OS IMPERIOS MUNDIAIS E
REINO DO MESSIAS
Daniel
7.3-8,13,14.
3 - E quatro animais grandes, diferentes uns dos
outros, subiam do mar.
4 - O primeiro era como leão e tinha asas de águia; eu
olhei até que lhe foram arrancadas as asas, e foi levantado da terra e posto em
pé como um homem; e foi-lhe dado um coração de homem.
5 - Continuei olhando, e eis aqui o segundo animal,
semelhante a um urso, o qual se levantou de um lado, tendo na boca três
costelas entre os seus dentes; e foi-lhe dito assim: Levanta-te, devora muita
carne.
6 - Depois disto, eu continuei olhando, e eis aqui
outro, semelhante a um leopardo, e tinha quatro asas de ave nas suas costas:
tinha também este animal quatro cabeças, e foi-lhe dado domínio.
7 - Depois disto, eu continuava olhando nas visões da
noite, e eis aqui o quarto animal, terrível e espantoso, e muito forte, o qual
tinha dentes grandes de ferro; ele devorava e fazia em pedaços, e pisava aos
pés o que sobejava; era diferente de todos os animais que apareceram antes
dele, e tinha dez pontas.
8 - Estando eu considerando as pontas, eis que entre
elas subiu outra ponta pequena, diante da qual três das pontas primeiras foram
arrancadas; e eis que nesta ponta havia olhos, como olhos de homem, e uma boca
que falava grandiosamente.
13 - Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e
eis que vinha nas nuvens do céu um como o filho do homem: e dirigiu-se ao
ancião de dias, e o fizeram chegar até ele.
14 - E foi-lhe dado o domínio e a honra, e o reino,
para que todos os povos, nações e línguas o servissem: o seu domínio é um
domínio eterno, que não passará, e o seu reino o único que não será destruído.
O nosso estudo
sobre o livro de Daniel trata de um capítulo inteiro, por isso, você deverá
fazer ao menos duas leituras ou mais, de preferência, utilizando versões
diferentes. Um dicionário bíblico e um bom comentário lhe orientarão nos
estudos. Muitas pessoas não compreendem o livro de Daniel por acharem-no
difícil. É verdade que a obra do profeta é complexa, mas, igualmente, muito do
que se diz ser complicado pode ser resolvido através de uma leitura atenta com
o auxílio de uma versão contemporânea.
Palavra Chave
Império: Forma de governo monárquico, cujo soberano
tem o título de imperador ou de imperatriz.Na lição desta semana, veremos uma
mudança narrativa no capítulo sete de Daniel. Agora estamos diante de uma série
de quatro visões do profeta. É o “apocalipse do Antigo Testamento” apresentando
quatro impérios simbolizados por quatro animais. A visão do capítulo dois foi
dada a um rei pagão, Nabucodonosor, enquanto que a do capítulo sete, a um servo
de Deus, o profeta Daniel.
Veremos que em Nabucodonosor, a visão revela o lado
político dos impérios apresentados como uma grande estátua. Em Daniel, através
dos quatro animais, ela revela o lado moral e espiritual desses impérios. Os
fatos são os mesmos, mas os objetivos das duas visões têm finalidades
distintas. No capítulo sete, Deus revela a Daniel o fim dos quatro impérios e o
surgimento do reino eterno do Messias prometido.
I. A VISÃO DOS QUATRO ANIMAIS (Dn 7.1-8)
1. A visão. Daniel recebeu a visão sobre os quatro
animais no primeiro ano do rei Belsazar da Babilônia. É importante lembrarmos,
aqui, que Belsazar não governou sozinho. Ele foi corregente com o seu pai,
Nabonido. Veremos agora a primeira parte da visão de Daniel (vv.1-3):
a) O “leão com asas de águia” (v.4). O versículo
quatro descreve um animal semelhante ao leão com asas de águia. Enquanto Daniel
o contemplava, as asas do leão eram arrancadas. Posteriormente, o animal foi
erguido da terra, posto de pé como um ser humano e, logo depois, ele recebeu um
coração humano. O leão representava o império da Babilônia.
b) O urso (v.5). Daniel viu uma figura semelhante a um
urso. Este fora erguido de um lado e tinha em sua boca três costelas. A este
animal as pessoas diziam: “Levanta-te, devora muita carne”. O urso simbolizava
o império Medo-Persa.
c) O leopardo com quatro asas (v.6). Outro animal era
uma figura semelhante ao leopardo. Este possuía quatro cabeças e tinha quatro
asas de aves em suas costas. Foi-lhe dado domínio. O leopardo simbolizava o
império da Grécia.
d) Uma aparência indescritível (vv.7,8). “Terrível,
espantosa e extremamente forte” era a figura do quarto animal. Ela tinha
enormes dentes de ferro, comia e triturava o que encontrasse pelo caminho. Em
sua cabeça havia ainda dez chifres. Enquanto Daniel prestava atenção nos dez
chifres, um chifre pequeno surgiu entre os dez; mas três dos primeiros dez
chifres foram arrancados pela raiz. No chifre pequeno havia também olhos como
“olhos humanos” e uma boca que proferia “palavras arrogantes”. O animal, aqui
descrito, simbolizava o império romano.
2. A interpretação. O bloco dos versículos 9 a 14
revelam mais duas figuras: a do Ancião e a do Filho do Homem. Após este bloco
de versículos, Daniel passa a narrar a interpretação dos animais dada a ele
ainda na mesma visão (vv.15-27):
a) As figuras dos animais (15-18). As figuras
representadas pelo leão, urso, leopardo e o quarto animal, significam quatro
reis que se levantaram sobre a terra, isto é, o rei da Babilônia, o rei
Medo-Persa, o rei da Grécia e o rei de Roma (v.17).
b) A ênfase no quarto animal (vv.23-27). O quarto
animal foi o que mais chamou a atenção do profeta Daniel: “Então, tive desejo
de conhecer a verdade a respeito do quarto animal, que era diferente de todos
os outros” (v.19). Daniel precedeu o tempo em que o império romano se tornara
uma superpotência. Roma foi o império mais devastador da história do mundo. Era
forte (ferro), pela sua força e eficácia administrativa, mas frágil (barro),
dada a grande corrupção que ajudou a sepultar “um sonho chamado Roma”.
c) Os dez chifres e o pequeno chifre. Os dez chifres
que saíam da cabeça do quarto animal prefiguravam dez reis advindos do antigo
império romano. Mas outro rei, representado pelo pequeno chifre, se levantará
após os dez reis e abaterá os três primeiros, arrancando-os tal como descreve a
visão. Este pequeno chifre é o Anticristo escatológico tipificado na pessoa de
Antíoco Epifânio, o qual estudaremos rapidamente na próxima lição e, com
maiores detalhes, na lição 12.
II. O CLÍMAX DA VISÃO PROFÉTICA
1. Tronos, “ancião de dias” e juízo divino (vv.9-14).
Entramos na segunda parte da visão de Daniel, que trata do julgamento celeste.
O versículo nove nos diz: “foram postos uns tronos, e um ancião de dias se
assentou” (v.9). A figura de vários tronos tipifica um contexto de julgamento e
justiça. A profecia nos fala que o juiz do julgamento é o “ancião de dias”,
isto é, Deus é retratado no livro tendo cabelos brancos e vestido de branco. É
aquele que Abraão reconheceu como o “Juiz de toda a terra” (Gn 18.25). O
tribunal demonstrado no sétimo capítulo de Daniel revela que Deus julgará “o
pequeno chifre” e decretará a sentença final contra o quarto animal (Roma)
(vv.11,12). Aqui está o ápice da visão de Daniel, ou seja, o Altíssimo julgando
as maldades, crueldades e perversidades das nações deste mundo!
2. O “Filho do Homem” (vv.13,14). A expressão “filho
do homem” ou, de acordo com os melhores manuscritos antigos, “filho de homem”,
aparece mais de 80 vezes no livro de Ezequiel. A fórmula é regularmente
traduzida como “homem” ou “ser humano”, pois na Bíblia trata-se de expressões
sinônimas. Tanto em Daniel quanto em Ezequiel, “filho do homem” refere-se a um
ser humano distinto que recebe de Deus a soberania celestial. Posteriormente,
os santos apóstolos de Cristo identificaram “filho do homem” com a pessoa de
Jesus de Nazaré (Mt 24.27,30). Em o Novo Testamento, Jesus introduziu o Reino
de Deus no mundo como o próprio verbo divino feito carne, a plena revelação de
Deus (Jo 1.1,14). Foi-lhe dado um nome que é sobre todo o nome e todo o poder
sobre a Terra (Fp 2.9-11). Jesus Cristo virá pela segunda vez e instaurará o
governo literal de Deus no mundo o reino milenar (Ap 20.2,6).
3. A Grande Tribulação (vv.24,25). Segundo a visão
conservadora-tradicional e evangélica, estamos diante de um texto que aponta
para um tempo de grande sofrimento no mundo, especialmente em relação à nação
de Israel. “O chifre pequeno”, advindo da região do quarto império, Roma,
promoverá engano e assombro no planeta. Na linguagem neotestamentária, ele é o
“Anticristo”, o blasfemador de Deus e dos seus preceitos. Por “um tempo, e
tempos, e metade de um tempo”, o “Anticristo” terá autoridade no mundo. Esse
período equivale a “três anos e meio”, ou “quarenta e dois meses” ou “mil e
duzentos e sessenta dias” (Dn 12.7; 9.27; Ap 12.14; 7.14). Ele compreende a
metade dos sete anos finais prescritos como a Grande Tribulação e o fim do
“tempo dos gentios”. Nos primeiros “três anos e meio” o Anticristo fará acordos
com Israel, mas não os cumprirá. Este é o período de grande poder e influência
política desse líder mundial sobre o mundo e os judeus. Mas o Messias o
dominará e quebrará o seu reino de mentira. O Anticristo será condenado e a
plenitude do Reino de Deus será estabelecida para sempre!
III. A VINDA DO FILHO DO HOMEM
1. A visão (vv.13,14). Explicamos anteriormente a
expressão “filho do homem” e vimos que ela fora atribuída pelos apóstolos a
Jesus Cristo. O versículo 13 de Daniel afirma que o “filho do homem” voltará
nas nuvens do céu. Este é o entendimento remontado em Atos 1.9-11 quando da
afirmação dos santos anjos sobre a volta do Cristo de Deus: “E, quando dizia
isto, vendo-o eles, foi elevado às alturas, e uma nuvem o recebeu, ocultando-o
a seus olhos. [...] [Os anjos] lhes disseram: Varões galileus, por que estais
olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no céu, há
de vir assim como para o céu o vistes ir”. Da mesma forma o apóstolo João
escreveu no Apocalipse uma mensagem recebida do próprio Jesus: “Eis que vem com
as nuvens, e todo olho o verá, até os mesmos que o traspassaram” (Ap 1.7). O
reino de Cristo será eterno, único e jamais perecerá (v.14).
2. “Os santos do Altíssimo” (v.18). Para os primeiros
leitores do livro de Daniel, a expressão “os santos do Altíssimo” era
identificada por eles como o povo judeu que estava em cativeiro. Entretanto, de
modo mais abrangente, e de acordo com Apocalipse 7.9-17, e a partir da
revelação progressiva da Palavra de Deus ao longo da história bíblica, esses
grupos de mártires e santos são os crentes advindos da Grande Tribulação, de
todos os lugares, tribos e nações, que tiveram as suas roupas lavadas no sangue
do Cordeiro.
3. A destruição do Anticristo (vv.26,27). Deus
intervirá na história dos judeus e trará juízo contra o Anticristo. Este será
julgado e condenado para sempre. A sua destruição dar-se-á quando do final do
segundo período de “três anos e meio” da Grande Tribulação. Mas a Igreja de
Cristo, lavada e remida no sangue do Cordeiro, não passará pela Grande
Tribulação. Antes de iniciar esse tempo de grande sofrimento, o Corpo de Cristo
será tirado do mundo para estar para sempre com o Senhor.
Lamentavelmente, devido à multiplicação da “doutrina”
da prosperidade, e de muitas igrejas e pregadores propalarem o “aqui e agora”,
a profecia bíblica quanto ao futuro ficou de lado. Outros caem no erro de
ensinar que as profecias de Daniel e do Apocalipse são alegorias e produtos de
um tempo e de uma cultura sem conexão com a era atual. Estudemos a Palavra de
Deus para não nos acharmos soberbos, deleitosos e não sejamos, pois, a
Laodiceia contemporânea (Ap 3.14-22)!
“As Quatro
Bestas
Durante o primeiro ano do reinado de Belsazar, Deus
revelou a Daniel um outro resumo dos impérios mundiais que estavam por vir. Por
meio de um sonho e visões noturnas, Daniel viu o mar revolto (representando os
povos da terra). Dele, subiam quatro grandes animais ‘diferentes uns dos
outros’ (7.2-3). Os animais eram um leão, um urso, um leopardo e um outro não
definido, que era ‘terrível, espantoso e sobremodo forte’ (7.7). Sobrepondo-se
à profecia da estátua no sonho de Nabucodonosor, os animais representavam a
Babilônia (o leão); a Medo-Pérsia (o urso); a Grécia (o leopardo), com seus
quatro generais que dividiram o reino de Alexandre, o Grande, logo após sua
morte; Roma (o quarto animal)” (LAHAYE, Tim; HINDSON, Ed. Enciclopédia Popular
de Profecia Bíblica. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2004, p.177).
“O Filho do
Homem
A Daniel foi concedida a visão celestial do Filho do
Homem perante o tremendo e resplandecente trono do Deus Todo-Poderoso, o Ancião
de Dias (Dn 7.9-14). Durante suas palavras no cenáculo, o Senhor Jesus disse a
seus discípulos que Ele (o Filho do Homem) retornaria ao seio de seu Pai
celestial, que o enviara para morrer pela humanidade (Jo 14.1-6,28; 16.28). Na
verdade, sua volta para a glória foi testemunhada por aqueles fiéis discípulos.
Os anjos lhe disseram: ‘Esse Jesus que dentre vós foi assunto ao céu virá do
modo como o vistes subir’ (At 1.11). Daniel pode ter testemunhado a ascensão do
Senhor e sua entrada diante do trono de Deus, depois de morrer pelos pecados da
humanidade. Daniel viu: ‘[...] eis que vinha com as nuvens do céu um como o
filho do homem, e dirigiu-se ao ancião de dias, e o fizeram chegar até ele’ (Dn
7.13). Tanto a divindade como a humanidade de Cristo são vistas nas palavras
que o identificam. Era o Filho de Deus (Sl 2.7) e o Filho do Homem que havia
sido profetizado. Ser chamado de Filho do Homem mostra que Cristo não era
apenas uma divindade, mas também um ser humano.
Ao Filho do Homem, ‘foi-lhe dado domínio, e glória, e
o reino, para que os povos, nações e homens de todas as línguas o servissem; o
seu domínio é domínio eterno, que não passará, e o seu reino jamais será
destruído’ (Dn 7.14). Trata-se, na verdade, de um quinto reino cuja duração
será de mil anos na história da terra (Ap 20.4-9). Este reino, contudo,
prosseguirá pela eternidade com a Nova Jerusalém e novos céus e nova terra,
onde a paz e a justiça prevalecerão (Ap 21-22)” (LAHAYE, Tim; HINDSON, Ed.
Enciclopédia Popular de Profecia Bíblica. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2004, p.177).
Os Impérios Mundiais e o Reino do Messias
Prezado professor, a partir deste capítulo, o sete,
iniciaremos outro gênero de narrações sobre o profeta Daniel e os seus amigos.
Até o capítulo seis o gênero predominante no livro é classificado como
história. Mas a partir do capítulo sete, o gênero que passa a dominar a obra é
o das visões de Daniel. Uma série de visões dadas por Deus ao profeta é
revelada a respeito do futuro do mundo e do Reino de Deus.
fonte cpad
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