de plenitude, assim também há uma infinidade de enchimento. Deus é infinito, e por toda a eternidade chegaremos a compartilhar, em grau cada vez mais alto, de suas perfeições e atributos, e isso porque somos seus filhos verdadeiros. Cristo nos outorgou o «modelo» de como essa participação tem lugar.
Novidade do conceito do precursor: O povo de Israel nunca recebeu permissão de entrar no Santo dos Santos. O próprio sumo sacerdote dos hebreus só penetrava ali uma vez por ano, mas jamais como meio de preparar o povo para tal entrada. O sumo sacerdote do A.T. era apenas «representante» do povo, que obtinha para eles o favor divino. Cristo, como nosso sumo sacerdote, tem a função diferente de preparar o caminho para seu povo entrar onde ele entrou. Isso é algo que nunca foi antecipado pelo sistema levítico.
«...tomado sumo sacerdote...» Consideremos os pontos seguintes: 1. Por nomeação de Deus (ver Heb. 5:4); 2. por causa do fato de ter-se completado com êxito a sua missão terrena (ver Heb. 1:9 e 4:10); 3. porque, em sua missão terrena, ao identificar-se com os homens, ele aprendeu a sentir e a conhecer suas fraquezas, de tal modo a poder mostrar-se simpático para com eles e interceder eficazmente em seu favor (ver Heb. 4:15); 4. Porque ele ofereceu o sacrifício perfeito (ver Heb. 5:1,3 e 9:23); 5. porque suas promessas são melhores, oferecendo nos um pacto melhor que o da dispensação do A.T. (ver Heb. 8:6). (Quanto a notas expositivas completas sobre o ofício «sumo sacerdotal», e sobre «Cristo como nosso Sumo Sacerdote», ver Heb. 2:17).
«...ordem de Melquisedeque.. .» (Quanto a notas completas sobre «Melquisedeque e seu sumo sacerdócio», ver Heb. 5:6). Essa nova menção de Melquisedeque reinicia o tema de Heb. 5:10; vinculando-o com o sétimo capítulo. O material intermediário contêm várias advertências, baseadas no pensamento de seu sacerdócio. Ele estabelece ampla provisão, e é a nossa única provisão. Se nos afastarmos de Cristo, ou se o rejeitarmos, fatalmente cairemos na apostasia. Cristo, na qualidade de Sumo Sacerdote, remove o véu e permite que todo o grupo dos filhos de Deus entrem ali. Já têm bem firmada ali sua âncora de esperança, estando vinculados a Cristo por seus laços de amor. O destino dos filhos de Deus é o de compartilhar o destino de Cristo no sentido mais literal possível.
«...por nós...» Essas palavras subentendem que Cristo não precisou entrar no Santo dos Santos por nossa causa, mas que, na qualidade de nosso Sumo Sacerdote, como nosso representante e como quem abriu o caminho para nós, chegou ali a fim de interceder em nosso favor perante Deus Pai. «As primícias de nossa natureza já subiram: assim também o restante está santificado. A ascensão de Cristo é a nossa promoção; para onde a glória do Cabeça nos precedeu, para ali também é chamada a esperança do corpo... Tal como João Batista foi o precursor de Cristo na terra, assim também Cristo é o nosso precursor nos céus». (Faucett, in loc.).
«Jesus mostrou-nos o caminho, tendo entrado à nossa frente, sendo ele a garantia (no grego, egguos, ver Heb. 7:22), aquele que garante nossa posterior entrada. Na realidade, nossa âncora de esperança, com suas duas correntes, a promessa e o juramento de Deus, apegou-se a Jesus, dentro do véu. E se manterá firme». (Robertson, in loc.).
Algumas pessoas veem neste versículo a figura simbólica das «primícias».
Os atenienses chamavam de «prodromoi» ou «precursores» os primeiros figos a amad urecerem. Alguns dos pais da igreja, como Hesíquio, compreendiam esta palavra desse modo. O «precursor», no sentido mais literal, como escoteiro ou pioneiro, que vai à frente de todos, a fim de preparar-lhes o caminho, é a metáfora empregada. Naturalmente, é verdade que Cristo é as primícias da ressurreição (ver I Cor. 15:20).A Septuaginta (versão grega do original hebraico do A.T.), em Núm. 13:20 e Isa. 28:4; usa essa palavra para designar as primeiras uvas ou figos que amadurecem.
«A esperança do crente tem um alcance ilimitável. Externamente, atinge a própria eternidade; e internamente atinge o santuário de Deus. A certeza da nossa esperança é Cristo. Sua entrada no Santo dos Santos é a garantia de nossa entrada futura ali». (Heubner, in loc.).CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 548.
Neste Lugar Santíssimo, Jesus, nosso precursor, entrou por nós, feito eternamente sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque (20). Jesus entrou no “Santo dos Santos”, não como um substituto para nosso acesso, mas como um precursor, porque também entraremos nele. O autor tem muito mais a dizer a respeito deste “Santo dos Santos” e da maneira como Cristo o abriu para nós. Mas agora, tendo se afastado por tempo suficiente do assunto principal para estimulá-los a uma diligência maior e ao avanço na maturidade espiritual, o autor volta para a linha principal da sua argumentação. Ele se concentra novamente no papel de Jesus como sumo sacerdote, não da ordem de Arão, mas segundo a ordem de Melquisedeque. Indubitavelmente, o autor espera que sua exortação os tenha condicionado a receber as difíceis verdades que deseja agora transmitir.Richard S. Taylor. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 10. pag. 61.
Hb 6.20 Jesus, como precursor, entrou por nós. No AT somente o sumo sacerdote tinha permissão de entrar uma única vez por ano no Santíssimo atrás da cortina (Lv 16.2,12). O povo não tinha acesso. Quando Jesus Cristo morreu na cruz, esta cortina no templo rasgou-se ao meio (Mt 27.51). A cortina na terra nada mais é que uma imagem e um indício da “cortina”, a divisa entre Deus e nosso mundo. Jesus atravessou-a. Ele é o “precursor” que nos abriu o caminho até a glória (Jo 14.6; Hb 10.19ss). Ele já está vivendo na presença diretamente visível de Deus. Nós ainda vivemos num mundo caído, e temos acesso a essa glória unicamente pela fé e pela esperança. Um dia, porém, também nós poderemos comparecer ao Santíssimo, na presença imediata da graça de Deus (1Jo 3.2), quando o “precursor” buscará seus “irmãos” para junto de si (cf. Hb 2.1-11). Então a cortina será totalmente retirada. Até aquele momento o Senhor ainda permanece oculto aos nossos olhos, mas ele já é o nosso sumo sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque. Com esta frase o apóstolo retoma o raciocínio (Hb 5.10), que ele havia interrompido com sua exortação de cuidado pastoral (Hb 5.11ss). Nas exposições subseqüentes ele demonstrará à igreja o que significa o fato de que Jesus é nosso Sumo Sacerdote segundo uma ordem sacerdotal eterna.Fritz Laubach. Comentário Esperança Cartas aos Filipenses. Editora Evangélica Esperança.
Hb 6.20. A ideia de que Jesus... entrou além do véu é altamente sugestiva.
A cortina é o véu no tabernáculo (e no Templo) que separava o Santo dos Santos do Santo Lugar. A alusão diz respeito ao fato de que somente o sumo sacerdote podia penetrar além do véu, e mesmo assim, somente uma vez por ano. Somos lembrados que o véu do Templo se rasgou de alto abaixo quando Jesus morreu (Mt 27.51). Nosso escritor, no entanto, está preocupado com uma realidade espiritual mais profunda.
É um fato consumado que nosso Sumo Sacerdote está “além do véu,” i.é, na presença direta de Deus. A estreita conexão entre a esperança cristã e nosso Sumo Sacerdote exaltado é um dos temas principais desta Epístola.
A esperança é baseada na obra completa, porém sempre contínua, de Jesus como Sumo Sacerdote. É descrito primeiramente como precursor (prodromos), palavra que ocorre somente aqui no Novo Testamento, e que era usada para uma parte avançada de um exército, de reconhecimento. Um precursor, portanto, pressupõe outros para seguir. É uma grande inspiração perceber que aquilo que Jesus fez, fê-lo por nós, declaração que ressalta fortemente o Seu caráter representativo e que pode, ademais, subentender um papel de Substituto.
A declaração*final, acerca de Melquisedeque, forma uma ligação com 5.10 e encerra o interlúdio de advertência. O único fator novo é que Cristo é sumo sacerdote para sempre, tema desenvolvido na seção seguinte.
Donald Guthrie. Hebreus. Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag.
O Sacerdócio no Novo Testamento
1. O sacerdócio do Antigo Testamento tinha Cristo como seu antítipo. Ele incorpora em si mesmo todos os tipos e funções do sacerdócio veterotestamentário. Essa é mesmo a mensagem central da epístola aos Hebreus, parecendo muito radical quando exposta pela primeira vez. Pois anulava uma porção extensa e importante do Antigo Testamento, substituindo-a por um único sacrificio, o de Cristo, no Calvário. Finalmente, a história fez essa substituição tornar-se um fato, posto que o judaísmo moderno retém símbolos que levam avante o espírito da casta sacerdotal do Antigo Testamento. Ler a epístola aos Hebreus, monnentetrechos como 2: 14-18; 4:14-16; 5: 1-10 e seu sétimo capítulo.
2. Jesus Cristo também foi o cumprimento cabal do sacerdócio de Melquisedeque (ver Heb. 7). Ver o artigo sobre Melquisedeque.
3. Os deveres sacerdotais de Cristo cumpriram-se após o sacerdócio aarônico ter cumprido seu papel, sendo um cumprimento desse sacerdócio; o seu oficio como sacerdote seguinte a ordem ou categoria de Melquisedeque. Ver o artigo intitulado Sumo Sacerdote, Cristo como. 4. Todos os Crentes São Sacerdotes. Ver sobre Sacerdotes. Crentes como. As passagens neotestamentárias centrais que ensinam essa doutrina são I Ped. 2:5,9; Efé, 1:5ss. Os sacerdotes do Novo Testamento (todos os crentes) têm acesso ao trono celeste por meio de seu Sumo Sacerdote, Jesus Cristo (Heb. 10:19-22). O sacerdócio dos crentes é vinculado à filiação deles, o que, por sua vez, é uma maneira de definir a salvação da alma. Visto haver acesso pessoal a Deus, por meio de Cristo, não há necessidade da intermediação de nenhuma casta sacerdotal. (estudalicao.blogspot.com)
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