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sexta-feira, 4 de agosto de 2017

O homem vestido de linho Daniel cap.10 (1)






O capítulo que ora vamos estudar encontra-se numa seção que se destaca dos capítulos sete a nove: a de dez a doze. Estes aparecem como profecia que os remete a uma retrospectiva histórica dos capítulos sete a nove.
A seção dos capítulos dez a doze dividi-se basicamente em três partes: introdução longa que descreve a aparição do emissário divino para Daniel (cap. 10); a revelação que envolve a história dos quatro impérios mencionados em profecias anteriores (11.1—12.4); a consumação dos segredos divinos até o tempo do fim (12.5-13).
O capítulo dez retrata o envio de um emissário celestial, conhecido como o homem vestido de linho, que trouxe uma mensagem a Daniel acerca do futuro das nações e do povo de Israel. O profeta Daniel esgotou-se fisicamente diante da realidade espiritual permeada na batalha entre anjos cuja maioria dos estudiosos conservadores diz serem aqueles anjos guardiões das nações que habitavam a região da Palestina e adjacências.
Mais importante é destacar que neste capítulo os anjos aparecem com uma missão específica em relação ao desenrolar da história revelada em visão a Daniel. Os seres espirituais são enviados pela parte de Deus para auxiliar o profeta concernente a interpretação de algo que Daniel buscava compreender. Perceba que em nenhum momento há uma atitude de deslumbramento por parte do profeta com relação aos seres espirituais. Pois o seu desgaste físico tem haver com a dimensão do mundo espiritual que ele viu-se imerso. Por isso, não podemos usar este texto para justificar os movimentos contemporâneos de "cair no espírito". É um "assalto" hermenêutico utilizar textos como este de Daniel para justificar movimentos que nada tem haver com o desenrolar do futuro das nações onde Deus se predispõe a revelar os mistérios divinos.
Não se pode deixar de apontar também que no nascimento de Jesus de Nazaré esta dimensão celestial foi novamente representada através dos anjos. O anjo Gabriel anunciou o advento do Messias. Na tentação de Jesus, após Ele ser provado e ter vencido as tentações, anjos o serviram. O apóstolo Paulo nos falou que a nossa luta não é contra carne e sangue, mas contra as potestades nas regiões celestiais. Os anjos são reais, o mundo espiritual é real e, por isso, não podem ser banalizados por meninices e falta de bom senso e respeito às coisas de Deus.
Revista Ensinador Cristão. Editora CPAD. pag. 41.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
O título desse capítulo desperta curiosidade porque apresenta uma figura que revela alguém singular, diferente de todas as figuras de linguagem que ilustra o próprio Deus e, que, de forma teofânica, indica a Pessoa de Jesus Cristo. Era, de fato, a revelação do Cristo pré-encarnado, que corresponde com a visão de Ezequiel (Ez 1.26) e depois, no Novo Testamento, com o Apocalipse de João (Ap 1.12-20). Em todo este capítulo, “o homem vestido de linho” é o personagem central das revelações feitas a Daniel.
Temos que considerar que os três últimos capítulos desse livro trazem a última visão e revelação que Daniel teve da parte de Deus. O capítulo 10 se constitui, de fato, numa preparação para a revelação que Deus queria dar a Daniel, O capítulo 11 apresenta a visão escatológica que destaca o futuro imediato de Israel em relação às nações. Nesta visão, Daniel lembra quando chegou como exilado político na Babilônia ainda bem jovem. Os anos se passaram, e agora nos capítulos 10,11 e 12, ele era um homem com mais de 85 anos de idade. Ele lembra o nome estrangeiro Belsazar que havia recebido da parte de Nabucodonosor e que tinha por objetivo apagar a memória do seu povo e do seu Deus. Mas Daniel, ao citá-lo em Dn 10.1, queria lembrar, também, que nada mudou na sua mente e coração em relação à sua fidelidade ao Deus de Israel. Ele provou que apesar do desterro de sua terra, nada havia mudado em relação à sua fé.
Fazendo uma digressão ao capítulo 9, Daniel sabia que o dedo de Deus dirige a história e o futuro do seu povo e nada o deteria de cumprir os seus desígnios para com o seu povo, mesmo que o mesmo tenha pecado contra o Senhor. Haviam passado os 70 anos preditos na profecia de Jeremias e, então, Deus envia o anjo Gabriel (Dn 9.21) para revelar esse futuro do seu povo. Foi uma revelação depois de muitas lágrimas e orações do profeta pelo seu povo. Daniel era um homem de lágrimas e Deus se agradava da sua humildade.
No capítulo 10, já era o terceiro ano do reinado de Ciro da Pérsia (534 a.C.), e Daniel, mesmo estando idoso, permaneceu no palácio sob a égide dos reis que sucederam Nabucodonosor. Assumiram o império Ciro, da Pérsia, e Dario, da Média. Constituindo, portanto, o Império Medo-persa. Entre 538 e 536 a.C., Ciro, o persa, concedeu um decreto que autorizava os judeus exilados na Babilônia a retornarem a Palestina, especialmente, em Jerusalém, para reedificarem o templo judeu. Porém, esse retorno aconteceu, de fato, a partir de 538 a.C. O edito real de Ciro emitido está registrado em Esdras nos capítulos 1 ao 6. Segundo a história, uma grande maioria de judeus havia aderido aos costumes estrangeiros e preferiu não voltar à sua terra, ficando na Babilônia. Porém, o sonho de Daniel era concretizado mediante sua pesquisa no livro do profeta Jeremias ao constatar que já haviam se passado os 70 anos profetizados de cativeiro. Mesmo assim, Daniel não desistiu de orar pelo seu povo e por sua cidade santa, Jerusalém. Daniel era um homem de oração. Neste capítulo algo diferente de todas as visões que tivera anteriormente acontece. Há uma manifestação teofanica quando o próprio Deus, prefigurativamente, na pessoa de Jesus Cristo, se apresenta a Daniel de uma forma ímpar e gloriosa. Há, também, no texto uma manifestação angelical em que anjos celestiais obedecem aos desígnios de Deus em favor dos seus servos na terra.
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 137-138.
Um intercessor amado no céu (Daniel 10.1-21)
Daniel é um dos maiores exemplos de oração que temos na Bíblia.
Ele ora com seus amigos, e os magos são poupados da morte (Dn 2.17,18). Ele ora com as janelas abertas para Jerusalém, e Deus o livra da cova dos leões (Dn 6.10). Ele ora confessando seu pecado e os pecados do povo, pedindo a restauração do cativeiro babilônico (Dn 9.3).  Agora, Daniel ora novamente em favor de sua nação (Dn 10.1-3).
Esse texto tem muitas lições importantes a nos ensinar sobre oração e jejum. Também nos fala dos reflexos que as orações da igreja produzem no céu. Esse texto ainda nos ensina grandes lições sobre batalha espiritual.
LOPES. Hernandes Dias. DANIEL Um homem amado no céu. Editora Hagnos. pag. 127.
Esse capítulo, assim como os dois capítulos seguintes (que concluem esse livro), fazem um resumo de toda a visão e profecia reveladas a Daniel e destinadas ao uso da igreja, não através de sinais ou figuras como antes (capítulos 7 e 8), mas por meio de palavras expressas. E isso aconteceu cerca de dois anos depois da visão do capítulo anterior. Daniel orava diariamente e uma visão lhe era concedida uma vez ou outra. Nesse capítulo se vê algumas introduções à profecia, no capítulo décimo primeiro tem as previsões em particular, e no capítulo décimo segundo a conclusão final. Esse capítulo nos mostra: I. O solene jejum e a solene humilhação de Daniel antes de ter essa visão (w. 1-3). II. A gloriosa aparição do Filho de Deus e a profunda impressão que ela lhe causou (w. 4-9). III. Como foi encorajado a descobrir os futuros acontecimentos que seriam satisfatórios e úteis tanto para ele como para os outros e que, embora fosse difícil, ele seria capacitado a entender o significado dessa descoberta e permanecer forte sob o seu esplendor, mesmo sendo deslumbrante e terrível (w. 10-21).
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 889-890.
O capítulo 10 faz parte da última visão que Deus deu a Daniel, cobrindo os capítulos 10, 11 e 12. A visão foi dada dois anos após o retorno dos judeus à Palestina. No capítulo 10.1 afirma-se que foi no terceiro ano de Ciro. Ora, Ciro decretou o regresso dos judeus do Exílio no primeiro ano do seu reinado.
O capítulo 10 contém a descrição da visão. O capítulo 11 relata eventos que tiveram lugar durante o período grego, após a morte de Alexandre, culminando com a perseguição movida por Antíoco Epifânio. O capítulo 11 (parte), juntamente com o 12, descreve os amargos sofrimentos do povo judeu nos eventos do final dos tempos.
Estes três capítulos finais de Daniel revelam a culminância da crescente experiência espiritual do profeta, a qual é para todos nós um chamamento para uma vida profunda com Deus. De início, ele interpretou os sonhos e eventos de outros (caps. 2,4,5). A seguir, descreve visões suas (cap. 7). Depois é transportado em visão a outra terra (cap. 8). A isso segue-se a visita de um dos mais celebrados anjos (cap. 9). Por fim o profeta vê em visão o próprio Filho de Deus na sua preencarnação (cap. 10). Foi portanto uma experiência espiritual sempre crescente. Assim deve ser a de cada um de nós.
Antônio Gilberto. DANIEL & APOCALIPSE Como entender o plano de Deus Para os últimos dias. Editora CPAD.
I - UMA VISÃO CELESTIAL (10.1-3)
1. “Foi revelada uma palavra a Daniel”.
Indiscutivelmente, Daniel é um dos modelos de vida devocio- nal mais importante da Bíblia. Ele soube conciliar sua atividade palaciana com a sua vida devocional. No exilio, mesmo servindo a reis pagãos, Daniel não se descuidou de estar em oração, três vezes por dia. Ele não estava em Jerusalém para adorar ao Senhor no Templo, mas fazia do seu quarto de dormir o seu altar de adoração e serviço a Deus através da oração. Foi desse modo que ele teve as grandes revelações dos desígnios de Deus para o seu povo.
Daniel, um homem de revelações de Deus (10.1)
“foi revelada uma palavra a Daniel” (10.1). A palavra revelação significa, essencialmente, trazer à luz alguma coisa nova. A Daniel foi revelado coisas extraordinárias acerca do seu povo e acerca de coisas futuras, não apenas concernentes a Israel, mas abrangentes a todo o mundo, inclusive à igreja. Porém, nos capítulos 10, 11 e 12, toda a revelação fala de fatos que acontecerão “nos últimos dias”. Daniel era um homem sensível à voz de Deus, comprometido com a verdade e que dizia apenas o que Deus ordenasse. Daniel não enfeitava a profecia. As figuras de linguagem utilizadas por Deus para ilustrar as revelações eram extremamente fiéis ao que Deus queria revelar.
(10.2) A tristeza de Daniel. “Estive triste por três semanas completas”. A tristeza que afligiu o coração de Daniel o fez decidir por orar e jejuar por 21 dias, abstendo-se de carnes e de vinho. As notícias negativas acerca do que estava acontecendo com seu povo e com a reconstrução do templo em Jerusalém o fez perceber que estava havendo confusão, posição e má vontade da parte de muitos judeus em relação ao retorno para a sua cidade, o lugar do templo do Senhor em Jerusalém. Os samaritanos e palestinos que habitavam neste tempo em Jerusalém, começaram a criar obstáculos, principalmente, para a reconstrução do Templo. Os judeus haviam retornado para Jerusalém com o propósito de reconstruir o templo enfrentaram muita oposição, e Esdras confirmou esse fato, quando disse: “Todavia o povo da terra (samaritanos e palestinos) debilitava as mãos do povo de Judá, e inquietava-os no edificar” (Ed 4.4). Por causa dessa oposição ferrenha dos inimigos de Israel, agindo com falsidades e mentiras, e procurando desanimar o povo, tudo faziam para frustrar os propósitos da reconstrução do templo. Mais uma vez Esdras registrou essa oposição e disse: “E alugaram contra eles conselheiros, para frustrarem o seu plano, todos os dias âe Ciro, rei da Pérsia" (Ed 4.5). Além desses opositores, Daniel percebeu, também, que havia desinteresse de muitos exilados na Babilônia em voltar à sua terra, pois haviam se acomodado à vida exilada. A ordem de reconstrução e da volta do seu povo à Palestina já havia sido autorizada e, passados alguns anos, o povo não se animava de voltar à sua terra. Daniel ficou triste e se pôs a lamentar e chorar. Porém, ele não desistiu de interceder pela compaixão de Deus, o Deus de Israel. Ele percebeu que o povo havia se esquecido do Senhor e pouco se interessava em servi-lo, preferindo viver uma vida dissoluta e de acordo com os padrões da vida pagã. Ele sentia o peso desse fardo espiritual e se pôs a orar e jejuar diante de Deus por Israel (w. 3,12).
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 138-140.
Dn 10.1 “Foi revelada uma palavra...” O termo “revelar” ou o seu equivalente no presente versículo, tem o mesmo sentido e pode ser traduzido por “revelação”. Isto é, uma revelação de “uma guerra prolongada” que seria desenvolvida e consolidada no capítulo 11 deste livro, sendo aqui, porém, apenas o início da visão. Em toda a extensão da Bíblia, encontramos a “revelação” com dois pontos focais: a) Os propósitos de Deus. b) A pessoa de Deus. Por um lado, Deus informa os homens a respeito de si mesmo, revelando quem é Ele, o que tem feito, o que está fazendo, o que fará, e o que requer que os homens façam. Assim é que o Senhor tomou Noé, Abraão e Moisés, aceitando-os em relação de confiança, informando-os sobre o que havia planejado e qual era a participação deles nesse plano (Gn 6.13-21; 12.1 e ss.; 15.13-21; Ex 3.7-22). Por outro lado, quando Deus envia a sua palavra aos homens, Ele também os confronta consigo mesmo. “A Bíblia não conhece a revelação como uma simples transmissão de informações, divinamente garantidas, mas antes, como a vinda pessoal de Deus aos homens, para tornar-se conhecido deles. (Ver Gn 35.7; Êx 6.3; Nm 12.6-8; G1 1.15 e ss.). No texto em foco, Deus revelou a Daniel o que há de acontecer nos “últimos dias”.
Severino Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD. pag. 185-186.
Uma idéia geral dessa profecia (v. 1): “A palavra é verdadeira”, e toda palavra de Deus é assim. É verdade que Daniel teve essa visão e que tais coisas foram ditas. Ele atesta esse fato solenemente, e jura na qualidade de profeta. Et hoc pamtus est verificare - ele estava preparado para verificá-las. E, como essas palavras tinham vindo do céu, não há dúvida de que seriam confiáveis e imutáveis. Mas o período mencionado ainda demoraria muito para chegar. O reinado de Antíoco ainda demoraria 300 anos, uma espera bastante longa. Além disso, como é habitual que os profetas enxerguem nas profecias as coisas espirituais e eternas, existe nessa profecia um aspecto que parece estar dirigido ao fim do mundo e à ressurreição dos mortos. Sendo assim, ele poderia muito bem dizer: O tempo determinado ainda vai demorar a chegar. Entretanto, ficou bem claro para Daniel que seria mais uma história do que uma profecia. E ele entendeu do que se tratava, pois foi transmitida com bastante clareza e recebida de uma forma que ele poderia dizer que havia entendido a visão. Ela não só operou em sua imaginação, mas também em seu entendimento.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 890.
1. "foi revelada uma palavra..." (10.1). Há um Deus no Céu que pode revelar o futuro, bem como qualquer assunto que for da sua vontade. Uma palavra revelada do Céu é algo maravilhoso, certo e infalível.
Antônio Gilberto. DANIEL & APOCALIPSE Como entender o plano de Deus Para os últimos dias. Editora CPAD.
2. Daniel um homem de oração.
Sem dúvida, Daniel é um grande exemplo da prática da oração. Durante toda a sua vida e, especialmente da juventude à velhice, o velho Daniel não deixou de orar. Era um homem determinado e consciente de suas limitações. Por três semanas consecutivas (21 dias) o velho Daniel não deixou de orar em favor do retorno do seu povo à sua terra. Ele nunca desistiu de clamar e pedir por esse retorno, porque sabia que o tempo de Deus não está preso às circunstâncias históricas. Ele não adianta nem atrasa. No tempo devido, seus desígnios são concretizados. Entretanto, Daniel, havia entendido que o plano de Deus para o seu povo não havia findado. Sua convicção era tão forte que não demorou muito para que Deus lhe desse outra grande revelação.
Daniel havia ficado triste por 21 dias por causa da profecia de Jeremias e havia nesta profecia a promessa de restauração do seu povo. Por isso, ele sentiu motivado, não apenas para lamentar, mas para orar suplicando que a promessa fosse realizada. Ele levou a sério esta necessidade de orar e orava como hábito cotidiano três vezes ao dia. Ele orava com seriedade, com reverência e com contrição, pois confessava o pecado do povo e esperava a misericórdia de Deus (Dn 9.3-15). No capítulo 10, Daniel é surpreendido pelo “homem vestido de linho” que lhe revela coisas maravilhosas.
Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD. pag. 140.
Dn 10.3: “Manjar desejável não comi, nem carne nem vinho entraram na minha boca, nem me ungi com ungüento, até que se cumpriram as três semanas”.
O presente versículo apresenta um jejum intensivo ainda que parcial, feito por Daniel. Uma boa parte das religiões da Antiguidade conheciam a prática do jejum. Abster-se de alimento era considerado, o meio de escapar do poder de demônios, que, teriam sua influência na ausência da oração e jejum. (Ver Mc 9.29). Antes de ser prática cultual oficialmente estabelecida, o jejum, é, no Antigo Testamento, primordialmente, um ato de piedade individual ou coletiva, realizada por ocasião de circunstâncias particulares pessoais ou nacionais. O israelita jejua quando está de luto (1 Sm 31.13; 2 Sm 1.12; 3.35), ou quando está em graves dificuldades e espera de Deus o auxílio de que necessita (2 Sm 12.16; 1 Rs 21.27; SI 35.13). Também se jejua em preparação para receber a revelação de Deus, como bem pode ser depreendido do texto de Ex 34.28 e do presente texto, ou antes de um empreendimento difícil (Ed 8.21-23; Et 4.16). O jejum é, pois, a expressão de profundo arrependimento e de uma esperança futura de algo que satisfaz (1 Rs 21.27; Jn 3.5).
Severino Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD. pag. 186-187.
Daniel é um homem de lágrimas. Ele chora pelo povo (v. 2). Esse é o terceiro ano do reinado de Ciro. Daniel tem aproximadamente 84 anos, já é um ancião. Ele orou, chorou e jejuou pela libertação do cativeiro. Agora o povo está em Jerusalém, mas, sob fogo cruzado. A oposição dos samaritanos interrompeu a construção do templo. O povo voltou, mas a restauração plena ainda não aconteceu. Daniel, contudo, mesmo distante, aflige sua alma e chora pelo povo. Os fardos do povo de Deus precisam pesar em nosso coração. Jamais seremos verdadeiros intercessores a não ser que sintamos o peso das aflições do povo sobre nossos ombros. Daniel jejua e ora pelo povo (v. 3,12). Ele se abstém de alimentos. Daniel deixa por 21 dias o convívio social e se recolhe para um tempo de quebrantamento, jejum e oração em favor de sua nação. Muitos judeus preferiram ficar na Babilônia a voltar a Jerusalém. Daniel, porém, não voltou por causa de sua idade e também porque na Babilônia podia influenciar mais profundamente os reis persas. Mas durante os setenta anos de cativeiro, mesmo ocupando altos cargos, nunca se esqueceu de Jerusalém.
Diariamente, orava pela cidade (Dn 6.10).
Daniel jejua e ora por duas razões: muitos judeus haviam se esquecido de Jerusalém e mostravam pouco interesse em voltar do exílio; os poucos que voltaram, enfrentavam dificuldades sem precedentes para reconstruir o templo e a cidade. Os samaritanos haviam apelado ao rei da Pérsia e a obra ficou paralisada. Parecia que os poucos que haviam retornado, fizeram-no sem um verdadeiro motivo. Parecia que tudo fora em vão.112 Por essa razão, Daniel orava e jejuava.
LOPES. Hernandes Dias. DANIEL Um homem amado no céu. Editora Hagnos. pag. 128-129.
Dn 10.2,3 A informação por três semanas completas refere-se à observância de Daniel da Páscoa e da Festa dos Pães Asmos, que aconteceu durante o primeiro mês do ano (Ex 12.1-20). A Páscoa dava-se no décimo quarto dia do mês e a Festa dos Pães Asmos, nos oito dias seguintes. Toda a festividade terminava no vigésimo primeiro dia do mês.
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 1290.
3. A tristeza de Daniel.
Dn 10.2 “Estive triste...” O texto em foco tem seu paralelo em 2 Co 7.10, onde o apóstolo Paulo escreve dizendo: “Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, da qual ninguém se arrepende”. Daniel, já muito experiente, via, nas visões escatológicas, descritos todos os acontecimentos futuros envolvendo Israel; assim, cada visão por ele presenciada não lhe trazia alegria, mas tristeza de alma. Nas palavras de Paulo, podemos observar a similaridade de expressão, tanto no presente versículo como no anterior. Tal tristeza é, de conformidade com a vontade divina, obra de Deus, é fruto de sua atuação, a fim de Ele efetuar os seus propósitos no indivíduo. Não se trata de uma realização humana. Se porventura for uma operação real não pode ser efetuada sem a cooperação do livre arbítrio humano. Daniel sentiu-se “triste” em ver diante de si um quadro verdadeiro da sentença divina, confrontado com tanta indignidade.
Severino Pedro da Silva. Daniel vercículo por vercículo. Editora CPAD. pag. 186.
Um relato da mortificação de Daniel antes de receber a visão. Ele não a esperava, nem mesmo quando proferiu a sua solene oração (cap. 9). Ele não parecia alimentar qualquer expectativa de uma visão que correspondesse a ela, e estava sendo movido puramente por um princípio de devoção e de piedosa simpatia pelo aflito povo de Deus. Ele esteve triste durante três semanas inteiras (v. 2) por causa dos seus próprios pecados, e dos pecados e das lamentações do seu povo. Alguns crêem que as razões da sua tristeza e abatimento tenham sido a preguiça e a indiferença da maioria dos judeus que, embora tivessem a liberdade de retornar à sua terra, ainda continuavam na terra do seu cativeiro, sem dar valor aos privilégios que lhes haviam sido oferecidos. Talvez o que levasse Daniel a se sentir ainda mais triste fosse o fato de que aqueles que assim procediam tentassem se justificar através do exemplo de Daniel, embora não tivessem as mesmas razões do profeta para lá permanecer. Outros dizem que Daniel se entristeceu por ter ouvido a respeito da obstrução à construção do templo, feita pelos inimigos dos judeus que haviam contratado conselheiros contra eles a fim de frustrar os seus propósitos (Ed 4.4,5), durante todo o reinado de Ciro. Esses judeus tinham obtido o apoio do seu filho Cambises, ou de Artaxerxes, que governou enquanto Ciro esteve ausente na guerra da Cítia. Os homens justos não podem deixar de se entristecer ao ver como a obra de Deus anda devagar no mundo, e quanta oposição ela encontra. Como os seus amigos são fracos e como os seus inimigos são ativos. Durante os seus dias de tristeza, Daniel não comeu nenhum alimento desejável. Embora não pudesse viver sem se alimentar adequadamente, ele reduziu drasticamente a sua alimentação, e se mortificou tanto na qualidade como na quantidade daquilo que comeu. E isso pode ser realmente entendido como um jejum, e um sinal de humilhação e tristeza. Ele não comeu o pão que lhe era agradável e que costumava comer, mas somente aquele que era rude e sem gosto, a fim de não ser tentado a comer mais do que era necessário para apenas manter a sua natureza. Assim como os ornamentos, essas iguarias são completamente inconvenientes em um dia de humilhação. Daniel não comeu carne, não bebeu vinho, nem se ungiu com ungüento durante esse período de três semanas (v. 3). Embora fosse agora um homem idoso e pudesse alegar que a sua natureza exigisse aquilo que fosse nutritivo, e embora fosse um homem importante e pudesse alegar qüe estando acostumado a refeições elegantes não poderia passar sem elas, pois isso iria prejudicar a sua saúde, no entanto, para que tudo isto pudesse servir para testemunhar e auxiliar sua devoção, ele foi capaz de negar tais confortos a si mesmo. Que isso sirva para envergonhar muitos jovens que pertencem às fileiras comuns da vida, e que não são capazes, igualmente, de se convencer a se privarem de certas coisas.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. pag. 890.
Dn 10.2. A aflição de alma de Daniel (10.2,3). A razão do seu lamento e retraimento acompanhado de jejum é certamente explicada pela data mencionada no versículo 1: "No terceiro ano de Ciro". É que por volta do terceiro ano de Ciro, a obra iniciada, de reconstrução do templo, fora embargada. (Ed 1-3; 4.4,5). Daniel, como patriota e membro da nação eleita, preocupava-se com o futuro dela, como já vimos patenteado na sua oração do capítulo 9.
A perseverança de Daniel na oração e no jejum por 21 dias ocasionou a resposta divina. "Então me disse: Não temas, Daniel, porque desde o primeiro dia, em que aplicas-te o coração a compreender e a humilhar-te perante o teu Deus, foram ouvidas as tuas palavras; e por causa das tuas palavras é que eu vim" (10.12). Nesse versículo vemos que as nossas próprias palavras, na oração, são ouvidas no Céu!
Antônio Gilberto. DANIEL & APOCALIPSE Como entender o plano de Deus Para os últimos dias. Editora CPAD.
II - A VISÃO DO HOMEM VESTIDO DE LINHO (10.4,5)
1. Um “homem vestido de linho”.
O tempo da resposta à oração de Daniel
“e no dia vinte e quatro do primeiro mês” (10.4). Esse era o mês de Nisan (março-abril) e Daniel cita esse dia para declarar que era o final das três semanas que ele esteve confinado em oração e jejum. Essa data envolvia os dias da celebração da Páscoa em Israel, que era o dia em que Deus havia tirado Israel da escravidão egípcia. Neste contexto de oração e jejum, Daniel se lembra da sua vida de juventude a setenta anos atrás quando, em Jerusalém, podia celebrar com alegria a Páscoa e, naquele momento que estava vivendo, estava fora da sua terra. Isso tudo o levou a um profundo sentimento de recordações e de oração pela restauração do seu povo.(estudaalicao.blogspot.com)
fonte www.mauricioberwaldoficial.blogspot.com

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