SUBSIDIO ADOLESCER BETEL A IGREJA E O MUNDO N.9.
Introdução
Alguns cristãos atuais têm vivido tão alienados da realidade cotidiana que até parecem viver em mosteiros domésticos, ao passo que outros foram verdadeiramente dominados pelo mundo e seus valores ímpios. Contudo, qual deve ser a relação entre o cristão e o mundo? Como poderemos conviver com essa tensão de dupla cidadania, paralelamente, a celestial e a terrena? É o que veremos nesta lição.
I. O Senhor Jesus intercede pela sua igreja
No início dessa oração, o Senhor Jesus havia rogado pela sua glorificação a se realizar interiormente em todos os que cressem na sua obra. Esse foco no indivíduo, ressaltado no Evangelho de João, é percebido pela ênfase na obra realizada interiormente nos crentes. Daí a afirmação do Senhor: “E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (v.3). Jesus destaca essa realização na vida de todos aqueles que o Pai lhe tinha confiado, os quais creram e foram preservados pela Palavra de Deus. Esta foi recebida por eles e, através dela, vieram a reconhecer a Cristo e a sua obra (vs.1-8).
A partir desse ponto, o Senhor Jesus começou a interceder mais especificamente pelos seus discípulos. Dessa intercessão destacamos uma série de versículos que enfocam a unidade de toda a sua igreja, incluindo aqueles que viriam a crer em Cristo em dias futuros, e a glorificação de Cristo através do testemunho dos crentes (vs.19-26). Em João 17.9-18, nós lemos sobre a intercessão de Cristo pela sua igreja, acompanhando uma certa sequência cronológica da obra realizada no indivíduo, a saber, desde o seu resgate do mundo para uma vida com Deus, passando pelo cuidado divino e os benefícios da graça operante nos crentes, até a sua vocação no mundo. Tudo isso ocorre através da Palavra de Deus, que tem um papel central no desenvolvimento e na aplicação dessa vocação.
II. Resgatando um povo para Deus no mundo
Ao interceder especificamente pelos seus discípulos somente, o Senhor Jesus descreveu a sua igreja como aqueles que lhe foram dados pelo Pai (v.9). Ele ressaltou a íntima relação e a propriedade comum entre o que é seu e o que é do Pai, afirmando ser glorificado nesse povo especial (v.10). Prestes a retornar aos céus, Cristo rogou a Deus Pai que mantivesse o seu povo unido em torno dessa fé que os havia resgatado (v.11), terminando por afirmar que ele havia preservado todos os que lhe haviam sido dados, deixando perder-se apenas aquele cujo destino de perdição já havia sido profetizado nas Escrituras Sagradas (v.12).
Dessa parte da oração sacerdotal do Senhor Jesus, destacamos um mistério glorioso: Deus Pai tem um povo especialmente preparado para si, o qual vem sendo entregue ao Filho por intermédio da Palavra (2Ts 2.13,14). O propósito é que, através de Cristo, esse povo seja conduzido mediante a fé àquele a quem pertence: o Pai celestial. Através desse resgate e a comunhão resultante do ajuntamento dos crentes, o seu Filho Jesus Cristo, é glorificado. O que acabamos de ver é um mistério (Rm 16.25-27; Ef 3.4-6), porque ninguém sabe antecipadamente quantos e quem são os que farão parte da igreja, nem quando essas pessoas serão resgatadas do mundo para uma vida com Deus. Sabemos que a Palavra é o meio para que esse resgate seja feito (At 13.48). No entanto, ainda aqui há outro mistério, pois também apercepção da condução espiritual que Deus dá a essas pessoas, levando-as à fé em Cristo Jesus, como resultado do anúncio da mensagem da cruz, é oculta aos olhos humanos (1Co 1.21). É assim que os preparados por Deus vão ao Senhor Jesus, pela fé, na ocasião em que o Espírito Santo torna eficaz a chamada divina durante o fiel anúncio do evangelho de Cristo (Ef 1.11-13). Isso é glorioso não apenas porque a ação que torna todo este processo eficaz é sublime, mas também porque o projeto de vida que lhes está destinado por Deus é majestoso (Ef 1.4,5). Esse projeto vai sendo conhecido à medida que, junto com outros redimidos, o povo de Deus vai crescendo na fé bíblica e na comunhão espiritual com o seu Redentor e com os seus irmãos na fé (Ef 5.26,27). Estes professam a mesma e gloriosa confiança na soberana e eficiente graça de Deus (Is 19.23-25) que resgata, transforma e santifica, ainda no mundo, um povo para o louvor exclusivo da sua glória (Is 43.6,7). Sendo assim, podemos afirmar que, no mundo, a igreja é resgatada para Deus.
III. Desfrutando no mundo do gozo e da proteção divinas
Desde que foram salvas por Deus, as pessoas que compõem a sua igreja devem desenvolver um projeto glorioso aqui na terra, o qual não se realiza sem lutas. Ao contrário, enfrentaremos dificuldades exatamente por abraçarmos uma filosofia cristã na vida (2Tm 3.12), pois assim como o Senhor Jesus enfrentou oposição, os seus discípulos também enfrentarão (Jo 15.18-20). Na verdade, é uma bênção sofrer por amor a Jesus (Mt 5.10-12). Há um elemento glorioso e poderoso nesse testemunho de firmeza no evangelho, ainda que em meio a tribulações, pois fomos resgatados da impiedade do mundo para uma vida gloriosa (1Pe 2.21,25).
Lembremos que só não conseguiríamos resistir às nossas lutas espirituais se o próprio Deus não impusesse limites à ação infernal (Mt 24.21,22) e às nossas tentações (1Co 10.13). Cristo Jesus também venceu o mundo em sua real humanidade (Jo 16.33) e nos alertou sobre a relação perigosa entre o mundo e a igreja (1Jo 2.15,17; 3.1,13). Não devemos fugir do mundo e nos esconder em guetos, pois nesse caso nem nos livraríamos do mal que nos acompanha interiormente (Tg 1.14,15; Hb 12.3,4), nem cumpriríamos a nossa missão.
Para sermos eficientes na vida cristã, o Senhor Jesus nos alerta contra a ansiedade, pois Deus cuida dos seus (Mt 6.25,27; 1Pe 5.7) até quando não percebemos (Sl 127.2). É devido à certeza desse cuidado paternal, presente na igreja (Sl 37.4,5), que podemos ter a serenidade necessária para buscar o reino de Deus em nossa vida (Mt 6.33,34). Deus não apenas confirma em nós esse cuidado paternal (Rm 8.16), como também enche o nosso coração de gozo (Sl 22.8; Rm 15.13), à medida que estreitamos a nossa relação com Cristo (2Pe 3.18). A vida cristã tem o seu ideal de conduzir toda a nossa existência para a glória de Deus, do início ao fim, desde as coisas pequenas até às grandes, pois encontramos o prazer maior da nossa vida no Senhor (Sl 73.25,26), quando estamos saudáveis e amadurecidos espiritualmente. Seria impossível viver essa vocação se não tivéssemos sido transformados espiritualmente, porque é somente devido a essa nova natureza que o cristão tem gozo nas coisas de Deus (Sl 1.2; 119.47). Fomos, no entanto, atraídos eficazmente pelo amor de Deus (Jr 31.3), o qual nos cativou e igualmente produz verdadeiro amor por ele em nós (1Jo 4.19) Esse é o motivo por que conseguimos vencer o mundo por intermédio da nossa fé (1Jo 2.2-5). Sendo assim, podemos afirmar que, no mundo, a igreja tem gozo e proteção divina.
IV. Desenvolvendo a santa vocação no mundo
Se a vocação da igreja está relacionada ao seu destino eterno, o que significa viver a vida aqui no mundo olhando para a eternidade com Deus até que cheguemos lá (Cl 3.1-4), então devemos crescer no processo gracioso da santificação, “sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb 12.14). Esta ocorre através do entendimento e a prática das Escrituras (Sl 119.11; 2Tm 3.16,17). Embora a santificação seja uma graça que Deus opera em nós (Fp 2.13) através da obra do seu Filho (1Co 6.11; 1Pe 2.24,25), ela se desenvolve com a nossa cooperação (2Tm 2.21), pois não somos meros expectadores. Antes, a santificação será uma prova evidente de que aqueles que a perseguem compreenderam o projeto glorioso de Deus para si e buscam agradá-lo como uma grata expressão sincera de amor por ele (Dt 10.12,13; 11.1). Para desenvolvermos essa gloriosa vocação, portanto, opera-se em nossa vida uma ação conjunta da graça de Deus e dos nossos esforços consequentes (1Co 1.2; Hb 10.14).
Visto que essa vocação vem sendo vivenciada por todos aqueles que Deus alcançou ao longo da História, aqueles que creram precisam assumir a sua responsabilidade de viver de acordo com ela nos seus próprios dias. Não basta preservar os que já estão em aliança com Deus, confirmando-os na fé (Cl 2.6,7), nem empenhar-nos para que nossos descendentes também se confirmem nessa vocação (Gn 17.7; Dt 6.2,5-7; 32.46); é preciso também buscar aqueles que, estando fora da aliança, foram preparados por Deus para entrar nela (Rm 9.23-26). A consciência dessa parte essencial da vocação cristã estava no coração do apóstolo Paulo e se refletia também na sua prática, como convém aos que estão sendo doutrinados corretamente pela Palavra de Deus. Porque a vocação cristã é para que toda a nossa vida mostre a todas as pessoas o evidente poder que o evangelho tem de santificar pecadores (Tt 2.11-14), o que é apenas iniciado na sua salvação. Esse poder do evangelho deve nos levar ao empenho ousado de um testemunho cristão integral, tanto através das nossas palavras, quanto por meio das nossas atitudes (1Pe 2.9-12). Esse testemunho deve ser dado ao mundo inteiro, para que a glória de Deus seja reconhecida por todos e o seu nome seja honrado e glorificado na vida daqueles que o Senhor já preparou para si. Sendo assim, no mundo, a igreja desenvolve a sua santa vocação.
Conclusão
Analisando a oração sacerdotal do nosso senhor Jesus Cristo em favor dos seus discípulos, percebemos que ele intercede em favor do desenvolvimento vocacional da igreja no meio da sociedade. É do meio deste mundo cheio de pecados e desvios que Deus resgata e santifica a sua igreja, bem como a protege, dá-lhe prazer e uma razão de viver. A igreja foi chamada para ser o povo de Deus e viver responsavelmente aqui, procurando manifestar a sua glória mediante o resgate de pecadores e da formação de uma geração santificada, pois a nossa relação com o mundo é de envolvimento missionário, como disse Cristo em João 20.21: “Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio”.
AplicaçãoQuais são as maiores tentações que a igreja contemporânea enfrenta diante da sua vocação neste mundo perverso? Quais são os desafios reais para o cumprimento pleno dessa vocação no meio da sociedade? Há algum meio de nos envolvemos com a nossa cidade de tal maneira que avancemos no cumprimento da nossa vocação cristã em nossa sociedade?
(notas Cultura Cristã.)
A igreja é uma agência do reino de Deus no mundo. Ela está no mundo, mas não é do mundo. Ela tem uma origem diferente, uma natureza diferente, uma missão diferente e um destino diferente. A igreja não é uma instituição puramente humana; ela tem sua origem em Deus. A igreja, como um lírio que cresce no lodo, é santa num mundo corrupto. A igreja tem o ministério da reconciliação num mundo marcado pelo ódio. A igreja está firmada em Cristo e caminha para a glória, enquanto o mundo jaz no maligno e marcha célere rumo à perdição. Três figuras neotestamentárias ilustram a influência da igreja no mundo:
1. A igreja é sal que inibe a corrupção (Mt 5.13).
Jesus diz: “Vós sois o sal da terra”. O sal tem o poder de preservar da decomposição. É um elemento antisséptico que inibe o processo da corrupção. A igreja é uma força preventiva no mundo. Sua presença no mundo freia e desacelera o processo galopante da maldade induzido pelo pecado. A igreja presente no mundo é a manifestação mais eloquente da graça restringente de Deus. Se a igreja não existisse, o mundo já teria se chafurdado de forma irremediável no pecado. Jesus, porém, alerta para o perigo do sal perder o seu poder de salgar. Sal que não salga só presta para ser pisado pelos homens. Sal no saleiro não protege da corrupção o mundo à sua volta. A igreja não é sal da igreja; ela é sal da terra. Ela não é sal no saleiro; ela é sal no mundo. Ela não é sal inútil e insípido; é sal que que coíbe o mal e dá sabor à vida.
2. A igreja é luz que aponta a direção (Mt 5.14-16).
A igreja tem o poder interno de salgar e o poder externo de influenciar. A luz existe para se manifestar. É como uma cidade no alto de um monte; é impossível escondê-la. A luz é símbolo de pureza, conhecimento e verdade. A luz tem o poder de apontar a direção. O mundo está em trevas, pois o diabo cega o entendimento dos incrédulos. Os ímpios vivem no reino das trevas. Aqueles que vivem nas trevas nem sabem em que tropeçam. Eles estão caminhando para a morte, mas não sabem para onde estão indo. É nesse berço de cegueira que a igreja deve se levantar como luz do mundo. A igreja conhece o caminho e deve apontá-lo para aqueles que vivem errantes. A igreja conhece a verdade e deve proclamá-la àqueles que vivem no engano. A igreja conhece a vida e deve compartilhá-la com aqueles que jazem mortos em seus delitos e pecados. A igreja é a luz do mundo, que anuncia aos pecadores Jesus, a verdadeira luz que vinda ao mundo, ilumina a todo o homem.
3. A igreja é perfume que atrai a atenção (2Co 2.15,16).
A igreja é o perfume de Cristo e o perfume tem o poder de atrair. O perfume é sempre notado. Jamais passa despercebido. Assim é a igreja. Ela é o bom perfume de Cristo, tanto nos que são salvos como nos que se perdem. Para aqueles que perecem, a igreja é cheiro de morte para a morte; para aqueles que são salvos, aroma de vida para a vida. A igreja nunca é neutra. A Palavra de Deus que sai da sua boca é uma espada de dois gumes, que anuncia salvação aos arrependidos e morte aos impenitentes. Ela tem voz profética no mundo. Ela denuncia o pecado desde o palácio até à choupana. Como embaixadora de Deus, chama os pecadores ao arrependimento com senso de urgência. Aqueles que ouvem o sonido da trombeta e buscam o refúgio da graça salvadora, celebrarão a festa da vida; e para esses, a igreja é aroma de vida para a vida. Mas, aqueles que se mantêm rebeldes ao Filho de Deus e escarnecem do evangelho da salvação, chorarão o drama irremediável da condenação eterna; e para esses, a igreja é cheiro de morte para a morte.(notas Hernandes dias Lopes).
fonte www.mauricioberwaldoficial.blogspot.com
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