Crise na Vida de Oração
da Igreja
por K. P. Yohannan
Jamais esquecerei uma das minhas primeiras reuniões de
oração na América. Eu estava nos Estados Unidos somente por algumas semanas e
estava ansioso por encontrar alguns dos líderes e gigantes espirituais. Um
pouco antes de deixar a Índia, eu havia ouvido a respeito de um homem em
particular, alguém que se destacara por sua defesa intransigente das Escrituras
e da sã doutrina.
Foi assim que, naquele primeiro domingo, apressei-me
para chegar à igreja dele – uma das mais famosas na cidade. Mais de 3 mil
pessoas estavam presentes no culto matutino para ouvir os belos corais e a
excelente pregação da Palavra.
Fiquei especialmente antenado quando o pastor da
igreja anunciou que haveria uma ênfase especial na reunião de oração do meio da
semana. Algumas coisas lhe pesavam muito no coração, disse ele. Peguei o nome
do local e decidi-me a estar lá.
Em outras partes do mundo, em lugares onde os cristãos
são frequentemente perseguidos e atacados por causa de sua fé, as reuniões de
oração são a peça central das atividades da igreja. Todos participam. A oração
e o louvor muitas vezes prolongam-se até tarde da noite. É a casa de força da
sua fé, e muitos crentes levantam-se antes do nascer do sol para estar
diariamente em reuniões de oração.
A oração é, provavelmente, o melhor termômetro que
existe para medir o nosso crescimento em Cristo. Está por trás de tudo o que é
realmente espiritual, tanto na vida da igreja quanto na vida pessoal.
Na noite da reunião, cheguei cedo, com receio de não
conseguir um bom lugar – ou até de ficar sem lugar! Imediatamente percebi que
havia espaço para somente uns 500 adoradores, mas que não havia nem cânticos
nem palmas. O salão estava completamente vazio. Caminhei até a frente e escolhi
um lugar para me sentar e esperar.
Lá pelas 7h15, comecei a ficar realmente preocupado.
“Acho que vim para o local errado”, imaginei. Até fui para o lado de fora para
checar o nome acima da porta de entrada – para ter certeza de que estava no
lugar certo.
Finalmente, às 7h30, chegaram algumas pessoas naquele
enorme salão vazio. Não havia líder, cânticos ou louvor. As pessoas se sentaram
e começaram a conversar sobre tempo e esportes.
Depois de cerca de quarenta e cinco minutos, um homem
de mais idade chegou para dirigir a reunião de oração. O pastor nem veio.
Contei sete pessoas. O homem idoso leu um trecho das Escrituras, fez alguns
comentários devocionais e dirigiu uma breve oração.
Quando os outros se levantaram para ir embora, fiquei
sentado, totalmente atônito. Então era só isto?
Eles não iam permanecer mais tempo e esperar em Deus?
Onde estava a adoração? As lágrimas? As súplicas por orientação e direção? Onde
estava a lista dos doentes, dos pobres, dos necessitados? E aquele fardo que o
pastor disse que pesava no coração? Não íamos interceder por um milagre?
E quanto às missões? Essa igreja sustentava missões em
todos os continentes. Eles não iam passar de mão em mão as cartas dos
missionários com pedidos de oração e orar juntos por aqueles que estavam no
campo enfrentando os ataques de Satanás na linha de frente?
Muitas pessoas organizam a igreja e a própria vida
como se fossem sua carreira ou seus negócios seculares. Com ou sem a bênção e a
presença de Deus, a religião segue em frente como uma máquina bem lubrificada.
Essas igrejas, às dezenas de milhares, têm o que
chamam de “reuniões de oração do meio da semana”. Mas até mesmo chamá-las de
reuniões de oração é uma vergonha. O que acontece, na verdade, não tem nada a
ver com oração! As pessoas se reúnem. Alguém se levanta para dirigir um
cântico. Então uma pessoa faz uma oração – uma oração curta! Outra pessoa lê
uma lista de avisos. É claro que o pregador ministra uma breve homilia. Em
certos casos, pode até haver duas ou três orações, mas a maioria sai da reunião
sem ter-se envolvido em verdadeira oração. Como é que podemos chamar isso de
reunião de oração?
Nada revela mais clara e rapidamente a bancarrota da
Cristandade moderna do que a atual crise de oração. Já atingiu proporções de
emergência.
Obrigado, eu mesmo posso cuidar disso!
Muitas vezes tenho me perguntado: “Por que é que nós,
os crentes ocidentais, não oramos mais?” e: “Por que as igrejas não dão mais
atenção à oração?”.
Afinal de contas, já que a oração é o ato supremo de
intimidade com Deus, não deveria ser a atividade central de toda a nossa vida?
Não é por falta de ensino sobre a oração. Nunca tivemos tantos livros e
seminários sobre oração como hoje.
A triste verdade, quer a admitamos quer não, é que não
oramos porque, lá no fundo, não achamos que realmente precisamos de Deus. Não
sabemos como orar porque a verdadeira oração só pode originar-se de uma vida
totalmente esvaziada de autossuficiência.
A igreja que vemos hoje é, de fato, a igreja de
Laodiceia descrita em Apocalipse 3.14-22. Não há descrição mais exata da nossa
condição espiritual em qualquer outra parte da Bíblia. Jesus falou dessa
igreja: “Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem dera fosses
frio ou quente! Assim, porque és morno, e nem és quente nem frio, estou a ponto
de vomitar-te da minha boca; pois dizes: Estou rico e abastado, e não preciso
de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e
nu” (vv.15-17).
A falta de oração põe em evidência a nossa
autossuficiência. Esta mentalidade do “eu-posso-cuidar-disto-sozinho” é o
câncer espiritual do nosso tempo. É a raiz da nossa incapacidade, tanto na vida
pessoal quanto na igreja. Por ainda não termos compreendido a essência da
oração, somos incapazes de perceber a arrogância e a terrível rebelião da nossa
situação atual.
Dependemos de tantas outras coisas hoje em dia –
edifícios, máquinas, dinheiro, programas e tecnologia. Gastamos milhares de
horas com consultores em estudos e planejamentos. Entretanto, parece não haver
tempo para orar.
Claramente, perdemos contato com o Deus vivo e eterno.
Em vez disso, servimos às máquinas e aos programas e sistemas que nós mesmos
levantamos. Contudo, essas coisas são ídolos, deuses que nós criamos e agora
controlamos com nossa própria ingenuidade. A mensagem da Bíblia sobre idolatria
é bem clara. Ou abandonamos esses ídolos e voltamos a confiar em Deus, ou o
próprio Senhor intervirá para destruir as obras da nossa carne. É muito
perigoso andar por esta senda de orgulho – tanto na vida pessoal quanto na
igreja.
Esperando Poder do Alto
Como nosso estilo de vida hoje é diferente das
instruções que Cristo deu para seus primeiros discípulos! Depois de três anos e
meio de constante exemplo e ensinamento, qual foi a única lição que ele queria
que guardassem? “Sem mim nada podeis fazer!” Por isso ele lhes disse que
ficassem em Jerusalém e esperassem até que fossem revestidos com o poder do
alto, antes que saíssem para cumprir a Grande Comissão. Ele queria que
reconhecessem que, se dependessem de si mesmos, estariam fadados ao desastre
(veja João 15.5; Atos 1.4-8.)
A menos que cheguemos a essa posição de total incapacidade,
jamais compreenderemos a oração. É por isso que Paulo diz: “Pois quando sou
fraco, então é que sou forte” (2 Co 12.10). A oração nada mais é do que a
declaração da nossa dependência de Deus. E a resposta a cada oração nada mais é
do que isto: Deus conosco, com todo seu poder e autoridade, compensando nossas
limitações humanas.
Cada um de nós, na própria jornada diária, é conduzido
por provações e tribulações. Estas servem para testar nossa fé e estimular-nos
para uma vida de mais oração e maior dependência de Deus.
Na esfera da obra missionária, temos inúmeras
oportunidades para confiar em Deus. Mas até nesse campo, onde se imaginaria que
todos procurassem depender em tudo de Deus, é raro encontrar líderes que
dirijam suas atividades e decisões por verdadeira confiança no Senhor.
Separamos tempo para estudar antropologia, sociologia,
teologia, marketing e mídia, mas não temos tempo para orar. É comum os lideres
gastarem dois ou três dias inteiros fazendo planejamento e traçando
estratégias. Contudo, você raramente encontra esses mesmos homens e mulheres de
joelhos para passar uma noite sequer de oração. Por que não buscamos uma
revelação do plano de Deus? Por que não clamamos para que o Deus invisível siga
adiante de nós na batalha?
Não é essa uma clara indicação de que os líderes e as
organizações estão tentando alcançar o mundo perdido sem encarar, de fato, a
realidade espiritual? Como podemos vencer forças espirituais invisíveis,
derrubar fortalezas do mal e abrir portas fechadas se não formos um povo de
oração? O exército de Deus sempre avança de joelhos.
Extraído de The Road to Reality (O Caminho para a
Realidade) por K. P. Yohannan © 2004. Usado com permissão de Gospel For Ásia
(Evangelho para a Ásia).
Vigilância
É preciso viver em espírito de constante vigilância.
Vigie o seu coração. Vigie-o com toda diligência (Pv 4.23). Vigie seus lábios,
tome cuidado com sua língua e previna-se contra um espírito leviano e frívolo,
que já levou multidões à derrota e ruína espiritual.
Seja diligente para separar períodos de oração e
comunhão mais intensa com Deus. Esteja atento para identificar oportunidades de
fazer e receber o bem. Vigie para não ser enredado pelas fascinações do mundo,
por tudo que é sensual e que tende a embotar os sentidos do coração e adormecer
o espírito.
Vigie contra tentações e resista-lhes prontamente –
com toda firmeza na fé. “Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário,
anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar” (1 Pe
5.8).
Por: Dave Butts
Não é somente o conteúdo de um ensinamento ou uma
citação que é importante. Muitas vezes, é quem disse que faz toda a diferença.
Posso ler uma frase e apreciá-la até descobrir que foi escrita por alguém que
possui pontos de vista ou um estilo de vida que considero detestáveis. Isso
muda dramaticamente minha visão do conteúdo.
O mesmo princípio é verdadeiro num caso positivo. Por
exemplo, se leio uma frase e logo depois fico sabendo que foi escrita por
alguém que admiro, sua importância para mim assume imediatamente um valor
maior. Isso acontece de modo acentuado quando o autor é Jesus.
Em muitas edições da Bíblia, a importância das
palavras de Jesus é ressaltada por serem impressas em vermelho. Se as palavras
foram pronunciadas por Jesus, isso para mim aumenta o peso e a importância de
uma passagem. Como meu encargo específico é ensinar sobre oração, procuro ler e
estudar bastante sobre o assunto. De todos os livros e materiais que estudo,
nenhum é tão importante quanto os ensinos de Jesus. Veja, por exemplo, o ensino
fundamental sobre oração que o Senhor deu durante o Sermão do Monte.
“E, quando orardes, não sereis como os hipócritas;
porque gostam de orar em pé nas sinagogas e nos cantos das praças, para serem
vistos dos homens. Em verdade vos digo que eles já receberam a recompensa. Tu,
porém, quando orares, entra no teu quarto e, fechada a porta, orarás a teu Pai,
que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará. E, orando,
não useis de vãs repetições, como os gentios; porque presumem que pelo seu
muito falar serão ouvidos. Não vos assemelheis, pois, a eles; porque Deus, o
vosso Pai, sabe o de que tendes necessidade, antes que lho peçais. Portanto,
vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome;
venha o teu reino; faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu; o pão
nosso de cada dia dá-nos hoje; e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós
temos perdoado aos nossos devedores; e não nos deixes cair em tentação; mas
livra-nos do mal” (Mt 6.5-13).
Jesus conhece mais a respeito de oração do que
qualquer pessoa que já viveu, porque é o único que esteve em ambos os lados da
intercessão. Ele não somente orou ao Pai enquanto aqui na Terra, mas continua a
interceder em nosso favor até agora (leia Rm 8.34 e Hb 7.25). Jesus ora, mas
também é para ele que milhões de pessoas oram. Por isso, é um ponto essencial
na nossa vida de oração compreender que ele é autoridade sobre o assunto oração
na passagem acima.
A passagem de Mateus 6, que faz parte do Sermão do
Monte, é dedicada àquilo que eu chamo de ensino corretivo. Jesus estava
corrigindo o ensino falso e o exemplo errado dos líderes religiosos da época
entre os judeus – os fariseus. Em três áreas da vida espiritual, os fariseus
erravam porque concentravam em coisas exteriores e não no relacionamento com
Deus. No orar, no jejuar e no dar, o problema era sempre o mesmo: faziam atos
religiosos exteriores para conseguirem alta estima dos outros. A solução também
era igual nos três casos: coloque toda sua atenção em Deus e honre-o com suas
orações, jejuns e ofertas.
Algumas pessoas têm interpretado mal esse ensino de
Jesus por não perceberem que o objetivo dele era corrigir um problema. Usam o
texto de forma indevida para ensinar contra orar em público ou fazer longas
orações. Um rápida análise da vida de oração de Jesus mostra que não era isso
que ele queria dizer. Jesus orava em público frequentemente e nunca teria feito
coisa alguma para contradizer seu próprio ensinamento. Também, em algumas
ocasiões, passou a noite inteira em oração. Com certeza, isso não se
enquadraria com um ensino contra todo tipo de oração mais prolongada. Nesse
caso, também, ele estava corrigindo um problema com orações que eram simplesmente
para impressionar os homens e não para se comunicar com o Deus vivo.
É nesse contexto que aparece a oração que é conhecida
como Pai Nosso, mas que seria mais adequadamente chamada de Oração Modelo. Ao
invés de considerar essa oração extraordinária como fórmula litúrgica para ser
repetida durante os séculos, a melhor maneira de compreendê-la seria ver nela
uma diretriz com os tópicos que deveriam ser nosso assunto de oração. Depois de
expor o estilo egocêntrico de oração praticado pelos fariseus, Jesus estava
mostrando como orar corretamente.
Para orar do jeito certo, de acordo com Jesus, é
preciso começar focalizando a atenção em Deus: “Pai nosso, que estás nos céus,
santificado [santo] seja o teu nome”. Toda oração verdadeira começa com Deus. Quando
começamos com as próprias necessidades, a oração logo fica voltada para nós
mesmos e, geralmente, fora dos eixos naquilo que está sendo solicitado. Quando
a natureza de Deus e seu caráter constituem o nosso foco, a oração passa a ser
mais sobre a vontade dele do que sobre a nossa. À medida que começamos a
contemplar a grandeza de Deus e a sua santidade, fica mais claro que a oração
não tem tanto a ver com o obter algo de Deus quanto com ele cumprir seus
propósitos por meio das nossas petições.
O foco prioritário em Deus continua na frase que vem
logo a seguir: “Venha o teu reino; faça-se a tua vontade, assim na terra como
no céu”. Jesus nos deu uma sequência muito clara para a oração. Concentre
primeiro em quem Deus é e, em seguida, no seu Reino. Orar para a vinda do Reino
é a chave para ter orações respondidas, mesmo que sejam a favor de necessidades
próprias. Jesus nos disse que devemos buscar em primeiro lugar o Reino de Deus
e, então, as demais coisas nos seriam acrescentadas (Mt 6.33). O seu Reino deve
ser a prioridade.
Nesse grande ensino corretivo sobre oração, Jesus
insiste no ponto central. Oração não é descobrir como conseguir de Deus o que
queremos. Nem é uma forma de impressionar os outros com nossa espiritualidade.
Oração tem a ver com Deus, sua natureza e seus propósitos e como interagem com
a humanidade.
Só depois de adorar o Deus santo que está nos ouvindo
e de orar para que seja feita a vontade dele é que Jesus abre a porta para
apresentarmos a Deus as nossas necessidades. Provisão diária, perdão e proteção
espiritual são as áreas que Jesus quer que apresentemos ao Pai. Questões do
espírito, da alma e do corpo podem e devem ser levadas a Deus em oração. Mas
até mesmo esses pedidos são feitos no contexto de a vontade de Deus ser
realizada em nossa vida.
É um modelo bem simples de oração, mas é o oposto do
que a maioria das pessoas pratica. Ao invés de fazer uma lista de necessidades
para levar a Deus, Jesus quer que comecemos com Deus. À medida que adoramos e
nos aproximamos dele, as questões relacionadas com seu Reino e sua vontade
tomam a dianteira. Depois de falarmos sobre as grandes questões que são mais
próximas ao coração de Deus, podemos voltar-nos para os assuntos pessoais que
devem ser apresentados a ele. Orar como Jesus nos ensinou captará a atenção do
Pai e fará com que seu poder seja direcionado às questões diárias e pessoais.
Orando como o Apóstolo Paulo
Adaptado de uma apresentação feita na Conferência de
Oração do Meio-Oeste do Harvest Prayer Ministries, em outubro de 2007 na
Maryland Community Church em Terre Haute, Indiana (EUA).
O apóstolo Paulo oferece um quadro interessante sobre
a oração em 2 Coríntios 1.8-11. Referindo-se a todas as dificuldades que havia
passado, juntamente com a equipe, numa das viagens missionárias, ele diz:
“Porque não queremos, irmãos, que ignoreis a natureza da tribulação que nos
sobreveio na Ásia, porquanto foi acima das nossas forças, a ponto de
desesperarmos até da própria vida. Contudo, já em nós mesmos, tivemos a
sentença de morte, para que não confiemos em nós, e sim no Deus que ressuscita
os mortos; o qual nos livrou e livrará de tão grande morte…”
A equipe estava sentindo que a morte poderia
alcançá-los a qualquer momento. Porém, Paulo continua: “… em quem temos
esperado que ainda continuará a livrar-nos, ajudando-nos também vós, com as
vossas orações a nosso favor, para que, por muitos, sejam dadas graças a nosso
respeito, pelo benefício que nos foi concedido por meio de muitos”.
Paulo não estava falando sobre uma oração casual, nem
simplesmente afirmando que durante sua viagem missionária recebera conforto por
saber que algumas pessoas estavam em casa orando. Não! Ele acreditava que uma
batalha estava sendo travada no mundo celestial que exigia um modo diferente de
orar, oração como aquela mencionada em Mateus 11.12: “Desde os dias de João
Batista até agora, o reino dos céus é tomado por esforço, e os que se esforçam
se apoderam dele”. Como eles “se apoderam” do reino, sobrepujando as portas do
inferno? Por meio da oração. Paulo acreditava que, durante aquela viagem, havia
pessoas em Corinto que esforçavam-se para entrar na batalha de oração, e que a
oração delas causara um profundo e visível impacto sobre o que estava
acontecendo com a equipe na linha de frente!
Encorajando as pessoas a se unirem com ele em oração,
Paulo escreveu em Romanos 15.30: “Rogo-vos, pois, irmãos, por nosso Senhor
Jesus Cristo e também pelo amor do Espírito, que luteis juntamente comigo nas
orações a Deus a meu favor”.
Paulo usa outra imagem em Colossenses 4.12. Falando a
respeito de um amigo, Epafras, que os colossenses conheciam, ele disse:
“Saúda-vos Epafras, que é dentre vós, servo de Cristo Jesus, o qual se esforça
sobremaneira, continuamente, por vós nas orações, para que vos conserveis
perfeitos e plenamente convictos em toda a vontade de Deus”. Se quiséssemos que
pessoas orassem por nós, será que usaríamos a terminologia de Paulo: “… que
luteis juntamente comigo nas orações”, ”… se esforça sobremaneira … por vós nas
orações” (ou “batalhando na oração” em outra tradução). Batalhar ou esforçar-se
não é algo passivo, tranquilo. As orações do apóstolo Paulo eram bem diferentes
daquilo que vemos, em geral, nas reuniões de oração hoje.
A maioria dos crentes faz orações usando o que chamo
de “pequenas solicitações”. São pedidos em favor das necessidades cotidianas de
soluções ou “consertinhos” na nossa vida. Essas necessidades surgem porque,
embora a vida esteja razoavelmente boa, algo sempre acontece para
desequilibrá-la, e queremos orar para eliminar aquele empecilho e voltar à
normalidade.
Na qualidade de crentes ocidentais, temos uma
tendência de achar que temos direitos, que a vida deveria ser boa para o
cristão. A maioria da nossa atividade na oração, como igreja e como indivíduos,
tem o objetivo de buscar esse tipo de solução para os problemas da vida.
“Livra-nos disto”, “muda a situação para que fulano seja liberto daquela dor ou
daquela doença”, “supra a necessidade financeira”. São orações horizontais e
não orações voltadas para o alto.
Geralmente, oramos nessas situações por causa de uma
espécie de respeito ou obrigação para com a pessoa necessitada. Como queremos
demonstrar amor por ela, oramos exatamente conforme o pedido. Oramos em favor
do óbvio – não pensando no que Deus possa querer fazer por meio da situação.
Não há nada de errado com esse tipo de pedido nem com
o fato de orar em favor das pessoas em problemas. É uma maneira de demonstrar
amor pelo Corpo de Cristo. Contudo, raramente oramos a respeito das coisas mais
importantes do Reino. Precisamos concentrar uma parcela maior do nosso tempo de
oração em coisas mais amplas, em assuntos mais pertinentes ao Reino.
Oração em favor do Reino
Como podemos mudar nossas orações para serem mais
focadas no Reino? O que é orar em favor do Reino? Acho que existem dois
aspectos importantes:
Orar pelo Reino significa orar em favor de algo que
tenha valor e importância permanentes no Reino de Deus. Podemos orar pela
salvação de alguém, por exemplo. Podemos orar para que um país se abra para o
Evangelho.
Também podemos orar em favor do Reino em situações de
“pequenas solicitações”. Estamos orando em favor do Reino quando sabemos que
estamos orando de acordo com a vontade de Deus naquela situação. Em Romanos
8.26-27, vemos a tarefa do Espírito Santo na oração. Lemos ali que quando não
sabemos como orar, “o mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira, com
gemidos inexprimíveis. E aquele que sonda os corações sabe qual é a mente do
Espírito, porque segundo a vontade de Deus é que ele intercede pelos santos”.
Às vezes, fico tão focado naquilo que quero ver Deus realizar que perco de
vista o que ele já está fazendo. Por meio da intercessão, o Espírito Santo me
ajuda a orar de acordo com a vontade de Deus.
Orações modelo de Paulo
A fim de nos ajudar a focalizar mais as coisas do
Reino, vamos dar uma olhada em algumas das orações de Paulo. Elas podem servir
de modelo para nós. Paulo tinha muitas pessoas necessitadas debaixo de sua
liderança. Ele havia começado igrejas por toda a Ásia Menor, e muita gente
estava sofrendo perseguições e tribulações. Apesar disso, nas vinte e uma
passagens bíblicas em que Paulo pede a Deus para fazer alguma coisa, não há
nenhuma, dentre todas as suas orações, em que ele orou por uma necessidade
específica de uma pessoa em particular.
Eu ficaria surpreso se descobrisse que Paulo nunca
orou por necessidades pessoais, porém o fato é que não vemos nenhum exemplo
disso na Escritura. Na época em que Paulo viveu, teria sido muito difícil ficar
atualizado com necessidades específicas das pessoas porque a comunicação era
bem mais difícil do que hoje. Levaria um mês ou mais para receber uma notícia
de uma igreja distante ou para saber o que estava acontecendo na vida de
alguém.
A conclusão que posso tirar das orações de Paulo
registradas na Bíblia não é que não devo orar por necessidades específicas ou
pessoais. No entanto, se Paulo dedicou a maior parte do seu tempo orando em
outra direção, talvez eu deva seguir seu exemplo e fazer o mesmo.
Em 2 Coríntios 12, Paulo até que orou de forma
específica em favor de si mesmo. Ele orou para que o “espinho” na carne fosse
removido. Não sabemos o que era, mas Paulo sentia que era um obstáculo ao seu
ministério, impedindo-o de ser plenamente eficaz. Por isso, ele diz nessa
passagem que pediu a Deus para removê-lo.
E o que Deus lhe respondeu? “A minha graça te basta”
(v. 9). Paulo entendeu com isso que Deus seria mais glorificado se o espinho
permanecesse em sua vida e ele buscasse no Senhor a capacidade sobrenatural de
superá-lo e continuar ministrando apesar da dificuldade. Por isso, ele parou de
orar nesse sentido.
Muitos cristãos hoje observam o “Dia Internacional de
Oração pela Igreja Perseguida”. Normalmente, oramos para que os irmãos
perseguidos sejam livres das tribulações, assim como Paulo orou inicialmente,
pedindo para retirar seu “espinho”. Não sou a favor da perseguição aos
cristãos, mas sei que, na história, sempre que a Igreja foi perseguida, ela
prosperou.
Na igreja da Aliança Cristã e Missionária, na qual fui
criado, o maior campo missionário que a denominação tinha na década de 1970
ficava no Vietnã. Havia de 70 a 80 mil cristãos e centenas de igrejas em todo o
país. Porém, em 1975, quando o Vietnã foi tomado pelos comunistas, os
missionários estrangeiros foram obrigados a sair, pastores foram perseguidos e
muitos ficaram anos na prisão.
Recentemente, depois da abertura política, cristãos
ocidentais estão entrando no país e avaliando a situação das igrejas. Por 30
anos ficaram sem ajuda dos missionários ou apoio algum de fora. Apesar disso, a
igreja no Vietnã hoje tem mais ou menos um milhão de crentes em Jesus. Por que
tamanho crescimento? Tem algo a ver com a perseguição.
Muitas vezes, queremos orar para que as pessoas se
livrem dos problemas quando Deus quer usar exatamente essas coisas para
levá-las a ter uma mente mais voltada para o Reino, para atraí-las às coisas do
Reino. Era para isso que Paulo orava.
Em favor de que Paulo orava?
Em Romanos 15.5,6, Paulo orou assim: “Ora, o Deus da
paciência e da consolação vos conceda o mesmo sentir de uns para com os outros,
segundo Cristo Jesus, para que concordemente e a uma voz glorifiqueis ao Deus e
Pai de nosso Senhor Jesus Cristo”. Um pouco adiante, em Romanos 15.13, ele
orou: “E o Deus da esperança vos encha de todo o gozo e paz no vosso crer, para
que sejais ricos de esperança no poder do Espírito Santo”.
A igreja em Roma estava começando a experimentar
perseguição, e os crentes de lá estavam tentando sobreviver numa cidade hostil
ao Evangelho. Mesmo assim, Paulo não orou em favor de segurança ou proteção
para eles. Hoje, esses seriam os primeiros itens na nossa lista de pedidos.
Pensaríamos nisso antes de qualquer outra coisa. Entretanto, Paulo orou em
favor de unidade, na primeira oração, e em favor de gozo e paz na segunda. Por
quê?
Nas duas orações aparecem as palavras “para que”.
Dezenove orações de Paulo têm essa mesma expressão. Paulo estava orando em
favor de algo “para que” outra coisa pudesse acontecer. Quando orou em favor de
unidade, na primeira oração, seu objetivo final era que Deus fosse glorificado.
Jesus também orou pela unidade dos discípulos em João 17: “a fim de que todos
sejam um, Pai; [...] para que o mundo creia que tu me enviaste” (v. 21). Jesus
também disse em João 12.32: “E eu, quando for levantado da terra, atrairei
todos a mim mesmo”.
Paulo sabia que quando as pessoas de fora vissem a
unidade da Igreja, seriam atraídas a Jesus Cristo em grande número. Por isso,
ao invés de pedir o óbvio (proteção e segurança), ele orou com olhos do Reino:
“Dá-lhes unidade para que o mundo seja atraído ao Evangelho”. Quando a Igreja
está unida, algo acontece nas regiões celestiais, e pessoas são tocadas e
atraídas ao Senhor.
Atualmente, há muitos pastores de igrejas e
comunidades no estado de Indiana (EUA) que estão orando juntos. Em uma dessas
comunidades, há pouco mais de cinco anos, eles começaram a fazer “Concertos de
Oração” (campanhas específicas de oração em favor da Igreja), a cada dois ou
três meses. Os pastores oravam juntos toda semana. Combinaram para um grupo de
intercessores de várias igrejas se reunir em uma terça-feira por mês para orar
pela comunidade. Havia muita unidade.
Depois de algum tempo, o prefeito da cidade notou o
que estava acontecendo. Embora não fosse crente, foi ao grupo de pastores e
disse: “Pelo que entendi, há um grupo de intercessores orando todo mês em favor
da comunidade. Se eu passasse alguns pedidos, relacionados com a visão que
temos para esta cidade, será que eles orariam nesse sentido?”
“Claro que orariam”, os pastores responderam.
“Oraremos juntos para esses pedidos.”
A partir de então, todo mês o escritório do prefeito
envia uma lista de necessidades. Quando há unidade, algo acontece que leva as
pessoas a serem atraídas ao Evangelho.
Na segunda oração, em Romanos 15.13, Paulo ora para
que as pessoas tenham gozo e paz no meio das tempestades, a fim de poderem
transbordar de esperança. As pessoas que têm esperança no meio da angústia
chamam muito a atenção de quem não tem esperança. Se alguém observa um cristão
durante uma situação difícil, seja um problema de saúde, seja turbulência
familiar, e vê nele confiança, paz ou até mesmo um senso de alegria, isso lhe
causará profunda admiração. “Como consegue?”, perguntará. “Eu jamais teria essa
paz nessa situação.” Será uma grande oportunidade para falar sobre Jesus. Deus
usa essas coisas na vida das pessoas.
Nós queremos orar para livrar as pessoas dos problemas
quando Deus pode querer usá-los para fazer seu Reino crescer e atrair outros ao
Evangelho. Por isso, Paulo orava no sentido de que elas tivessem paz, alegria e
esperança no meio dos problemas.
A oração de Paulo pelos efésios
Éfeso era o centro do culto a Ártemis ou Diana. Uma
vez, quando estava lá, alguns companheiros de Paulo foram atacados por uma
multidão. Paulo conhecia bem a pressão e o estresse que a igreja sentia. Porém,
ao invés de orar em favor do óbvio, pedindo proteção, ele orou para que
houvesse desenvolvimento e fruto espiritual na vida deles.
Por isso, também eu, tendo ouvido a fé que há entre
vós no Senhor Jesus e o amor para com todos os santos, não cesso de dar graças
por vós, fazendo menção de vós nas minhas orações, para que o Deus de nosso
Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos conceda espírito de sabedoria e de
revelação no pleno conhecimento dele, iluminados os olhos do vosso coração, para
saberdes qual é a esperança do seu chamamento, qual a riqueza da glória da sua
herança nos santos e qual a suprema grandeza do seu poder para com os que
cremos (Ef 1.15-19).
Mais adiante, Paulo orou outra vez:
… para que, segundo a riqueza da sua glória, vos
conceda que sejais fortalecidos com poder, mediante o seu Espírito no homem
interior; e, assim, habite Cristo no vosso coração, pela fé, estando vós
arraigados e alicerçados em amor, a fim de poderdes compreender, com todos os
santos, qual é a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade e
conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais
tomados de toda a plenitude de Deus (Ef 3.16-19).
Essas são orações em favor do Reino! Indiferentemente
do que a pessoa está passando, do que está acontecendo em sua vida, devemos
orar para que a situação contribua para aprofundar seu relacionamento com
Cristo. Paulo sempre estava orando para que o caráter das pessoas fosse mais
santificado, mais semelhante a Jesus, e para que elas tivessem mais sabedoria,
discernimento, vida no Espírito. Participo de muitas reuniões de oração, mas
não me lembro de uma única vez em que alguém pediu o crescimento espiritual de
outro cristão.
A oração de Paulo pelos filipenses
E também faço esta oração: que o vosso amor aumente
mais e mais em pleno conhecimento e toda a percepção, para aprovardes as coisas
excelentes e serdes sinceros e inculpáveis para o Dia de Cristo, cheios do
fruto de justiça, o qual é mediante Jesus Cristo, para a glória e louvor de Deus
(Fp 1.9-11).
Paulo quase sempre orava mais em favor do processo do
que pelo resultado. Não era que não soubesse que resultado ele queria. O “para
que” era justamente para descrever o fruto do processo. O resultado que queria
ver na vida dos filipenses era que pudessem discernir e aprovar as coisas
excelentes e viver vidas puras e inculpáveis.
Mas, exatamente em favor de que ele estava orando?
Para que o amor deles aumentasse mais e mais em conhecimento e profundidade de
percepção. Em outras palavras, para que amassem mais uns aos outros, que
tivessem mais percepção do amor de Cristo por eles. Que conexão havia entre o
que ele pediu em oração e os resultados que esperava?
O que aconteceria na sua igreja se, de repente,
houvesse uma graça abundante de amor sobre toda a congregação de tal forma que
cada um amasse os outros e tivesse uma profunda percepção do amor de Cristo,
muito maior do que antes? O que aconteceria com as pequenas ofensas e
perturbações que fazem quase todas as congregações ficarem atoladas? Ninguém
ficaria mais ofendido. Ninguém atacaria o outro. As coisas seriam solucionadas
rapidamente nas reuniões do conselho. As pessoas teriam disposição de ceder,
sacrificariam as opiniões próprias e aceitariam as dos outros.
Se isso acontecesse numa igreja, será que viveríamos
vidas mais santas e inculpáveis? Logo começaríamos a discernir as coisas mais
excelentes e a viver dessa forma. Era isso que Paulo queria que acontecesse;
por isso, orou para que houvesse amor.
A oração de Paulo por Filemom
Filemom, provavelmente, era um homem de negócios que
hospedava as reuniões da igreja em sua casa. Paulo tivera contato com um homem
chamado Onésimo, um dos escravos de Filemom que havia fugido. Onésimo tivera um
encontro com Cristo e queria voltar para Filemom e acertar a vida com ele.
Então, Paulo mandou uma carta pedindo a Filemom para recebê-lo de volta, para
sua comunhão.
Dou graças ao meu Deus, lembrando-me, sempre, de ti
nas minhas orações [...] para que a comunhão da tua fé se torne eficiente no
pleno conhecimento de todo bem que há em nós, para com Cristo (Fm 4-6).
Paulo queria que Filemom tivesse pleno conhecimento de
tudo que ele possuía em Cristo. O pedido na oração era que a comunhão ou o
compartilhar de sua fé fosse eficiente. Que ligação existe entre alguém
compartilhar sua fé e ter pleno conhecimento de tudo que possui em Cristo? Se
alguém está constantemente compartilhando o que Cristo fez em sua vida e dando
glória a Deus por isso, você não acha que Deus lhe dará mais coisas para
dividir com os outros? Sim, ele dará abundantemente a quem compartilha, o que
fará com que ele aprenda mais e mais sobre o amor de Deus, sobre sua provisão,
sua fidelidade, sua confiabilidade. Essa pessoa sempre repartirá com os outros
e alcançará um conhecimento maior sobre a natureza de Deus.
Antes e depois das reuniões, geralmente ficamos em
rodinhas, trocando informações e conversando sobre a semana. Raramente falamos
sobre coisas espirituais. Se, nesses momentos, todos fizessem questão de
dividir algo que Jesus fez em sua vida na semana anterior ou algo novo e fresco
que aprenderam sobre o Senhor em seu tempo devocional, até aqueles que não
estão acostumados a ver tais coisas começariam a abrir os olhos. Ao invés de
considerar tais coisas meras coincidências, reconheceriam que era algo que Deus
estava fazendo em sua vida e passariam a compartilhá-lo com outros. Seria
emocionante estar num lugar onde todos fizessem isso. Deus seria glorificado.
Era isso que Paulo queria que acontecesse com Filemom.
Ele orou para que a comunhão ou o compartilhar de sua fé fosse eficiente, pois
quando isso acontece, a pessoa passa a ter uma compreensão muito maior do
Cristo que está nela.
Algumas aplicações
Vimos como Paulo orava – mas precisamos mostrar como
isso se aplica a nós. Vamos imaginar uma pessoa que tem o pé machucado. Eu faço
parte de uma igreja que crê em cura divina, em imposição de mão e em orar pelos
doentes. Se eu não receber nada específico do Senhor, revelando o que ele quer
fazer no caso, vou orar pela cura dele. Mas também sei que nem sempre o Senhor
cura instantaneamente. Pode ser que ele queira fazer algo diferente na vida
daquela pessoa.
Talvez a pessoa doente tenha um vizinho que não
conhece Jesus. Ao saber que essa pessoa com pé machucado não consegue trabalhar
e está precisando de ajuda, o vizinho pode procurar servir de alguma maneira e
começar a ter mais contato com o cristão incapacitado. Deus pode usar isso para
alcançar a vida do vizinho. Talvez seja isso que Deus queira fazer.
Imagine também uma aluna com dificuldades na escola.
Ela quer ser médica, assim como o pai. Ela quer seguir a vocação dele, não
importa a dificuldade. Mas Deus pode ter outra coisa planejada para ela. Pode
ser que ela não consiga entender a vontade de Deus até que enfrente
dificuldades maiores no caminho.
E uma pessoa com disputa de limites entre
propriedades? O vizinho quer colocar uma cerca tomando parte da propriedade do
cristão. Talvez Deus queira tocar o coração do vizinho usando a reação humilde
e despretensiosa do cristão.
Por isso, precisamos tomar cuidado quando recebemos
pedidos de oração. Precisamos perguntar: “O que Deus quer fazer sobre isso?”
Não ore de acordo com a primeira tendência óbvia: “Dá uma solução, Deus”.
Pergunte: “O que Deus quer fazer para dar crescimento ao seu Reino nesta
situação?”
Três princípios
Aqui estão três princípios que você pode seguir diante
de uma necessidade de oração:
Em primeiro lugar, não vá logo ao óbvio quando vai
orar por uma necessidade. Ao invés disso, comece buscando a Deus para saber
como ele quer que você ore. O que ele quer fazer na situação? Qual seria a
vontade dele? Há alguma coisa que você percebe que Deus quer fazer? Existe
algum “para que”? O que daria glória a Deus nesse caso? Comece a orar neste
sentido.
Creio firmemente que se criássemos um costume de
buscar a Deus, de perguntar para ele como devemos orar em cada situação, se
parássemos para ouvir, muitas vezes ele nos daria uma resposta clara. Mesmo que
tenhamos que orar no mesmo instante, podemos criar um ambiente em que
procuramos ouvir e sussurramos uma oração: “Espírito Santo, como devo orar
sobre isso?”
O segundo princípio é não se apressar para orar em
favor do resultado. Ore em favor do processo. Ore por desenvolvimento
espiritual, por fruto na vida da pessoa que tem a necessidade. Pergunte a Deus:
“Que características, quais coisas o Senhor quer desenvolver nesta família? O
que o Senhor quer fazer para ser glorificado nesta situação?”
O terceiro princípio é: o que você pode fazer quando
não sabe como orar? Você pediu orientação de Deus e não recebeu nada. Ore de
acordo com a Palavra. Que promessa nas Escrituras se aplica ou pode ser usada
na vida dessa pessoa? Há algum versículo que Deus está vivificando no seu
coração em favor dela? Como Paulo, pense em como orar pelo crescimento
espiritual da pessoa no meio da situação. Continue a buscar: “Deus, o que devo
orar?”
Jonathan Graf é presidente da Church Prayer Leaders
Network (Rede de Líderes de Oração na Igreja). É autor do livro “The Power of
Personal Prayer” (O Poder da Oração Pessoal),
Abandone
o Pecado e Creia no Evangelho
Jesus nunca pregou um evangelho fácil, um jeito suave
de alcançar salvação, sem muita exigência. Antes de sermos salvos, vivíamos
para agradar a nós mesmos. Depois da conversão, deixamos nossos próprios
caminhos e procuramos agradar a Deus.
“Ninguém pode servir a dois senhores” (Mt 6.24).
“Assim, pois, todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem, não
pode ser meu discípulo” (Lc 14.33).
“Esforçai-vos por entrar pela porta estreita, pois eu
vos digo que muitos procurarão entrar e não poderão” (Lc 13.24). Este último
versículo foi uma resposta à pergunta: “Senhor, são poucos os que são salvos?”
(Lc 13.23).
Não é difícil alguém se converter quando ele vem com
toda a sinceridade para o Senhor e está disposto a abandonar o pecado e a
entregar, com confiança total, sua vida e tudo o que tem para o Senhor. Porém,
é essencial que haja essa sinceridade e coração confiante antes que uma pessoa
possa ser salva.
É muito fácil uma pessoa ser salva quando ela está
disposta a entregar a si mesmo e a tudo que possui, sem reservas, para o Senhor
e a confiar nele para sua salvação. Contudo, sem essa entrega, é um engano
pensar que, só por causa de consentimento intelectual a certas verdades da
Bíblia, alguém possa se considerar salvo.
Muita gente fala em “crer” no Senhor Jesus Cristo
quando, na verdade, nunca se arrependeram de seus pecados. Uma simples
aceitação mental das verdades da Bíblia nunca salvou alguém e nunca salvará.
Até os demônios fazem muito mais do que isso – creem “e tremem” (Tg 2.19), no
entanto, não estão salvos.
Jesus colocou o arrepender-se antes do crer.
“Arrependei-vos e crede no evangelho” (Mc 1.15). Depois da sua ressurreição,
ele ainda recomendou que “se pregasse arrependimento para remissão de pecados,
a todas as nações” (Lc 24.47).
Paulo seguiu as ordens do seu Senhor, “testificando
tanto a judeus como a gregos o arrependimento para com Deus e a fé em nosso
Senhor Jesus Cristo” (At 20.21).
Os cristãos também, quando pecam, devem se arrepender.
Jesus, o Filho de Deus, o Cabeça da Igreja, falando dos céus para uma igreja
muito zelosa e fortemente ortodoxa, ordena arrependimento: “Tenho, porém,
contra ti que abandonaste o teu primeiro amor. Lembra-te, pois, de onde caíste,
arrepende-te, e volta à prática das primeiras obras; e, se não, venho a ti e
moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas” (Ap 2.4-5).
Multidões enganadas
Que muitos já estão perigosamente enganados e assim
continuarão num estado de quase impensável ilusão até o próprio dia do juízo –
isso está revelado nas palavras chocantes do Filho de Deus:
Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no
reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus.
Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! porventura, não temos nós
profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome
não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: Nunca vos conheci.
Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade (Mt 7.21-23).
Jesus veio para salvar seu povo dos pecados deles (Mt
1.21), não nos pecados deles.
Vance Havner, avivalista norte-americano, escreveu:
“Os grandes avivamentos do passado foram acompanhados por pregações contra o
pecado – exortando para que houvesse convicção, arrependimento, tristeza
segundo Deus, confissão e abandono do pecado, restituição, retorno às primeiras
obras, retorno às Escrituras, à oração, ao testemunho e à vida santificada”.
E. E. Shelhamer, escrevendo em Shallow Revivals
(Avivamentos Rasos), proclamou uma forte advertência que é extremamente
apropriada hoje em dia, quando existe um mal-entendido generalizado sobre o que
a salvação realmente é:
Não admira que Wesley tenha exclamado: “Que terrível é
quando os embaixadores de Deus se transformam em agentes do diabo! Quando
aqueles que são comissionados para ensinar aos homens o caminho do céu ensinam,
de fato, o caminho para o inferno. Se alguém perguntar: ‘Por que, quem faria isso?’,
eu responderei: ‘Milhares de homens, sábios e honrados, todos aqueles, de
qualquer denominação, que encorajam o orgulhoso, o leviano, o amante do mundo e
dos prazeres, o injusto ou cruel, o maldoso, o despreocupado, o insensível – a
pensar que está no caminho do céu’. Estes são falsos profetas no verdadeiro
sentido da palavra. São traidores de ambos – de Deus e dos homens.”
Admoestando a todos
Paulo não deixou de admoestar a cada um “noite e dia…
com lágrimas” (At 20.31). “E assim, conhecendo o temor do Senhor, persuadimos
aos homens” (2 Co 5.11). Não há suficiente temor do Senhor hoje em dia, nem no
púlpito, nem nos bancos da igreja, nem entre os cristãos professos e nem entre
os pecadores contumazes que não professam coisa alguma.
Deus é, de fato, santo, justo e bom, misericordioso e
gentil, mas ele odeia o pecado. O fato de dar aos seres humanos oportunidade
para se arrependerem, em hipótese alguma, implica que terríveis juízos não
virão sobre aqueles – todos aqueles – que desprezam a sua misericórdia.
É uma coisa terrível pisar aos pés o sangue do Filho
de Deus e ignorar a misericórdia do Todo Poderoso.
É impossível “proclamar plenamente” o Evangelho (Rm
15.19) e “anunciar todo o desígnio de Deus” (At 20.27) – sem admoestar os
homens a respeito do juízo futuro! Até Felix ficou amedrontado quando Paulo
esteve “dissertando acerca da justiça, do domínio próprio e do juízo vindouro”
(At 24.24-25).
Todo aquele que fica acalentando os cristãos para que
tenham um sono espiritual ainda mais profundo não é um discípulo de Cristo –
pelo contrário, é um lobo com pele de cordeiro (Mt 7.15). Jesus disse: “Por que
estais dormindo? Levantai-vos e orai” (Lc 22.46). E, em outra ocasião:
“Acautelai-vos por vós mesmos… Vigiai, pois, a todo tempo, orando” (Lc 21.34,36).
A menos que queiramos ser castigados e ter a nossa
sorte lançada com os hipócritas, onde há choro e ranger de dentes (Mt 24.51),
precisamos levar a sério a advertência do nosso Senhor e “vigiar” – ficar
alertas, acordados, espiritualmente despertos – e “ficar… apercebidos” para a Segunda Vinda de
Jesus! (Mt 24.42-50)
A coisa mínima que Deus quer que façamos é mais
importante do que tudo o mais no mundo! É melhor perder qualquer coisa do que
nos tornarmos descuidados e deixar de estar apercebido por ocasião da vinda do
Senhor. “Porque, à hora em que não cuidais, o Filho do Homem virá” (Mt 24.44).
Alguns poderiam argumentar que Jesus fez essas
admoestações para os seus discípulos somente naquela época, mas Jesus é,
também, o Cabeça da Igreja (Ef 5.23). “A igreja está sujeita a Cristo” (Ef
5.24). Ele ordenou aos seus discípulos que ensinassem todas as nações a guardar
todas as coisas que lhes tinha ordenado (Mt 28.18-20).
Jesus é o Mediador do Novo Testamento (Nova Aliança),
sob o qual vivemos hoje, assim como Moisés foi o mediador da Velha Aliança (Hb
8.8,13; 9.11-15).
Jesus disse que quando o Espírito Santo viesse, ele
convenceria “o mundo do pecado, da justiça e do juízo” (Jo 16.8). Haverá
convicção de pecado quando o Espírito Santo estiver agindo livremente em nosso
meio.
Deus não nos instruiu a ir por aí tentando tornar a
situação mais agradável e confortável para as pessoas, de tal maneira que
ficassem contentes e mais encorajados a satisfazer a si mesmos. “Ai dos que
andam à vontade em Sião”, disse o Senhor em Amós 6.1.
Jesus disse: “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo
se negue, tome a sua cruz e siga-me” (Mt 16.24). Pense bem no que significa
seguir a Jesus. Será que ele estava procurando tirar todo o proveito possível
da vida? Será que procurava satisfazer a si mesmo?
“Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus”
(Mt 3.2). “Exortai-vos mutuamente cada dia” (Hb 3.13). “O reino dos céus é
tomado por esforço, e os que se esforçam se apoderam dele” (Mt 11.12).
“Aquilo que o homem semear, isso também ceifará” (Gl
6.7). Hoje em dia, muitos estão enganados, realmente imaginando que podem
simplesmente concordar mentalmente com a verdade da Bíblia e, então, viver
aberta e flagrantemente em pecado e ainda ir para o céu quando morrerem!
Ao homem rico, no inferno, foi dito: “Filho, lembra-te
de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro igualmente, os males;
agora, porém, aqui, ele está consolado; tu, em tormentos” (Lc 16.25).
A não ser que você se arrependa dos seus pecados, com
certeza você colherá o que semeou! Abandonemos a vida centrada em nós mesmos e
no pecado agora, arrependamo-nos e clamemos diante de Deus, antes que seja
tarde demais para o perdão, em nome de Jesus.
Jesus disse: “…o que vem a mim, de modo nenhum o
lançarei fora” (Jo 6.37).
“Para vós outros é este mandamento. Se o não ouvirdes
e se não propuserdes no vosso coração dar honra ao meu nome, diz o Senhor dos
Exércitos, enviarei sobre vós a maldição, e amaldiçoarei as vossas bênçãos” (Ml
2.1-2).W. C. Moore (1890-1980) foi fundador, junto com sua
esposa, Sarah F. Moore, deste jornal em inglês, The Herald of His Coming, em
1941.(JORNAL O ARAUTO DE CRISTO)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
PAZ DO SENHOR
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.