A
IMPORTANCIA DA DOUTRINA BIBLICA
ATOS
2.42-47.
42 - E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na
comunhão, e no partir do pão, e nas orações.
43 - Em cada alma havia temor, e muitas maravilhas e
sinais se faziam pelos apóstolos.
44 - Todos os que criam estavam juntos e tinham tudo
em comum.
45 - Vendiam suas propriedades e fazendas e repartiam
com todos, segundo cada um tinha necessidade.
46 - E, perseverando unânimes todos os dias no templo,
e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração,
47 - louvando a Deus, e caindo na graça de todo o
povo. E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de
salvar.
O termo “doutrina”, nos textos de Dt 32.2; Jó 11.4 e
Pv 4.2, é a tradução do hebraico leqah, que significa “ensino”, “aprendizagem”
ou “poder de persuasão” de quem ensina (Pv 16.21). Nas páginas do Novo
Testamento, a palavra grega mais empregada é didachē, cujo sentido é
“instrução”, “ensino” ou “doutrina” (Mc 1.22,27; 11.28; Jo 7.16,17; Mt 22.33).
A igreja cristã primitiva usava o vocábulo didachē para referir-se “a doutrina
dos apóstolos” (At 2.42), ou a “doutrina do Senhor” (At 13.12), que era, na
verdade, a exposição do evangelho de Cristo. O apóstolo Paulo também usou o
termo diversas vezes referindo-se ao conjunto de ensinos e crenças que
compunham a pregação cristã primitiva (Rm 6.17; 16.17; Ef 6.4; 1 Tm 1.3; 4.16;
6.3). Essa mesma tradição, chamada posteriormente de “kerygma” pelos teólogos,
é mencionada na teologia paulina como “a pregação (kerygma) de Jesus Cristo,
conforme a revelação do mistério que desde tempos eternos esteve oculto” (Rm
16.25; 1 Co 1.21; 2.4; 15.14). Segundo o apóstolo João, esse arcabouço de
ensinos constitui a “doutrina de Cristo” (2 Jo 1.9). A doutrina, portanto, é o
conjunto de ensinos e crenças que constituem o cânon de fé e prática do
cristão.
A Teologia pode ser comparada a um edifício de cinco
andares. Cada andar, por sua vez, possui suas respectivas divisões e ambientes,
mas todos igualmente formam o mesmo edifício. De modo análogo, a Teologia, em
sentido restrito, pode ser classificada em cinco divisões interdependentes.
Assim, à medida que se conhece uma disciplina teológica, esta favorecerá a
compreensão da seguinte. Portanto, apresente aos alunos o “Edifício Teologia”.
Explique que no primeiro andar estuda-se os textos originais da Bíblia; no
segundo, o desenvolvimento histórico das doutrinas; no terceiro, a teologia do
Antigo e do Novo Testamento; no quarto, alguns dos temas tratados nesta lição;
no quinto, aplica-se ao ministério cristão os resultados das investigações
anteriores, como por exemplo, na pregação ou homilética.
Palavra Chave
Doutrina: Conjunto de ensinos e crenças que constituem
o cânon de fé e prática do cristão.Qual o segredo do avanço irresistível da
Igreja Primitiva? Já nos capítulos iniciais dos Atos dos Apóstolos, constatamos
algo de suma importância. Mesmo não possuindo uma fórmula mágica de
administração, a Igreja precisou de apenas três décadas para chegar aos pontos
mais distantes do Império Romano.
Consolidados no ensino da Palavra de Deus,
mantinham-se os cristãos firmes na comunhão, no partir do pão e nas orações. Em
cada alma havia temor e reverência. E muitas eram as maravilhas que o Senhor
operava por intermédio deles. Ao contrário do que pensam alguns estudiosos, a
Igreja do Pentecostes não era piegas nem emocional; era bíblica e teologicamente
cristocêntrica.A fim de nos alicerçarmos no ensino dos apóstolos e dos
profetas, entraremos a estudar, a partir deste domingo, as doutrinas
fundamentais de nossa fé. E a cada lição constataremos: sem a instrução da
Palavra de Deus, o avivamento é impossível.
I. O QUE É A DOUTRINA BÍBLICA
Ao contrário da filosofia, a doutrina cristã não se
perde em especulações. Se por um lado, conduz-nos a conhecer mais intimamente a
Deus; por outro, constrange-nos a ter uma vida santa e irrepreensível. Andrew
Bonar, ao destacar-lhe a importância em nosso cotidiano, foi enfático:
“Doutrina é coisa prática, visto que desperta o coração”.
1. Definição. A doutrina é um conjunto de princípios
que, tendo como base as Sagradas Escrituras, orienta o nosso relacionamento com
Deus, com a Igreja e com os nossos semelhantes. Ela pode ser definida, ainda,
como ensino da Bíblia. Este, contudo, tem de ser persistente, sistemático e
ordenado, induzindo os santos a se inteirarem de todo o conselho de Deus (At
20.27).
2. Objetivos. O principal objetivo da doutrina bíblica
é aprofundar o nosso conhecimento de Deus (Os 6.3). Se não o conhecermos
experimental e redentivamente, como haveremos de colocar-nos a seu serviço? (1
Sm 3.7). O Israel do Antigo Testamento caiu na apostasia por não conhecer a
Jeová. Através de Oséias, lamenta o amoroso Senhor: “O meu povo foi destruído,
porque lhe faltou o conhecimento” (Os 4.6).
De igual modo, visa a doutrina bíblica à perfeição
moral e espiritual do ser humano. Escrevendo ao jovem pastor Timóteo, o
apóstolo Paulo é mais do que claro; é incisivo: “Para que o homem de Deus seja
perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra” (2 Tm 3.17). Ideal
inatingível? Se contarmos apenas com as nossas próprias forças, jamais
atingiremos semelhante padrão. No entanto, se nos entregarmos à graça de Nosso
Senhor, nossa vereda refulgirá de tal forma que viremos a resplandecer como os
astros no firmamento (Pv 4.18; Dn 12.3).
3. Doutrina e costumes. Doutrina não são costumes.
Todos já ouvimos essa frase. No entanto, a boa doutrina, quando corretamente
interpretada, gera costumes bons e sadios. Conseqüentemente, um povo que ignora
as verdades bíblicas com facilidade assimilará os costumes do Egito e de Canaã
(Lv 18.3). Foi o que ocorreu com os israelitas: durante a peregrinação no
deserto, imitaram os egípcios; na Terra Prometida, os cananeus. Eis porque
somos instados a não amar o mundo (1 Jo 2.15).
Por conseguinte, quanto mais doutrinados forem os
crentes, mais os seus costumes conformar-se-ão à Palavra de Deus. Al Martin é
positivo: “A finalidade para a qual Deus instrui a mente é para que Ele possa
transformar a vida”. No Salmo 119, pergunta Davi: “Como purificará o jovem o
seu caminho?”. Responde o salmista: “Observando-o conforme a tua palavra” (Sl 119.9).Não
podemos, portanto, dissociar os bons costumes da doutrina. Como aqueles
dependem desta, logo: a boa doutrina gera, necessariamente, os bons costumes.
II. A NECESSIDADE DA DOUTRINA
Há cristãos que, menosprezando a doutrina bíblica,
alegam: “O importante não é a teoria; e, sim: a prática”. Entretanto, quem
disse que a doutrina bíblica é meramente teórica? Ela é a vontade de Deus. E,
como tal, deve ser posta em prática. Aos filhos de Israel, ordena o Senhor: “E
estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; e as intimarás a
teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e
deitando-te e levantando-te. Também as atarás por sinal na tua mão e te serão
por testeiras entre os teus olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa, e
nas tuas portas” (Dt 6.6-9).
Vejamos por que a doutrina bíblica é
necessária.
1. A doutrina bíblica proporciona-nos a salvação em
Cristo. Paulo instrui ao seu jovem filho na fé: “Tem cuidado de ti mesmo e da
doutrina: persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a
ti mesmo como aos que te ouvem” (1 Tm 4.16).
2. A doutrina bíblica santifica-nos. Em sua oração
sacerdotal, refere-se o Cristo ao poder santificador da Palavra de Deus:
“Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os aborreceu, porque não são do mundo, assim
como eu não sou do mundo. Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do
mal. Não são do mundo, como eu do mundo não sou. Santifica-os na verdade: a tua
palavra é a verdade” (Jo 17.14-17).
3. A doutrina bíblica torna-nos sábios. Timóteo,
instruído por sua mãe, Eunice, e por sua avó, Lóide, veio a tornar-se um dos
maiores obreiros do Novo Testamento. Jovem ainda, veio ele a ser considerado um
sábio, conforme lhe escreve Paulo: “E que desde a tua meninice sabes as
sagradas letras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em
Cristo Jesus” (2 Tm 3.15).
III. A DOUTRINA BÍBLICA E O SERVIÇO CRISTÃO
Infelizmente, há obreiros que, no ímpeto de
evangelizar, não se aplicam a aprender a doutrina bíblica. Acham que o ensino
sistemático das Sagradas Escrituras é perda de tempo. Deveriam eles atentar a
esta recomendação de Charles Spurgeon: “Os homens, para serem verdadeiramente
ganhos, precisam ser ganhos pela verdade”. Vejamos por que a doutrina bíblica é
importante ao serviço cristão.
1. Na evangelização. Na divulgação do Evangelho,
acha-se implícito o ensino da doutrina bíblica, conforme podemos inferir da
Grande Comissão que nos confiou o Senhor Jesus: “Ide, portanto, fazei
discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do
Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado.
E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século” (Mt 28.19,20
- ARA). A evangelização pressupõe, essencialmente, a presença da doutrina
bíblica.
2. Na instrução dos santos. Paulo jamais se mostrou
remisso quanto à doutrinação da Igreja de Cristo. Em Trôade, ministrou aos irmãos
até altas horas: “No primeiro dia da semana, estando nós reunidos com o fim de
partir o pão, Paulo, que devia seguir viagem no dia imediato, exortava-os e
prolongou o discurso até à meia-noite” (At 20.7,8 - ARA). Nem o incidente com o
jovem Êutico lhe arrefeceu o ardor doutrinário: “Subindo de novo, partiu o pão,
e comeu, e ainda lhes falou largamente até ao romper da alva” (At 20.11 - ARA).
3. Na defesa da santíssima fé. Somente poderemos
defender a santíssima fé se nos dedicarmos com afinco ao estudo da doutrina
bíblica: “Antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração; e estai
sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir
a razão da esperança que há em vós” (1 Pe 3.15).
Enfatizando a importância das doutrinas bíblicas,
afirmou Joseph Irons: “Abracemos toda a verdade ou renunciemos totalmente ao
cristianismo”. O que isto significa? Não podemos acreditar em algumas
doutrinas, e desacreditar em outras. Haveremos de receber toda a verdade
conforme no-la confiou o Senhor em sua Palavra: integralmente. Sem doutrina, a
vida espiritual é impossível.
“A Doutrina Bíblica.
1. Advertência bíblica. A Bíblia dá grande enfoque à
doutrina como a substância da fé, e dela provém o material para o seu conteúdo.
Ela é enfática em sua condenação contra o que é falso. Adverte contra a
‘doutrina dos homens’ (Cl 2.2); contra a ‘doutrina dos fariseus’ (Mt 16.12);
contra ‘os ensinos de demônios’ (1 Tm 4.1); contra aqueles que ensinam
‘doutrinas que são preceitos de homens’ (Mc 7.7); contra os que são ‘levados ao
redor por todo vento de doutrina’ (Ef 4.14).
2. A verdadeira doutrina. Entretanto, se por um lado a
Bíblia condena o que é falso, de igual modo exorta e recomenda a verdadeira
doutrina. Entre outras coisas é para estabelecer a doutrina que ‘toda Escritura
é... útil para o ensino’ (2 Tm 3.16). Nas Escrituras a doutrina é reputada como
‘boa’ (1 Tm 4.6); ‘sã’ (1 Tm 1.10); ‘segundo a piedade’ (1 Tm 6.3); ‘de Deus’
(Tt 2.10); e de ‘Cristo’ (2 Jo v.9).
3. Necessidade da doutrina. Em face do perigo
espiritual que ronda o rebanho do Senhor na terra, hoje em dia, é mister não
apenas doutrinar nossas igrejas; convém fazê-lo usando todo o potencial das
Escrituras. A ausência do ensino de doutrinas específicas, têm feito as nossas
igrejas espiritualmente pobres e as deixado à mercê dos falsos mestres que
infestam o mundo hoje”.
(OLIVEIRA, R. As grandes doutrinas da Bíblia. 7.ed.,
RJ: CPAD, 2003, p.9-10.)
fonte cpad
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