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quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Oração em conjunto e promessa

                                           


                                     PROMESSA E ORAÇÃO






Em seu livro sobre “Perfeição Cristã”, John Wesley diz que “Deus não faz nada senão em resposta à oração”. A Bíblia ensina que a oração deve ocupar um lugar importante no plano e no programa de Deus. No final de um capítulo cheio de promessas, Deus diz: “Ainda nisto permitirei que seja eu solicitado pela casa de Israel” (Ez 36.37).
Embora seja um mistério, a oração é um dos meios que Deus designou para transformar suas promessas em realidade. O famoso comentarista bíblico, Matthew Henry, disse: “Precisamos converter as promessas de Deus em oração, e, com isso, elas serão transformadas em ação”.
F. B. Meyer também escreve: “Mesmo que a Bíblia seja abarrotada de promessas douradas, de capa a capa, elas permanecerão inoperantes enquanto não se tornarem orações. Não nos compete argumentar se isso é razoável ou não; é suficiente para nós realçar essa verdade e colocá-la em prática”. Ele também escreve: “As promessas de Deus foram dadas, não para desmotivar a oração, mas para incitá-la”. O ensinamento de que promessa e oração devem andar de mãos dadas e ser usadas em conjunto é “uma das leis primárias do mundo espiritual”.

Vou ilustrar esse princípio com alguns exemplos das Escrituras.
1 Reis 18

Esse capítulo mostra uma excelente ilustração da conexão entre promessa e oração. Deus disse claramente a Elias: “Vai, apresenta-te a Acabe, porque darei chuva sobre a terra” (v.1). Elias cumpriu a condição: apresentou-se a Acabe. Entretanto, ele fez algo além disso: ele orou! E como orou!
A promessa ainda ecoava no coração dele quando disse a Acabe: “Sobe, come e bebe, porque já se ouve ruído de abundante chuva” (v.41). Agora, observe o que aconteceu. “Subiu Acabe a comer e a beber; Elias, porém, subiu ao cimo do Carmelo” para orar!
Quantos hoje estão subindo para comer e beber, enquanto poucos se afastam para orar! E esses muitos devem o privilégio de comer e beber às orações daqueles poucos.
Quando Deus deu a ordem a Elias, não houve nenhuma menção de oração como pré-requisito. Elias poderia ter deixado Acabe, confiante de que Deus cumpriria sua promessa. Mas, não; Elias foi orar. Ele orou sete vezes para que chovesse. Mandou seu servo para olhar em direção ao mar para ver se havia sinais da chuva prometida e, enquanto caminhava para lá, Elias colocou o rosto entre os joelhos e orou: “Senhor, manda a chuva!”
O servo voltou e disse para Elias: “Não há nada”. Elias o mandou de volta sete vezes. Cada vez, enquanto o servo ia, Elias, com o rosto entre os joelhos, orava: “Ó Senhor, manda a chuva”.
Que cena! Elias orando pela chuva prometida como se dependesse de suas orações e não da promessa de Deus. E por quê? Porque aqui está uma das “leis primárias do mundo espiritual”. Deus deseja ser solicitado para cumprir suas promessas. Que forma maravilhosa de nos introduzir na intimidade da sala de oração do próprio Deus!
A conexão entre promessa e oração é ilustrada por uma cena anterior na vida de Elias. Em 1 Reis 17.1, vemos como Elias entrou ousadamente na presença de Acabe e disse: “Tão certo como vive o Senhor, Deus de Israel, perante cuja face estou, nem orvalho nem chuva haverá nestes anos, segundo a minha palavra”. O povo havia se afastado de Deus, e, de acordo com a promessa escrita em Deuteronômio 11.17, quando isso acontecesse, os céus ficariam fechados para que não houvesse chuva. Foi a oração de Elias que transformou essa promessa em fato.
Para que essas duas cenas na vida de Elias não fossem esquecidas e para inculcar em nós a conexão entre promessa e oração, Tiago escreveu estas palavras comoventes: “Elias… orou, com instância, para que não chovesse sobre a terra, e, por três anos e seis meses, não choveu. E orou, de novo, e o céu deu chuva, e a terra fez germinar seus frutos” (Tg 5.17,18).
Isaías 36, 37
Outra ilustração de promessa e oração pode ser encontrada na experiência do Rei Ezequias, registrada em Isaías 36 e 37. Os assírios haviam entrado na terra, gabando-se do que pretendiam fazer. Deus fizera uma promessa solene: “Quebrantarei a Assíria na minha terra e nas minhas montanhas a pisarei” (Is 14.25). Ezequias tinha o direito de apoiar-se naquela promessa quando os assírios invadiram a terra.
O comentarista bíblico, Matthew Henry, escreveu que “Isaías poderia ter falado com Ezequias para consultar as profecias já proferidas e extrair delas uma resposta adequada”. Porém, Deus lhe deu uma promessa ainda mais ampla do que faria com aquele povo: “Eis que meterei nele um espírito, e ele, ao ouvir certo rumor, voltará para a sua terra; e nela eu o farei cair morto à espada” (Is 37.7).
Ezequias recebeu essas promessas e as transformou numa oração, registrada em Isaías 37.14-20. Que oração tremenda ele fez! Foi essa oração que trouxe a realização das promessas. O próprio Deus foi quem disse: “Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: Visto que me pediste acerca de Senaqueribe, rei da Assíria, esta é a palavra que o Senhor falou a respeito dele: [...] Pelo caminho por onde vier, por esse voltará; mas nesta cidade não entrará, diz o Senhor” (Is 37.21,22,34).
Portanto, Deus agiu em resposta à oração e não apenas de acordo com sua promessa. O assírio, de fato, voltou para sua própria terra, e ali caiu pela espada. O texto de Isaías relata da seguinte forma: “Retirou-se, pois, Senaqueribe, rei da Assíria, e se foi; voltou e ficou em Nínive. Sucedeu que, estando ele a adorar na casa de Nisroque, seu deus, Adrameleque e Sarezer, seus filhos, o feriram à espada” (Is 37.37,38).
Assim, a oração do rei Ezequias foi responsável pelo cumprimento da promessa de Deus.

Ezequiel 36
Este capítulo mostra, de maneira notável, a ligação entre promessa e oração. Aliás, é aqui que vemos esse princípio claramente afirmado.

Ezequiel 36 é um capítulo cheio de promessas das coisas boas que Deus faria por Israel – promessas firmes, com cumprimento garantido. No final da lista de promessas, Deus diz: “Eu, o Senhor, o disse e o farei” (Ez 36.36).
O capítulo poderia ter terminado aqui. Houve compromisso solene com o povo de cumprir tudo o que foi prometido. Entretanto, o capítulo não termina assim. Um grande princípio do mundo espiritual foi estabelecido: “Assim diz o Senhor Deus: Ainda nisto permitirei que seja eu solicitado pela casa de Israel” (Ez 36.37). Em outras versões: “Uma vez mais cederei à súplica da nação de Israel e farei isto por ela” (NVI); “Ainda uma vez farei o que Israel pede” (A Mensagem); “Além disso, deixarei que a casa de Israel ore a mim para que eu faça isto por ela” (Bíblia Judaica); “Mais uma vez permitirei ser consultado pela casa de Israel para fazer-lhe isto” (Almeida Século 21).
Aí está, com mais clareza do que em qualquer outro lugar nas Escrituras. Deus ordenou que seu povo lhe solicitasse (orasse a ele) a fim de que suas promessas fossem realizadas.

Na próxima ilustração, veremos esse princípio com muita clareza.
Daniel 9

Daniel 9 talvez seja o capítulo mais comovente na Bíblia sobre esse assunto de promessa e oração. Daniel havia lido o capítulo 29 do profeta Jeremias, que contém esta promessa: “Assim diz o Senhor: Certamente que, passados setenta anos na Babilônia, vos visitarei e cumprirei sobre vós a minha boa palavra, tornando-vos a trazer a este lugar” (Jr 29.10). Daniel se refere a isso quando diz: “No primeiro ano de Dario, filho de Assuero, da linhagem dos medos… eu, Daniel, entendi, pelos livros, que o número de anos, de que falara o Senhor ao profeta Jeremias, que haviam de durar as assolações de Jerusalém, era de setenta anos” (Dn 9.1,2).
O tempo para o cumprimento da promessa estava chegando. O que Daniel fez? Chamou seus amigos hebreus e sugeriu uma celebração, já que o cativeiro certamente estava prestes a se findar? Ficou sentado, aguardando o decreto do rei, permitindo que o povo de Israel voltasse para sua terra? Não, de forma alguma.
Ele fez uma das orações mais comoventes e fervorosas na Bíblia. Veja uma pequena parte: “Ó Senhor, ouve; ó Senhor, perdoa; ó Senhor, atende-nos e age; não te retardes, por amor de ti mesmo, ó Deus meu; porque a tua cidade e o teu povo são chamados pelo teu nome” (Dn 9.19).
Você se admira que tal oração fez com que um anjo fosse enviado do céu para voar até Daniel e levar a resposta de Deus? A oração moveu o próprio Deus para responder-lhe.
É impossível ler essa oração sem ser tocado com o fervor dela. Daniel orou para que a promessa de Deus fosse cumprida, como se dependesse da sua oração.
E agora, observe isto: quando Deus deu a promessa do retorno dos judeus do cativeiro, ele ordenou que a oração fosse o meio para sua realização. Foi em conexão a essa promessa dada por Jeremias que Deus disse: “Então, me invocareis, passareis a orar a mim, e eu vos ouvirei” (Jr 29.12).
Daniel sabia disso e, por isso, orou como orou. “Então” se refere ao fim do cativeiro, conforme pode ser constatado ao ler Jeremias 29.10-12. Quando o tempo estabelecido se cumprisse, “então” eles deveriam “invocar” o Senhor e “orar” a ele.
Deus prometeu que responderia: “Serei achado de vós, diz o Senhor, e farei mudar a vossa sorte; congregar-vos-ei de todas as nações e de todos os lugares para onde vos lancei, diz o Senhor, e tornarei a trazer-vos ao lugar donde vos mandei para o exílio” (Jr 29.14).
Sem dúvida, muitos outros sabiam dessa promessa e oraram. Oraram, e Deus respondeu. Se Jeremias 29.10-14 e Daniel 9.2-3 têm algo para nos ensinar, é certamente que promessa e oração precisam caminhar juntos e que Deus ordenou a oração como meio de cumprir seus propósitos na Terra. Matthew Henry fez esta observação: “Quando Deus está pronto para dar ao seu povo um bem esperado, ele derrama um espírito de oração”.
David Brainerd escreveu no seu diário, no dia 30 de junho de 1744: “Minha alma foi tomada por grande temor ao ler a Palavra de Deus, especialmente o capítulo 9 de Daniel. Vi como Deus chamou seus servos para orar e como os levou a lutar com ele quando pretendia conceder grande misericórdia e graça à sua igreja”.
Foi exatamente o que aconteceu com Daniel. Ele viu que o tempo do cumprimento da promessa estava chegando e batalhou em oração para que isso pudesse acontecer. E Deus respondeu, não só por fidelidade à sua promessa, mas por causa da oração de Daniel e para ensinar seu povo que orar pelo cumprimento das promessas de Deus é “uma das leis primárias do mundo espiritual”.

Apocalipse 22.20

De maneira muito marcante, o encerramento do último livro da Bíblia contém uma nova menção dessa “lei primária do mundo espiritual” – a conexão entre promessa e oração. As Escrituras terminam com uma promessa e uma oração. A promessa é: “Certamente venho sem demora”. E a oração é: “Amém. Vem, Senhor Jesus”.
J. A. Seiss escreve com júbilo: “É a promessa de todas as promessas, a coroa e consumação de todas as promessas, o cume de todas as esperanças cristãs, a soma final de toda a profecia e oração”.
Aqueles que oraram, transformando as promessas em ações de Deus, estavam com o coração alinhado com Deus. O coração do apóstolo João estava em tanta harmonia com Deus que, assim que ouviu a promessa de Jesus, ele imediatamente, com muito júbilo, a transformou numa oração. Lá do Céu, Deus está procurando na Terra corações que possam ser tocados por ele para orar em favor do cumprimento de suas promessas.
“Porque, quanto ao Senhor, seus olhos passam por toda a terra, para mostrar-se forte para com aqueles cujo coração é totalmente dele” (2 Cr 16.9).
Nos corações que encontrar, o Espírito de Deus implantará a oração de Deus, pois “orar nada mais é do que expirar diante do Senhor aquilo que foi inicialmente soprado no nosso interior pelo Espírito dele”.
Que o Senhor, pela sua graça, nos ajude a estar entre aqueles que oram de acordo com suas promessas até que se tornem realidade!        



                                   O Poder da Oração Coletiva

O texto a seguir foi editado a partir de mensagens dadas na Conferência de Oração do Meio-Oeste do Harvest Prayer Ministries, em outubro de 2011, na Maryland Community Church, em Terre Haute, Indiana (EUA).
Logo no início do meu ministério, o impacto das palavras de Atos 6.4 mudou a trajetória de toda a minha vida. Nessa passagem, os líderes da igreja primitiva declararam: “Quanto a nós, nos consagraremos à oração e ao ministério da palavra”.
Percebi que, depois de sete anos de faculdade e seminário, eu havia aprendido muito sobre a Palavra, mas ainda não fora tocado pessoalmente na área de oração. Já ouvira sermões e lera livros sobre oração, mas não sabia quase nada sobre a prática disso. Então, eu disse: “Senhor, nem sei o que significa consagrar-me à oração (ou perseverar na oração, na versão Almeida Corrigida). Ensina-me o que é”.
E ele, de fato, me ensinou. Nos 25 anos seguintes, ele me levou a pastorear três igrejas diferentes que estavam em situações desesperadoras. Ficou muito claro para mim que a única esperança era colocar o povo de joelhos. Tenho a convicção de que ninguém conhece o verdadeiro significado de oração enquanto não passar por desespero. Descobrimos nessas experiências o privilégio de nos dedicar a períodos especiais de leitura da Palavra, adoração e oração. Deus sempre tem prazer em se aproximar de nós quando lhe damos toda a atenção. Cada uma daquelas igrejas deu uma forte guinada e agora estão todas florescendo.
Com isso, tenho me convencido plenamente do poder transformador de oração na nossa vida, na igreja e na sociedade. Existem, porém, dez fortalezas na mente (ou dez mitos) que nos impedem de experimentar tal poder. Há, também, dez verdades correspondentes que podem acender a visão e a paixão pela oração.

Aprendendo a orar

Um mito que muitos pastores acreditam é que os membros da sua igreja já sabem orar. A verdade, porém, é que precisamos guiar o povo e ensiná-lo a orar por meio de exortação e exemplo.
É claro que a maioria das pessoas sabe como passar alguns minutos em oração, apresentando a Deus sua lista de necessidades. Poucos, porém, sabem passar tempo na presença dele, buscando sua face e sendo transformados. Nossas orações geralmente são mais sobre nós do que sobre ele, com mais foco nas próprias necessidades ou nas necessidades dos outros do que nele ou na sua vontade. É perfeitamente legítimo levar os pedidos a Deus, mas há muito mais na oração do que isso.
Quando comparamos a típica lista de oração hoje com as orações de Jesus, compreendemos melhor como podemos subir a um nível mais elevado de excelência espiritual na oração. Se quisermos aprender a orar, devemos observar como ele orou. O que movia seu coração a falar com o Pai? Ele sempre orou pela glória do Pai a partir de uma base de total submissão à vontade dele. Suas orações eram a respeito de sua missão e da missão de seus seguidores (veja, por exemplo, João 17.1-26).
Podemos observar, também, as orações de Paulo. Cada uma das orações-modelo registradas nas epístolas surgiu de expressões de gratidão, verdades sobre Deus e notas de louvor. Foram fruto de adoração e de conhecimento íntimo da Pessoa de Cristo. Suas orações tratavam do crescimento espiritual de seus discípulos, do alvo central da glória de Deus na vida deles (como, por exemplo, Ef 1.15-21, Fp 1.3-11, Cl 1.9-12). E, quando pedia que outros orassem por ele, era para que pudesse cumprir sua missão, proclamar com ousadia o Evangelho e exaltar Cristo tanto na vida quanto na morte.
Por meio da oração, os cristãos individuais e as igrejas deveriam experimentar a presença de Deus e seu poder de transformação. Isso não está acontecendo, em grande parte, porque não sabemos como orar. Por essa razão, os pastores e líderes precisam se dedicar com paixão a ensinar o povo a orar do jeito que Jesus e Paulo oravam.

Ministério eficaz flui da oração

O segundo mito é que não precisamos de uma cultura ou prática forte de oração para ter um ministério significativo. A verdade é que ministério eficaz não depende só do que se faz, mas do porquê, do como e de para quem.
Um das ideias prevalecentes, hoje, é que se deve ter uma visão bem ampla a fim de mobilizar todos os membros a contribuírem para fazer a igreja crescer. Infelizmente, esse conceito substituiu a liderança do Espírito Santo. Quem precisa esperar em Deus e passar tempo na presença dele quando podemos gerar, nós mesmos, uma grande visão? No entanto, precisamos mesmo é gastar tempo na presença do Espírito Santo.
Precisamos ser líderes de Atos 1, que perseverem unânimes em oração (v.14), para que Deus faça acontecer Atos 2 (Pentecostes).
Jim Cymbala (pastor de Brooklyn Tabernacle em Nova York, EUA) nos adverte que, quando estivermos diante do tribunal de Cristo, ele não nos perguntará o tamanho da nossa igreja, mas a qualidade. Nosso trabalho tinha algo a ver com a maneira como ele queria que a igreja fosse edificada?
Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo. Contudo, se o que alguém edifica sobre o fundamento é ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, manifesta se tornará a obra de cada um; pois o Dia a demonstrará, porque está sendo revelada pelo fogo; e qual seja a obra de cada um o próprio fogo o provará. Se permanecer a obra de alguém que sobre o fundamento edificou, esse receberá galardão; se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele dano; mas esse mesmo será salvo, todavia, como que através do fogo. 1 Coríntios 3.11-15
Hoje, é muito fácil ter uma igreja grande e impressionante sem oração. Podemos fazer muitas coisas impressionantes no nome de Cristo, porém sem o seu poder. O que acontecerá, porém, quando tais obras forem provadas pelo fogo? Precisamos ter certeza de que tudo o que fazemos está sendo realizado por Cristo, e não por nós mesmos.

Oração coletiva é essencial

O terceiro mito é que oração individual é mais importante do que oração coletiva. A verdade é que as duas são essenciais. O Novo Testamento ensina que oração coletiva é essencial para um cristianismo autêntico. No entanto, na cultura atual, praticamente a abandonamos.
Se eu fosse o diabo, eu faria todo o possível para impedir que os cristãos orassem juntos. Se eu fosse o diabo, eu saberia pela história bíblica o que acontece quando o povo de Deus clama a ele coletivamente. Saberia da história da Igreja que os maiores avanços contra o meu reino aconteceram quando os cristãos oravam juntos, provocando avivamentos.
O autor Gene Getz, no livro Praying For One Another (Orando uns pelos outros), chama atenção ao fato de que há muito mais referência no livro de Atos e nas epístolas a oração coletiva do que a oração individual. As exortações à igreja primitiva sobre oração eram compreendidas principalmente como ordens para orar em conjunto, e não individualmente. Porém, na nossa cultura, estamos acostumados a pensar mais em termos de “eu” e “meu” do que de “nós” e “nosso”. Consequentemente, reinterpretamos e individualizamos muitas referências à experiência coletiva no Novo Testamento. Nossa preferência por individualismo e independência pode nos privar da plenitude que Deus quer nos dar.
Até a invenção da imprensa, a única forma de receber verdade era por meio do ajuntamento de cristãos. Quando os cristãos primitivos “perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações” (At 2.42), eles experimentavam essas coisas de forma coletiva.
Aprendemos a ter essas disciplinas na vida pessoal depois que sentimos seu efeito vital nas experiências coletivas. Aprendemos a adorar junto com a igreja, a amar a Palavra de Deus, a ouvir os ensinos, a testemunhar a transformação de vidas – tudo na convivência comunitária. Depois, sentimos vontade de praticar as mesmas coisas sozinhos.
Infelizmente, porém, a maioria das igrejas nunca teve experiências significativas de oração coletiva e, por isso, os cristãos não são motivados, equipados ou treinados para desenvolver essa experiência e serem eficazes na oração individual.

Liderança no ministério da oração

O quarto mito que muitos pastores aceitam é que o ministério de oração em suas igrejas crescerá sem a sua liderança. A verdade, porém, é que os pastores não podem apenas indicar o caminho; precisam mostrar, indo, eles mesmos, à frente.
Um pastor contou para mim que, num determinado ano, ele pregou 52 sermões sobre a oração, mas que isso não fez diferença nenhuma no nível de oração da igreja. Na verdade, ele concluiu que teve efeito contrário, pois os membros sentiram que aumentou a distância entre o que sabiam e o que praticavam.
Dois anos depois, o mesmo pastor começou a dirigir reuniões de oração. No início, era uma vez por mês, depois passou a uma vez por semana e, no fim, tornou-se um grupo forte de oração, muito além do que havia esperado. Você não pode apenas indicar o caminho; é preciso guiar, indo à frente.
O nível de oração da igreja raramente ultrapassa o nível de compromisso e o exemplo dos líderes principais. Infelizmente, muitos pastores têm dificuldades para liderar na oração. Existem pelo menos cinco motivos para isso.
Em primeiro lugar, poucos tiveram experiência de estar numa igreja de oração. Conhecem bem uma igreja que ora – pois toda igreja ora (pelo menos um pouco). Uma igreja de oração é diferente.
Segundo, quase todos os pastores foram treinados num processo educacional desprovido de oração. A maioria dos institutos bíblicos e seminários não dá ênfase nem treinamento em oração.
A terceira razão é que vivemos numa cultura sem oração, focada no sucesso, na qual as pessoas querem um pastor que seja um CEO, um administrador que dirige programas, desenvolve atividades. Se o pastor disser que deseja ser um homem de oração, estará totalmente fora da onda. É preciso ter muita convicção e decisão para viver as prioridades que os apóstolos estabeleceram em Atos 6.1-6. Embora reconhecessem a importância de suprir as viúvas, eles delegaram essa responsabilidade a outros que estavam cheios do Espírito Santo e de sabedoria, a fim de manter seu foco na oração e no ministério da Palavra.
Em Êxodo 18, temos outro grande exemplo de estabelecer prioridades para os líderes. Moisés estava sobrecarregado como o único juiz que resolvia disputas entre o povo, e seu sogro o aconselhou a concentrar-se em três coisas: representar o povo diante de Deus (orar), ensinar-lhes os estatutos do Senhor (ministério da Palavra) e escolher homens capazes para julgar causas menores (capacitação de líderes). São as mesmas prioridades de Atos 6: oração, ministério da Palavra e capacitação de outros líderes. Entretanto, um pastor precisa ter grande determinação para colocar essas coisas como prioridades diante da expectativa de uma cultura que busca sucesso e não oração.
O quarto motivo da dificuldade para liderar em oração é que os pastores, muitas vezes, sentem dificuldade em sua própria vida de oração.
E o quinto motivo é que o pastor que ora torna-se um alvo especial do inimigo. O diabo não se sente ameaçado por um pastor talentoso, inteligente ou com alto grau acadêmico. Ele tem medo de um pastor que ora, porque este já aprendeu a usar as armas espirituais e acertou suas prioridades. O diabo não precisa destruir o líder, só precisa distraí-lo.

Cresça enquanto ora

O quinto mito é que o pastor precisa ser um gigante de oração antes de poder ensinar o povo a orar. O diabo é um acusador dos irmãos e procura desanimar-nos por apontar nossas fraquezas na oração.
Entretanto, a verdade é que a melhor forma de levar as pessoas a orar é simplesmente começar a praticar e a crescer nisso. Quando começa a orar com os outros, você também orará mais. No processo, todos crescerão e, assim, calarão a boca do acusador.

Motivação de oração

O sexto mito é que o fato de orar faz com que minha motivação seja pura. Uma das questões que Jesus abordou no Sermão do Monte, em relação aos fariseus, foi mostrar justamente que a motivação na oração nem sempre é pura. É muito fácil ficar envolvido na religiosidade daquilo que estamos fazendo e fazer tudo certo, mas com motivação errada.
A verdade é que precisamos descobrir e abraçar a motivação pura e efetiva da oração.
Às vezes, oramos por causa de um sentimento de culpa. Sentimo-nos culpados se não orarmos. Outras vezes, oramos para obter aprovação. Achamos que se orarmos mais, teremos uma imagem de bom líder ou bom membro de igreja. Era por isso que os fariseus oravam, para conseguir aprovação, para serem vistos pelos homens.
Às vezes, oramos pelo crescimento da igreja. Um pastor pode raciocinar: “Se eu orar, Deus me abençoará. E se ele me abençoar, a igreja também será abençoada e crescerá. E se a minha igreja crescer, os outros me reconhecerão e eu me sentirei bem comigo mesmo”.
Um dos meus mentores, Peter Lord, me fez esta pergunta certa vez: “Se Deus lhe prometesse duas coisas: 1) que você iria para o céu quando morresse, mas 2) que ele nunca mais o usaria no ministério – será que você continuaria orando?”
Estou pedindo que Deus me use para minha própria satisfação? Por mais que a multiplicação de membros na igreja seja um objetivo válido, Deus não vai reduzir algo tão sagrado quanto a oração a uma nova estratégia de crescimento, movida pelo egoísmo.
Talvez nossa motivação seja buscar um avivamento. Porém, mesmo assim, devemos lembrar que existe grande diferença entre buscar um avivamento de Deus e buscar Deus por um avivamento. Pode ser que desejemos todos os benefícios e a empolgação de um avivamento, mas será que realmente estamos buscando a Deus?
Só existe uma verdadeira e efetiva motivação para orar: que Deus é digno de todo e qualquer esforço para buscá-lo. Essa é a base da oração que procede da adoração e não de fazer pedidos. Se sua atitude fundamental é pedir, sua motivação passará por altos e baixos, de acordo com a percepção de necessidades ou crises.
Porém, quem ora com base na adoração não sofre tais flutuações porque está fundamentado na realidade da Palavra de Deus e de quem Deus realmente é. Oração gerada por adoração é o único tipo de oração que permanece para sempre. Quando estivermos no Reino eterno, não oraremos mais pelos enfermos, pelos perdidos ou por missionários, ainda que sejam orações importantes agora. Pelo contrário, estaremos dizendo: “Digno é o Cordeiro que foi morto!” (Ap 5.12).
Deus é digno de ser procurado, e nosso objetivo deve ser buscar sua face, e não apenas suas mãos. A mão representa o que ele faz; a face representa quem ele é. Se buscarmos sua mão, podemos perder sua face. Contudo, se buscarmos sua face, ele terá todo o prazer em estender a mão. “Quando tu disseste: Buscai o meu rosto, o meu coração te disse a ti: O teu rosto, Senhor, buscarei” (Sl 27.8).

Um método poderoso

O sétimo mito é que, desde que eu esteja orando, meus métodos serão efetivos. Já estive em reuniões de oração em que o líder começava dizendo: “Cada um pode orar conforme sentir orientado por Deus”. Isso parte do pressuposto de que as pessoas em geral sabem o que é ser guiado pelo Espírito Santo.
A verdade é que precisamos aprender e aperfeiçoar uma forma bíblica de conduzir as pessoas em oração. O princípio chave é que a oração precisa ser alimentada pelas Escrituras, baseada em adoração e guiada pelo Espírito.
Sendo assim, quando nos reunimos para orar, a primeira coisa que o dirigente deve dizer não é: “Alguém tem um pedido de oração?”, mas: “Vamos abrir as Bíblias. Deixemos a Palavra de Deus moldar nossas orações hoje”.
Uma sequência poderosa para seguir é o padrão 4/4: para cima, para baixo, para dentro, para fora. Pode ser facilmente exemplificada pela oração do Pai nosso, que começa com o movimento para cima: “Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome” (Mt 6.9). A ideia central é reverência. Numa reunião de oração, a primeira coisa que devemos fazer é abrir a Bíblia, ler uma passagem e perguntar: “O que este texto nos diz sobre Deus e seu caráter?” Podemos interagir com outras pessoas sobre essas verdades e, depois, passar um tempo sem pedir nada para Deus, mas simplesmente refletir sobre a passagem, adorando a ele e oferecendo o que ele realmente merece.
O segundo passo, movimento para baixo, é uma resposta ao primeiro. Como podemos não responder? Adoração é a resposta de todo o meu ser à revelação de tudo o que ele é. Nas palavras da oração de Jesus, esse movimento é: “Venha o teu reino; faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu” (v. 10). A ideia aqui é de entrega, esvaziamento de si mesmo e rendição. Começamos a orar de acordo com a agenda de Deus e não com a nossa. Precisamos desesperadamente que o Espírito Santo nos mostre como fazer isso. Precisamos que ele governe e controle nossa mente e pensamentos de tal forma que oremos de fato segundo a vontade dele. Não saberemos como orar enquanto não tivermos adorado de verdade e nos rendido a ele. Enquanto adoramos, estamos alinhando o nosso coração com o dele.
Em seguida, vem o movimento para dentro, em que levamos nossos pedidos ao Senhor. Existem duas categorias de pedidos. A primeira envolve recursos: “o pão nosso de cada dia dá-nos hoje” (v.11). Recursos são as coisas que precisamos, tais como um emprego, um carro, sustento para missionários, força para alguém que passou por uma cirurgia, etc. A segunda categoria é relacionamentos: “e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores” (v.12). Todos os pedidos de oração podem ser classificados em uma dessas duas categorias.
O último movimento na oração-modelo é para fora, e traz a ideia de prontidão. “E não nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do mal” (v.13). É o momento para se preparar para a batalha. “Senhor, não vou conseguir vencer essa batalha, mas tu tens os recursos para me dar a vitória.” A melhor maneira de estar pronto para lutar é se armar com a Palavra de Deus, a Espada do Espírito. Você pode tomar posse de uma promessa do mesmo texto que acabou de usar para guiar suas orações.
Termine no mesmo lugar em que iniciou, com um movimento em direção ao alto. “Pois teu é o reino, o poder e a glória para sempre. Amém!” (v.13). O verdadeiro objetivo da oração é a glória de Deus. Termine seu tempo de oração em adoração.

Treinando outros para liderar

O oitavo mito é que mais líderes de oração surgirão automaticamente. A verdade é que precisamos treinar líderes se quisermos que o ministério de oração cresça.
Como pastor sênior, tenho dado treinamento para líderes de grupos de oração três ou quatro vezes por ano, apesar de ter bastante atividade de oração na igreja. Mesmo que você esteja liderando um grupo de oração, treine outros para que o ministério cresça mais ainda. Ajude-os a adquirir confiança como líderes de oração, para que façam parte do poder transformador de Deus na igreja.

A resposta pode demorar

O nono mito é que multidões virão para fazer parte desse ministério; basta abrir o caminho, e elas virão. A verdade é bem diferente, conforme disse A. W. Tozer: “Não espere multidões quando Deus for a única atração”. Jim Cymbala enfatiza o mesmo ponto quando observa que as pessoas pagam caro para ir a um show com um artista cristão, mas não querem ir de graça a uma reunião de oração com Jesus.
A realidade é que, por ser oração, você pode não ver uma resposta muito dramática em termos de participação do povo. Mas não desista. Se suas orações tocarem mesmo em Deus, gerarão vida, e é para isso que você deve lutar. Mesmo produzindo vida, pode levar algum tempo para as pessoas corresponderem. Enfrente o fato de que será um caminho árduo.
Guerra espiritual
O último mito é que o ministério de oração é fácil e prazeroso. A verdade é que, embora a oração produza alegria e intimidade com Cristo, ela também traz guerra com o inimigo. Como diz John Piper: “Enquanto não descobrirmos que a vida é uma guerra, não saberemos para que serve a oração”. Quando você começar a levar a oração a sério, o inimigo se colocará contra você. Estamos em guerra. Na oração, você começa a lutar contra o diabo em outro nível. Não desista. Fomos chamados para sermos ameaças ao diabo por meio da oração.
Quero dar uma palavra de advertência sobre uma das formas sutis em que o inimigo trabalha. Quando a oração começa a crescer e se fortalecer numa igreja, o diabo entra e procura criar o que chamo de clube do orgulho. As pessoas que ficaram empolgadas com a oração podem começar, inconscientemente, a considerar os que não estão participando como inferiores. Aqueles que não se envolveram podem sentir isso e se tornar mais resistentes. E, de repente, aquilo que começou com tanta pureza, beleza e poder pode ficar contaminado pela armadilha do inimigo.

Persevere na oração!


Um dos maiores chamados e privilégios que podemos ter é o de conduzir o povo de Deus à sua presença. Por isso, precisamos rejeitar as coisas que não são verdadeiras e abraçar verdades que estimulem ambientes de oração que possam mudar a vida das pessoas e transformar a igreja de Jesus numa casa de oração. Precisamos transformar nossa mente todos os dias e nos render, com determinação, ao chamado do Espírito para orar – até o dia em que o virmos face a face.(jornal o arauto da sua vinda )

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PAZ DO SENHOR

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