I - A ORIGEM DOS CONFLITOS E DAS DISCÓRDIAS (Tg 4.1-3)
1. Que sentimentos são esses?
Tg 4.1 “Guerras exteriores vêm de guerras interiores”. Aqui está a verdade que Tiago procura deixar claro para os seus leitores. Ele estava tratando de um problema que ocorria no círculo de crentes. Ele continua se dirigindo aos “meus irmãos” (1.2; 2.1; 3.1,10; 4.11). Esses eram cristãos professos, mas eles não estavam dando um bom exemplo como seguidores de Cristo. Na sua comunhão, havia inveja e sentimento faccioso (3.14). Em um apelo à consciência, Tiago pergunta: Donde vêm as guerras e pelejas entre vós? (v. 1). Não são elas guerras travadas em seu próprio espírito?
1. Desejos Errados e Desastre Espiritual (4.1,2b)
Tiago dá uma resposta afirmativa à sua própria pergunta, mas ele sabe que é a mesma resposta que seus leitores ouvirão de uma consciência acusadora. Vocês colocaram seu coração naquilo que o mundo pode lhes dar e, como resultado, vocês estão em dificuldade. Desejos mundanos conflitam uns com os outros. Esses deleites (“prazeres”, ARA), que nos vossos membros guerreiam (v. 1), perturbam vossa própria paz de espírito, por isso vocês brigam e matam e espalham o conflito aos outros. O principal problema é que vocês permitem que desejos profanos possuam seu espírito. Esses desejos, se impuros e incontrolados, levam ao desastre espiritual.
Se analisarmos esse texto de acordo com 3.14, ele é melhor interpretado por sois invejosos (“matam”, cf. KJV e NVI e ARA), combateis e guerreais de maneira figurativa. Não é provável que essas coisas tenham, na verdade, ocorrido na comunidade cristã. Tanto Tiago quanto seus leitores cristãos estariam familiarizados com a interpretação de Jesus de que abrigar o desejo perverso consistia, na ótica de Deus, na violação dos mandamentos (cf. Mt 5.21-22). A maioria dos tradutores modernos entende que o versículo
2 apresenta duas sentenças equilibradas, ou seja: “Vocês desejam, mas não possuem; por isso cometem assassinato. E vocês são invejosos e não conseguem obter; por isso, lutam e brigam” (NASB).
A. F. Harper. Comentário Bíblico Beacon. Tiago. Editora CPAD. Vol. 10. pag. 181-182.
Tg 4.1 A palavra “pelejas” refere-se a lutas sem armas, como em conflitos pessoais. Estes conflitos não têm nada a ver com as disputas no mundo pagão; são disputas dentro da igreja, entre os crentes. Tiago está descrevendo uma situação em que um grupo chega a um estado de guerra, com escaramuças declaradas surgindo em meio às pessoas. Os lados foram escolhidos, as trincheiras foram cavadas. Em casos como este, os crentes deixaram de ser pacificadores (3.18) e vivem em um antagonismo aberto uns contra os outros. A palavra “guerras” refere-se a batalhas com armas, um conflito armado. Esta palavra é usada de maneira figurada para indicar a luta entre poderes, tanto terrenos quanto espirituais.
Obviamente, haverá desacordos em qualquer igreja. Mas, quando isto acontecer, será que seremos suficientemente sábios para entender a razão? Identificaremos a sua origem? Quando tratados de maneira correta, com sabedoria devota, estes problemas podem levar ao crescimento.
Infelizmente, entretanto, algumas igrejas tornam-se campos de batalha permanentes. Os novos crentes encontram-se em meio a um fogo cruzado de discussões, ressentimentos e lutas pelo poder que aparentam ser uma verdade espiritual, mas que frequentemente são simplesmente conflitos pessoais. Neste processo, os observadores inocentes são, a umas vezes, profundamente feridos. Muitos de nós conhecem pessoas que se afastaram da igreja por causa de um conflito que nada tinha a ver com o Evangelho.
Guerras e pelejas têm sido causadas não por alguma força externa, mas pelos maus desejos (versão NTLH) das pessoas. Quando cada pessoa procura o seu próprio prazer, o resultado só pode ser conflito, ódio, e divisão. A expressão “lutando dentro de vocês” (versão NTLH)
sugere uma batalha furiosa entre o desejo de fazer o bem e o desejo de fazer o mal.
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol. 2. pag. 682.
1 – A realidade da falta de paz (v. 1).
Tg 4.1 “Guerra”, em grego pólemos: trata-se do combate a um adversário com todos os meios disponíveis, inclusive as armas, com a finalidade de aniquilá-lo. Quantas guerras também o nosso século presenciou em todos os quadrantes do mundo! Quantas repetidas vezes as guerras nos ameaçam! E como já nos acostumamos com os conflitos! O mundo está cheio de “guerras e clamores de guerras” (Mt 24.6).
“Lutas”: essa é a expressão mais abrangente. Refere-se também aos atritos menores. Eles ocorrem em toda parte: no dia-a-dia político, entre parceiros sociais, na vida econômica e profissional, entre vizinhos e moradores da casa, entre as gerações e entre cônjuges.
“Entre vós”: significa no âmbito da igreja de Jesus. Isso é consternador. Será que, ao falarmos da discórdia, pensamos apenas nos outros ou primeiramente em nós? Está em negociação a “nossa causa”. Repetidamente ocorrem rivalidades, ciumeiras, suscetibilidades, necessidade de afirmação, tensões, irreconciliabilidade, dissensões entre cristãos, em igrejas, congregações e grupos cristãos. Também quando está em jogo a necessária luta pela verdade, muitas coisas humanas estão envolvidas. Com frequência a luta está infectada por um espírito falso. A palavra representa um chamado ao arrependimento que nosso Senhor dirige a todos nós. – “Entre vós” significa literalmente: “em vós”. A expressão refere-se à nossa comunhão, ou seja, à realidade das interações humanas. Mas igualmente pode ser relacionado com cada um de nós: em nós mesmos trava-se a luta. Pelo fato de frequentemente existir em nós mesmos tanta desordem, falta de paz, dilaceramento, temos não raro reações tão negativas. A falta de paz entre as pessoas nas coisas pequenas e grandes, em discórdias e guerras, não é mais do que a multiplicação daquilo que existe em cada indivíduo.
2 – A causa da discórdia – de onde ela vem (v. 1).
“De onde vêm as guerras e de onde as contendas entre vós? De onde, senão dos desejos que militam em vossos membros?”
Esses “desejos” e cobiças se dirigem ao que o próprio ser humano precisa para viver, ao que a geração posterior necessita, ao que traz alegria e gera felicidade ou facilidade para nós, ao que promete sublimar nossa vida, ao que promete nos preservar de sermos esquecidos no mundo vindouro, ao que deve assegurar a nós e nossos filhos o futuro, ao que vemos em outros… Muitas dessas expectativas têm razão de ser. Contudo, em nós elas surgem permeadas, atacadas, embebidas pelo espírito de baixo, ao qual muitas vezes abrimos as portas. Estão contaminadas e deterioradas desde que o pecado está no mundo. Vivemos no reino do pecado, no mundo, e, por natureza, o mundo está em nós. Essa condição do ser humano é chamada de “carne” pela Bíblia. Todas as esferas da vida estão marcadas por ela: a luta por bens, por ascensão social, por poder, por realização na vida, por felicidade. Também nossa sexualidade é abarcada por ela.
“Em vossos membros”: todos os órgãos humanos, dons, possibilidades, esferas de vida são igualmente atacados por esse espírito. Essa condição está sediada em nosso “sangue”. Em vão procuramos no ser humano o muito citado “cerne bom”. Pelo contrário, de acordo com a sentença da Bíblia ele possui um cerne mau, duríssimo. Ela fala de “corações de pedra” (Ez 36.26s). Unicamente o próprio Deus é capaz de realizar o “transplante cardíaco” que salva. O “em vossos membros” diz ainda mais: esses órgãos, dons e âmbitos da vida se tornam praticamente instrumentos, “armas” (cf. Rm 6.13) nessa ferrenha luta por auto-afirmação, reconhecimento e auto-realização do ser humano: forças intelectuais, capacidade de contatos, olhos, ouvidos, capacidade de falar, mãos, pés, órgãos sexuais, em suma: corpo, alma e espírito.
“Os desejos militam em vossos membros”: Assim o ser humano é atormentado e agitado. Preocupação e medo como consequência desses desejos (do próprio desejo e do desejo dos outros) tornam-se “contingência básica de sua existência”, como dizem os filósofos. Ele é como um animal que precisa sempre “garantir-se”, estar alerta e buscar um ponto fraco no outro para se defender. Algo análogo ocorre predominantemente na vida profissional, comercial, política, social, e até mesmo na vida familiar. Quando desaparece a confiança em Deus, desaparece também a confiança nas pessoas. Essa é a condição do ser humano que não conta com Deus e não espera nada dele, com o ser humano que tenta ser grande por conta própria (Gn 3.5) e que pensa ter de ajudar-se a si mesmo. É o ser humano que acredita estar sozinho, motivo pelo qual também tem de suportar sozinho o gigantesco fardo da preocupação pelo futuro. Por isso resiste tão ferrenhamente, por isso a bestial seriedade e as hostilidades. No entanto – o que é alarmante – isso também ocorre na igreja cristã.
Fritz Grunzweig. Comentário Esperança Carta De Tiago. Editora Evangélica Esperança.
As GUERRAS são uma realidade da vida, a despeito dos acordos de paz. Não há apenas guerras entre as nações, mas também entre as denominações, dentro nas famílias e dentro do nosso próprio coração. Tiago diz que o nosso verdadeiro problema não está fora de nós, mas dentro de nós (4.1; Mt 15.19,20).
A guerra do Peloponeso, que durou 27 anos, destruiu a Grécia no ápice da grande civilização que ela havia criado como resultado da Idade de Ouro de Atenas. Roma fez da guerra uma maneira de viver, mas, apesar disso, foi vencida e destruída pelos bárbaros. Na Idade Média, a guerra varreu a Europa, culminando com os horrores da Guerra dos Trinta Anos, terminada em 1648.
Essa guerra é considerada o episódio militar mais horrível na história ocidental antes do século 20. Cerca de 7 milhões de pessoas ou seja, 1/3 dos povos de língua alemã morreram naquela guerra. James Boyce disse que a guerra é o nosso principal legado.
Na Primeira Guerra Mundial (1914-1918) aproximadamente 30 milhões de pessoas pereceram. Todos ficaram horrorizados. Mas dentro de 20 anos outra guerra fi)i travada no mesmo anfiteatro, pelos mesmos participantes, por muitas das mesmas razões. A Segunda Guerra Mundial (1939-1945) resultou na perda de 60 milhões de vidas, enquanto os custos quadruplicaram da estimativa de 340 bilhões para 1 trilhão de dólares.
Assistimos a guerra fria entre o comunismo e o capitalismo.
Assistimos o maior massacre da história contra os cristãos pelas mãos do comunismo entre os anos de 1917 a 1985. Assistimos sangrentas guerras tribais na África, batalhas fratricidas na Irlanda, massacres no Oriente Médio.
Hoje vemos o domínio bélico dos Estados Unidos sobre seus rivais. Essas guerras são uma projeção da guerra instalada em nosso próprio peito. Carregamos uma guerra dentro de nós. Desejamos o nosso próprio prazer à custa dos outros (4.2). Em vez de lutar, Tiago diz que devemos orar (4.2,3).
LOPES. Hernandes Dias. TIAGO Transformando provas em triunfo. Editora Hagnos. pag.
2. A origem dos males (Tg 4.2).
Tg 4.2 Os desejos aqui descritos tornam-se tão fortes, que as pessoas estão prontas até para matar (versão NTLH), com a finalidade de conseguir aquilo que querem. A palavra “matar” pode ser interpretada como uma hipérbole para o ódio e a amargura. Em lugar de reavaliarem os seus desejos, as pessoas descritas por Tiago recorrem à inveja, a lutas, a disputas, e a coisas piores do que estas. Mas, apesar de todo o seu egoísmo e antagonismo para conseguirem o que desejam, elas ainda não podem alcançar estas coisas.
Por que? Nós aprendemos (desde quando tivemos o nosso primeiro triciclo ou a nossa primeira boneca até quando dirigimos o nosso primeiro automóvel) que os desejos satisfeitos não trazem tanta satisfação quanto prometem.
Algumas vezes, conseguimos realmente aquilo que queríamos, e então descobrimos que ainda não temos aquilo de que realmente necessitávamos - a profunda satisfação que somente nos vem quando somos justificados para com Deus. Se confiarmos somente nos nossos desejos, eles apenas nos levarão às coisas desta terra, e náo às coisas de Deus. Era resumo, a mensagem de Tiago é: Nada tendes, porque não pedis a Deus. Em outras palavras: “Vocês não têm o que querem porque não querem a Deus”.
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol. 2. pag. 682.
Este versículo dá prosseguimento à citação «secular» que encabeça a presente secção. Não podemos imaginar que houvesse mortes reais no seio da igreja. A citação secular fala sobre «guerras», com derramamento de sangue e tudo, em que sempre há um vencedor e um perdedor. Espiritualmente, entretanto, todas essas declarações se aplicam especialmente às contendas nas igrejas, pois, quando isso sucede, não pode haver um verdadeiro vencedor; a igreja inteira é perdedora, sendo sacrificado seu bem-estar e seu poder espirituais.
O segundo versículo deste capítulo explica detalhadamente a conexão entre a busca pelos prazeres e as lutas subsequentes, no primeiro versículo.
A tradução inglesa RSV reflete isso claramente: «Desejais e não tendes; portanto, matais. Cobiçais e não podeis obter; portanto, combateis e fazeis guerras». Os desejos não cumpridos causam descontentamento; o descontentamento se manifesta na forma de violência e de contenda franca.
«...cobiçais...» No grego é nepithumeo», «desejar», «anelar por», em bom ou em mau sentido. E óbvio que aqui isso deve ser entendido de maneira prejudicial. Tal palavra era com frequência usada para indicar as paixões sexuais descontroladas; mas o presente contexto não limita seu sentido a isso.
«.. .e nada tendes...» Obter para si mesmo não é satisfatório; a alma, que reconhece intuitivamente a natureza da verdadeira inquirição na vida, não aceita a satisfação falsa derivada do egoísmo. Portanto, o resultado líquido do egoísmo é a insatisfação.
«...matais...» No contexto original, devia ser entendido literalmente; no contexto cristão, conforme o uso do autor sagrado, está em foco a destruição do bem-estar espiritual, da .reputação alheia, da vida espiritual de crentes individuais e de igrejas locais inteiras. Erasmo, pensando que o termo é por demais severo, conjecturou um termo similar como se fosse o original, a saber, «phthoneo» (em contraste com a palavra usada aqui,
«phoneo»); porém, isso é uma emenda arbitrária, e sem qualquer apoio dos manuscritos do N.T. grego existentes.
«...invejais, e nada podeis obter...» A emulação também não é satisfatória; até mesmo quando se obtém aquilo que se deseja, a porção nobre do homem rejeita isso como digno. O estoicismo diz isso claramente.
O desejo cumprido conduz meramente a uma maior multiplicidade de desejos; e a grande multiplicidade dos desejos conduz à frustração; e a frustração leva à futilidade. Esse tema é desenvolvido amplamente na filosofia moderna por Schopenhauer. Sua conclusão é que a única emoção legitimamente orientadora é a simpatia; e isso é apenas uma outra maneira de dizer «Amar o próximo». O amor é o oposto da emulação. O amor constrói; a inveja e a emulação destroem.
«Finalmente, ele proíbe o desejo, sabendo que o desejo produz a revolução e se inclina para a intriga. Pois todas as paixões da alma são más, agitando-a e excitando-a de maneira desnatural, destruindo sua saúde e, pior que tudo, seu desejo. E esses males têm por causa o amor ao dinheiro, o amor às mulheres, o amor à glória ou o amor a qualquer daquelas coisas que produzem prazer—são elas coisas pequenas e ordinárias? Não é por causa dessa paixão que relações são quebradas, e assim a boa vontade natural é transformada em uma desesperadora inimizade? que grandes e populosos países são desolados domésticos? e que terras e mares são tomados por tremendos desastres, devido a batalhas navais .e campanhas terrestres? Pois as guerras, famosas em sua tragédia, que os gregos e os bárbaros têm feito uns contra os outros, originaram-se todas de uma só fonte: o desejo pelo dinheiro, pela glória ou pelo prazer. Por causa dessas coisas a raça humana tem enlouquecido». (Filo, de decai., 28. M, par. 204 e s.).
«...viveis a lutar e fazer guerras...» No uso original e «secular», bem de acordo com a citação de Filo, transcrita acima, estavam em foco guerras e derramamento de sangue literais, a violência dos homens, os atos desumanos dos homens uns contra os outros, tudo por causa de desejos descontrolados. Porém, conforme essa citação foi utilizada pelo autor sagrado, estão em foco lutas íntimas e comunais, que são prejudiciais tanto para o crente individual como para as igrejas locais. Essas atividades nada conseguem realizar. Essa é a tese que o autor reitera por muitas vezes.
Em contraste violento com tudo isso, posta-se Deus. Filo comenta acerca desse princípio em Leg. all. ii.23. M., par. 83. Comenta ele que é impossível dominar a busca pela satisfação dada pelo prazer, exceto mediante a submissão a Deus. Somente na comunhão mística com Deus, através do seu Santo Espírito, que forma a imagem de Cristo no íntimo, podemos esperar receber as forças necessárias para vencermos as nossas paixões, os nossos desejos egoístas. A maioria dos homens se deixa governar por esses elementos, conforme a observação mais casual o demonstra. O homem de Deus, entretanto, deve viver acima desse tipo de vida.
«Existe uma espécie de reação em cadeia na alma do homem, tal como aquela que Tiago aqui descreve: a concupiscência, incapaz de sentir-se satisfeita, leva o indivíduo a impulsos sádicos, os quais, despertados por uma visão de prazeres fora do alcance do indivíduo, se transformam em violência, em crueldade e em homicídio». (Easton, in loc.).
«...Nada tendes, porque não pedis...» O autor sagrado descontínua abruptamente sua citação (provavelmente de uma fonte estóica), e agora se volta para o tema da oração. O fato de ter ele dito que toda a concupiscência e contendas de seus leitores «nada consegue», fá-lo lembrar-se que aquilo que é digno de ser recebido nos é dado em resposta às nossas orações. Por conseguinte, ele se volta imediatamente para esse assunto. A abrupta mudança de tema tem deixado perplexos aos intérpretes, que não percebem que o autor sagrado estava somente se utilizando de uma citação, que aqui descontínua, e que isso sugeriu uma nova corrente de pensamento, a qual se segue imediatamente. (Quanto a notas expositivas completas sobre a «oração», ver o trecho de Efé. 3:18, onde é apresentada a nota de sumário a respeito).
A Natureza Da Oração
1. A oração é um ato criativo que pode fazer qualquer coisa, até mesmo os labores mais fantásticos e prodigiosos.
2. Porém, precisa mover-se acompanhando a corrente da vontade divina; em caso contrário, pode-se pedir o que bem se entender, que nada sucederá.
3. Se pudéssemos ver nossas vidas conforme Deus as vê, assim observando seu curso inteiro, do princípio ao fim, perceberíamos aqueles acontecimentos que terão de ocorrer, a bem de nosso desenvolvimento espiritual. Então perceberíamos quão errada e prejudicial é qualquer oração que nos leva a evitar tais ocorrências. E também veríamos como, antes de qualquer acontecimento valioso, nossas almas são inspiradas a orar com intensidade. E assim oramos; e depois dizemos: «A oração fez isso». Talvez fosse mais correto dizermos : «Deus fez isso. Isso fazia parte de seu plano para mim, e minha oração foi um exercício espiritual que me preparou para buscar e aceitar o que Deus tencionava para mim».
4. Seja como for, a oração é um importante exercício espiritual, e não consiste meramente de «pedir e receber». A oração nos serve de treinamento espiritual. Portanto, é um de nossos meios de desenvolvimento espiritual.
5. Quanto a outras notas que nos oferecem discernimento acerca da natureza da oração, ver a nota de sumário sobre a «oração», em Efé. 6:18 e Mat. 7:7 e ss. Busquemos a dimensão eterna, e todas as coisas nos serão acrescentadas (ver Mat. 6:31-33).
«Deus promete àqueles que oram, e não aos que lutam. Se orássemos, não haveria nem ‘guerras’ e nem ‘lutas’». (Faucett, in loc.).
«Os bens mundanos são os vossos deuses; não deixais pedra sobre pedra, a fim de obtê-los; e visto que nada pedis de Deus, senão para o consumirdes em vossos maus desejos e propensões, vossas orações não são ouvidas». (Adam Clarke, in loc.).
«Eles não tentam suprir suas necessidades de um modo que cause perda a alguma outra pessoa-, a saber, orando a Deus; preferem empregar a violência e a astúcia contra os outros. Ou então, se oram, pedindo o suprimento de suas necessidades terrenas, nada obtêm, porquanto oram com mau intuito. Orar sem o espírito da oração é namorar com o fracasso». (Plummer, in loc.).
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 6. pag. 63.
Tg 4.2 a) O v. 2 demonstra o comportamento humano por meio de três palavras que expressam um crescendo. “Desejais” trata de uma avidez insaciável e egoísta: “Quanto mais tem, tanto mais deseja possuir”. – “Assassinais e vos fanatizais”: seríamos capazes de “servir veneno” ao outro. “Lutais e fazeis guerras”: agora, de maneira grosseira e refinada, tudo também se torna explícito.
b) No resultado final tudo isso não leva a nada. Três vezes é dito: “Não tendes nada – não alcançais nada – não recebeis nada.” “Retornam onerados de pecados e insatisfeitos.” Apesar de todas as asseverações em contrário, as guerras não produzem nada de bom. Quantas coisas foram devoradas pelas últimas grandes guerras mundiais, vidas humanas, casamentos, famílias, lares, felicidade, bens, moralidade! E qual é o saldo de uma luta exacerbada entre parceiros de sociedade? Aperta-se mais um pouquinho o parafuso dos salários e preços, bem como a sorrateira desvalorização da moeda. Isso acontece ainda mais em lares, famílias e matrimônios. As pessoas gemem: “… como poderia ser bela nossa vida!” – “Não recebeis nada”: em sua bondade Deus estaria disposto a presentear. Mas quando concedemos espaço a esse espírito e a essa distorção, Deus se fecha.
c) “Porque não pedis”: tentam conquistar pessoalmente o que somente pode ser obtido junto ao grande Doador. Acreditam ser obrigados a cuidar de si mesmos completamente sozinhos e não fazem uso da grande possibilidade da oração. Não optam pela extraordinária saída de toda a aflição: não batem na porta que sempre está aberta para nós (Mt 7.7; 1Pe 5.7; Fp 4.6; Sl 37.5).
Fritz Grunzweig. Comentário Esperança Carta De Tiago. Editora Evangélica Esperança.
I Sam 16.7 Não atentes para a sua aparência. Saul era homem de elevada estatura, algo muito apreciado pelos antigos. Ver os comentários sobre I Sam. 9.2 e 10.23. Samuel estava caindo no erro de julgar um homem por sua aparência física. Samuel não estava olhando para 0 interior, mas Yahweh era observador dos corações.
Há a aparência e há a realidade. O homem vê a aparência de uma pessoa ou coisa, e assim faz julgamentos precipitados. Mas Deus vê a realidade do homem ou coisa, e faz um juízo verdadeiro. Samuel tinha de ajustar-se à maneira divina de avaliar pessoas e coisas. É frequentemente verdadeiro que as aparências enganam. Os homens são facilmente enganados e atos tolos ocorrem por causa de decepções. A questão da escolha do segundo rei de Israel era muito importante para ser feita de acordo com sua aparência física. Por isso mesmo, Yahweh teve de intervir desde 0 começo, certificando-se de que Davi fosse ungido. O coração de Eliabe não era tão bom quanto a sua aparência física. Ele não era um candidato apropriado.CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 1180.(estudalicao.blogspot.com)
fonte www.mauricioberwaldoficial.blogspot.com
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PAZ DO SENHOR
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