Onde Está o
avivamento?
Fora um dia extremamente exaustivo. O sol quente
castigava impiedosamente a terra árida e endurecida. A multidão, que parecia
ter ficado sob esse céu sem nuvens por uma eternidade, continuava assistindo em
silêncio ao confronto decisivo entre Baal e Jeová. O time de Jeová estava em
absurda desvantagem: 850 a 1, em favor de Baal.
Parecia que nem uma folha se mexia enquanto todos
observavam e esperavam em suspense. Os profetas de Baal tentavam uma tática
após outra para persuadir o deus do relâmpago e do fogo a se manifestar, provar
sua existência e mandar fogo do céu. Suplicavam e clamavam. Como nada
aconteceu, clamaram com mais insistência, fizeram propostas, exigiram que Baal
lhes atendesse e mandasse fogo. Ainda assim, não veio resposta alguma. Nada de
fogo do céu.
Contudo, não se intimidaram. Com persistência
admirável, saltaram em cima do altar e cortaram-se até escorrer o sangue – em
tentativas desesperadas e inúteis de demonstrar a Baal sua sinceridade e de
conseguir alguma evidência, qualquer coisa que pudesse provar a realidade
espiritual. Porém, não veio sinal algum de fogo do céu – nem sequer uma faísca.
Para dizer a verdade, há mais de três anos, não havia
qualquer movimento dos céus, qualquer sinal de vida, de espécie alguma – nada
de fogo, de chuva, de mensagem, de realidade. Esgotados com os exercícios
fúteis, os representantes de Baal viram seu desejo transformar-se em
desapontamento e, finalmente, em derrota.
Nesse ponto do relato de 1 Reis 18, é impossível
deixar de observar algumas semelhanças muito evidentes com o tempo atual. O
grande problema na igreja contemporânea é que, apesar de seu tamanho e da
quantidade de atividades, não há uma verdadeira manifestação da glória da
presença de Deus.
De modo geral, não nos faltam atividade, fervor e
tentativas sinceras de obter poder espiritual. Pelo contrário, as agendas das
igrejas estão inchadas de cultos, retiros, conferências e programas. Fazemos
muito barulho. Estamos ocupados, intensos e, talvez, sinceros, mas o céu
continua mantendo um silêncio ensurdecedor. Não há sinal de fogo.
Não é que não estejamos tentando. Estamos tentando e
como! Aparentemente, porém, todos os nossos programas, promoções, reuniões,
caravanas, orçamentos, batismos, comitês e convenções fracassaram. Não
conseguiram produzir aquilo de que precisamos com mais urgência: fogo do céu.
Enquanto os líderes espirituais e ativistas correm
para cá e para lá, tentando produzir faíscas, o membro normal de igreja
continua agindo como espectador, esperando ao lado do restante do mundo e
perguntando onde está o fogo.
Chamando fogo do céu
Entra em cena, neste instante, uma figura solitária.
Três anos atrás, havia despertado a ira do rei e, desde então, tornara-se
fugitivo. Seria de se imaginar que se intimidasse ao se apresentar diante do
monarca ofendido. Afinal, corria grande risco de vir a perder a vida. No
entanto, não foi isso que aconteceu; apresentou-se com segurança, confiança e
ousadia.
Chamou a atenção do povo, que começou a aproximar-se
lentamente, sem saber o que esperar. Esse homem sempre fora meio estranho –
totalmente oposto aos demais líderes religiosos da época. Quando falava,
encontrava pouca ressonância entre os ouvintes.
Sua mensagem contradizia tudo o que era tradicional e
popular. O desafio de sair de cima do muro e definir-se por um ou por outro, ou
por Baal, ou por Jeová, deixava quase todos desconfortáveis – preferiam não se
comprometer.
Porém, não era um discurso que pretendia fazer. Ele os
conduziu a um velho altar, o altar de Jeová. Abandonado há muitos anos, estava
em ruínas. Uma por uma, selecionou doze pedras grandes e reedificou o altar
caído. Preparou o sacrifício e colocou-o sobre o altar.
De repente, fez algo totalmente inesperado e sem
sentido lógico. Ordenou que enchessem quatro tambores de água e a despejassem
sobre o sacrifício.
O quê? Ele enlouqueceu? Qualquer um sabe que lenha
molhada não pega fogo! Além disso, esse homem estranho não sabia que estavam há
três anos sem chuva? Que desperdício insensato desse recurso precioso!
Para piorar, depois de seguirem suas ordens, ele ainda
pediu que o fizessem novamente – e, depois, uma terceira vez!
Quando tudo estava pronto, ele fez uma oração simples
e curta – mas com resultados imediatos: fogo!
Não havia fósforos nem querosene. Nada de truques
mágicos, giros ou fingimentos. Somente fogo. Fogo genuíno. Fogo que lambeu a
água e consumiu inteiramente o sacrifício, a lenha, as pedras – até o pó no
chão. Fogo do céu. Fogo de Deus.
O que é o fogo de Deus?
Não existe na Igreja hoje uma necessidade maior do que
a necessidade que ela tem do fogo de Deus. Quando falamos sobre o fogo de Deus,
estamos nos referindo à manifesta presença de Deus e à sua glória. Estamos
falando sobre o poder sobrenatural de Deus.
Estamos falando sobre reuniões que não são apenas
reuniões “boas” com boa música e boas pregações. Estamos falando sobre
resultados que não podem ser explicados em termos de esforço humano. Estamos
falando sobre aquilo que o homem não consegue programar, manipular, planejar ou
fazer acontecer.
Estamos falando sobre algo que vai além da ação normal
do Espírito Santo no meio do seu povo. Estamos falando sobre o derramamento
extraordinário do Espírito que revela a glória de Deus nas vidas individuais e
na igreja.
O que o fogo faz?
Quando o fogo cai, vemos Deus como ele realmente é.
Tanto no Velho quanto no Novo Testamento, Deus é revelado como um Deus de fogo.
No Monte Sinai, onde foi dada a lei, Deus se revelou
com relâmpagos, trovões e vozes. No último livro da Bíblia, o apóstolo João
recebeu um vislumbre da sala do trono, no céu. Do meio do trono, saíam
“relâmpagos, vozes e trovões” (Ap 4.5).
Quando o fogo cai, Deus assume o controle da Igreja.
Quando Deus aparece, as pessoas se sentem melhor prostradas no chão do que
sentadas nos bancos. Quando o fogo cai, ele consome tudo que não é santo, tudo
que é terreno e humano.
O fogo de Deus purifica, separa, derrete e devora,
“porque o nosso Deus é fogo consumidor” (Hb 12.29). Deus é como o fogo do
ourives (Ml 3.2) que traz impurezas à superfície, expondo-as e consumindo-as.
Quando o fogo cai, o pecado é julgado e tratado de
forma meticulosa e radical – não apenas os pecados óbvios da carne, mas os
pecados sutis e ocultos do espírito também. As máscaras da respeitabilidade são
removidas, os disfarces rasgados e os corações dos homens expostos diante do
olhar de um Deus que tudo vê, tudo sabe.
Quando o fogo cai, há profunda convicção e tristeza
pelo pecado. O intenso holofote da santidade de Deus faz com que aquilo que
antes era aceitável torna-se, de repente, abominável. A indiferença
transforma-se em lamentação. A atitude casual para com o pecado é substituída
por quebrantamento e arrependimento genuínos.
Quando o fogo cai, os esforços e as obras dos cristãos
são provados. Grande parte daquilo que parecia atividade espiritual é revelada
como nada mais do que esforço carnal a ser consumido como madeira, feno e
palha.
Quando o fogo cai, nossos métodos e programas
tradicionais rendem-se ao senhorio de Jesus, e o Espírito Santo começa a
presidir as ações e o funcionamento de sua Igreja.
Quando o fogo cai, há poder. Há vida. Há pureza. Há
espontaneidade. Há realidade.
Onde está o fogo de Deus hoje? Onde está a evidência
de sua presença e poder? Onde está o senso de reverência, de admiração, de
assombro e temor na sua presença?
Onde estão as lágrimas de quebrantamento e contrição?
Onde se vê pessoas perdidas caindo prostradas, dominadas pela realidade da
presença de Deus no meio do seu povo?
Que igreja em sua comunidade é conhecida por ter
manifestações do fogo de Deus? Em qual classe de Escola Dominical, em qual
família, em qual pai, mãe ou jovem você tem visto o fogo de Deus?
Por que não temos o fogo?
Na maioria dos casos, não temos o fogo de Deus porque
não achamos que precisamos dele. Estamos contentes em viver sem a sua glória.
De maneira geral, nosso país, nossas igrejas, lares e
vidas estão destituídos da glória e do poder de Deus. Se alguém pergunta sobre
nossas necessidades, falamos que precisamos de maiores prédios, mais dinheiro,
mais voluntários, uma equipe melhor ou mais equipamentos. Por que não
conseguimos enxergar que nossa maior necessidade é do próprio Deus?
Temos pecado contra Deus, e ele retirou sua presença
manifesta de nós; no entanto, nossos olhos acostumaram-se com a penumbra.
Estamos habituados a funcionar com o próprio esforço. Quando ninguém questiona
a autenticidade dos resultados.
Ficamos cegos à nossa verdadeira condição e
necessidade espiritual. Como a igreja de Laodiceia, achamos que somos ricos e
abastados, que não precisamos de coisa alguma (Ap 3.17).
Ouço líderes cristãos falando que a Igreja está
prosperando. Outros insistem que estamos experimentando sucessivas ondas de
avivamento.
Se é assim, então por que toda forma de impureza moral
continua alastrando-se livremente em nossas igrejas evangélicas, fundamentadas
na pregação da Palavra? Por que a taxa de divórcio está tão alta na Igreja
quanto no mundo?
Por que a vasta maioria dos cristãos nunca apresenta
Cristo a ninguém? Por que as pessoas desejam uma experiência cristã de tempo
parcial, de final de semana, que lhes seja conveniente, sem custo real? Por que
os pastores precisam usar força e coação para conseguir levar as pessoas a
realmente servirem ao Senhor?
Por que divisão nas igrejas é tão comum? Por que
tantos que se chamam cristãos são estéreis, vazios, feridos e incapazes de se
livraram da escravidão espiritual? Por que o mundo está tão pouco interessado
naquilo que temos a oferecer?
Enquanto pensarmos que estamos fazendo tudo certo,
nunca clamaremos a Deus para enviar fogo do céu.
Outra razão de não termos o fogo de Deus é que, na
verdade, não o queremos. Oh sim, dizemos que queremos, mas geralmente queremos
o tipo de fogo que atrai atenção à nossa igreja, que lota os auditórios,
aumenta as ofertas e soluciona todos os nossos problemas.
Não queremos o tipo de fogo que consome, destrói,
expõe, queima e machuca. Temos medo do que poderia acontecer se Deus aparecesse
entre nós. Queremos uma experiência religiosa bem domesticada, fácil de se
controlar.
Além disso, não queremos o tipo de pregação que vem
antes do avivamento. Tenho observado que as pessoas só querem encorajamento e
amor do púlpito. Não querem a verdade!
Pregar sobre pecado, arrependimento, santidade,
quebrantamento ou confissão é considerado muito negativo. “Você está colocando
uma carga de culpa no povo. Vai destruir sua autoestima”.
Quisera que nos preocupássemos menos com o que as
pessoas pensam de si mesmas e mais com o que pensam de Deus! Enganados pelo
mundo, seguimos uma teologia egocêntrica muito mais voltada à nossa autoimagem
do que à imagem de Deus.
Não temos o fogo de Deus porque não acreditamos que
ainda existe esse tipo de coisa hoje. Para justificar nossa impotência, temos
usado a interpretação de dispensações para tirar o efeito de grande parte da
Palavra de Deus. “Isso é Velho Testamento!” “Deus não age mais dessa forma
hoje.”
Um estudo sério da história de avivamentos mostra que
todo avivamento é, de certa forma, uma repetição do que aconteceu no dia de
Pentecostes. O Espírito é derramado sobre seu povo de maneira extraordinária, e
a manifesta presença e poder de Deus são liberados.
Entretanto, no nosso afã de evitar os excessos e
abusos de certos movimentos, temos negado totalmente a possibilidade de um
derramamento sobrenatural do Espírito Santo. Não oramos por milagres porque
acreditamos que Deus não opera mais como no passado!
Finalmente, não temos o fogo de Deus porque não
estamos dispostos a pagar o preço para recebê-lo. Queremos um avivamento
instantâneo, sem custo e sem dor. Queremos todos os resultados e benefícios
positivos do avivamento com pouco ou nenhum custo para nós.
Queremos lucro sem dor. Queremos a alegria do
nascimento de nova vida sem passar pelas dores de parto. Queremos cura sem
cirurgia. Queremos alegria sem choro.
Queremos entrar no poder da ressurreição sem antes
passar pela agonia da cruz. Queremos manter nossos cronogramas e programas e
instituições, exatamente como estão. Queremos o mínimo de interferência com
nossos planos ou tradições.
O avivamento envolve um processo – primeiro para arar
o terreno endurecido e abandonado do coração, depois plantar a semente e,
finalmente, fazer a colheita. Arar é um processo doloroso, mas não pode ser
ignorado, e exige bastante tempo.
Sim, o tempo é uma parte inevitável do preço.
Mini-avivamentos de final de semana podem ser mais convenientes para caber na
agenda, mas dificilmente resultarão em avivamentos genuínos.
Elias passou por um processo de preparação e
purificação durante três anos e meio antes de Deus enviar o fogo. E o povo de
Israel precisou sofrer as consequências de seus pecados durante esse mesmo
período, até ficar desesperado o suficiente para Deus enviar o fogo.
Estamos todos ocupados demais para ouvir Deus. Deus se
encontra com aqueles que esperam por ele (Is 64.4), mas preferimos que ele
envie o fogo dentro do nosso cronograma. E é melhor que consiga concluir tudo
antes do meio-dia!
Querido amigo, Deus simplesmente não aceitará ser
encaixado em nossos planos, nossa agenda ou nosso cronograma. Ele é Deus!
Precisamos dar a ele a liberdade de agir conforme deseja, de acordo com seu
próprio cronograma.
Se Deus vai enviar fogo, precisamos estar dispostos,
se necessário, a descartar nossas tradições humanas, nossos métodos, estruturas
e programas e dar espaço para ele. Não é que tais coisas são erradas em si
mesmas, mas tornaram-se ídolos para a maioria de nós. Qualquer coisa que é mais
importante para nós do que a presença de Deus faz parte do preço que certamente
nos será exigido.
Com certeza, não haverá fogo até que o sacrifício seja
oferecido. Para o povo de Israel, significava colocar sua reserva de água no
altar. Deus não precisava de água, mas quando lhe deram a reserva de água,
deram suas próprias vidas. Era isso que ele queria desde o princípio.
Não sei que tipo de sacrifício Deus poderá pedir de
você ou da sua igreja. Pode ser que ele peça que entregue a sua reputação. Pode
ser que peça que suporte crítica, desentendimento e rejeição da parte de
pessoas que são muito importantes para você.
Ele pode pedir que você deixe seu emprego. Pode pedir
que coloque as economias de toda sua vida ou o fundo de aposentadoria no altar.
Em última análise, o que Deus realmente quer é nossa
vida inteira. Quando Deus a recebe no altar, então, e só então é que ele
enviará fogo do céu para revelar seu poder a um mundo que está esperando e
duvidando.
A Glória do
Avivamento
Nunca é tarde para Deus enviar um avivamento e
reverter o seu juízo – até que tal juízo se torne definitivo. Mesmo quando a
nação de Israel enfrentava juízo máximo por meio de iminente invasão, guerra e
cativeiro, Deus ainda procurava alguém que ficasse diante dele na brecha (Ez
22.30).
Por causa de sua compaixão, Deus não queria trazer
juízo. Tudo o que ele queria era um homem, ao menos um homem que fizesse a
diferença.
Mais tarde, em sua profecia dos ossos secos (Ez 37),
Ezequiel previu que Deus enviaria um avivamento para seu povo. Em visão, o
profeta foi levado pelo Espírito a um vale deserto cheio de ossos secos
espalhados por toda parte.
“Estes ossos são toda a casa de Israel”, disse Deus ao
profeta (v.11). Então o Senhor prometeu enviar o seu Espírito sobre eles para
que pudessem viver e ser restituídos à sua terra (v.14). Ezequiel profetizou, e
os ossos se juntaram; pelo poder do Espírito de Deus, eles reviveram.
Avivamento é uma ação sobrenatural que flui
soberanamente da mão de Deus. É o próprio Vivificador agindo na vida íntima de
sua igreja. Ninguém pode produzir avivamento ou fabricar seus resultados.
Podemos orar por ele, chorar por ele, arrepender-nos dos nossos pecados e
esperar pelo mover de Deus, mas não podemos fazer o avivamento acontecer.
Esforços humanos por meio de propaganda e estratégias
promocionais, música eletrônica, listas de visita computadorizadas ou simples
empenho e dedicação, em si mesmos, não produzirão avivamento. Tudo isso pode
ser bom em seu devido contexto, mas não é suficiente para produzir uma
visitação de Deus na igreja.
Avivamento genuíno é o mover extraordinário do
Espírito Santo que traz profunda convicção de pecado e uma obra muito mais
ampla de purificação espiritual em nossa vida. No avivamento, a glória de Deus
é manifesta e sua presença é evidente. A igreja inteira fica incendiada!
Avivamento restaura o primeiro amor por Cristo. Repõe
o foco exclusivamente nele, e só nele. Redireciona as energias para servir
somente a ele. Reorganiza as prioridades para obedecer somente a ele.
Avivamento genuíno traz de volta a glória de Deus que tantas vezes tem-se afastado
de nós. Restaura a alegria do nosso relacionamento com Deus e uns com os
outros.
Avivamento também resolve o conflito na igreja. Quando
nosso coração está quebrantado, o amor de Deus flui para todos ao redor. O
verdadeiro sinal de que uma igreja precisa de avivamento é quando prevalecem o
ciúme e o conflito. O avivamento altera tudo isso porque remove a amargura,
renova a mente, refresca o espírito e redireciona as energias para servir a
Deus.
Senhor, Faze-o de Novo
Aparentemente foi a lembrança de um derramar do
Espírito de Deus que instigou o salmista a escrever as palavras do Salmo 85.
Nos três primeiros versículos, sua oração pode ser resumida mais ou menos
assim: “Senhor, tu já fizeste isso antes”. Ele reflete sobre a liberdade (v.1),
o perdão (v.2) e a comunhão restaurada (v.3) que Deus havia propiciado ao seu
povo em épocas passadas.
A lembrança de manifestações do poder de Deus no
passado motiva-nos a buscá-lo por um novo mover em nosso meio. Por isso, o
salmista clama nos versículos 4-7: “Faze-o de novo, Senhor!”.
Esse é o brado do coração de um homem que não está
contente com essa versão acomodada, racionalizada e subnormal do cristianismo.
Ele fala em nome daqueles de nós que anelam ver a expressão mais completa
possível do poder e da pureza de Deus manifestada por meio de seu povo.
O salmista clamou: “Não tornarás a vivificar-nos, para
que em ti se regozije o teu povo?” (v.6). Observe que é o povo de Deus, não os
perdidos, que necessita de avivamento.
Reavivar significa trazer de volta à vida. Os perdidos
nunca tiveram vida espiritual, portanto precisam ser regenerados. Antes que a
igreja possa, efetivamente, atingir um mundo perdido e necessitado, ela precisa
ser reavivada, purificada e esvaziada do pecado e do ego e cheia do Santo
Espírito. Em nosso atual estado esmorecido, não temos nada para atrair
pecadores perdidos a Jesus.
A Palavra de Deus adverte-nos que o juízo deve começar
na casa de Deus (l Pe 4.17). No Velho Testamento, quando Deus deu a Ezequiel
uma visão do iminente juízo a ser enviado por causa do pecado, ele deu ordens
para começar “pelo meu santuário” (Ez 9.6).
O avivamento não é somente para o povo de Deus em
geral, mas, mais especificamente, devo reconhecer que eu mesmo preciso dele.
Como diz a letra de velho spiritual: “Não é meu irmão, não é minha irmã, mas
sou eu, Senhor, que preciso de oração”.
Temos uma sensibilidade aguda às limitações e falhas
das pessoas ao nosso redor, ao mesmo tempo em que ficamos cegos com a maior
facilidade às nossas próprias necessidades. Embora Deus possa graciosamente
derramar sua presença e poder sobre a coletividade de crentes em determinada
região, é impossível participar de um avivamento como espectador. É algo
intensamente pessoal. Alguém já observou sabiamente: “Avivamento é o dedo de
Deus apontado para mim!”.
Nas conferências que organizamos, temos costume de
pedir às pessoas que preencham cartões com pedidos de oração para serem levados
à equipe de oração. Invariavelmente, durante os primeiros dias da conferência,
as pessoas pedem oração para que o marido ou a esposa, os filhos ou amigos que
estão longe de Deus, ou os diáconos e oficiais da igreja experimentem
avivamento.
Mas, quando o Espírito de Deus começa a atingir os
corações, aqueles cartões começam a trazer pedidos mais parecidos com este: “Eu
pensava que era meu cônjuge que precisava de avivamento – mas Deus me mostrou
que sou eu quem precisa”. Quando começamos a perceber as próprias necessidades,
então podemos crer que Deus logo virá e se encontrará conosco num avivamento
genuíno!
As melhores evidências do verdadeiro avivamento são os
resultados que ele provoca na vida do povo de Deus.
Novo Amor por Deus
O avivamento produz, em primeiro lugar, um novo amor
por Deus. Quando um judeu, perito na lei, perguntou a Jesus qual seria o maior
de todos os mandamentos, ele respondeu sem hesitação: “Amarás o Senhor teu Deus
de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento” (Mt
22.37). Se o maior dos mandamentos é amar a Deus com todo o coração, então o
maior pecado deve ser amar a Deus com qualquer coisa menos do que isso!
Jesus elogiou a igreja de Éfeso por sua atividade
diligente, sua doutrina equilibrada, sua separação do mundo e sua perseverança.
Mas lamentou que tivessem deixado o primeiro amor (Ap 2.4). E advertiu-lhes que
se não se lembrassem de onde caíram, se não se arrependessem e voltassem à
devoção original, ele os tornaria inúteis, fazendo com que seu castiçal não
brilhasse mais.
Nova Aversão pelo Pecado
Diante da manifesta presença de um Deus santo,
começamos a nos enxergar da maneira que realmente somos e a detestar todo e
qualquer desvio do seu caráter de justiça na nossa vida. Vez após vez, lemos na
Palavra de Deus como pessoas que eram consideradas espirituais ficaram chocadas
pela falsidade e maldade da própria carne quando se encontraram face a face com
Deus
Isaías foi um homem escolhido por Deus para comunicar
sua verdade para uma geração ímpia. No começo do ministério, ele recebeu uma
visão do Senhor dos Exércitos – exaltado, reinando sobre tudo e três vezes
santo. Em contraste, quando olhou para si mesmo, ele se viu totalmente impuro,
indigno e desesperadamente necessitado de purificação no altar.
Jó era um homem justo que honrava e adorava a Deus.
Por meio de intenso sofrimento, uma raiz de justiça própria e orgulho em sua
visão de si mesmo foi revelada. Depois de ouvir em silêncio as longas defesas
que Jó apresentou de si mesmo e de sua justiça, Deus falou com ele para parar
de falar e ouvir a revelação do caráter e dos caminhos de Deus.
A partir daquele terrível e ofuscante encontro com
Deus, Jó emergiu com uma visão radicalmente alterada de si mesmo. “Eu te
conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te veem. Por isso me abomino, e
me arrependo no pó e na cinza” (Jó 42.5-6).
A igreja hoje em dia parece ter muito pouco temor de
Deus. Poucos de nós podemos honestamente dizer que odiamos o mal e apegamo-nos
ao bem (Rm 12.9).
Em congresso após congresso, aconselhamos crentes
professos que estão se entregando a estilos de vida carnais, apegando-se com
tenacidade a pecados de estimação, ignorando as ordens explícitas da Palavra de
Deus. Tenho observado entre os cristãos uma tendência crescente de tratar
pecados conhecidos em sua vida de maneira casual.
O avivamento exige que vejamos a nós mesmos e aos
nossos pecados como Deus os vê e que cooperemos com ele desarraigando da nossa
vida tudo o que é impuro. Uma igreja avivada é uma igreja pura.
Nova Alegria na Jornada
O salmista lembra que Deus aviva para podermos nos
alegrar nele (Sl 85.6). Na condição esmorecida da igreja, geralmente
encontramos alegria em circunstâncias, programas, entretenimento e elementos
que apelam à carne.
Contudo, alegria verdadeira e permanente é encontrada
somente na presença de Deus por meio de Jesus, que está sentado à direita do
Pai (Sl 16.11). Vemos em Neemias 8.17 que um dos subprodutos do grande
avivamento que aconteceu diante da Porta das Águas foi “mui grande alegria”.
Alegria, risos e cânticos são sinais de um povo
avivado. Não é de se admirar que o salmista tenha exclamado: “Quando o Senhor
restaurou a sorte de Sião, ficamos como quem sonha. Então a nossa boca se
encheu de riso, e a nossa língua de júbilo” (Sl 126.1-2).
Geralmente, na primeira semana dos nossos congressos,
as pessoas relutam em exteriorizar-se em cânticos – o que não é surpreendente,
considerando quão vazia e infeliz parece ser a média dos cristãos.
Mas à medida que elas começam a esvaziar-se do pecado
e encher-se do Espírito, a nova plenitude interior começa a expressar-se em
cânticos. A partir daí, não há mais necessidade da equipe de louvor. As pessoas
não conseguem se conter e entoam a própria música para o Senhor.
Nada pode apagar a alegria transbordante que se
manifesta quando o coração das pessoas é purificado, a consciência é limpa e o
mais profundo do ser está cheio do Espírito Santo.
Novo Amor pelos Outros
Amam muito aqueles que foram muito perdoados (Lc
7.47). Crentes que enfrentaram, face a face, a própria pecaminosidade e foram
perdoados pela graça de Deus não sentem mais dificuldade em amar os outros.
O amor pelo povo de Deus é a consequência natural do
amor por Deus. Numa igreja avivada, a amargura, o ressentimento, o espírito
crítico, a ira e o conflito são substituídos por genuíno amor, perdão,
humildade e unidade.
Em nenhum outro lugar esse resultado de avivamento
pode ser visto com mais clareza do que no lar. Malaquias profetizou que na
preparação para a vinda de Jesus o coração dos pais se converteria aos filhos e
o coração dos filhos se converteria aos pais (Ml 4.6). O avivamento, como o
enchimento do Espírito, é conhecido por meio de esposas submissas, maridos
amorosos e filhos obedientes.
Nova Liberdade
O Velho Testamento descreve, muitas vezes, o
avivamento como o retorno do cativeiro (Sl 85.1; 126.1; Is 61.1-3).
A narrativa da ressurreição de Lázaro em João 11
ilustra a liberdade que vem junto com verdadeiro avivamento. Lázaro passou por
três etapas distintas. Primeiro, quando Jesus chegou em Betânia, Lázaro estava
morto.
Em seguida, Jesus ordenou: “Lázaro, vem para fora!”. E
ele veio mesmo, mas a Escritura relata que ainda estava amarrado com ataduras e
envolto com várias camadas de panos e especiarias usados para o sepultamento.
Ele voltou a viver, mas estava amarrado.
Que quadro descritivo da maioria dos cristãos – vivos,
mas amarrados! Para qualquer efeito prático, há muito pouca diferença entre o
cristão não avivado e o não crente.
Mas Jesus não deixou Lázaro nessa condição. Ele deu a
ordem: “Desatai-o, e deixai-o ir!” E é exatamente isso que Deus faz conosco em
tempos de avivamento – ele tira aquilo que prende e nos liberta!
Numa manhã cedinho, durante um congresso, ouvi uma
batida na porta do meu trailer. Quando abri a porta, o homem que estava lá fora
prorrompeu em lágrimas e disse: “Estou livre! Estou livre!”.
Com frequência, são essas as primeiras palavras que
saem da boca daqueles que foram avivados. O que significam?
Significam que antes de serem avivados, eles eram
prisioneiros. Estavam escravizados ao pecado, à culpa, à amargura, à impureza
moral ou a hábitos que não conseguiam eliminar. Mas Jesus veio para libertar os
cativos e desamarrar os laços do pecado.
Por meio da morte e ressurreição de Jesus e do poder
da vida dele que habita em nós, as portas da prisão foram escancaradas, e
ficamos eternamente livres! Palavras não podem descrever a sensação de alívio
que acontece quando os cristãos descobrem e apropriam-se da verdade que os
liberta.
Novo Poder
A igreja não avivada é uma igreja sem poder. Todos os
resultados que ela consegue produzir podem ser. expressos em termos de habilidade,
esforço e energia naturais. O falecido dr. J. Edwin Orr, um historiador de
avivamentos, ressaltou: “Quando a igreja não está avivada, os cristãos correm
para encontrar pecadores. Mas, na igreja avivada, os pecadores vêm correndo
para se encontrarem com o Salvador!”
Um mundo perdido não consegue fugir do impacto de
avivamento genuíno na igreja. Na verdade, virtualmente todo movimento de
reforma social, todo impulso evangelístico e todo movimento missionário na
história nasceram de avivamentos.
Na esteira de verdadeiro avivamento, cristãos tímidos,
que nunca ousaram falar de sua fé para os perdidos, descobrem unção e poder
para testemunhar. Repetidamente, tenho visto Deus liberando a língua de jovens,
donas de casa, homens de negócios e, sim, até de pregadores, com liberdade e
ousadia.
A igreja avivada é uma igreja dotada de poder
sobrenatural do alto. É por isso que o clamor ouvido com freqüência no
Avivamento do País de Gales era: “Dobra a igreja para salvar o mundo”.
A igreja primitiva era conhecida pelos sinais e
maravilhas de Deus em operação no meio deles. Cheios de poder e energizados
pelo Espírito Santo, diante de imensa oposição e enormes obstáculos, em pouco
tempo eles alcançaram todo o mundo conhecido com o Evangelho de Jesus. A igreja
avivada é uma igreja em que Deus libera continuamente seu poder sobrenatural.
fonte jornal o arauto da sua vinda
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PAZ DO SENHOR
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