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terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Visitação e Renovação Divina




                Visitação Divina – Renovação da Esperança


                       Por: Richard Owen Roberts




O texto a seguir foi adaptado de uma mensagem ministrada na Conferência “Heart-Cry for Revival” (Clamor do Coração por Avivamento) em abril de 2006, na Carolina do Norte, EUA. É a quinta e última numa série de mensagens sobre o assunto de visitações divinas.

Temos tratado nesta série do assunto das visitações divinas. Vimos no cântico profético de Zacarias, pai de João Batista, como as visitações de Deus são a grande esperança de o homem livrar-se da opressão dos inimigos e ver o cumprimento de todas as grandes promessas divinas, feitas no passado aos pais na fé. Depois examinamos a mensagem de João Batista sobre o arrependimento e os frutos dignos desse arrependimento, a fim de entendermos melhor como preparar o caminho para as visitações de Deus. Falamos no terceiro artigo sobre os ciclos de visitações para mostrar que, apesar do cenário desanimador em que vivemos, ainda é possível que Deus volte a visitar seu povo antes do juízo final, assim como tem feito tantas vezes no passado quando tudo parecia perdido. Finalmente, vimos o perigo de se fazer parte do povo de Deus e estar presente durante uma dessas épocas singulares – e mesmo assim perder (ou não reconhecer) a visitação divina.
Nesta última mensagem da série, quero falar sobre uma segunda chance que Deus deu à geração que crucificou Jesus e perdeu a visitação divina que ele trouxe. Veremos assim a renovação da esperança.

Uma Segunda Chance Para Quem?

Em Atos 3, logo depois do dia de Pentecostes, lemos a respeito da cura espetacular de um homem paralítico, um homem bem conhecido que ficava todos os dias pedindo esmolas à porta do templo. No seu discurso à multidão que se aglomerou depois da cura, Pedro afirmou que era Jesus, a quem tinham crucificado, que fizera o milagre (v. 15). Apesar do que fizeram, Pedro disse ao povo, havia uma saída: arrepender-se para os pecados serem cancelados e “tempos de refrigério” virem da presença do Senhor.
Existe um problema com essa passagem. Em certo sentido, parece contradizer o que Jesus dissera em Mateus 23.32 a respeito daqueles que iriam crucificá-lo: “Enchei vós, pois, a medida de vossos pais”. Mostramos no artigo anterior como essa medida se refere a um limite de pecado que Deus atribui a cada entidade; quando uma pessoa, organização ou nação ultrapassa tal limite, a ira de Deus passa a pesar sobre ela, sem proteção (veja também 1 Ts 2.14-16). Se Jesus pronunciou uma sentença de juízo irreversível sobre essas pessoas, como é que Pedro podia não apenas oferecer um raio de esperança, mas uma incrível oportunidade de arrependimento e restauração à presença do Senhor?
Para entender esse assunto um pouco melhor, veja este texto em Judas: “Tenham compaixão daqueles que duvidam; a outros, salvem, arrebatando-os do fogo; a outros ainda, mostrem misericórdia com temor, odiando até a roupa contaminada pela carne” (vv. 22,23 – NVI).
Judas está mostrando que há três categorias de pecadores que precisam ser resgatados: os que duvidam, os contaminados e os contaminadores. Não podemos usar a mesma estratégia de resgate com todas as três.
A primeira categoria é daqueles que duvidam. São pessoas que podem até levar uma vida moral melhor que muitos crentes, pois procuram viver de modo aceitável tanto à sociedade quanto a Deus. Entretanto não têm convicções pessoais a respeito de Jesus Cristo, de sua morte e ressurreição. Não possuem esperança de vida eterna. Sua moralidade não é uma expressão de amor ao Salvador, e não conhecem a libertação sobrenatural do pecado. Simplesmente foram treinados a viver com elevados padrões de comportamento.
Na segunda categoria estão as pessoas que foram contaminadas com pecados grosseiros. Quando eu era jovem, dificilmente encontravam-se pessoas assim na sociedade. Você não via pessoas que assumiam a homossexualidade ou que viviam abertamente em promiscuidade e outras práticas imorais. Hoje, muitos que antes seriam classificados como meros duvidadores estão com as vidas seriamente contaminadas. Precisam ser “arrebatados do fogo”.
Mesmo assim, há uma grande diferença entre os contaminados (segunda categoria) e os contaminadores (terceira categoria). Esses últimos são aqueles que estão “enchendo a medida” de pecado dos pais, que estão ultrapassando o limite estabelecido por Deus e que correm sério risco de estar sob a justa ira de Deus.
Lembramos que Jesus, dirigindo-se aos líderes religiosos em Mateus 23, afirmou: “Eis que a vossa casa vos ficará deserta” (v.38). Em Lucas 19.41, ele chorou por causa do juízo iminente sobre a cidade de Jerusalém. Havia uma sentença já determinada, a ira de Deus seria derramada. Contudo, em Atos 3, o apóstolo Pedro oferece especificamente àqueles que participaram da crucificação de Jesus a oportunidade de se arrependerem e experimentarem tempos de refrigério.
A explicação é que Pedro estava falando com pessoas da segunda categoria, pessoas que foram contaminadas pelos líderes religiosos (os contaminadores), os quais estavam determinadas a destruir Jesus e que foram responsáveis por induzir a multidão a participar daquele terrível ato de clamar a Pilatos: “Não solte Jesus; queremos a libertação de um assassino. Crucifique-o! Crucifique-o! Crucifique-o!”
Quem já viu alguma coisa a respeito da psicologia das multidões (mob psychology) sabe como é fácil induzir as pessoas, quando estão no meio de um grupo maior, a ações das quais teriam horror se soubessem a respeito delas com antecedência e que lhes causariam profunda vergonha posteriormente. Que maravilhoso o fato de que até para os que ajudaram a crucificar Jesus foi dada uma segunda chance de se arrependerem, se voltarem e desfrutarem tempos de refrigério!
O milagre em Atos 3 foi um acontecimento muito singular. Além do tipo de milagre (cura de um paralítico que nunca andara em sua vida), a pessoa curada era muito conhecida na cidade. Sua posição era talvez a mais privilegiada de todos os mendigos: ao lado da porta principal do templo. Todos que entravam no templo o viam. Ao ser curado, começou a saltar, pular e louvar a Deus em voz alta. Imediatamente, chamou a atenção de todos que estavam no templo, e o assunto certamente passou a dominar, por dias a fio, as conversas nos lares e nas rodinhas por toda a cidade.
Albert Barnes, autor de vários comentários bíblicos, escreveu uma pequena obra sobre avivamentos, por volta de 1840, na qual afirmou que regiões metropolitanas são movidas por acontecimentos colossais, de grande monta, tais como eventos esportivos, sensacionalistas, políticos ou de cultura popular. Geralmente, quando há um acontecimento desse tipo, por onde quer que você vá, em qualquer nível de sociedade, não se fala em outra coisa.
De acordo com Barnes, os métodos evangelísticos normais utilizados pela Igreja praticamente nem afetam as cidades. Só um mover colossal do Espírito de Deus em avivamento poderá causar um efeito de sacudir uma cidade inteira e fazer com que a atenção de todos se volte à ação de Deus e às coisas eternas. Enquanto tentamos cativar a atenção das massas através de anúncios, truques ou estratégias especiais, o poder de Jesus num verdadeiro avivamento pode alcançar resultados imensamente maiores.
Em tempos de visitação divina, parece que ninguém fica ignorante do fato de que Deus está se movendo, operando e mexendo com tudo. Precisamos admitir: nossas cidades não serão alcançadas por meios naturais.
Foi o milagre em Atos 3 que ajuntou a multidão e deu a Pedro a oportunidade de falar.

O Sermão de Pedro

Em primeiro lugar, Pedro respondeu a pergunta: Quem fez isso? “Por que vos maravilhais disto, ou por que fitais os olhos em nós como se pelo nosso próprio poder ou piedade o tivéssemos feito andar?” Tirando a atenção de si e do seu companheiro João, Pedro aponta para o Deus de Abraão, Isaque e Jacó, e para o seu servo Jesus, como origem do milagre.
Em seguida, Pedro trata da questão: Por que Deus operou o milagre? Foi para glorificar seu servo Jesus, mas especialmente para que aqueles que ali estavam soubessem que o Pai estava glorificando aquele que os judeus entregaram à morte. Aqui Pedro não deixa sua mensagem ambígua ou suavizada: “… a quem vós traístes e negastes perante Pilatos, quando este havia decidido soltá-lo. Vós, porém, negastes o Santo e o Justo, e pedistes que vos concedessem um homicida. Dessarte matastes o Autor da vida, a quem Deus ressuscitou…” (At 3.13-15, ênfase nossa).
Quero aproveitar aqui para observar que conheço poucas pessoas que realmente sabem o que é pregar. A grande maioria das pessoas que se consideram pregadores são professores. Pregar é mover os ouvintes; ensinar é informar. O problema é que temos encharcado o povo com verdades que não conseguem viver – e nem querem! Quantos ministros e pregadores nunca foram usados para mover ninguém! É a pregação com o poder do Espírito Santo que move os ouvintes da posição em que estão para o lugar em que deveriam estar. 
Pedro, sim, era um pregador. Quando ele terminava de falar, as pessoas se sentiam comovidas, desafiadas a tomar uma posição. Uma maneira muito simples de analisar nossas pregações é nos perguntar: O que as pessoas dizem quando termino minha pregação? “Que palavra interessante!”; “Nunca havia pensado dessa forma antes!”; “Que percepção maravilhosa!”
Ou saem do auditório com lágrimas no rosto, exclamando: “Preciso me arrepender! Não posso continuar rejeitando ou ignorando Jesus assim!” Elas clamam: “Ajude-me”? Ou foram meramente informadas?
Aquelas pessoas em Atos 3 não perderam o impacto da pregação de Pedro. Sentiram profundamente sua responsabilidade na crucificação de Jesus. Compreenderam, também, que Cristo foi ressuscitado em favor delas.
O terceiro ponto no sermão de Pedro foi este: Como vocês podem saber que estou falando a verdade? “Porque nós somos testemunhas”, ele afirmou. E ainda explicou como o milagre aconteceu: “Pela fé em o nome de Jesus, esse mesmo nome fortaleceu a este homem que agora vedes e reconheceis; sim, a fé que vem por meio de Jesus deu a este saúde perfeita na presença de todos vós” (v. 16).
Em seguida, ele os confronta com a questão de sua ignorância: “… eu sei que o fizestes por ignorância, como também as vossas autoridades” (v. 17). E ainda acrescenta uma explicação extremamente importante. Embora não soubessem quem era Jesus, os líderes achavam que estavam eliminando um problema, acabando com um sujeito que estava ficando intolerável, incomodando todas as estruturas e o sistema religioso. No entanto, tudo que fizeram foi cumprir o propósito de Deus. Se tivessem entendido as Escrituras, saberiam que era a vontade de Deus que o Messias sofresse.
Pensavam que estavam resolvendo um problema, mas depois de eliminar uma pessoa, logo surgiram 3.000 convertidos e, poucos dias depois, 5.000 e logo, dezenas de milhares. Você não ganha a parada contra Deus. Se Deus havia determinado que o Filho unigênito teria de sofrer, era só isso que os homens conseguiriam fazer. Ninguém jamais conseguirá ir além do que Deus intentou. Pedro estava ajudando os seus ouvintes a entenderem que eles simplesmente serviram como peões no plano de Deus. Todos nós também teremos de enfrentar essa verdade.

Arrepender-se, Voltar-se, Obedecer

Chegamos, agora, à preciosa mensagem do arrependimento nos versículos 19 e 22: “Arrependam-se, pois, e voltem-se para Deus, para que os seus pecados sejam cancelados… Pois disse Moisés: O Senhor Deus lhes levantará dentre seus irmãos um profeta como eu; ouçam-no em tudo o que ele lhes disser” (NVI).
Arrepender-se, voltar-se, obedecer. E a parte mais bela de tudo isso é que o arrependimento é um dom de Deus, o voltar-se vem pela capacitação de Deus e até a obediência nos foi adquirida pelo Senhor Jesus Cristo. Talvez você se sinta derrotado na sua determinação de servir a Jesus. Quero, porém, lhe afirmar: aquele que morreu e foi sepultado é o mesmo que ressuscitou!
O problema com a maioria de nós é que acreditamos que Jesus nos justificou, mas continuamos nos esforçando para santificar a nós mesmos. É uma tarefa extremamente frustrante. Não posso imaginar nada mais exaustivo do que se esforçar para ser bonzinho. Muitos chegam a ter êxito aparente por um tempo, mas depois, cansados do grande empenho, acabam tirando um dia de “folga” – e perdem todo o efeito do que conquistaram!
Caro amigo, nosso justificador é também o nosso santificador (veja 1 Co 1.30). Fomos eleitos, escolhidos em Cristo para sermos santos (Ef 1.4). Quem nos escolheu para isso? Aquele que nunca perdeu uma batalha, que nunca falhou naquilo que determinou e que sempre triunfa. Cristo é nossa santificação. Como fomos justificados? Pela fé. Como somos santificados? Pela fé. Como seremos glorificados? (Na verdade, a única coisa que precisamos fazer agora para chegar à glorificação é morrer!) Jesus nos justificou, nos santificou e preparou integralmente o caminho real para chegar à glória.
Não é lindo observar que Pedro está anunciando a essas pessoas que crucificaram Jesus que se elas se arrependessem e cressem, teriam tempos de refrigério, visitações divinas da presença do Senhor? É uma coisa acreditar que Cristo salva os pecadores que duvidam da verdade, outra pensar naqueles que foram contaminados pelo pecado – e outra ainda pensar nas pessoas que se contaminaram ao ponto de participar da crucificação do Senhor Jesus. É isto, de fato, o que está acontecendo nessa passagem: aqueles que crucificaram Jesus receberam a oportunidade para se arrependerem e crerem naquele que ajudaram a matar.
Pedro ainda deu três razões urgentes para eles se arrependerem. Primeiro, para que seus pecados fossem “cancelados” ou “apagados”. Segundo, para que viessem “tempos de refrigério da presença do Senhor”. E, terceiro, para que Deus enviasse “o Cristo, que já vos foi designado, Jesus”. Há, também, uma advertência nessa passagem que devemos ouvir: “Quem não ouvir esse profeta, será eliminado do meio do seu povo” (At 3.23, NVI).
Pedro estava retomando a mesma linha que Jesus usou quando advertiu os fariseus e líderes religiosos sobre o perigo de perderem o dia da sua visitação. Deus, em sua insondável misericórdia, havia oferecido aos crucificadores de Jesus uma segunda chance. Entretanto ele não oferece tais chances para sempre, e todos nós precisamos enfrentar o fato de que, se não dermos ouvidos, seremos totalmente destruídos.
Finalmente, nos versículos 25 e 26, Pedro oferece grande encorajamento. “Vós sois os filhos dos profetas e da aliança que Deus estabeleceu com vossos pais, dizendo a Abraão: Na tua descendência serão abençoadas todas as nações da terra. Tendo Deus ressuscitado ao seu Servo, enviou-o primeiramente a vós outros…” Como é maravilhoso reconhecer que muitas promessas ricas e abrangentes nas Escrituras ainda não foram totalmente cumpridas! Quando nos arrependemos, nos voltamos e obedecemos, os tempos de refrigério e de visitação divina virão com o objetivo de levar toda a Palavra de Deus a se cumprir.
Estou convencido de que ainda virá um outro Grande Despertamento mundial. Há muitas promessas que não podem ser ignoradas e que dependem disso para o seu cumprimento final. Deus ainda agirá em grande poder para despertar multidões. Que maravilhoso seria se esta obra começasse no seu coração e no meu, pois, se realmente nos arrependermos, nos voltarmos e obedecermos a ele, poderemos fazer parte do cumprimento do plano eterno de Deus de tocar e afetar a todas as nações da Terra.

Evidências do Poder de Deus

Temos nesse texto nove tremendas evidências do poder de Deus:
O poder de Deus em levantar Jesus dos mortos. Que tremendo poder foi esse – mencionado três vezes no sermão (vv. 13, 15 e 26).
O poder de Deus em transformar Pedro. O homem que negara a Jesus estava se comunicando poderosamente com os que crucificaram a Jesus (impossível dizer qual dos dois erros era pior). Depois da pregação, a multidão ficou impactada. Afinal, depois de tudo que tinham feito para levar à morte o Filho de Deus que foi ressuscitado dos mortos, eles sabiam que podiam esperar o pior. Contudo, era justamente esse pescador atrapalhado, que cometera erros tão graves, que os chamava ao arrependimento no poder de Deus, com o próprio poder e influência do Cristo ressurreto a quem chegou a negar.
O poder de Deus para capacitar Pedro e João a oferecer graça aos que crucificaram Jesus. Poucos dias antes, o amigo mais querido deles havia sido preso e morto injustamente, com a participação e aprovação dessa mesma multidão. Você consegue se imaginar diante dessas pessoas que crucificaram Jesus, oferecendo amor, graça e perdão, da forma como Pedro e João o fizeram? Só um poder incrível poderia ter tirado todo sinal de amargura dos seus corações. Ofereceram livremente aos crucificadores condenados, com compaixão e graça, a mesma salvação e perdão que eles próprios receberam da parte de Deus.
O poder de Deus no milagre da cura do paralítico. Um homem que nunca andou em toda sua vida foi curado instantaneamente, passando a pular e saltar diante de todos, sendo claramente reconhecido como aquele que vivia pedindo esmolas à porta do templo.
O poder de Deus em pregação confrontante. Precisa haver muito mais desse tipo de pregação hoje. Nossas pregações são muito graciosas, muito tímidas, no geral. Os pregadores precisam arrepender-se dessa omissão. Há pessoas que precisam ser confrontadas nas congregações. Devemos nos comprometer a pregar a Palavra de Deus de forma tão direta, tão urgente e tão poderosa como Deus concedeu que Pedro pregasse em Atos 3.
O poder de Deus para capacitar pecadores a se arrependerem e a se voltarem para o Senhor. Arrependimento é um dom, assim como é a fé. Antes de pregar, peça a Deus para visitar o povo com arrependimento e fé. Precisamos clamar ao Senhor para liberar, em abundância, esses dons maravilhosos.
O poder de Deus para capacitá-los a obedecer. Essas pessoas que foram tomadas na terrível teia dos contaminadores e que se uniram a eles em cruéis clamores para crucificar Jesus agora foram capacitadas a não somente se arrependerem e crerem mas, também, a obedecerem. O poder de Deus está sempre disponível para nos capacitar a obedecer tudo que o Senhor nos pediu para fazer. Não se esforce na tentativa de ser bom. Creia que a santificação já é sua e aproprie-se da obra consumada de Cristo. Considere-se morto, de fato, para o pecado e vivo para Deus. Quando Satanás vier tentá-lo, diga-lhe: “Por que você não vai tentar quem não foi eleito para a santificação? Eu fui escolhido para ser santo!”
O poder de Deus para destruir aqueles que não querem dar ouvidos. Não só há poder incalculável para trazer arrependimento, fé e obediência, mas também para destruir totalmente aqueles que não querem ouvir. Todas as nossas pregações deveriam ser saturadas com o doloroso conhecimento do preço a ser pago por quem não quer dar ouvidos a Jesus. Só existem duas opções: ou você terá de pagar sua própria dívida pelo pecado contra Deus ou essa dívida será paga em nosso favor por Jesus. Não existe outra alternativa. Ou você paga ou Jesus paga. Só que Jesus já pagou tudo na cruz. Ele disse: “Está consumado”. Essas palavras nunca serão pronunciadas por quem está no inferno pagando a própria dívida. Se você quiser pagar a própria dívida, terá de pagar durante toda a eternidade e, mesmo assim, nunca poderá dizer que está paga. Que horrível é saber que multidões que rejeitaram o Salvador serão condenadas a pagar sua dívida, porém nunca conseguirão.
O poder de Deus para guardar sua Palavra e cumprir todas as suas promessas. Nenhuma palavra de Deus, nem sequer uma, será quebrada. O poder de Deus garantirá o triunfo de cada uma delas.
Termino chamando atenção, mais uma vez, para esta linda expressão: “tempos de refrigério da presença do Senhor”. Vivemos em uma época muito seca. Há multidões na Igreja que estão sedentas. Pouquíssimos têm encontrado verdadeira satisfação de alma. Que maravilhoso pensar que podemos participar, mesmo em pequena escala, dessa incrível bênção de trazer vida em abundância! Somos privilegiados quando somos capacitados pelo Senhor a nos arrependermos, a nos voltarmos totalmente a Deus e a sermos canais através de quem uma imensa onda de refrigério poderá chegar a este mundo.
Richard Owen Roberts é autor, conferencista e estudioso de longa data de avivamentos espirituais.



                                  Persistência na Oração

                             Andrew Murray

“Eu lhes digo: Embora ele não se levante para dar-lhe o pão por ser seu amigo, por causa da importunação [persistência] se levantará e lhe dará tudo o que precisar” (Lc 11.8).
“Então Jesus contou aos seus discípulos uma parábola, para mostrar-lhes que deviam orar sempre e nunca desanimar. [...] Ouçam o que diz o juiz injusto. Acaso Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele dia e noite? Continuará fazendo-os esperar? Eu lhes digo: Ele lhes fará justiça, e depressa” (Lc 18.1,6-8).
Nosso Senhor considerou de tamanha importância que soubéssemos da necessidade de perseverança e importunação na oração que contou duas parábolas para esse fim. Isso é prova suficiente de que temos nesse aspecto da oração, ao mesmo tempo, sua maior dificuldade e seu maior potencial. Jesus queria que entendêssemos que nem tudo na oração seria fácil e tranqüilo; devemos esperar dificuldades que só podem ser superadas através de perseverança persistente e determinada.
Nas parábolas o Senhor mostra as dificuldades como se existissem do lado das pessoas a quem se faziam as petições; a importunação, portanto, era necessária para vencer a relutância delas em ouvir. Entretanto, nas nossas orações a Deus, a dificuldade não está do lado dele e, sim, do nosso. Na primeira parábola Jesus nos afirma que o Pai está mais disposto a dar boas coisas àqueles que lhe pedem do que qualquer pai terreno em dar pão para seu filho (Lc 11.11-13).
Na segunda parábola, Jesus nos assegura que Deus anseia por fazer justiça prontamente aos seus escolhidos. Portanto a necessidade de oração urgente não pode ser porque Deus precisa ser convencido ou tornar-se mais disposto a abençoar. A necessidade encontra-se inteiramente em nós mesmos. Porém, como não era possível achar um pai amoroso ou um amigo disposto que pudesse servir para ensinar a lição indispensável de importunação, Jesus recorreu à ilustração de um amigo indisposto e de um juiz injusto para nutrir em nós a fé de que a perseverança pode vencer qualquer obstáculo.

A Raiz da Dificuldade em Nós

A dificuldade não está no amor ou no poder de Deus, mas em nós mesmos e na nossa própria incapacidade de receber a bênção. Ao mesmo tempo, como existe essa dificuldade com nossa falta de preparo espiritual, há uma dificuldade do lado de Deus também. Sua sabedoria, sua justiça e seu amor não ousam nos dar aquilo que nos faria mal, caso o recebêssemos de forma muito rápida ou muito fácil. O pecado, ou a conseqüência do pecado, que impede Deus de nos dar as coisas imediatamente é, ao mesmo tempo, uma dificuldade do lado de Deus e do nosso também. A necessidade de romper a barreira e o poder do pecado em nós mesmos ou naqueles por quem oramos é o que transforma a oração numa luta e peleja tão intensa e real.
Em todas as épocas, os homens têm orado sentindo a existência de barreiras reais no mundo espiritual que precisavam ser vencidas. Suplicavam a Deus para que removesse os obstáculos desconhecidos. Através de tais súplicas persistentes, eram conduzidos a um estado de pleno quebrantamento e impotência, de total entrega a Deus, de união com a sua vontade e de fé viva que movia o seu coração. As barreiras em suas vidas e nos lugares celestiais eram vencidas ao mesmo tempo. À medida que Deus os conquistava, eles conquistavam Deus. À medida que Deus prevalece sobre nós, nós prevalecemos com Deus.
Se pudéssemos vir a entender que essa aparente dificuldade é uma necessidade divina e, na própria essência das coisas, uma fonte de bênção incalculável, teríamos muito mais disposição e alegria de coração para nos dedicarmos à persistência na oração. A dificuldade que o chamado à importunação coloca no nosso caminho é um dos nossos maiores privilégios.
Na vida natural, as dificuldades chamam para fora e desenvolvem as potencialidades humanas como nenhum outro processo ou fator consegue. A educação, por exemplo, nada mais é do que o desenvolvimento diário da mente, disciplinando-a através do desafio de novas dificuldades apresentadas ao aluno, que ele precisa superar. No instante em que uma lição ficou fácil para ele, é necessário que avance para uma que seja mais elevada, com maior grau de dificuldade. É quando encontramos obstáculos e os superamos que nossas realizações mais valiosas são produzidas.
Na comunicação com Deus, não é diferente. Se o filho de Deus só precisa ajoelhar-se, fazer um pedido e levantar-se com a resposta na mão, que prejuízo incalculável resultaria à vida espiritual! A dificuldade e a demora que requerem oração persistente é que são responsáveis pela verdadeira riqueza e bem-aventurança da vida celestial. É ali que descobrimos quão pouco prazer temos na comunhão com Deus e a pobreza da nossa fé nele. Percebemos como nosso coração ainda está preso à terra, insensível espiritualmente, quase destituído do Espírito Santo de Deus.
Somos confrontados com nossa própria fraqueza e indignidade e aprendemos a permitir que o Espírito de Deus ore através de nós. Começamos a tomar o nosso lugar em Cristo Jesus e a permanecer nele, como nossa única súplica ao Pai. É lá que nossa vontade própria, nossa força e nossa bondade são crucificadas. Lá também somos ressuscitados em Cristo para novidade de vida, toda nossa vontade dependendo de Deus e focada em sua glória. Louvemos a Deus, portanto, pelas dificuldades e pela necessidade de oração importunadora como um dos meios preferidos de Deus para nos conduzir à graça.
Pense por um pouco no que o próprio Senhor Jesus recebeu através das dificuldades que encontrou no seu caminho. No Getsêmani, parecia que o Pai não o queria ouvir; ele, então, orou com mais intensidade, até que foi ouvido (Hb 5.7). No caminho vivo que abriu para nós, ele aprendeu a obediência através das coisas que sofreu e, dessa forma, foi aperfeiçoado (Hb 5.8,9). Sua vontade foi entregue a Deus, sua fé em Deus, provada e fortalecida, o príncipe deste mundo, com todas suas tentações, vencido.
É este o novo e vivo caminho que ele consagrou para nós. É na oração persistente que andamos com Jesus e tornamo-nos participantes do seu próprio espírito. Oração é um dos meios para sermos crucificados, sendo participantes da cruz de Cristo, entregando nossa carne à morte. Ó cristãos, não nos envergonhamos da nossa relutância em sacrificar a carne, a vontade e o mundo, para nos dedicarmos à oração persistente? Não devemos aprender a lição que tanto a natureza quanto Jesus querem nos ensinar? A dificuldade da oração importunadora é o mais alto privilégio que podemos ter. As dificuldades a serem superadas nela são responsáveis pelas mais ricas bênçãos.

Extraído de “The Ministry of Intercession” (O Ministério da Intercessão), de Andrew Murray.(jornal o arauto da sua vinda

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