(Lição 10 – 3 de Setembro de 2017)
TEXTO ÁUREO
“Meus filhinhos, por quem de novo sinto as dores de parto, até que Cristo seja formado em vós.” (Gl 4.19).
VERDADE APLICADA
Fazer discípulos não é uma tarefa qualquer, mas uma responsabilidade da vida espiritual.
OBJETIVOS DA LIÇÃO
JUSTIFICAR a obrigação de ser e fazer discípulos para Cristo;
MOSTRAR alguns aspectos básicos do discipulado na prática;
CONSCIENTIZAR de que ser cristão não discipulador é erro grave.
TEXTOS DE REFERÊNCIA
Mt 28.18 – E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: É me dado todo o poder no céu e na terra.
Mt 28.19 – Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;
Mt 28.20 – Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém.
Mc 16.15 – E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura.
Mc 16.16 – Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado.
INTRODUÇÃO
A missão da igreja é clara, fazer discípulos, isto é precedido pala ordem de ir, missões tem por finalidade pregar o evangelho e discipular conforme Mateus 28.19. Esta missão ainda no versículo 20 do mesmo capítulo, mostra que o discipulado vem pelo ensino das palavras de Jesus e não era restrita a Israel, mas a povos de todas as nações.
1. IR E FAZER DISCÍPULOS DE TODAS AS NAÇÕES
Enquanto viveu aqui nesta terra o Senhor Jesus deu um verdadeiro exemplo de discipulado, na sua infância ele se assentou com os sábios no templo, discursou de maneira sabia e encantadora. Jesus é mestre por sua natureza divina, e deixou um legado irrefutável, transformando 12 homens simples e sem expressão em suas épocas em homens cheios da dádiva de Deus e conhecimento, o processo de transformação pela palavra de Deus iniciada com os discípulos era o modelo para que o evangelho pudesse ultrapassar os portões de Jerusalém, e cumprir as palavras do Mestre. “E sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda Judeia e Samaria, e até aos confins da terra” (At 1.8).
1.1. O que significa se tornar um discípulo?
A palavra “discípulo” é traduzida do original hebraico “Talmid”, ou “Talmidim”. Na Galileia do tempo de Jesus, os meninos em Israel iniciavam seus estudos da Torah aos 6 anos de idade. Aos 10 anos já tinham a Torah decorada, o ensino era geralmente oferecido por um rabino nas sinagogas, a partir dos 10 anos de idade, quando encerravam os estudos na escola primária (Beit Sefer) apenas os melhores e mais destacados alunos eram selecionados para a escola secundária (Beit Talmud), os meninos que não prosseguiam os estudos eram ensinados na profissão da família. Os que haviam sido selecionados para dar seguimento aos seus estudos, aos 14 anos já sabiam de cor todas as Escrituras: além da Torah (a Lei de Moisés, composta pelos cinco primeiros livros da Bíblia, chamados de Pentateuco), também os livros históricos, de sabedoria e todos os profetas, com essa idade eram também iniciados na tradição oral, a sabedoria dos rabinos acumulada ao longo da história de Israel, e passavam a discutir as interpretações da Lei de Moisés, aos 14 e 15 anos, somente os melhores entre os melhores estavam estudando, geralmente aos pés de um rabino famoso e respeitado, esses pouquíssimos meninos da elite intelectual de Israel eram chamados talmidim (trad. Discípulos). Os rabinos daquela época se distinguiam na maneira de interpretar e ensinar como aplicar a Lei de Moisés, cada rabino possui seu conjunto de regras e interpretações. Por exemplo, discutiam o que poderia ou não ser feito para guardar o shabat, esse conjunto de regras e interpretações era chamado de “o jugo do rabino”. Hillel e Shamay, por exemplo, eram dois rabinos com escolas tradicionais em Jerusalém e viveram, sendo que Hillel era avó do grande rabino Gamaliel citado nas escrituras no tempo de Jesus. Cada um deles tinha seus talmidim, e muitos seguidores que se colocavam sob seu jugo, a relação entre um rabino e seus talmidim era intensa e pessoal, em Israel havia uma recomendação aos talmidim: “Cubra-se com a poeira dos pés do seu Rabi” isso significava que um talmid deveria observar tudo quanto seu rabino dizia, fazia e a maneira como vivia, pois, sua grande ambição não era meramente saber o que seu rabino sabia, mas principalmente se tornar semelhante ao seu rabino.
A relação rabino-talmid era intensa e pessoal, e enquanto o rabino ensinava sua interpretação da Lei e vivia como modelo aos olhos de seus talmidim, cada talmid fazia todo o possível para em tudo imitar seu rabino de tal maneira a que se tornasse igual a ele, o conceito de talmidim é um dos mais fundamentais do Novo Testamento.
Jesus, o Cristo de Deus, escolheu o sistema rabino/talmid para se relacionar com os seus seguidores, assim como os rabinos de sua época, Jesus também chamou seus talmidim, com duas diferenças: a) Jesus criticou os rabinos seus contemporâneos, afirmando que colocavam um jugo pesado demais sobre seus seguidores, e que eles mesmos não conseguiam suportar, eram rabinos do tipo “faça o que digo, mas não faça o que eu faço” Jesus, além de viver de modo absolutamente coerente com seu ensino, oferece descanso aos talmidim dos outros rabinos, que viviam cansados e sobrecarregados, e promete aos seus talmidim “um jugo suave e um fardo leve”; b) Os talmidim em Israel eram meninos extraordinários, uma elite intelectual e privilegiada, mas Jesus convida a todos, indistintamente, para que se tornam seus talmidim, pessoas comuns, como você e eu, podem seguir a Jesus e viver sob a promessa de que um dia se tornarão exatamente iguais a ele, Jesus ensinou aos seus discípulos em três anos de intensa convivência.
1.2. O discípulo deve se parecer com o Mestre
Nos pontos acima ficou claro que o propósito de vida de um discípulo é se tornar igual ao seu mestre, mas este processo só e possível se o discípulo for fiel aos ensinamentos de seu mestre e também atencioso ao seu modelo de vida, já que para ser um bom mestre o ensinamento deve iniciar em seu modelo de viver. Para nos assemelharmos com nosso mestre precisamos andar junto a Ele, Como todos nós sabemos (ou deveríamos saber), a santificação é um elemento absolutamente essencial na vida cristã. Essa é uma afirmação que aparece de modo latente ou patente, por toda a Escritura, e em poucos lugares ela é apresentada tão claramente quanto em Hebreus 12.14: “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor”. Isso significa que um crente é, por definição, um homem santificado. Ao mesmo tempo, porém, todo cristão verdadeiro sabe, por sua própria experiência, quão desafiador, lento e até doloroso é muitas vezes o processo de santificação. É uma realidade universal, no que concerne aos crentes genuínos, que nós estamos sempre prontos a reconhecer a importância da santidade, mas nem sempre encontramos em nossa alma a mesma disposição para praticar a santidade. Por causa da nova vida que temos, em Cristo Jesus, nós de fato desejamos andar como homens santos; todavia, por causa da carne que ainda milita em nosso ser, nós encontramos imensos obstáculos à medida que procuramos caminhar por modo digno do Senhor, para o Seu inteiro agrado. O crente é, por assim dizer, um “homem dividido”: no recôndito mais profundo do seu ser, naquilo que é mais essencialmente verdadeiro a seu respeito, o cristão ama e busca a santidade; contudo, em muitos aspectos de sua vida (eu arriscaria dizer em todos eles), ele ainda é obrigado a reconhecer a presença de “resquícios de pecado” que mancham o seu testemunho e o fazem corar de vergonha. A realidade desse “homem dividido” – que tem prazer na lei de Deus, mas fatalmente descobre que o mal ainda reside em seu ser – é aquilo que faz Paulo exclamar com profunda dor: “Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?” (Rm 7.24). Com efeito, o texto de Romanos 7.14-25 é uma das passagens mais agonizantes de toda a Escritura. Ali, o apóstolo Paulo, o maior exemplo de fé e vida que encontramos no Novo Testamento, expõe a si mesmo como um homem dividido, um homem que muitas vezes é obrigado a reconhecer em si mesmo a sua própria desconformidade em relação à Lei de Cristo. E, mesmo quando o apóstolo é capaz de erguer os seus olhos e gritar “Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor”, as suas últimas palavras no capítulo ainda são de contagiante lamento: “De maneira que eu, de mim mesmo, com a mente, sou escravo da lei de Deus, mas, segundo a carne, da lei do pecado” (v. 25). Entretanto, no capítulo 8, Paulo passa a discorrer a respeito do motivo de sua gratidão a Jesus Cristo, no que diz respeito à santificação. Aquela afirmação tímida do capítulo 7, “Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor” é aqui reiterada e expandida, de modo que o tom de lamento dá lugar a uma explosão de alegria, confiança, segurança e firmeza, em razão daquilo que Deus fez por nós, Seus filhos, em Cristo Jesus. Ao que nos parece, o ponto de Paulo pode ser resumido como segue: uma vez que a obra de Jesus Cristo em favor do Seu povo é plena e perfeita, ela nos assegura não apenas a nossa justificação, mas também a nossa santificação e tudo o mais que nos seja necessário nesta vida, de maneira que, quando finalmente estivermos diante do trono do julgamento, nada nos faltará, em virtude de tudo o que Cristo conquistou para nós, e seremos plenamente livrados da ira de Deus. Ou, como o apóstolo nos diz em outro lugar: “Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção” (1 Co 1.30), assim sendo é o próprio Jesus que nos garante que se estamos com Ele seremos assim iguais a Ele.
1.3. De discípulo a Discipulador
O chamado ao ide para igreja é genérico e não exclui ninguém, obviamente o texto bíblico nos declara que Deus concede dons diferentes a pessoas diferentes. “E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo” (Ef 4.11,12), todavia todo cristão pode se tornar um discipulador em seu modo de viver, muitas vezes vidas são alcançadas sem palavras, isto mostra que todo cristão de maneira indiscriminada pode e deve ser um exemplo, um discipulador de vidas para o reino de cristo.
2. O VALOR DO ENSINO NA VIDA DO DISCÍPULO
Todo cristão é um aluno continuo, Jesus provou isto durante todo o tempo que esteve entre os discípulos, os ensinou constantemente, e sempre foi claro quando o assunto necessitava de um pouco de atenção, às vezes o próprio mestre aguçava a curiosidade dos discípulos através de suas parábolas e perguntas, tal maneira de ajudar no crescimento e conhecimento de seus alunos mostrava que o ensino deve ser transmitido a todo tempo e de várias maneiras.
2.1. Jesus Cristo e o ensino
Embora a principal missão de Jesus aqui na terra tenha sido dar a vida pelos pecadores, Sua vida terrena não se limitou ao calvário, Ele dedicou também grande parte do Seu ministério, ao ensino da Palavra de Deus. Por esta razão, dentre os muitos títulos que Ele recebe nas Escrituras, tais como: Senhor, Salvador, Profeta, Sumo Sacerdote, etc., o título de Mestre eraLhe tão comum, uma das maiores declarações acerca de Cristo foi feita por Nicodemos. Ele disse a Jesus: “Rabi, bem sabemos que és Mestre, vindo de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele” (Jo 3.2). Das 90 vezes que alguém se dirigiu a Cristo nos Evangelhos, 60 vezes Ele é chamado de Mestre. Grande parte do ministério de nosso Senhor Jesus foi ocupada com o ensino (Mt 4.23; 9.35; Lc 20.1).
Jesus ensinava:
Foi reconhecido como Mestre em:
Nas sinagogas (Mt 9.35; 13.54; Mc 1.21);
Pelos coletores de impostos (Mt 17.24)
Em casas particulares (Mt 9)
Por um escriba que queria segui-lo(Mt 8.19)
No templo (Mt 21.23; Mc 11.17; 12.35)
Pelo jovem rico (Mt 19.16; Lc 18.18)
Nas aldeias (Mc 6.6; Lc 13.22)
Pelos discípulos (Mc 4.38; Mc 9.5; Lc 8.24)
Nas cidades (Mt 11.1);
Pelo cego de Jericó (Mc 10.51)
Às multidões (Mt 5.2; Mc 2.13; 4.1; 6.34)
Pelos discípulos de João (Jo 1.38)
Individualmente (Jo caps 3,4)
Por Maria Madalena (Jo 20.16)
2.2. Pós-modernidade, um desafio ao ensino bíblico
Estudiosos de nosso tempo têm o denominado de pós-modernidade. Esta nomenclatura revela que o momento histórico em que vivemos é um momento que segue o período moderno.
No entanto, a relação entre um momento histórico (modernidade) e outro (pós-modernidade) não é apenas temporal ou histórica, mas também conceitual e cultural. Em outras palavras, a pós-modernidade não é apenas um período que segue a modernidade em termos temporais, mas um período que segue a modernidade conceitual e culturalmente, rompendo, de certa forma, com aspectos do modo de pensar, viver e se organizar, próprio da modernidade. Uma das características mais marcantes da pós-modernidade é o rompimento com o que poderíamos chamar de universal ou geral, em prol do particular ou individual. Na modernidade se pensava na história humana de modo geral, em termos de uma história universal. Hoje em dia o que importa é a história individual, quando muito a de um grupo de pessoas, mas não se costuma falar mais em uma história da humanidade. Na modernidade se falava também em uma verdade universal e absoluta. Para nossos dias, no entanto, falar em uma verdade universal e absoluta é algo quase que inaceitável. Por fim, a modernidade podia falar de um modo de agir universal e norteado por valores absolutos, enquanto para a pós-modernidade este é um discurso ultrapassado. Isto não significa que a modernidade tenha sido necessariamente cristã, mas apenas que ela teve em comum com a visão de mundo cristã o fato de assumir o universal e absoluto.
A igreja, enquanto comunidade plantada e imersa em seu tempo histórico sofre as consequências deste relativismo. Uma das maiores evidências da influência do relativismo na igreja contemporânea é sua tendência ao ecumenismo. A defesa da aceitação indiscriminada de toda e qualquer crença revela o quanto o caráter exclusivista do evangelho soa mal aos ouvidos contemporâneos. Outra característica que tem se tornado cada vez mais comum no meio da igreja é o questionamento da necessidade e a ausência da disciplina eclesiástica. Esta prática revela que não apenas o relativismo quanto ao conhecimento tem adentrado a igreja, mas também o relativismo ético-moral. Vivemos tempos de desconsideração para com a verdade. Cada um parece defender e viver de acordo com o que pensa ser mais correto. No entanto, a Bíblia nos ensina que temos uma história comum, uma Revelação absoluta e princípios éticos normativos. E Deus estabeleceu sua igreja como coluna e baluarte da verdade. Isto significa que uma caraterística fundamental da igreja de Cristo é seu apego à verdade e sua proclamação.
2.3. O conteúdo do ensino
Desde os tempos da Igreja Primitiva até hoje são quase dois séculos de história da Igreja. Sempre que observamos e estudamos como eram os cultos dos primeiros cristãos, da Igreja Medieval, do período pós Reforma e contemporâneo, percebemos logo que em meio a tantas mudanças um elemento do culto continua tendo sua importância: a pregação. Claro, em todas essas eras a pregação não foi realizada como deveria e nem sempre teve sua importância tão enfatizada. Mas o que realmente é a pregação? Desde a Reforma Protestante em 1523, a pregação do Evangelho vem tendo um papel primordial dentro do culto cristão, pois com o resgate da salvação pela Graça, e não pelas obras, os reformadores entenderam que esse era o meio pelo qual Cristo salvaria o homem, por meio da proclamação da Sua Palavra. Tanto dentro da Linha tradicional, como na linha Pentecostal clássica a Pregação foi enfatizada e era - e ainda é - por meio dela que o homem tem sido chamado a Cristo. Mas hoje, no século 21, vemos uma perda da centralidade da Pregação no culto cristão.
Cultos que duram duas horas, os quais a pregação tem um pequeno espaço de 20-30 minutos, onde muitas das vezes por não estudar, o pregador acaba por dar ao povo uma sopa rala e infantil, algumas vezes distorcendo o Evangelho e não alimentando o rebanho de Cristo com alimento sólido e sadio. Assim, por não terem firmeza e conhecimento da Palavra, esses pregadores logo são levados à tona por ventos de doutrinas estranhas às Escrituras, a questão é que muitas das igrejas que tem um estudo e pregação fraca da Palavra são levadas pelo vento do Liberalismo teológico ou do Neopentecostalismo, com uma ênfase exagerada na prosperidade, tirando o foco de Cristo e colocando o homem no Altar do Criador, fazendo do homem um ególatra e Deus um mero espectador, fazendo da Palavra apenas mais um livro e negando ser ela a Palavra de Deus dada aos homens.
3. EXEMPLOS BÍBLICOS DE DISCIPULADOS
A Bíblia é a centralidade da vontade de Deus para o homem em todo seu modo de viver, ela nos ensina de todas as maneiras, inclusive com exemplos práticos.
3.1. O discipulado de Cornélio
Pedro acabara de resolver com ousadia aos desafios da doença e da morte, e agora, como responderá e resolverá os problemas da discriminação racial e religiosa? Em Atos 9.43, Lucas relata que após a cura de Enéias e a ressurreição de Tabita, Pedro ficou por um grande tempo na casa de um curtidor chamado Simão. Ser um curtidor significava trabalhar com animais mortos, transformando suas peles em couro. Para os judeus, essa pratica era imprópria para fé judia e todos que praticassem esse ofício seriam considerados cerimonialmente impuros. Mas Pedro não importa com isso, ele se hospeda na casa deste homem, Deus já estava começando a trabalhar no coração de Pedro, esse era o ponto de partida para o apóstolo entender que a fé em Cristo ultrapassa os muros religiosos e raciais.
Vejamos o chamado de Pedro para pregar aos gentios, precisamente a Cornélio. Jesus deu “as chaves do reino” para Pedro, e o mesmo as usou para abrir o reino de Deus para os judeus, depois aos samaritanos e agora as usará novamente para abrir o reino aos gentios, através da conversão e batismo de Cornélio o primeiro gentio a se converter ao cristianismo. Mas você me pergunta quem foi Cornélio? Cornélio era um centurião que estava servindo na cidade de Cesareia, nesta cidade ficava uma guarnição romana. Este homem era um centurião da coorte, chamada italiana. A coorte consistia em seis centúrias, dez coortes formavam uma legião, então ser um centurião significava ser líder de cem homens, ou seja, Cornélio tinha um cargo que corresponderia a um capitão. Cornélio também era um homem exemplar um bom pai de família, todos da sua casa eram piedosos, era generoso, ajudava os necessitados, era um homem de oração e temente a Deus.
Porém Cornélio não era judeu, talvez fosse um “quase judeu”, tinha aceitado o monoteísmo e os padrões éticos dos judeus, mas não era circuncidado, embora tivesse um bom testemunho de toda a nação judia, era um gentio, um estranho excluído da aliança de Deus. Entretanto, o propósito de Deus era abençoar todas as famílias da terra (Gn 12.1-4). Os salmistas e profetas predisseram isso: Salmo 22.27-28: “Lembrar-se-ão do Senhor e a ele se converterão os confins da terra; perante ele se prostrarão todas as famílias das nações. Pois do Senhor é o reino, é ele quem governa as nações”. Isaías 42.6: “Eu, o Senhor, te chamei em justiça, tomar-te-ei pela mão, e te guardarei, e te farei mediador da aliança com o povo e luz para os gentios”. Joel 2.28: “E acontecerá depois que derramarei o meu Espírito sobre toda a carne...” O grande problema foi que o povo de Israel distorceu a doutrina da eleição, transformando-a em doutrina do favoritismo, assim consideraram os gentios como “cães”, criaram um preconceito racial e religioso, ao ponto de um judeu não poder entrar na casa de um gentio e ter qualquer tipo de relacionamento com eles era proibido, nenhum judeu sentava para comer com um gentio, havia grande preconceito por parte dos judeus aos gentios e isso precisaria mudar.
3.2. A conversão de Paulo
Talvez este seja o homem mais conhecido como representante do cristianismo, além de ser de fundamental importância para a história da igreja. Saulo, seu nome aramaico na comunidade judaica em Jerusalém, e Paulo, a forma romana de seu nome, ecoam nos livros de teologia e também de filosofia. Ele também é o homem que mais escreveu sobre doutrina no Novo Testamento: treze cartas são de sua autoria. Paulo foi o primeiro teólogo da igreja e foi chamado por alguns de seu segundo fundador.
Era natural de Tarso, uma importante cidade da Cilícia, e era cidadão romano, título que herdou de seu pai ou de algum parente que prestou serviços ao império e como recompensa ganhou a cidadania. Sua educação preliminar foi doméstica tendo seu pai como tutor. Em Filipenses 3.5, Paulo nos mostra credenciais de quem mantém em dia sua ligação com a família: circuncidado no oitavo dia, israelita da tribo de Benjamim, hebreu nascido de hebreus. Com aproximadamente seis anos, Paulo foi à escola da sinagoga para ser educado na Torá e no hebraico. De acordo com Atos 22.3, foi educado em Jerusalém aos pés de Gamaliel. Este era um rabino moderado (At 5.34-39). Embora Paulo não o mencione em suas cartas, seu estilo reflete o método rabínico de pensar. Alguns acreditam que Atos 26.10 tem implícito que Paulo foi membro do Sinédrio. Fariseu e foi perseguidor fanático da igreja, antes de sua conversão.
3.3. O Discipulador Barnabé
O nome de Barnabé aparece em quatro livros da Bíblia, inclusive mais de 20 vezes no livro de Atos dos Apóstolos. Este homem teve uma influência positiva entre os cristãos primitivos, e serve como um excelente exemplo para qualquer pessoa que deseja servir a Deus e aos outros. Vamos considerar alguns fatos importantes da vida de Barnabé. Barnabé foi generoso. A primeira citação do nome deste homem diz que ele vendeu um campo e doou o dinheiro para ajudar os irmãos necessitados na igreja em Jerusalém (Atos 4.32-37). Este ato foi um exemplo da atitude demonstrada por muitos dos cristãos primitivos. Deram liberalmente para ajudar uns aos outros. Diferente do egoísmo e interesse próprio que domina a vida de muitas pessoas, Barnabé e outros discípulos no início da igreja mostraram o amor sacrificial que Jesus ensinou. Barnabé consolava os irmãos. Atos 4.36 relata um fato interessante. O nome original deste homem foi José, mas os apóstolos o chamaram de Barnabé, que significa “filho de exortação” ou “filho de consolação” (Atos 4.36). Que apelido bom! Obviamente, este homem não vivia atacando e caluniando os outros. Ele encorajava e confortava com suas palavras e suas atitudes. Barnabé deu oportunidades para pessoas quando os outros não confiavam nelas. Dois episódios ilustram este aspecto do trabalho de Barnabé.
Quando o terrível perseguidor Saulo (mais conhecido como Paulo) se converteu a Cristo, muitos cristãos duvidavam de sua sinceridade e temiam este homem perigoso. Mas Barnabé lhe deu seu voto de confiança e os apóstolos em Jerusalém aceitaram sua recomendação (Atos 9.26-30). Foi um passo importante na carreira deste novo apóstolo. Paulo, depois, pregou a muitas pessoas em diversas nações e escreveu 13 dos 27 livros do Novo Testamento! O segundo episódio foi depois de uma decepção que Paulo e Barnabé sofreram na sua primeira viagem missionária.
João Marcos acompanhou estes pregadores na primeira parte da viagem, mas desistiu quando chegaram a um trecho especialmente difícil. Paulo perdeu a confiança em João Marcos, mas Barnabé lhe deu uma segunda chance (Atos 15.37-39). Sem dúvida, esta paciência de Barnabé contribuiu ao crescimento de João Marcos, que mais tarde escreveu um dos relatos da vida de Jesus (o Evangelho segundo Marcos) e até se tornou útil para Paulo (2 Timóteo 4.11). Barnabé se dedicou à divulgação do evangelho. Quando a igreja em Jerusalém ouviu da conversão de muitas pessoas em Antioquia da Síria, mandaram Barnabé (Atos 11.22). Mais tarde, ele e Paulo foram enviados numa viagem para pregar, e começaram em Chipre, a ilha onde Barnabé havia nascido (Atos 13:1-4). Enquanto Paulo fez sua segunda viagem, levando Silas, Barnabé levou Marcos e foi reforçar o trabalho iniciado em Chipre (Atos 15.39-41).
CONCLUSÃO
Essencialmente, o discipulado funciona através de instrução e imitação. Porém, o discipulado funciona melhor através do amor. À medida que nós amorosamente instruímos crentes mais novos no caminho da piedade e vivemos de maneira recomendável, eles crescem em semelhança a Cristo por imitarem nossa vida e doutrina (1 Tm 4.16).
fonte www.mauricioberwaldoficial.blogspot.com
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PAZ DO SENHOR
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