Breve Biografia: Theodore Beza
(Sucessor de Calvino)
Nunca ouviu sobre Beza? Não se preocupe – A maioria
dos evangélicos do século 21 também não. Mas ele é um dos Reformadores mais
influentes, e, provavelmente, o mais claro, objetivo e determinado mestre dos
ensinamentos Calvinistas após a morte de Calvino em 1564
Theodore Beza (ou Theodore de Beza) – (1519 – 1605)
A história da Reforma na Suíça não seria completa sem
levar em conta o fiel amigo e sucessor de Calvino, Theodore Beza, que levou a
frente seu trabalho em Genebra e na França até o início do século XVII.
Beza foi um teólogo e erudito protestante francês que
exerceu um importante papel início da Reforma. Como sucessor de Calvino, foi
muito associado com o Calvinismo. Viveu a maior parte de sua vida adulta na
Suíça.
Primeiros Anos
No antigo Ducado de Burgundy está a vila de Vezelay.
Ela já foi cenário de grandes encontros, pois pra lá foram, em 1146, Louis VII
e seus vassalos, a quem Bernard pregou o dever de resgatar o Santo Sepulcro dos
infiéis. E o fez de forma tão convincente que o Rei e seus cavalheiros tomaram,
naquele momento, o encargo e a decisão de se tornarem Cruzados. Quarenta e
quatro anos mais tarde (1190), no mesmo lugar, Felipe Augusto da França e
Ricardo Coração de Leão da Inglaterra, sob similar alegação, fizeram os mesmos
votos.
A vila se aglomera em torno do castelo no qual, em
1519, viveu o rico Pierre de Besze – Procurador Geral do Reino, um descendente
de uma das mais pomposas famílias do Ducado. Sua esposa era Marie Bourdelot,
amada e renomada por sua inteligência e seus atos de caridade. Eles já tinham
dois filhos e quatro filhas quando em 24 de junho daquele ano, 1519, outro
filho nasceu, o qual estava destinado a tornar notório o seu sobrenome até o
fim dos tempos. Esse filho era Theodore Beza.
Sua mãe morreu quanto ainda não tinha completado três
anos, e o seu tio Nicolas de Besze, Seigneur de Cette e de Chalonne, e
Conselheiro no Parlamento de Paris, o levou para Paris e o adotou, visto ter um
grande carinho por ele.
Lá seria educado pelas mentes mais brilhantes da
cidade. Em 1528, quando tinha nove anos, seu tio, que era membro do conselho
real, o enviou para Orleans para estudar com Melchior Wolmar, um notório
erudito em Grego, que também foi professor de Calvino e que mais tarde se
juntaria ao Movimento Reformador.
Mas Theodore almejava a carreira de Direito – e com esse
fim, começou seus estudos na Universidade de Orleans e obteve sua graduação
(com honra) em 1539 com apenas vinte anos de idade. Retornando a Paris, voltou
sua atenção para o estudo da literatura e também para o romance. Casou-se,
secretamente, com Claudine Denosse em 1544 para depois realizar uma cerimônia
pública em uma oportunidade mais apropriada, isto é, quando se sentisse
independente financeiramente, uma vez que, com o casamento, sua mesada
cessaria. Quando começou a alcançar um nível mais alto da fama com um celebrado
trabalho de poesia (Juvenilia), já era considerado em toda a parte como o
melhor escritor de Poesia Latina de seu tempo.
Beza, entretanto, adoeceu e seu sofrimento físico o
levou a encarar suas necessidades espirituais. Foi tomando, gradualmente,
conhecimento da salvação em Cristo, fato que compreendeu com uma jubilante fé.
Resolveu se afastar do seu círculo de amigos de então e foi para Genebra, a
cidade-refúgio dos franceses evangélicos (aqueles que aderiram o movimento
reformado), onde chegou com Claudine em 23 de outubro de 1548.
Na falta de uma ocupação imediata, foi para Tübingen
para ver Wolmar, seu antigo professor. Em seu caminho para casa, visitou Viret
em Lausanne, que o deteve de imediato, oferecendo-lhe o cargo de Professor de
Grego na Academia daquela cidade. Era novembro de 1549.
Enquanto estava em Lausanne, foi solicitado a viajar
com Willian Farel para solicitar aos Príncipes Luteranos da Alemanha que
intercedessem pelos Valdenses, que sofriam nas mãos de uma emergente
perseguição em 1557. A nobre formação de Beza lhe deu instantânea credibilidade
junto à nobreza que concordou em interferir.
Estabelecimento em Genebra
A Academia de Genebra foi organizada em 1558 e Beza,
então, assume o papel de instrutor de Grego e em março daquele ano, assume,
também, o pastorado da igreja da cidade. Ele começaria, também, a sair em
socorro de membros da nobreza que vinham sendo perseguidos por sua conversão ao
Protestantismo e, como conseqüência de seus esforços, desenvolveu rapidamente a
reputação do porta-voz mais capaz da Reforma na França, ficando em segundo
lugar em habilidades teológicas, atrás, apenas do próprio Calvino.
Em Genebra, a princípio, ocupou a cadeira de Grego na
recém estabelecida Academia, e após a morte de Calvino, assumiu também a de
Teologia. Além disso, também tinha que pregar. Completou a revisão da tradução
Olivetan do Novo Testamento, começada alguns anos antes. Em 1559 começou uma
nova jornada em defesa dos Huguenotes; ao mesmo tempo, teve que defender Calvinodas
acusações de Westphal em Hamburgo e Tileman Hesshusen.
Mais importante que as polêmicas atividades de Beza
foi a declaração de sua própria Confissão de Fé. Foi originalmente preparada
para o seu pai, em gratidão pelos seus estudos, e publicada de forma revisada
para promover o conhecimento do evangelho ente os seus compatriotas. Ela foi
impressa em Latim em 1560 com dedicatória a Wolmar. Uma tradução inglesa foi
publicada em Londres em 1563, 1572 e 1585, além das traduções em Alemão,
Holandês e Italiano.
Quando foi declarada a guerra entre o Príncipe de
Conde (Huguenotes Protestante) e o Duque de Guise (Católico), Beza ficou em uma
delicada posição. Ele serviria por sete anos no exército Huguenote até Guise
ser assassinado em 18 de fevereiro de 1563, pondo, assim, um final ao conflito.
Beza e sua esposa retornaram a Genebra em Maio do mesmo ano para encontrar
Calvino, cuja saúde se encontrava deteriorada. Calvino morreria em maio do ano
seguinte, e assim, os doze meses intermediários foram dedicados à preparação
para transferência da autoridade de Calvino para Beza. QuandoCalvino morreu,
Beza ministrou o funeral e foi eleito moderador do presbitério local.
O Sucessor de Calvino
Beza foi um modelo de pastor/teólogo que mostrava um
profundo amor e afeição pelos paroquianos – ele tinha uma profunda percepção da
soberania de Deus, mas percebeu, também, as implicações de uma tão grande
teologia. Um grande exemplo está em sua resposta ao massacre de São Bartolomeu,
em 24 de agosto de 1572. Começando em Paris, e então se espalhando por toda a
França, inúmeros Protestantes foram assassinados ou feridos e em uma semana
refugiados começaram a aparecer em Genebra procurando asilo. Beza instruiu seus
paroquianos a cuidar de seus irmãos franceses e observarem um dia de oração e
jejum.
Até 1580 Beza foi não apenas Moderateur de la Campagne
dês Pasteurs(Moderador do Presbitério), mas também o real espírito da grande
instituição de ensino em Genebra que Calvino havia fundado em 1559, composta de
um Ginásio e uma Academia. Enquanto viveu, Beza esteve envolvido com a alta
educação. Por quase quarenta anos, os jovens protestantes lotaram suas salas de
aula para ouvir suas palestras teológicas nas quais expunha a mais pura
ortodoxia calvinista. Como conselheiro, foi ouvido tanto por magistrados como
por pastores.
Logo após a morte de sua esposa, o Conde Luterano
Frederick de Wittemberg, convocou uma conferência em Montbéliard em 21 março de
1586 numa tentativa de criar uma ponte sobre a profunda divisão entre os
Luteranos e Calvinistas. Beza, que tinha sido criticado na sua juventude por
ser muito complacente com os Luteranos, aqui fez claras as suas posições
calvinistas. Tentou manter um grau de civilidade estendendo a mão pra Andreä, o
delegado Luterano, no momento da partida. Mas Andreä recusou o cumprimento, e a
tensão não resolvida era aparente. Ele ainda continuaria debatendo com os
Luteranos no Colóquio de Berna em 1588 e deu uma “surra” teológica em Samuel
Huber, o representante Luterano.
Quando a vida de Beza chegou ao final, ele perderia
sua audição e grande parte de sua memória de curto-prazo. Ele abriu mão de seu
calendário diário de pregações em 1586, pregando apenas uma vez por semana (aos
domingos) até 1600.
Trabalhos Teológicos
Embora Beza tenha produzindo grande volume de estudos
seculares e históricos, incluindo a biografia de Calvino, todos eles eram
superados por sua produção teológica (contida nas Tratationes Theologicae) .
Ali Beza aparece como o discípulo perfeito ou o alter ego de Calvino. Sua visão
da vida é determinística e as bases do seu pensamento religioso é o
predestinado reconhecimento da necessidade de toda a existência temporal como
um efeito da absoluta, eterna e imutável vontade de Deus, e assim sendo, mesmo
a queda da raça humana se revela essencial para o plano divino para o Mundo. Em
uma mais lúcida maneira, Beza mostra em uma forma tabular, a conexão dos pontos
de vista religiosos emanados dessa fundamental supralapsariana forma de
pensamento. Isto ele adicionou ao seu altamente instrutivo tratado Summa Totius
Christianismi.
Legalismo Controverso
Beza tem sido, freqüentemente, malignizado pelos
historiadores modernos como um erudito de sangue-frio que torceu os
ensinamentos de Calvino em um rígido “Supra” ou “Hiper” Calvinismo. Mas não há
como fugir da verdade. Beza e Calvinocompartilharam uma incrível afeição um
pelo outro, como parece ter sido a de Paulo e Timóteo ou Lutero e Melanchthon.
Beza, um teólogo astuto, percebei as implicações diárias de sua teologia – ele
viu a perseguição que os Huguenotes sofreram na França e voluntariamente deixou
o conforto de sua casa e seus amigos para interceder por eles nos tribunais da
nobreza. E mesmo em seus debates com outros protestantes (Luteranos), ele
sempre os viu como irmãos, com os quais pode ter discordado em certos pontos,
mas com quem compartilhava a ligação em Cristo.
Fonte: Reforma&Razão
Nenhum comentário:
Postar um comentário
PAZ DO SENHOR
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.