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sexta-feira, 11 de agosto de 2017

O PECADO DA COBIÇA E INVEJA (2)




NÃO COBIÇARÁS

2. OBJETIVO.

A vontade de Deus expressa nesse último mandamento do Decálogo é que haja pleno contentamento com aquilo que temos e com a nossa condição: "Contentai-vos com o vosso soldo" (Lc 3.14), ensino de João Batista para os militares. "Mas é grande ganho a piedade com contentamento" (1 Tm 6.6). Quem tem Jesus não está obcecado pelas riquezas materiais, pois tem em seu interior algo muito mais valioso que os tesouros do mundo. A NTLH traduz esse versículo da seguinte forma: "É claro que a religião é uma fonte de muita riqueza, mas só para a pessoa que se contenta com o que tem”. A Bíblia nos exorta ainda: "contentando-vos com o que tendes" (Hb 13.5). Há aqui certo paralelo com Filipenses 4.11. Mas convém ressaltar que todas essas exortações não são uma apologia à pobreza nem uma defesa do status quo econômico; é uma recomendação para que nossos desejos não vendam desagradar a Deus nem causar danos ao nosso próximo (Rm 12.15).
A conduta do cristão deve ser a de se alegrar com que os se alegram e chorar com os que choram (Rm 12.15). Ninguém deve ser dominado pela inveja (G1 5.26; Tg 4.14-16) nem alimentar o sentimento de tristeza pelo sucesso alheio (Ne2.10;Sl 112.9,10). Glorifique a Deus pelas bênçãos e pelo sucesso do seu irmão, e você será abençoado também, a seu tempo (Ec 3.1-8).Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 138.

Este proíbe qualquer desejo desenfreado de ter aquilo que será uma satisfação para nós mesmos. “Oh! Se a casa deste homem fosse minha! Se a mulher daquele fosse minha! Se a propriedade deste fosse minha!” Esta é, certamente, a linguagem do descontentamento com a nossa própria sorte, e inveja da do nosso próximo. E estes são principalmente os pecados que são proibidos aqui. O apóstolo Paulo, quando a graça de Deus fez com que caíssem escamas dos seus olhos, percebeu que esta lei: “Não cobiçarás”, proibia todos os desejos irregulares que sáo os primogênitos da natureza corrupta, o primeiro despertar do pecado que reside em nós, e o início de todo o pecado que é cometido por nós. Esta é aquela luxúria, diz ele, cujo mal ele não teria conhecido, se este mandamento, quando veio à sua consciência não lhe tivesse mostrado, Romanos 7.7. Deus nos permite, a todos, vermos o nosso rosto na lente desta lei, e a colocar nossos corações sob o seu governo!HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 296.

"Este é um preceito mais excelente moral, a observância do que irá prevenir todos os crimes públicos, pois quem sente a força da lei que proíbe o desejo desordenado de qualquer coisa que é propriedade de outro, nunca pode abrir uma brecha no paz da sociedade por um ato de errado a qualquer um dos seus mais fraco até mesmo membros."ADAM CLARKE. Comentário Bíblico de Adam Clarke.

Êxo 20.17 — Cobiçar (hb. hamad) significa possuir enorme desejo por. Cobiçar não era apenas apreciar algo à distância, e sim possuir uma vontade incontrolável, excessiva e egoísta de apoderar-se do bem de outrem. O décimo mandamento aborda uma disposição interior: o pecado também ocorre no pensamento. Isso demonstra que Deus queria que os israelitas não só evitassem praticar as ações malignas previamente estabelecidas em sua mente, como também descartassem todos os pensamentos perversos que levavam às atitudes de cobiça.
EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 166-167.

3. CONTEXTO.

O décimo mandamento aparece expandido em Deuteronômio em relação ao texto de Êxodo e inclui o campo do próximo na lista das coisas que não devem ser cobiçadas. Alguns críticos estranham a inversão das cláusulas, pois a fraseologia de Êxodo começa por não cobiçar a casa do próximo e em seguida vem a proibição de não cobiçar a mulher do próximo, mas em Deuteronômio essa ordem é invertida: primeiro vem a mulher e depois a casa. Ambos textos, contudo, proíbem a cobiça de bens e pessoas, além da mulher ou do esposo, pois a mulher pode também cobiçar o marido alheio, o servo e a serva do próximo;propriedades-, casa e campo; o termo "casa" aparece muitas vezes na Bíblia com o sentido de "família" (Js 24.15; At 16.31), mas parece não ser essa a ideia aqui; e semoventes: boi, jumento ou qualquer outra coisa. A frase final "nem coisa alguma do teu próximo" inclui posição social ou ascensão no trabalho.
Há discussão sobre a substituição de hãmad por ’ãwãh na segunda cláusula do décimo mandamento (Dt 5.21). O verbo hãmad aqui aparece com a esposa do próximo e ’ãwãh com as demais coisas. Isso pode levar alguém a pensar em hãmad como um tipo sensual de desejo, mas isso não procede por duas razões principais: a) é usado para bens móveis e imóveis (Js 7.21; Mq 2.2); b) ambos os termos aparecem como sinônimos (Gn 3.6; Pv 6.25; Sl 68.17). Parece que 'ãwãh diz respeito a um tipo de desejo casual. O formato textual de Êxodo está adaptado ao estilo nômade de vida de Israel no deserto, ao passo que Deuteronômio, quase 40 anos depois, é o modelo para o povo prestes a ser estabelecido na terra de Canaã como país.Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 134-135.

Outras notáveis variações deuteronômicas no Decálogo são o inverso da ordem das palavras mulher e casa no décimo mandamento, e a adição aqui de seu campo (Dt. 5:21). Este último foi acrescentado porque Israel estava para começar uma existência assentada na terra, enquanto que durante as peregrinações no deserto tal legislação teria sido irrelevante. Este é um bom exemplo do tipo de modificações legislativas encontradas nas antigas renovações dos tratados seculares.Charles F. Pfeiffer. Comentário Bíblico Moody. Editora Batista Regular Deuteronômio. pag. 20.

E não cobiçarás (21). Cf. Êx 20.17 nota. Diferente de todos os outros, o décimo mandamento não diz respeito à conduta externa, mas antes a uma qualidade do espírito. Por isso só Deus é testemunha de quando o mandamento porventura é violado. Na sua forma negativa proíbe-nos desejar ilicitamente aquilo que aos outros pertence.
Positivamente ensina-nos a contentarmo-nos com o que temos e a não perder a fé (Hb 13.5-6).As pequenas variantes entre a forma que o mandamento apresenta aqui e a que lemos em Êx 20.17 vem lembrar que só após a entrada na Terra de Promissão os campos e até os animais e os criados se tornaram objeto de justificadas invejas.DAVIDSON. F. Novo Comentário da Bíblia. Deuteronômio. pag. 31-32.


4. ESCLARECIMENTO.

Já vimos que o Decálogo está estruturado em duas seções identificadas com a primeira e a segunda tábuas, as tábuas de pedra em que foram escritos os Dez Mandamentos, literalmente as dez palavras. A primeira contém os compromissos do israelita diante de Deus, e a segunda de sua responsabilidade para com o próximo. Os dois grandes mandamentos citados por Jesus podem ser um resumo dessas duas tábuas. Esses mandamentos estão dispostos numa sequência lógica. O quinto mandamento é uma ponte que une o conteúdo das duas tábuas. Em seguida vem a proteção da vida: “Não matarás"; depois a proteção da família: "Não adulterarás"; a proteção da propriedade: "Não furtarás"; a proteção da honra: "Não dirás falso testemunho contra o teu próximo"; e o último protege o israelita de ambições erradas.
Os católicos romanos e os luteranos mantiveram a tradição catequética medieval do Decálogo esboçada por Agostinho de Hipona e que predominou durante a Idade Média. Os dois primeiros mandamentos são considerados um só, e o décimo é dividido em dois. "Não cobiçarás a casa do teu próximo" é o nono, e Não cobiçarás a mulher do teu próximo" (Êx 20.17), o décimo. Qualquer pessoa pode observar sem muito esforço que tal arranjo e uma camisa de força, pois não corresponde à divisão natural (Êx 20.1-17; Dt 5.7-21). Além disso, o Decálogo do catolicismo romano não é bíblico, trata-se de uma interpretação com lentes papistas. Nós seguimos o arranjo das igrejas ortodoxas e protestantes reformadas, que vem desde os antigos judeus (JOSEFO, Antiguidades Judaicas, Livro 3, 4.113, edição CPAD).Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 132; 134.

Contra todas as formas de cobiça. De acordo com muitos eruditos, esse é o décimo dos mandamentos mosaicos. Mas os luteranos e os católicos romanos pensam que o primeiro mandamento incorpora os vss. 3-6. E assim, neste ponto, eles fazem o vs. 17 desdobrar-se em dois mandamentos, para ser conseguido o número dez. Na Septuaginta, neste versículo e em Deu. 5.21, a esposa é mencionada antes de casar, para que haja um mandamento específico para que não se cobice a mulher do próximo, ao passo que fica criado um décimo mandamento, relativo à cobiça acerca dos bens materiais do próximo.CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 395.

II. COBIÇA
1. SIGNIFICADO.

O verbo hebraico hãmad, "desejar, ter prazer em, cobiçar, ter concupiscência de", aparece 14 vezes no Antigo Testamento. O termo em si é neutro e se aplica também a coisas boas (SI 19.10 [11]; 68.16 [17]). Essa palavra é repetida no décimo mandamento no texto de Êxodo 20.17 e uma só vez no registro do Decálogo, em Deuteronômio 5.21: "E não cobiçarás a mulher do teu próximo". Na segunda cláusula, "e não desejarás a casa do teu próximo", aparece outro verbo ’ãwãh, "desejar ardentemente, ansiar, cobiçar, anelar". Ambos os verbos aparecem como sinônimos no relato da tentação do Éden: "agradável aos olhos... e desejável para dar entendimento" (Gn 3.6). A Septuaginta traduz pelo verbo epithyméõ, literalmente "fixar desejo sobre", da preposição epí, "sobre", e do substantivo thymós, "paixão, ira, furor".
Esse verbo grego aparece no Novo Testamento para se referir ao décimo mandamento (Rm 7.7; 13.9) e também para expressar desejo por tudo o que é proibido (Mt 5.28; 1 Co 10.6). O substantivo derivado dele, epithymia,136 é usado para "concupiscência" em 1 João 2.16: "Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo". Concupiscência é desejo desordenado; trata-se do "forte e continuado desejo de fazer ou de ter o que Deus não quer que façamos ou tenhamos" (KASCHEL & ZIMMER, 2006, p. 45). Mas todos esses termos, hebraicos e gregos, são neutros, podendo se referir a coisas boas ou a coisas más, dependendo do contexto (Mt5.28; 13.17).Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 133.

COBIÇA

Há várias palavras hebraicas e gregas envolvidas, a saber:

1. Avvah, «desejo por si mesmo». Palavra hebraica usada por quatro vezes: Deu. 5:21; Pro. 21:26; Sal. 45:11; Pro. 23:3.
2. Chamad, «desejar». Verbo hebraico usado por catorze vezes. Por exemplo: Êxo. 20:17; Jos. 7:21; Miq. 2:2; Deu. 5:21; 7:25; Jó 20:20; Isa. 1:29; 53:2.
3. Batsa, «ganhar (ilegalmente)». Palavra hebraica usada por oito vezes com o sentido de cobiçar. Por exemplo: Hab. 2:9; Pro. 1:19; 15:27.
4. Epithuméo, «fixar a mente sobre». Palavra grega usada por dezesseis vezes: Mat. 5:28; 13:17; Luc. 15:16; 16:21; 17:22; 22:15; Atos 20:33; Rom. 7:6; 13:9 (citando Êxo. 20:15,17); I Cor. 10:6; Gál. 5:17; I Tim. 3:1; Heb. 6:11; Tia. 4:2; I Ped. 1:12; Apo. 9:6.
5. Orégomai, «estender os braços para». Termo grego usado por três vezes: I Tim. 3:1; 6:10; Heb. 11:16.
6. Pleoneksía, «desejo de mais». Substantivo grego usado por dez vezes: Mar. 7:22; Luc. 12:15; Rom. 1:29; II Cor. 9:5; Efé. 4:19; 5:3; Col. 3:5; I Tes. 2:5; II Ped. 2:3,14. O adjetivo, pleonéktes, «cobiçoso», aparece por quatro vezes: I Cor. 5:10,11; 6:10; Efé. 5:5.
CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 1. Editora Hagnos. pag. 774.

COBIÇAR, COBIÇA. Um pecado mencionado freqüentemente no AT e no NT. É considerado como a raiz de outras iniquidades sérias e mortais.
Várias palavras hebraicas e gregas são assim traduzidas. Muitas possuem pequenas variações de significado, todas estão relacionadas à lei mosaica que proíbe expressamente a cobiça. 
O termo que aparece em Êxodo 20.17 é o hebraico, significando “desejar intensamente”. Assim como os outros termos para “cobiça”, nas Escrituras, esta palavra tem em vista o amor e o desejo intenso por qualquer objeto ou pessoa, um desejo ao qual é dado importância humana e comum, e que se toma substituto da devoção e amor devidos a Deus. Por causa da sua intensidade, este desejo tende a ofuscar as exigências morais da lei e a permitir que o fim. a posse do objeto cobiçado, justifique quaisquer meios para sua obtenção. Outros termos para desejo e amor são usados no mesmo sentido no AT, “TK (Dt 5.21 et al.), e o m (Hc 2.9, et al.). No NT o verbo grego. “desejo”, “anseio”, é usado freqüentemente para traduzir os termos hebraicos acima, na LXX e em muitas outras passagens do NT. onde nem sempre é traduzido como “cobiçar”. Ele aparece em Lucas 22.15, e a forma substantiva aparece em muitas outras passagens. Outro substantivo comum é o grego significando literalmente “ganância”, “desejo insaciável” (Lc 12.15). Um termo muito interessante, freqüentemente traduzido como “cobiça”, é o grego uma combinação de “amor” + “prata”, a ilustração mais clara de avareza dada nas Escrituras (Lc 16.14; lTm 6.10). Todos estes termos descrevem o intenso materialismo e hedonismo que caracterizaram a era helenística e que levaram à fundação de escolas filosóficas como o Epicurismo.MERRILL C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 1. pag. 1081-1082.(estudalicao.blogspot.com)
fonte www.mauricioberwaldoficial.blogspot.com

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