SUBSIDIO ADOLESCER N.10 ISRAEL E SEUS SACRIFICIOS.
Saquina, a sua pergunta abrange dois aspectos importantíssimos da Bíblia e falar de sacrifícios e lei é quase falar sobre a teologia do Antigo Testamento. Portanto aquilo que podemos dizer aqui é apenas uma breve introdução. Iniciamos dizendo algo sobre os sacrifícios.
O sacrifício é uma oferta, animal o vegetal, que é destruída, parcialmente ou totalmente, sobre o altar. Na Bíblia o tema dos sacrifícios é particularmente complexo sobretudo por causa dos termos usados, visto que eles são diversos e às vezes não conseguimos distinguir claramente cada um deles. De qualquer forma o texto básico para o estudo desse tema é o assim chamado “código dos sacrifícios”, que encontramos no livro dos Levíticos 1 – 7. É um texto escrito e inserido no Pentateuco em um segundo momento. Isto é claro por que em Êxodo 40 temos a constituição do santuário e, logicamente, deveria seguir a instituição dos sacerdotes, que invés aparece em Levíticos 8. Portanto Lv 1 – 7 é um parênteses.
Poderíamos dividir da seguinte forma os sacrifícios bíblicos: Holocausto, sacrifícios de comunhão, sacrifícios expiatórios, ofertas de vegetais, pães de oblação e ofertas de incenso.
Holocausto é um termo que deriva do vocábulo hebraico ‘olah, que significa subir; o sacrifício que é queimado sobre o altar, cuja fumaça sobe a Deus. Esse sacrifício se caracteriza pela combustão total da vítima, onde nada fica nem ao oferente nem ao sacerdote. Conforme diz Lv 1, a vítima deve ser um macho, sem defeito, seja boi, ovelha ou também um passarinho. O oferente sacrifica o animal e o sacerdote consparge o altar com o seu sangue, que, na concepção hebraica, contém a vida: “a vida de toda carne é o seu sangue” (Lv 17,14). Segundo Lv 5,7, o sacrifício de passarinhos é o equivalente, para os pobres, dos sacrifícios de gado.
Os sacrifícios de comunhão são descritos em Lv 3: a vítima, que são as mesmas do holocausto (exceto os passarinhos), é dividida em 3 partes: para Deus, para o sacerdote e para o oferente. A Deus cabe as partes com banha, os rins, fígado e a cola, que é queimada. O sacerdote fica com o peito e a cocha direita. O resto é da pessoa que oferece a vítima. Às vezes esses sacrifícios são chamados nas traduções de sacrifícios pacíficos ou de salvação.Os sacrifícios expiatórios têm como intenção restabelecer a aliança com Deus, rompida através do pecado. Se a pessoa protagonista do sacrifício é uma autorità, o sacrifício é de um animal grande, como um toro. Normalmente se oferece uma ovelha ou cabra. Também podem ser oferecidas rolas ou pombas. O característico desse sacrifício é o uso do sangue, que no ritual serve para aspergir o altar.
As ofertas vegetais são chamadas minhah, que significa ‘dom’. Levítico 2 fala de diversos tipos: óleo, farinha. Um pouco da oferta é queimada e o resto pertence aos sacerdotes.
Os pães de oblação são mencionados em Lv 24,5-9. São 12 pães, que relembram as 12 tribos de Israel. Eram trocados a cada sábado e eram comidos pelos sacerdotes.
O incenso na verdade é uma mistura de diferentes odores. Eram tomadas as brasas do holocausto para queimar as essências, que eram oferecidas diante do Santo dos Santos duas vezes por dia, de manhã e de tardezinha.
Depois dessa visão panorâmica é fundamental observar qual é o papel dos sacrifícios dentro da religião de Israel. Primeiro de tudo existem dois perigos: o primeiro é dizer que os sacrifícios é uma prática dos povos ‘primitivos’; o segundo é considerar a prática do Antigo Testamento com os conceitos doutrinais do cristianismo. Essas duas atitudes impedem de ver a possível originalidade da tradição hebraica.
Existem várias teorias sobre o sentido dos sacrifícios.
1. Dom a um deus mau ou interessado, que teria a sua ira acalmada mediante ofertas. Porém isso não vale para o Antigo Testamento, que diversas vezes afirma como Deus é o senhor de tudo, do homem e dos seus bens, e não precisa de nada.
2. Meio de união com a divindade. Ou seja: a vítima é sagrada e o homem comendo essa vítima entra em comunhão com a divindade. Porém também essa teoria não satisfaz os teólogos.
3. O sacrifício como refeição para deus, que como os homens, precisa comer e fica contente com o odor da carne. Nesse caso o altar seria a mesa da divindade. Contra essa tese é radical o Salmo 50: “Se tenho fome, não vou ti dizer, pois meu é o mundo e tudo aquilo que ele contém. Vou por caso comer carne de toros ou tomar sangue de cabras?” (vv. 12-13).
Rejeitando essas três teorias, precisamos identifica o que significam os sacrifícios para Israel. Embora possa ter origem em rituais pré-históricos, em Israel os sacrifícios foram enriquecidos de uma visão especial. Analisando teologicamente, chega-se à conclusão que o ritual que se realiza durante o sacrifício é uma ação simbólica que exprime os sentimentos externos do oferente. Através do ritual do sacrifício o dom a Deus é aceitado, a união com Deus é estabelecida e a culpa do fiel é cancelada.. Porém não é um ato mágico, pois é essencial que à ação externa corresponda um disposição interna de completo abandono a Deus. Isso é sublinhado sobretudo pelos profetas, em suas polêmicas contro os sacrifícios: Is 1,11-17; Jr 6,20; 7,21-22; Os 6,6; Am 5,21-27; Mq 6,6-8. Eles afirmam que em lugar de sacrifícios inúteis é melhor praticar a obediência a Deus e a justiça. Um dos textos que sabemos de cor é de Oséias: “é o amor que quero, não os sacrifícios; o conhecimento de Deus mais do que os holocaustos” (Os 6,6). Além disso é tipo para nós a proposta di Jeremias: uma religião do coração.
Diante disso alguns estudiosos chegaram a hipotizar que os profetas eram contrários aos sacrifícios. Todavia é preciso prestar atenção, pois, por exemplo, Isaías critica também a oração: “Vocês multiplicam as orações; eu não escuto” (Is 1,15). E ninguém pode dizer que os profetas são contrários à oração. Portanto a crítica dos profetas não condena os sacrifícios em si. Os profetas se opõem, em verdade, ao culto formal, onde não existe coerência entre comportamento interno e externo. O sacrifício, e também a oração, é eficaz apenas se o fiel é sincero na sua fé. E encontramos uma confirmação disso em Provérbios: “O sacrifício dos maus é abomínio para YHWH, mas a oração dos homens retos é uma delícia para Ele” (Prov 15,8).
Podemos concluir que os profetas vêem os sacrifícios em perspectiva diversa daquela dos legisladores. O Pentateuco se preocupa em institucionalizar o culto, enquanto que os profetas instigam o povo a conciliar vida e culto.
O Novo Testamento não condena o sacrifício, mas o realiza em modo definitivo. Jesus se ofereceu ele mesmo como sacrifício (Mc 10,45; Ef 5,2), como vítima pasqual (1Cor 11,25), respondendo em modo perfeito a todas as caracterísiticas do sacrifício: dom total a Deus, comunhão perfeita, espiação para todos os pecados do mundo. Visto que é perfeito e em uma única vez realiza todas as retenções dos sacrifícios, ele é único e podem desaparecer os outros sacrifícios, que eram apenas protótipos imperfeitos do sacrifício de Cristo. Essa teologia é repitada em modo decisivo na carta aos hebreus: Cristo se ofereceu ‘uma vez por todas’ em uma ‘única oblação’ para a nossa santificação (Hb 7,27; 9,12.26.28; 10,10.12.14).
O segundo ponto da sua pergunta, Saquina, é sobre a lei. Na bíblia hebraica o termo usado para lei é tôrah. A Tôrah significa sobretudo uma instrução, uma doutrina, uma decisão dada para um caso específico. Em sentido geral a palavra significa o conjunto das regras que dirigem a relação entre o homem e Deus e dos homens entre si. Torah significa ainda os 5 primeiros livros da Bíblia, que chamamos pentateuco, que contém as instruções de Deus ao seu povo, as prescrições às quias ele deve obedecer. De fato no pentateuco encontramos todas as coleções legislativas do Antigo Testamento: o decálogo, o código da aliança, o códico sacerdotal, a lei da santidade e o Deuteronômio.
O decálogo contém as 10 palavras de Deus, os princípios essenciais da moral e da religião. Os 10 mandamentos aparecem duas vezes na Bíblia, em Exôdo 20,2-17 e Deuteronômio 5,6-21, com algumas variantes.
O Código da Aliança, que encontramos em Êxodo 20,22 – 23,33. Uma parte desse códico recolhe sentenças e juízos de aspecto civil e penal que tratam da vida de pastores e agricultores.
A Lei da Santidade, em Levíticos 17 – 26 contém preceitos sobre os sacrifícios. Tem uma preocupação com os rituais e o sacerdócio e recordam sempre a santidade de YHWH e do povo.
O Código Sacerdotal é formado por outras partes do livro dos Levíticos, que contêm outras coleções de leis sobre os sacrifícios (capítulos 1-7), sobre os sacerdotes (8 - 10), leis de pureza (Lv 11 – 16). Além desses capítulos há outros textos nos livros do Êxodo e Números que formam esse código.(comunhao.com)
fonte www.mauricioberwaldoficial.blogspot.com
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