CONSERVANDO O VERDADEIRO
PENTECOSTES
Apocalipse
3.1-6.
1 - E ao anjo da igreja que está em Sardes escreve:
Isto diz o que tem os sete Espíritos de Deus e as sete estrelas: Eu sei as tuas
obras, que tens nome de que vives e estás morto.
2 - Sê vigilante e confirma o restante que estava para
morrer, porque não achei as tuas obras perfeitas diante de Deus.
3 - Lembra-te, pois, do que tens recebido e ouvido, e
guarda-o, e arrepende-te. E, se não vigiares, virei sobre ti como um ladrão, e
não saberás a que hora sobre ti virei.
4 - Mas também tens em Sardes algumas pessoas que não
contaminaram suas vestes e comigo andarão de branco, porquanto são dignas
disso.
5 - O que vencer será vestido de vestes brancas, e de
maneira nenhuma riscarei o seu nome do livro da vida; e confessarei o seu nome
diante de meu Pai e diante dos seus anjos.
6 - Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às
igrejas.
A cidade de Sardes, uma das maiores do mundo antigo,
foi fundada em 700 a.C. Era a capital do reino da Lídia e possuía legendária
riqueza. Sardes era sinônimo de opulência, prosperidade e sucesso.
Localizava-se na junção de cinco principais estradas, formando um grande centro
comercial. Era conhecida, principalmente, pela confecção de lã. Segundo a
história, Artêmis, era considerada a padroeira da cidade e, seu culto, era
fundado na reencarnação. Devido à posição geográfica da metrópole, era
considerada uma fortaleza imbatível. Mas, Ciro, rei dos medo-persas,
aproveitando-se da distração dos guardas da cidade, a sitiou e conquistou. Em
fins do primeiro século, Sardes era apenas uma sombra de sua antiga glória,
confirmando a mensagem de Jesus que disse: “Tens nome de que vives e estás
morto” (Ap 3.1).
A leitura
bíblica em classe da presente lição trata da igreja de Sardes, cidade que no
passado foi capital da província romana da Lídia, na Ásia Menor. Aquela parte
do mundo foi conquistada pelos romanos em 133 a.C. Sardes, cujo nome significa
“renovação” ou “os que escaparam”, era uma cidade populosa, muito rica, luxuosa
e que desfrutava de grande prosperidade material. Tinha uma avançada indústria
metalúrgica, muitas minas de ouro e fontes de águas termais. Boa parte do seu
desenvolvimento vinha da mão de obra gratuita de milhares de escravos em todas
as atividades da região.
Relata a história que em Sardes viveu o homem mais
rico do mundo: Creso, rei da Lídia. A grande riqueza de Sardes, bem como a
soberba do seu povo, duraram muito tempo, cumprindo-se ao pé da letra o que
está escrito em Pv 11.28. Sob o ponto de vista profético, o período da história
da igreja que correspondente a Sardes é o que vai de 1517 a 1750, segundo os
eruditos da Bíblia. Lembremo-nos que o Apocalipse é um livro profético (Ap
22.18,19).
I. A CONDIÇÃO ESPIRITUAL DA IGREJA DE SARDES (v.1)
Segundo o relato bíblico (vv.1-6), Sardes era uma
igreja que aparentava vida exterior (“tens nome de que vives”), mas
espiritualmente estava morta, como diz o final do versículo 1. Há na Bíblia
duas coisas que nos deixam maravilhados: sua franqueza e imparcialidade. Só
Deus podia ter um livro assim.
1. “Ao anjo da igreja”. Trata-se do pastor da igreja.
Neste texto, o termo anjo no original, significa mensageiro. Em Lucas 7.24, a
mesma palavra é traduzida por “mensageiro”; e, em Tiago 2.25, refere-se aos
emissários de Josué, que Raabe escondeu em sua casa (Hb 11.31). Disse o Senhor
ao anjo da igreja de Esmirna: “Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da
vida” (2.10). Ora, os anjos não morrem, nem a Bíblia fala de recompensa para
eles, pois sua esfera de trabalho diante de Deus nada tem de semelhante com a
do homem. Em muitas igrejas por aí, seus pastores foram os primeiros a perder o
rumo e o nível do equilíbrio; estão sem visão, como o pastor de Laodicéia e o
seu rebanho (Ap 3.18).
2. “Aquele que tem os sete Espíritos de Deus”.
Trata-se do Espírito Santo na sua total perfeição, dignidade, poder e operação.
É também o Espírito na sua ação vivificadora (ver Is 11.2; Ap 1.4; 4.5; 5.6). O
número sete, por conseguinte, fala de plenitude e perfeição. Logo, as “sete
igrejas da Ásia”, consistem numa só (1.4).
Sardes é a única das sete igrejas, à qual Jesus
menciona “os sete Espíritos”. Isto significa que, mesmo quando uma igreja está
decadente e sem vida, o Espírito Santo quer comunicar vivificação (Jo 6.63),
restauração e reavivamento a fim de fazê-la retornar ao seu primeiro estado.
3. “Tens nome de que estás vivo, e estás morto”. O
estado de morte espiritual da igreja de Sardes torna-se mais evidente ante a
apresentação de Jesus como “aquele que tem os sete Espíritos de Deus”. Isto
representa a vida e o fervor espiritual não apenas fluindo, mas transbordando,
pois a fonte divina está a correr (Jo 7.37-39).
O modo distinto como Jesus dirigiu-se às sete igrejas
revela muito do estado espiritual de cada uma delas; das suas necessidades,
oportunidades e responsabilidades diante de Deus e do mundo.
Sardes era uma igreja rica materialmente, mas pobre
espiritualmente. Que lástima! A luta intensa e insensata para a obtenção de
riqueza, tem esfriado a fé na vida de muitos crentes, que depois de
enriquecerem não têm mais sossego, como está escrito em Eclesiastes 5.12. Não
há pecado em ser rico, desde que sempre dependamos de Deus e vivamos para Ele.
II. CONSELHOS E ADVERTÊNCIAS PARA A RENOVAÇÃO (vv.2,3)
1. “Sê vigilante e confirma o restante”. Há sempre um
remanescente fiel que não se conforma com a situação. Deus nunca ficou sem
testemunho, nem mesmo nos terríveis dias que antecederam o Dilúvio e no período
do baalismo em Israel; época em que quase toda a nação sucumbiu em razão de sua
idolatria (1 Rs 19.18; Rm 11.4). Sempre houve e haverá aqueles que são fiéis ao
Senhor em toda e qualquer situação e que gemem no Espírito por uma igreja mais
unida, poderosa, santa, e adoradora. Na igreja de Sardes havia um grupo assim.
2. “Não achei as tuas obras perfeitas diante de Deus”.
Isto também pode referir-se profeticamente e, em segundo plano, ao movimento da
Reforma iniciado por Lutero em 1517. As obras não “perfeitas” podem representar
as lacunas e dissensões internas entre os reformadores e as novas denominações
cristãs. De fato, para quem está morto espiritualmente (v.1), suas obras não
terão aprovação divina. É só examinar a história eclesiástica, bem como o que
se passa nos dias atuais na igreja.
3. “Lembra-te do que tens recebido e ouvido, e
guarda-o”. A igreja de Sardes estava vivendo em desobediência consciente à
Palavra de Deus. Desobedecer ao Senhor como um ato isolado já é ruim; imagine
alguém viver em rebeldia consciente. Isto é tentar a Deus.
Certamente aquela igreja tinha adotado um modelo de
vida à moda deles, onde cada um fazia o que desejava, sem consultar a vontade
do Senhor. Por isso, Jesus adverte: “Virei a ti como um ladrão”; isto é, de
repente, inesperadamente, e para perda de algo. O julgamento à que se refere
este versículo pode ser para o presente e não apenas para o futuro, como em 2
Co 5.10; Rm 14.12.
4. “Arrepende-te”. O arrependimento bíblico não é só
mudança de coração, mas também de conduta, e deve acompanhar o crente em toda a
sua vida. O cristão deve arrepender-se como filho; não como ímpio.
III. PROMESSAS AOS CONSERVADORES E VENCEDORES (vv.4,5)
1. “Alguns que não se contaminaram”. Neemias fala de
judeus que se casaram com mulheres ímpias (Ne 13.23,24), cujos filhos não
conseguiam falar bem a língua judaica. Espiritualmente é o que acontece quando
um crente não apenas se mistura com os ímpios, mas comunga com eles. É o
contágio pela mistura. A Bíblia sempre está a nos prevenir sobre isso (Sl 1.1;
1 Pe 3.11; 2 Co 6.17). A respeito dos que não se contaminaram, Jesus afirma que
com Ele “andarão de branco”. Isto é, viverão em justiça e retidão (Ap 6.11;
19.14).
2. “O que vencer”. Isso significa que a vida do
cristão está situada num campo de batalha espiritual, contra as hostes de
Satanás. Nenhum crente pense que está isento de ciladas e ataques do Inimigo
(Ef 6.11-18; 2 Co 2.11; Sl 18.2).
3. “De maneira nenhuma riscarei o seu nome do livro da
vida”. O Rev. Gortner, assim se expressa sobre esta frase: “Na cidade de Sardes
havia um extenso pergaminho com os nomes dos cidadãos que se destacavam como
benfeitores e heróis defensores da cidade e dos seus cidadãos. Esse registro
era um sinal de grande honra para eles. Caso um desses homens viesse a cometer
algo desonroso e reprovável, seu nome era retirado desse rol de honra e mérito,
isto é, do pergaminho.” Para os crentes de Sardes, palavras como as do v.5,
eram bem compreendidas.
IV. DESAFIO AOS FIÉIS CONSERVADORES (v.6)
A Bíblia afirma: “Quem tem ouvidos, ouça o que o
Espírito diz às igrejas”. “Ouvir” não se refere apenas ao ato da percepção dos
sons, mas de obedecer ao que Deus ordena na sua Palavra. O púlpito não deve ser
simples tribuna de oradores, nem o pregador um simples animador de auditório. O
essencial é que o fogo do altar de Deus — o fogo do Espírito — , esteja aceso
no altar da nossa vida. Enquanto formos pequenos em nós mesmos, Deus nos
elevará para o seu serviço e o seu louvor. Devemos pregar, como pentecostais
conservadores, o evangelho na sua plenitude (Rm 15.29), isto é, que Jesus salva
o pecador; batiza com o Espírito Santo; cura os enfermos e faz maravilhas; e
breve virá.
V. A CONSERVAÇÃO DO VERDADEIRO PENTECOSTES
Assim diz a
prescrição bíblica, “Não apagueis o Espírito” (1 Ts 5.19). Na Lei havia
apagador de fogo (Êx 25.38), mas nesta dispensação da multiforme graça de Deus,
não. A conservação do Pentecostes vem pela constante renovação espiritual do
crente. Tito 3.5 fala de regeneração e renovação do Espírito Santo. Ver At
4.8,31; 6.5; 7.55; 11.24; 13.9,52; 2 Co 4.16; Ef 4.23; 5.18; Cl 3.10. Em todas
estas referências há uma mensagem de renovação espiritual. Quem procede segundo
a natureza carnal, precisa de renovação do Espírito Santo: “tendo começado pelo
Espírito, acabais agora pela carne?” (Gl 3.3).
Na carta às igrejas do Apocalipse, Jesus disse sete
vezes: “Ouça o que o Espírito diz às igrejas” (2.7,11,17,29; 3.6,13,22). Porque
Deus insiste tanto? Certamente, porque quer conduzir sua igreja em todo tempo,
coisas e circunstâncias.
“ O Passado de
Sardes
A igreja de Sardes havia tido um longo e glorioso
passado. Embora ainda fosse um importante centro comercial na época do Novo
Testamento, seus dias de glória haviam terminado. A riqueza dessa cidade se
originava, em parte, das minas de ouro da região, mas era conhecida, também,
pela produção de tecidos e roupas ricamente tingidos. A cidade, destruída por
um terremoto no ano 17 d.C, que também afetou a cidade de Filadélfia, foi
rapidamente reconstruída com a ajuda de uma generosa verba cedida pelo imperador
Tibério.
Como a carta a Éfeso, Jesus é descrito como aquEle que
tem ‘as sete estrelas’ (isto é, os pastores, 3.1; cf. 2.1). A adição da frase
‘os sete espíritos de Deus’ é a única entre as sete cartas, embora a mesma
frase esteja dispersa ao longo do livro de Apocalipse (1.4; 3.1; 4.5; 5.6).
É bastante plausível que a localização da igreja, em
uma cidade tão rica e ilustre, viesse a aumentar a sua reputação (3.1).
Infelizmente, a realidade era diferente. A carta exorta a igreja local a
despertar (v.2)” (ARRINGTON, F. L.; STRONSTAD, R. Comentário bíblico
pentecostal: Novo Testamento. RJ: CPAD, 2003,p.1852).
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