Lições Bíblicas CPAD 3º Trimestre de 1998
Título: Escatologia — O estudo das últimas
coisas
Comentarista: Elienai Cabral
Lição
2: A
doutrina da morte
Data: 12 de Julho de 1998
TEXTO ÁUREO
“Pelo que, como
por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a
morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram” (Rm
5.12).
VERDADE PRÁTICA
A morte não é um fenômeno natural na vida humana. Ela é a
maldição divina contra o pecado e só Jesus foi capaz de cravar essa maldição no
lenho de Sua cruz no Calvário.
LEITURA DIÁRIA
Segunda -
Rm 5.12-15
A morte
procede do pecado
Terça - Gn
2.17; Hb 9.27; Gn 3.19
O aviso
divino sobre a morte
Quarta -
Sl 23.1-4
Em perigo
de morte
Quinta - 1
Co 15.54-57
Jesus
venceu a morte
Sexta - Gn
5.5,8,11,14,20,27,31
A história
do homem natural
Sábado - 2
Sm 14.14; 2 Pe 1.14-16
Antes que
venha a morte
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Salmos
39.4-7; 90.4-6,10,12.
Salmos 39
4 - Faze-me conhecer, SENHOR, o meu
fim, e a medida dos meus dias qual é, para que eu sinta quanto sou frágil.
5 - Eis que fizeste os meus dias como
a palmos; o tempo da minha vida é como nada diante de ti; na verdade, todo
homem, por mais firme que esteja, é totalmente vaidade.
6 - Na verdade, todo homem anda como
uma sombra; na verdade, em vão se inquietam; amontoam riquezas e não sabem quem
as levará.
7 - Agora, pois, Senhor, que espero
eu? A minha esperança está em ti.
Salmos 90
4 - Porque mil anos são aos teus olhos
como o dia de ontem que passou, e como vigília da noite.
5 - Tu os levas como corrente de água;
são como um sono; são como a erva que cresce de madrugada;
6 - de madrugada, cresce e floresce; à
tarde, corta-se e seca.
10 - A duração da nossa vida é de
setenta anos, e se alguns, pela sua robustez, chegam a oitenta anos, o melhor
deles é canseira e enfado, pois passa rapidamente, e nós voamos.
12 - Ensina-nos a contar os nossos
dias, de tal maneira que alcancemos coração sábio.
PONTO DE CONTATO
Estudaremos nesta semana um tema necessário para entendimento
dos eventos futuros, porém, não muito simpático à humanidade — a morte. Muitos
evitam falar sobre o assunto e até fogem para não recordar momentos tristes.
Por este motivo se faz necessário cuidado para lecionar este tema, evitando que
prevaleçam na aula conceitos errôneos, para que aprendam a verdadeira visão da
morte que os crentes devem possuir.
OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
·
Definir o que é morte.
·
Enumerar os sistemas filosóficos que tratam da morte.
·
Explicar o sentido literal e metafórico da palavra morte.
·
Justificar, com base bíblica, os três tipos de morte.
·
Compreender a visão bíblica sobre a morte.
SÍNTESE TEXTUAL
A doutrina da morte é estudada a partir do dilema existencial
humano considerando as correntes filosóficas, passando pela definição bíblica e
os tipos de morte segundo as Sagradas Escrituras. Esta lição objetiva mostrar
que a morte significa para o crente uma vitória, baseada na obra vicária de
Cristo no Calvário.
ORIENTAÇÃO DIDÁTICA
Desenvolva o tema com bastante cuidado, amor e determinação,
evitando dar oportunidade para seus alunos narrarem fatos ocorridos ou
desabafarem sentimentos negativos, o que prejudicaria o desenvolvimento da aula
e a desviaria dos objetivos propostos. Estes casos poderão ser tratados num
atendimento extra-classe. Trabalhe cada tópico da lição conduzindo a
participação dos alunos de maneira clara e objetiva, para evitar desvio do
assunto. Por exemplo: peça a seus alunos que conceituem, de acordo com a
Bíblia, a morte física, a espiritual e a eterna. Formule outras perguntas para
conduzir a lição, introduzindo, assim, cada tópico. Se puder anote os tópicos numa
folha de papel pardo ou similar, com letras grandes, para que a classe
acompanhe e entenda a delimitação de assuntos.
COMENTÁRIO
introdução
A morte é um assunto que evitamos falar e comentar. Entretanto,
o viver humano encontra em sua jornada a ameaça da morte. Nesta lição
estudaremos a questão da morte sob a perspectiva da Bíblia, pois nela, a
realidade da morte e o seu impacto na vida humana são tratados com clareza e
fé.
I. O DILEMA
EXISTENCIAL HUMANO
Toda criatura humana enfrenta esse dilema. Não foi sua escolha
vir ao mundo, mas não consegue fugir à realidade do fim de sua existência. O
dilema existencial resulta da realidade da morte que tem que ser enfrentada. Em
Eclesiastes, o pregador diz: “Todos vão para um lugar; todos são pó e todos ao
pó voltarão”, Ec 3.20,21. São palavras da Bíblia e não de nenhum materialista
contemporâneo. Quanto à realidade da vida e da morte, o homem é, dentro da
criação, o único que sabe que vai morrer. Analisemos alguns sistemas
filosóficos os quais discutem esse assunto.
1. Existencialismo. Seu
interesse é, essencialmente, com as questões inevitáveis de vida e morte.
Preocupa-se com a vida, mas reconhecem a presença da morte constante na
existência humana. Os seus filósofos vêem a morte como o fim de uma viagem ou
como um perpétuo acompanhante do ser humano desde o berço até a sepultura. Para
eles, a morte é um elemento natural da vida.
Ora, essas idéias são refutadas pela Bíblia Sagrada. A morte
nada tem de natural. É algo inatural, impróprio e hostil à natureza humana.
Deus não criou o ser humano para a morte, mas ela foi manifestada como juízo
divino contra o pecado (Rm 1.32). Foi introduzida no mundo como castigo
positivo de Deus contra o pecado (Gn 2.17; 3.19; Rm 5.12,17; Rm 6.23; 1 Co
15.21; Tg 1.15).
2. Materialismo. Não admite
as coisas espirituais. Do ponto de vista dos materialistas, tudo é matéria.
Entendem que a matéria é incriada e indestrutível substância da qual todas as
coisas se compõem e à qual todas se reduzem. Afirmam ainda que, a geração e a
corrupção das coisas obedecem a uma necessidade natural, não sobrenatural, nem
ao destino, mas às leis físicas. Portanto, o sentido espiritual da morte não é
aceita pelos materialistas.
O cristão verdadeiro não foge à realidade da morte, mas a
enfrenta com confiança no fato de que Cristo conquistou para Ele a vida após a
morte — a vida eterna (Jo 11.25).
3. Estoicismo. Os
estóicos seguem a idéia fatalista que ensina que a morte é algo natural e
devemos admiti-la sem temê-la, uma vez que o homem não consegue fugir do seu
destino.
4. Platonismo. O filósofo
grego Platão ensinava que a matéria é má e desprezível, só o espírito é que
importa. Porém, não é assim que a Bíblia ensina. O corpo do cristão, a despeito
de ser uma casa material, temporária e provisória, é templo do Espírito Santo
(1 Co 3.16,17). Somos ensinados a proteger o corpo para a manifestação do
Espírito de Deus.
II. DEFINIÇÃO
BÍBLICA PARA A MORTE
1. O sentido literal e metafórico da palavra morte.
a) Separação. No grego a
palavra morte é thanatos que quer dizer separação. A morte separa as
partes materiais e imateriais do ser humano. A matéria volta ao pó e a parte
imaterial separa-se e vai ao mundo dos mortos, o Sheol-Hades, onde jaz
no estado intermediário entre a morte e a ressurreição (Mt 10.28; Lc 12.4; Ec
12.7; Gn 2.7).
b) Saída ou partida. A morte física é como a saída de um lugar para
outro (Lc 9.31; 2 Pe 1.14-16).
c) Cessação. Cessa a
existência da vida animal, física (Mt 2.20).
d) Rompimento. Ela rompe
as relações naturais da vida material. Não há como relacionar-se com as pessoas
depois que morrem. A idéia de comunicação com pessoas que já morreram é uma
fraude diabólica.
e) Distinção. Ela
distingue o temporal do eterno na vida humana. Toda criatura humana não pode
fugir do seu destino eterno: salvação ou perdição (Mt 10.28).
2. O sentido bíblico e doutrinário da morte.
a) A morte como o salário do pecado (Rm 6.23). O pecado, no contexto desse versículo, é
representado pela figura de um cruel feitor de escravos que dá a morte como pagamento.
O salário requerido pelo pecado é merecidamente a morte. Como pagamento, a
morte não aniquila o pecador. A verdade que a Bíblia nos comunica é que a morte
não é a simples cessação da existência física, mas é uma conseqüência dolorosa
pela prática do pecado, seu pagamento, a sua justa retribuição. Quando morre, o
pecador está ceifando na forma de corrupção aquilo que plantou na forma de
pecado (Gl 6.7,8; 2 Co 5.10). Portanto, a morte física é o primeiro efeito
externo e visível da ação do pecado (Gn 2.17; 1 Co 15.21; Tg 1.15).
b) A morte é sinal e fruto do pecado. O homem vive inevitavelmente dentro da esfera
da morte e não pode fugir da condenação. Somente quem tem a Cristo e o aceitou
está fora dessa esfera. Só em Cristo o homem consegue salvar-se do poder da
morte eterna. Tiago mostra-nos uma relação entre o pecado e a morte, quando
diz: “Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria
concupiscência. Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado;
e o pecado, sendo consumado, gera a morte”, Tg 1.14,15. O pecado, portanto,
frutifica e gera a morte.
c) A morte foi vencida por Cristo no Calvário. A resposta única, clara, evidente e
independente de quaisquer idéias filosóficas a respeito da morte é a Palavra de
Deus revelada e pronunciada através de Cristo Jesus no Calvário (Hb 1.1).
Cristo é a última palavra e a única solução para o problema do pecado e a
crueldade da morte (Rm 5.17).
III. TIPOS
DISTINTOS DE MORTE
A Bíblia fala de três tipos distintos de mortes: física,
espiritual e eterna.
1. Morte física. O texto
que melhor elucida esta morte é 2 Sm 14.14, que diz: “Porque certamente
morreremos e seremos como águas derramadas na terra, que não se ajuntam mais”.
O que acontece com o corpo morto quando é sepultado? Depois de alguns dias,
terá se desfeito e esvaído como águas derramadas na terra. E isso que a morte
física acarreta literalmente.
2. Morte espiritual. Este tipo tem dois sentidos na perspectiva
bíblica: negativo e positivo. No sentido negativo, a morte pode ser
identificada pela expressão bíblica “morte no pecado”. E um estado de separação
da comunhão com Deus. Significa estar debaixo do pecado, sob o seu domínio (Ef
2.1,5). O seu efeito é presente e futuro. No presente, refere-se a uma condição
temporal de quem está separado da vida de Deus (Ef 4.18). No futuro, refere-se
ao estado de eterna separação de Deus, o que acontecerá no Juízo Final (Mt
25.46).
No sentido positivo é a morte espiritual experimentada pelo
crente em relação ao mundo. Isto é: a sua pena do pecado foi cancelada e, agora
vive livre do domínio do pecado (Rm 6.14). Quanto ao futuro, o cristão
autêntico terá a vida eterna. Ou seja: a redenção do corpo do pecado (Ap 21.27;
22.15).
3. Morte eterna. É chamada
a segunda morte, porque a primeira é física (Ap 2.11). Identificada como
punição do pecado (Rm 6.23). Também denominada castigo eterno. E a eterna
separação da presença de Deus — a impossibilidade de arrependimento e perdão
(Mt 25.46). Os ímpios, depois de julgados, receberão a punição da rejeição que
fizeram à graça de Deus e, serão lançados no Geena (Lago de Fogo) (Ap 20.14,15; Mt 5.22,29,30;
23.14,15,33). Restringe-se apenas aos ímpios (At 24.15). Esse tipo de morte tem
sido alvo de falsas teorias que rejeitam o ensino real da Bíblia.
CONCLUSÃO
A morte é a prova máxima da fé cristã, que produz nos crentes
uma consciência de vitória (1 Pe 4.12,13). Os sofrimentos e aflições dessa vida
são temporais, e aperfeiçoam nossa esperança para enfrentar a morte física, que
se constitui num trampolim para a vida eterna. Ela se torna a porta que se abre
para o céu de glória. Quando um cristão morre, ele descansa, dorme (2 Ts 1.7).
Ao invés de derrota, a morte significa vitória, ganho (Fp 1.21). A Bíblia
consola o cristão acerca dos mortos em Cristo quando declara que a morte do
crente “é agradável aos olhos do Senhor”, Sl 116.15. Diz também, que morrer em
Cristo é estar “presente com o Senhor”, 2 Co 5.8.
VOCABULÁRIO
Patente: Claro, evidente, manifesto.
Probatório: Que serve de prova.
Probatório: Que serve de prova.
EXERCÍCIOS
1. Quais são os sistemas filosóficos que tratam
sobre a morte?
R. Existencialismo, materialismo,
estoicismo e platonismo.
2. Quais os sentidos literais e figurados que
representam a morte?
R. Separação, saída ou partida,
rompimento e distinção.
3. Qual o sentido doutrinário da morte?
R. A morte física é o primeiro efeito
externo e visível da ação do pecado.
4. Explicar a morte espiritual, negativa e
positivamente.
R. Negativa: é a separação da comunhão
com Deus. Positiva: é a morte experimentada pelo crente em relação ao mundo.
5. Que é a morte eterna?
R. E a segunda morte, castigo eterno,
para os ímpios.
AUXÍLIOS SUPLEMENTARES
Subsídio
Teológico
Podemos apresentar quatro razões bíblicas para a morte:
1. Necrológica. A palavra nekros (no grego) quer dizer “morto” e refere-se
àquilo que não tem vida, seja um cadáver ou matéria inanimada. Essa palavra tem
na sua raiz nek o sentido de “calamidade”, “infortúnio”, e
passou a fazer parte do vocabulário médico para indicar o estado de morte de
uma pessoa, ou então, para significar o processo de morte dalguma parte do
corpo, devido a alguma doença. Do ponto de vista da Bíblia, necrológico indica
a parte física do homem, seu corpo (soma). A Carta aos Hebreus fala
da separação que a morte faz entre o corpo e a parte espiritual do homem,
quando diz: “E como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo, depois
disso o juízo” (Hb 9.27). Esse texto indica que há algo que sobrevive no homem
após a morte, ou seja, após a necrose do seu corpo.
2. Antropológica. Vem de antropos (no grego) que quer dizer “homem”, para fazer
diferença com os animais irracionais. E o homem criado por Deus com a
capacidade de pensar, sentir e realizar (Gn 1.26,27; 2.7). Na antropologia
bíblica o corpo humano é visto como uma dádiva de Deus ao homem e, por isso, o
corpo tem a sua própria dignidade. Do ponto de vista bíblico é dignificado pela
sua razão de ser, como instrumento de serviço e glorificação do Criador. Por
isso, é o templo do Espírito de Deus (1 Co 3.16; 6.19). Portanto, a razão
antropológica nesse sentido refere-se ao que o homem é, o que pensa acerca da
morte, como ele a enfrenta e o que sobrevive dele depois da morte.
3. Pneumatológica. Essa é a parte espiritual do homem. A palavra pneuma refere-se ao espírito. Em primeiro lugar,
valorizamos o corpo físico e a sua dignidade na existência humana; em segundo,
tratamos do homem como ser racional; em terceiro lugar, preocupamo-nos em
revelar o milagre da transformação do corpo físico do crente em corpo
espiritual. Nossos corpos materiais e mortais serão ressuscitados em “soma
pneumatikon”, isto é, “corpo espiritual” (1 Co 15.54). A nossa esperança é
que Cristo ressuscitou primeiro e definitivamente e, assim. Ele é o
“primogênito dentre os mortos” (Cl 1.18; Ap 1.5). Ele ganhou a vitória final
sobre a morte, o túmulo e o Diabo (At 2.24).
4. Escatológica. Nesse ponto reside a preocupação com a
esperança. Qual é a esperança cristã? E a ressurreição de nossos corpos na
vinda do Senhor, a transformação dos mesmos se estivermos vivos no
arrebatamento da Igreja. (Ver 1 Co 15.54.)
Subsídio
Doutrinário
As falsas teorias que rejeitam o ensino real da Bíblia sobre a
morte eterna para os ímpios:
A teoria universalista ensina que Deus é bom demais para excluir
alguém. Jesus morreu por todos, por isso, todos serão salvos. A teoria
restauracionista ensina que Deus, ao final de todas as coisas, restaurará todas
as coisas e todos, enfim, serão salvos. A teoria do purgatório ensina que,
quando uma pessoa morre neste mundo, tem a oportunidade de recuperação num
período probatório. Nesse período, a culpa dos pecados cometidos poderá ser
aliviada enquanto aquele pecador paga por seus pecados, tendo, ainda, a ajuda
das orações pelos mortos da parte dos amigos e parentes. Outra teoria é a da
aniquilação. Seus adeptos tomam por base 2 Ts 1.8,9. Destacam a expressão
“eterna perdição” e a traduzem por eterna extinção. A palavra “extinguir” no
lugar de “aniquilar” dá uma idéia que contraria a doutrina do castigo eterno
como ensinada na Bíblia. De fato, o sentido real da expressão é de banimento da
presença de Deus, e não de extinção, como a folha de papel se extingue no fogo.
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