Luteranismo
O luteranismo é um dos principais ramos
do cristianismo ocidental, que tem por base a teologia de Martinho Lutero, um
frade católico, reformador e teólogo alemão. Surge a partir dos esforços de
Lutero em reformar a doutrina e prática da Igreja Católica Apostólica Romana,
até então a única Igreja existente no ocidente, o que originou a Reforma
Protestante. Esta teve como principal base a publicação das 95 Teses, que foram
divulgadas nos territórios de língua alemã do Sacro Império Romano para
propagandear os maiores princípios da Reforma, contrariando as autoridades
governamentais e eclesiásticas da época.
A divisão entre os católicos romanos e
os luteranos aconteceu em 1521, com a Dieta de Worms, onde Lutero e todos seus
seguidores foram oficialmente excomungados pela Igreja Católica.[2] A divisão
tinha por base a doutrina da justificação, sendo que Lutero advocava-a através
do princípio de que "a salvação vem somente pela graça, somente pela fé e
somente por Cristo", contrariando o ponto de vista romano, que se baseava
em uma "salvação pelo amor e pelas boas obras".
Ao contrário de outras igrejas cristãs
que surgiram por meio da Reforma, como o calvinismo, o luteranismo mantém
muitas práticas litúrgicas e ensinamentos sacramentais do período pré-Reforma,
com uma ênfase particular na eucaristia, ou "Santa Ceia". Os
principais pontos em que o luteranismo difere das outras igrejas cristãs são o
propósito da Lei de Deus, a vocação eficaz, a perseverança dos santos e a
predestinação.
Hoje, o Luteranismo é uma das maiores
denominações do Protestantismo. Com aproximadamente 80 milhões de seguidores,
constitui o terceiro maior grupo protestante, depois dos pentecostais
históricos (que reúne igrejas como as Assembléias de Deus) e dos Anglicanos.
Etimologia
O nome "luterano" surgiu como
um termo pejorativo empregado por João Maier contra Martinho Lutero durante o
Debate de Leipzig de julho de 1519.[3] Eck e outros católicos romanos seguiram
a prática tradicional de nomear uma heresia utilizando o nome de seu líder,
assim rotulando a todos que se identificavam com a teologia de Lutero como
"luteranos".
Martinho Lutero, em todas suas
convenções, sempre preferiu não utilizar o termo "Luterano",
preferendo em qualquer ocasião referir o movimento da reforma como
"Evangélico", o qual deriva da palavra em grego euangelion, que em
português significa "boas novas", "evangelho", i.e.
"Gospel".[3] Os próprios luteranos começaram a utilizar o termo na
metade do século XVI para assim distinguir-se dos outros grupos que foram
formados na Reforma, como os calvinistas e os anglicanos. Em 1597, os próprios
teólogos de Wittenberg definiram-se a si próprios como "luteranos",
tornando assim o termo tradicional e usado em todo o mundo até os dias de hoje.
LuteranismoMartinho Lutero, um católico
romano fervoroso, decidiu entrar para o claustro num mosteiro Agostiniano,
sendo ordenado padre em 1507. Segundo alguns historiadores, isto ocorreu devido
a um acontecimento sobrenatural, no qual ele sobreviveu a uma tempestade na
estrada, após ter dito: "Ajuda-me Santa Ana! E tornar-me-ei monge!".
No mosteiro, Lutero vivia em angústias
e desespero por dúvidas que tinha sobre seus méritos espirituais. Quanto mais
refletia, tanto mais cresciam suas dúvidas e incertezas. Não possuía, por isso,
paz de alma e via Deus como um severo juiz pronto a castigar os pecadores.
Lutero tornou-se Doutor em Teologia e
passou a lecionar na Universidade de Wittenberg. Sendo um dos privilegiados a
ter acesso a uma Bíblia, Lutero desenvolveu nova visão teológica lendo as
palavras de Romanos 1.17: "mas o justo viverá pela fé".[5] Ele dizia
que o perdão e a vida eterna não são conquistados por nós mediante as obras,
mas nos são dados gratuitamente mediante a fé em Jesus Cristo, o que Lutero
afirmou com base na Epístola aos Efésios, capítulo 2, versículos 8 e 9:
"Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é
dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie."[6]
Em 1517, na Alemanha, o professor e
monge Martinho Lutero fixou à porta da Catedral de Wittenberg 95 teses criticando
a atuação do papa e do alto clero. Elas se propagaram rapidamente, mesmo com a
intervenção da Igreja. Lutero foi apoiado por parte da população e pela nobreza
que, desejosa de conquistar novas terras sob domínio de Roma (na região da
atual Alemanha), o protegeram da perseguição do papa, poupando-o da fogueira,
mas não da excomunhão.
Alguns exemplos dessas teses:
"Tese 27: Pregam a doutrina humana
os que dizem que, tão logo seja ouvido o tilintar da moeda lançada na caixa, a
alma sairá voando."
"Tese 32: Serão condenados em
eternidade, juntamente com seus mestres, aqueles que se julgam seguros de sua
salvação através de cartas de indulgência."
"Tese 86: Por que o papa, cuja
fortuna é hoje maior que a dos mais ricos crassos, não constrói com seu próprio
dinheiro ao menos a Basílica de São Pedro, em vez de fazê-lo com o dinheiro dos
pobres fiéis?"
Lutero, então, passou a participar de
vários debates teológicos com autoridades civis e eclesiásticas que tentavam
fazê-lo abrir mão de suas ideias e retratar-se de críticas à Igreja e ao papa.
Em 1520, Lutero foi excomungado pelo papa e, no mesmo ano, queimou a bula de
excomunhão em praça pública, rompendo assim com a Igreja Católica da época. Em
1530, surgiu a Confissão de Augsburgo que foi escrita por Lutero e Filipe
Melanchthon, um fiel companheiro seu. Este documento trazia um resumo dos
ensinos luteranos.
Uma das principais preocupações de
Lutero era que todas as pessoas pudessem ler o livro no qual os ensinamentos da
Igreja Católica estariam escritos e assim poderem tirar suas próprias
conclusões. Por isto Lutero traduziu a Bíblia para o alemão para que todos
pudessem lê-la em sua própria língua. Alguns anos mais tarde, a bíblia foi
traduzida para o inglês, francês e espanhol as pessoas passaram a ler a Bíblia e
terem suas próprias conclusões. Aos poucos a Igreja Católica foi perdendo poder
e influência. Depois de Lutero, a Igreja Católica nunca mais conseguiu exercer
o forte domínio sobre a Europa como tinha antes da Reforma Protestante.
As Confissões Luteranas
As Confissões Luteranas podem também
ser consideradas como estandarte, em torno do qual os luteranos cerram fileiras
em defesa de suas visões doutrinárias da Escritura sagrada contra o erro, ou
podem ser consideradas como uma bandeira, à qual os mestres da igreja prestam
juramento de fidelidade. Cada membro da Igreja Luterana deve subscrever não
apenas a Bíblia, mas também as confissões como exposição correta das doutrina
bíblicas. Para o leigo isto significa, ao menos, o Catecismo de Lutero; para o
pastor e professor significam todas as confissões adotadas pela Igreja
Luterana.
Em suas constituições, os grupos
luteranos – congregações, bem como sínodos – geralmente definem sua posição
doutrinária mais ou menos nestas palavras: "Confessamos que os livros
canônicos do Antigo e do Novo Testamento são a palavra de Deus inspirada e,
portanto, a única regra de fé e vida, e que as confissões da Igreja Luterana
são uma exposição correta das doutrinas desta palavra". Por que esta firme
insistência, como resumido nas confissões luteranas? Porque para luteranos não
pode haver nada mais importante do que as doutrinas expostas conforme sua
interpretação da Bíblia.
Em vista do precedente, segundo sua
interpretação, o termo "igreja" jamais deveria ser empregado para
definir um grupo religioso que não pertence ao Senhor como seu corpo (Ef.
1.22,23). Uma seita que, de acordo com sua visão, nega a divindade de Jesus,
como a dos unitaristas não deveria ser chamada igreja.
Escreve Lutero nos Artigos de
Esmalcalde: "Graças a Deus, (hoje) uma criança de sete anos de idade sabe
o que é a igreja, a saber, os santos crentes e cordeiros que escutam a voz do
seu Pastor" (parte III, art. XII, cf. Livro de Concórdia, p. 338). Em seu Catecismo
Maior, ele apresenta essa definição clássica: "Eu creio que há sobre a
terra um pequeno grupo santo e congregação de santos puros sob uma cabeça,
Cristo, chamados pelo Espírito Santo para uma fé, uma mente e uma compreensão,
com dons multiformes, entretanto concordando em amor, sem seitas nem cismas.
Também faço parte do mesmo, sendo participante e co-proprietário de todos os
bens que possui, trazido a ele e incorporado nele pelo Espírito Santo pelo
ouvir e pelo continuar a ouvir a palavra de Deus, que é o processo de iniciação
nele. Pois, anteriormente, antes de termos alcançado isto, pertencíamos ao
diabo, nada sabendo de Deus e de Cristo. Assim, até o último dia, o Espírito
Santo permanece com a santa congregação, ou cristandade, por intermédio da qual
ele nos traz a Cristo, e é ela que o Espírito Santo utiliza para nos ensinar a
pregar a palavra; pela igreja ele age e promove a santificação, fazendo-a
crescer diariamente e fortalecendo-a na fé e nos frutos que ele faz
produzir". (O Credo. Art. III, cf. Livro de Concórdia, p. 454).
A Confissão de Ausburgo
A Confissão de Ausburgo é o documento
que Filipe Melanchton escreveu e que foi apresentado, como sendo o testemunho
luterano, ao imperador Carlos V e à Dieta do Santo Império Romano, a 25 de
junho de 1530. Compõe-se de vinte e oito artigos. Destes, os primeiros vinte e
um apresentam a doutrina luterana e sintetizam os ensinamentos de Lutero. Eles
tentam provar que os luteranos não estavam ensinando novas doutrinas, contrárias
às Escrituras Sagradas, e que não constituíram uma nova seita religiosa. Os
artigos XXI a XXVIII pretendem tratar dos abusos medievais que os luteranos
tinham corrigido
Sua leitura angariou prosélitos
importantes. O bispo Stadion de Ausburgo teria afirmado: "O que foi lido é
a pura verdade, e nós não podemos negá-lo". Quando João Eck, um dos mais
ativos adversários de Lutero, supostamente disse ao duque Guilherme da Baviera
que ele era capaz de refutar a Confissão de Ausburgo com os pais eclesiásticos,
mas não com as Sagradas Escrituras, Guilherme teria respondido: "Assim,
pois, ouço que os luteranos estão com a Escritura e nós, que seguimos o
pontífice, fora dela".
Os credos ecumênicos
Em resposta à acusação de que a Igreja
Luterana se desviou da antiga fé da Igreja Cristã e era, por isso, uma nova
seita, os pais luteranos oficialmente declararam sua concordância total com os
credos ecumênicos. No prefácio da Fórmula de Concórdia declararam: "E
porque imediatamente depois do tempo dos apóstolos e mesmo enquanto eles ainda
viviam, falsos mestres e hereges se levantaram, símbolos, isto é, confissões
breves e concisas, foram compostos contra eles na igreja primitiva, que foram
considerados como a unânime, universal fé cristã e a confissão da Igreja
Ortodoxa e verdadeira, a saber, o Credo Apostólico, o Credo Niceno, e o Credo
Atanasiano; juramos fidelidade a eles, e deste modo rejeitamos todas as
heresias e doutrinas, que, contrárias a eles, têm sido introduzidas na igreja
de Deus".
A primeira confissão da fé cristã foi o
Credo Apostólico. Divergências posteriores levaram à formulação do Credo Niceno
(325) e do Credo Atanasiano (451). Essas três confissões são conhecidas como
credos ecumênicos ou universais.
Contudo, com o passar dos tempos,
segundo a visão luterana, a Igreja foi se desviando da verdade bíblica. Vozes
que clamavam contra o erro foram silenciadas. Martinho Lutero, monge
agostiniano, doutor em Teologia e professor da Bíblia na Universidade de
Wittemberg, Alemanha, postulou que a igreja estava desviada da verdade bíblica.
A Igreja Luterana vê em Lutero um instrumento de Deus para reconduzir a igreja
às verdades bíblicas e considera ainda que Deus preparou outros homens fiéis
que participaram da causa da Reforma.
Os seguintes documentos formam as
Confissões Luteranas:
Catecismo Menor (1529), um resumo de
interpretações bíblicas, escritas para o povo .
O Catecismo Maior (1529), as mesmas
interpretações detalhadamente explicadas para adultos.
A Confissão de Augsburgo (1530), a
principal confissão luterana.
A Apologia (1531), uma defesa da
Confissão de Augsburgo.
Os Artigos de Esmalcalde (1537)
reafirmam os ensinos da Confissão de Augsburgo e expõem, com mais profundidade,
a doutrina da Ceia do Senhor, segundo a visão luterana.
A Fórmula de Concórdia (1577), que
define o pecado original, a impossibilidade de o homem salvar-se por suas
próprias forças e a pessoa e obra de Cristo.
As confissões foram reunidas no Livro
de Concórdia, em 1580, que é aceite hoje por muitas igrejas luteranas no mundo.
Essas igrejas afirmam: " Aceitamos todos os livros canônicos das
Escrituras Sagradas do Antigo e Novo Testamentos, como palavra infalível de
Deus e, como exposição correta da Escritura Sagrada, aceitamos os livros simbólicos
reunidos no Livro de Concórdia." A Escritura ou Bíblia Sagrada é a única
norma na igreja para doutrina e praxe.
Luteranismo mundial
Atualmente, a Igreja Luterana está
presente em todos os continentes habitados, congregando milhões de pessoas. De
acordo com a Federação Luterana Mundial (LWF), o número total de luteranos,
incluindo os não membros da LWF, é de aproximadamente 75 milhões.
Segundo alguns dados levantados no
período de 2011-2013, o número de luteranos ultrapassa a marca dos 80 000 000.
Hoje, mundo afora, existem cerca de 250
ramos luteranos, entre estes, mais de 160 igrejas estão filiadas a (LWF)
Federação Luterana Mundial e mais 50 fazem parte do (ILC) Concílio Luterano
Internacional. As demais igrejas luteranas estão na sua maioria filiadas à
Conferência Luterana Confessional e várias outras se intitulam Comunidades
Luteranas Independentes.
As maiores igrejas de cunho luterano
atualmente são as igrejas da Suécia (6,4 milhões); Tanzânia (6,2 milhões); e
Etiópia (6,1 milhões).
Recentemente, os luteranos veem um
singelo crescimento no número de seguidores ao redor do mundo. A Igreja
Luterana na América do Norte, América Latina, Caribe e Europa vem
experimentando uma redução no número de membros, no entanto vem apresentando um
grande crescimento no continente asiático e africano.
O luteranismo é o maior grupo religioso
na Dinamarca, nas Ilhas Faroé, na Gronelândia, na Islândia, na Noruega, na
Suécia, na Finlândia, na Estônia, na Letônia, na Namíbia, e em alguns estados
no norte do EUA.
O luteranismo ainda é o maior grupo
cristão protestante da Alemanha (20% da população), da Lituânia, da Polônia, da
Áustria, da Eslováquia, da Eslovênia, da Croácia, da Sérvia, do Cazaquistão, do
Tajiquistão, de Papua Nova Guiné, do norte de Sumatra na Indonésia, e da
Tanzânia.
Embora a Namíbia seja o único país fora
da Europa a ter uma maioria luterana, há número considerável de luteranos em
outros países africanos como Nigéria, República Centro Africana, Chade, Quênia,
Malawi, Congo, Camarões, Etiópia, Zimbabwe e Madagáscar, nações onde a
população luterana ultrapassa dos 100 000.
Além destes, os seguintes países também
têm considerável população luterana: Holanda, Canadá, Reino Unido, França,
República Checa, Hungria, Eslováquia, Brasil, Malásia, Índia, Indonésia, África
do Sul e os Estados Unidos
O luteranismo é a religião oficial do
Estado na Noruega, Islândia, Dinamarca, Groenlândia e nas Ilhas Faroé. A
Finlândia tem a sua igreja luterana estabelecida como igreja nacional. Da mesma
forma, a Suécia também tem sua igreja nacional, que era a religião oficial do
Estado até o ano de 2000. A igreja da Suécia ainda não é inteiramente livre,
seu status como "Igreja Evangélica Luterana" ainda é regida pela lei
civil. Mas, desde 2000, nomeia seus próprios bispos, etc.
A distribuição dos luteranos hoje se
encontra da seguinte forma: Europa: 37 milhões; África: 22 milhões; Ásia: 11
milhões; América: 10 milhões.
Os países com o maior número de
luteranos hoje são: 1º) Alemanha: 13,0 milhões; 2º) Estados Unidos: 7,9
milhões; 3º) Suécia: 6,4 milhões; 4º) Tanzânia: 6,1 milhões; 5º) Etiópia: 6,1
milhões; 6º) Indonésia: 6,0 milhões; 7º) Finlândia: 4,4 milhões; 8º) Dinamarca:
4,2 milhões; 9º) Madagascar: 4,0 milhões; 10º) Noruega: 3,9 milhões;
No Brasil
Templo da Igreja Evangélica Luterana do
Brasil em Schroeder, Santa Catarina.
Com o princípio de difundir a teologia
do luteranismo pelo mundo, uma esquadra saiu da Alemanha ao rumo do Brasil
poucos anos; o primeiro indício da propagação da crença luterana no Brasil
aconteceu em 1532, com a chegada de Heliodoro Heoboano, que era filho de Helius
Eobano Hesse, amigo de Lutero, no porto de São Vicente, São Paulo.[9] No
entanto, Heliodoro estava à bordo da esquadra do Governador da Índia Martim
Afonso de Sousa, sendo que rapidamente teve que retornar para o seu país de
origem, e o luteranismo no Brasil ficou esquecido por cerca de três
séculos.[10] O mártir Hans Staden, que ficou conhecido por ter sido aprisionado
pelos índios, cantou vários hinos de Lutero, bem como deu ordens para erigir a
primeira capela evangélica no Brasil neste meio-tempo, na cidade de Ubatuba,
São Paulo.[11]
A primeira congregação luterana fundada
oficialmente no Brasil foi estabilizada apenas no dia 3 de maio de 1824, na
cidade de Nova Friburgo, Rio de Janeiro, tendo o Reverendo Friedrich Osvald
Sauerbronn sido o primeiro pastor luterano em terras brasileiras.[10] [12] Isto
só foi possível pela organização dos fluxos europeus feita por Dom Pedro I, que
impulsionou a imigração alemã no Brasil e a expansão por todo o país. No mesmo
ano, em 25 de julho, uma segunda leva de imigrantes desembarcou em São
Leopoldo, Rio Grande do Sul, juntamente com o Reverendo Georg Ehlers. Em
virtude destas viagens, o governo brasileiro da época contribuiu com a
contratação e assistência de pastores.
Igreja da IECLB em Carambeí
Com esta difusão, foram formadas duas
principais denominações de Igreja no país. A Igreja Evangélica de Confissão
Luterana no Brasil (IECLB), é a que corresponde ao maior número de membros, e
se formou a partir da vinda de membros da Alemanha que não se conformaram com a
decisão da Prússia unificar os luteranos com os reformados sob o comando do
Estado e imigraram para o Brasil.[16] No mesmo período, foi formada também a
Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB), proveniente de missões de
norte-americanos a partir do início do século XX.[17] Além disso, outras
denominações independentes foram criadas ao longo dos anos, com o número de
membros abaixo de cem mil.[14] No que corresponde a teologia, a IECLB e a IELB
apresentam a mesma fé, baseada na reforma apresentada por Lutero, porém
diferenças históricas fazem com que haja alguma divergência entre os membros de
ambas as congregações. Sobre o assunto, o Dr. Joachim Fischer comentou: "O
âmbito da IECLB passou-se da indefinição ou diversidade confessional para a
confessionalidade luterana. A IELB, por sua vez, deixou de lado a polêmica
contra o unionismo da IECLB. Ambas as igrejas passaram da polêmica e da
rivalidade para a colaboração e fraternidade".
Distribuição de luteranos no Brasil
[Expandir]Região/Estado Número
O desenvolvimento do luteranismo no
Brasil se intensificou na Região Sul, além do estabelecimento de pequenas
capelas nos quatro estados da Região Sudeste.[10] Na Região Norte, o
luteranismo é mais forte no estado de Rondônia, onde foi apresentado em 23 de
julho de 1970 pelo Pastor Joachim Maruhn.[19] Atualmente, estima-se que exista
entre 1 e 1,5 milhões de luteranos no Brasil, conforme aponta distribuição na
tabela ao lado.[14] [20] [21]
Protestantes por país
Justificação (teologia)
Museu Internacional da Reforma
Protestante de Genebra
Igreja da Suécia
Colonização alemã em São Paulo
Colonização alemã no Rio Grande do Sul
HISTORIA DOS
ANABATISTAS
Anabaptistas ou anabatistas
("re-batizadores", do grego ανα (novamente) + βαπτιζω (baptizar); em
alemão: Wiedertäufer) são cristãos sectários do anabatismo, a chamada "ala
radical" da Reforma Protestante. Os anabatistas não formavam um único
grupo ou igreja, pois havia diversos grupos chamados genericamente de
"anabatistas" com crenças e práticas diferentes e divergentes. Eles
foram assim chamados porque os convertidos eram baptizados apenas na idade
adulta, por isso, eles re-baptizavam todos os seus prosélitos que já tivessem
sido baptizados quando crianças, pois creem que o verdadeiro baptismo só tem
valor quando as pessoas se convertem conscientemente a Cristo. Desta forma os
anabatistas desconsideravam tanto o batismo católico quanto o batismo dos protestantes
luteranos, reformados e anglicanos.
Origem[
O primeiro uso do termo anabatistas
ocorreu após o Segundo Concílio de Cartago no ano 225 quando 87 bispos sob a
direção de Cipriano de Cartago decidiram rebatizar os fiéis das igrejas adeptas
novaciano, porém o bispo da Igreja Católica, papa Estêvão I combateu a
aceitação do batismo feito por grupos cismáticos.
Em primeira instância, os grupos que
realizavam o re-baptismo eram os adeptos do montanismo e novacianismo até o
século IV, os seguidores do donatismo até o século X na África, os paulicianos
condenados pelo código justiniano pelo anabatismo em 525 d.C., os bogomilos nos
Balcãs e Bulgária do século IX. Esses grupos não aceitavam os sacramentos das
igrejas estabelecidas e não necessariamente criam em batismo de crentes
adultos.[1]
O anabatismo moderno surgiu durante a
Reforma Protestante do século XVI. A Reforma, baseada nos princípios de
justificação pela fé e do sacerdócio universal, levou ao desenvolvimento da
doutrina de adesão voluntária do crente à Igreja.[2] Contudo, enquanto Lutero,
Calvino e Zuínglio mantiveram o baptismo infantil e a vinculação da igreja ao
Estado, os anabatistas liderados por Georg Blaurock, Conrad Grebel e Félix Manz
ansiavam por uma reforma mais radical.
Os anabatistas fundaram então sua
primeira igreja no dia 21 de janeiro de 1525, próxima a Zurique, na Suíça.
Perseguidos na Suíça, o movimento espalhou pelo sul da Alemanha, Vale do Reno,
Caríntia e Países-Baixos. Somente grupos pacifistas dos anabatistas
sobreviveram, como os organizados por Menno Simons nos Países Baixos e
hutteritas no Tirol, organizado por Jacob Hutter em um grupo comunal que ainda
existe nos Estados Unidos. Os amish nasceram dentre os mennonitas e os Dunkers
são frutos do encontro entre anabatismo e o pietismo.
É difícil sistematizar as crenças
anabaptistas daquela época, porque qualquer grupo que não era católico ou
protestante e que batizava adultos, como os unitários socinianos ou místicos
como Thomas Muentzer eram rotulados como anabatistas. Esses grupos, junto com
os anabatistas constituem a Reforma Radical.
Em In nomine Dei, José Saramago retrata
um conhecido episódio na história do movimento anabatista que teve lugar na
cidade de Münster (no norte da Alemanha), onde entre 1532 e 1535 foi estabelecida
uma teocracia nas linhas das orientações desta denominação. Ver a Rebelião de
Münster.
Migrações e perseguições
A queima no século XVI do holandês
anabatista Anneken Hendriks, que foi acusado pela Inquisição espanhola de
heresia
Católicos e protestantes perseguiram os
anabatistas, recorrendo à tortura e execução na tentativa de conter o
crescimento do movimento. Os protestantes sob Ulrico Zuínglio foram os
primeiros a perseguir os anabatistas, com Felix Manz tornando-se o primeiro
mártir em 1527. Em 20 de maio de 1527, autoridades da Igreja Católica Romana
executaram Michael Sattler. O rei Fernando declarou afogamento (chamado
"terceiro batismo") o melhor antídoto para Anabaptistas. O regime de
Tudor, mesmo aqueles que eram protestantes (Eduardo VI de Inglaterra e Isabel I
de Inglaterra) perseguiu os anabatistas por eles serem considerados demasiado
radicais e, portanto, um perigo para a estabilidade religiosa.
A perseguição de anabatistas foi
permitida pelas leis antigas do Teodósio I e Justiniano I proferidas contra os
donatistas. Tais leis decretaram a pena de morte para qualquer um que
praticasse o rebatismo.[4] O "Espelho dos Mártires", por Thieleman J.
van Braght, descreve a perseguição e execução de milhares de anabatistas em
várias partes da Europa entre 1525 e 1660. A continua perseguição na Europa foi
largamente responsável pelas grandes emigrações à Rússia e América do Norte por
amish, huteritas e mennonitas.
Anabaptistas hoje
Depois de serem massacrados na Guerra
dos Camponeses, os Anabaptistas sobreviveram na sua forma pacifista, como a
Igreja mennonita. Originalmente concentrados no vale do rio Reno, desde a Suíça
até a Holanda, os anabaptistas conquistaram adeptos de cultura germânica.
Perseguidos pelo Estado e guerras, tiveram imigração em massa para a Rússia e
América do Norte. No final do século XIX e começo do XX surgiram colónias na
América do Sul (Paraguai, Argentina, Brasil, Bolívia), onde mantêm suas
culturas e fé.
Muitos anabaptistas conservadores vivem
em comunidades rurais isoladas e desconfiam do uso de tecnologia.
Os principais remanescentes anabatistas
são: os huteritas, mennonitas, amishes, cuja postura em muito se assemelha ao
estilo de vida dos cristãos descrito no Novo Testamento, especialmente em Atos
dos Apóstolos 4:34,35 (pacifismo, comunalismo na produção e consumo).
Os Anabatistas influenciaram ainda
outras denominações religiosas, como os quakers, Baptistas, dunkers e outras
denominações protestantes que afirmam a necessidade de uma adesão voluntária à
Igreja. há grupos que reclamam os princípios anabatistas, mesmo que não tenham
sua origem nos grupos históricos. Um bom exemplo são grupos pentecostais que se
autodenominam anabatistas, como os Pentecostais do Nome de Jesus.
Doutrina
As doutrinas enfatizadas pelos
anabaptistas, a exemplo dos Mennonitas, apontadas pelo teólogo John Howard
Yoder são:
A Bíblia, principalmente a ética do
Novo Testamento, devem ser obedecidas como a vontade de Deus, embora não
sistematizando sua teologia, mas aplicando-as no dia-a-dia. A interpretação da
Bíblia é realizada nos cultos e reuniões da igreja.
Credos e confissões são somente
documentos para demonstrar aquilo que se crê em comum, assim não requerem a
adesão formal a eles. Aceitam, portanto, em essência os credos históricos do
Cristianismo, mas não o professam.
A Igreja é uma comunidade voluntária
formada de pessoas renascidas. A Igreja não é subordinada a nenhuma autoridade
humana, seja ela o Estado, ou hierarquia religiosa. Assim evitam participar das
actividades governamentais, jurar lealdade à nação, participar de guerras.
A Igreja não é uma instituição
espiritual e invisível, mas uma coletividade humana e real, marcada pela
separação do mundo e do pecado e uma posição afirmativa em seguir os
mandamentos de Cristo.
A Igreja celebra o Batismo adulto
normalmente por infusão como símbolo de reconhecimento e obediência a Cristo, e
a Santa Ceia em memória da missão de Jesus Cristo.
A Igreja tem autoridade de disciplinar
seus membros e até mesmo sua expulsão, a fim de manter a pureza do indivíduo e
da igreja.
Como pode ser notado, a teologia
anabatista é maciçamente eclesiológica, baseada na vida comunitária e Igreja.
Quanto a salvação, o anabatismo crê no
livre-arbítrio, o ser humano tem a capacidade de se arrepender de seus pecados
e Deus regenera e ajuda-o a andar em uma vida de regeneração.
O que é único na Teologia Anabatista,
principalmente depois de Menno Simons, é a visão sobre a natureza de Cristo,
possui uma doutrina semi-nestoriana, crendo que Jesus Cristo foi concebido
miraculosamente pelo Espírito Santo no ventre de Maria, mas não herdou nenhuma
parte física dela. Maria, seria portanto um instrumento usado por Deus, para
cumprir o seu plano, mas não Theotokos (Mãe de Deus).
A essência do cristianismo consiste em
uma adesão prática aos ensinamentos de Cristo.
A ética do amor rege todas as relações
humanas.
Pacifismo: Cristianismo e violência são
incompatíveis.
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PAZ DO SENHOR
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