SUBSIDIO A QUEDA DE ADÃO E A
GRAÇA EM JESUS CRISTO
Romanos 6.1-7
.
1 - Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para
que a graça seja mais abundante?
2 - De modo nenhum! Nós que estamos mortos para o
pecado, como viveremos ainda nele?
3 - Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em
Jesus Cristo fomos batizados na sua morte?
4 - De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo
na morte; para que, como Cristo ressuscitou dos mortos pela glória do Pai,
assim andemos nós também em novidade de vida.
5 - Porque, se fomos plantados juntamente com ele na
semelhança da sua morte, também o seremos na da sua ressurreição;
6 - sabendo isto: que o nosso velho homem foi com ele
crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, a fim de que não
sirvamos mais ao pecado.
7 - Porque aquele que está morto está justificado do
pecado.
Professor, antes de lecionar o tema da lição, comente
com os alunos a respeito da influência da Epístola aos Romanos na vida do maior
avivalista inglês, John Wesley. Use o texto a seguir como referência. O
Avivamento Evangélico do século XVIII teve na figura de John Wesley o seu mais
destacado representante. Mas, nem todos sabem que a Carta aos Romanos foi
responsável pela profunda renovação espiritual de Wesley. O renovo espiritual
que sacudiu a Inglaterra, na verdade, iniciou em 24 de maio de 1738, quando
Wesley visitou uma comunidade cristã na rua Aldersgate. Naquela noite, estava
sendo lido o Prefácio de Lutero concernente a Epístola aos Romanos. Assim
Wesley se expressou em seu diário, às oito horas e quarenta e cinco minutos:
“[...] enquanto ele estava descrevendo a mudança que Deus opera no coração pela
fé em Cristo, senti meu coração aquecer-se estranhamente. Senti que confiava em
Cristo, somente em Cristo, para a minha salvação. Foi me dada a certeza de que
Ele tinha levado embora os meus pecados, sim, os meus. E me salvado da lei do
pecado e da morte”.
SÍNTESE TEXTUAL
No capítulo 5.12-21, Paulo descreve a libertação do
crente a partir da ação salvífica e graciosa de Jesus Cristo. Na desobediência
de Adão, o pecado abundou, mas na obediência de Jesus, a graça superabundou
(v.20). Cristo, pelo seu ato, garante a justificação ao que crê (5.1). No
capítulo 6.1-23, entretanto, a salvação graciosa de Deus é apresentada ao fiel,
mas este precisa corresponder à realidade da nova vida em Cristo. O crente
regenerado, cuja graça de Deus manifestou-se em sua vida, deve rejeitar o
pecado e produzir frutos santos (v.22).
Dois conceitos distorcidos operavam entre os crentes.
O primeiro era que a obediência à lei mosaica justificava o homem diante de
Deus (3.20). Logo, a graça é ineficiente, pois necessita da lei. O segundo é
que a graça isenta o indivíduo das obrigações morais (6.1). Por conseguinte, a
graça é contraditória, pois liberta o homem para que este peque mais. Estas
duas posições torcem a graça de Deus e, por isso, Paulo as combate.
ORIENTAÇÃO
As perguntas investigativas prendem a atenção,
desenvolvem o raciocínio e permitem a participação ativa dos alunos. Então, que
tal elaborar algumas questões sobre o tema central da lição, “Salvação pela
Graça”. Utilize-as para introduzir a lição e observe as que podem ser
trabalhadas nesta lição. Relacione-as no quadro-de-giz. Qual é a principal
função da lei em relação ao pecado? O crente pode ser justificado pelas obras
da lei (Rm 3.20)? Se a lei não salva, que compromisso temos com ela? O que
significa ser salvo pela graça por meio da fe (Ef 2.8-10)?
Os versículos 4 e 5 da Leitura Bíblica em Classe
destacam a expressão “com ele”, demonstrando claramente os dois modos pelos
quais o crente é identificado com Cristo. Peça aos alunos que, baseados nos
versículo supracitados, respondam quais são estes dois modos de identificação.
À medida que avançamos no estudo da Epístola de Paulo
aos Romanos, duas afirmações doutrinárias tornam-se evidentes. Primeira, o
homem é salvo mediante a graça de Deus, sem as obras da lei (Rm 3.24; 4.16;
5.2,15,18; Gl 2.16,21; 3.2).
Segunda, a graça não autoriza o crente a pecar, para
que seja manifestada com mais profusão. Pelo contrário, liberta o homem do
poder do pecado (Rm 5.20, 6.1,2,11-15).
I. COMPREENDENDO A GRAÇA
1. Definição. O termo graça, do original charis, é
usado cerca de cem vezes nas epístolas paulinas. Destas, vinte e quatro
aparecem apenas em Romanos (1.5,7; 3.24; 4.4; 4.16; 5.2,15,17,18,20,21;
6.1,14,15; 11.5,6; 12.3,6; 15.15; 16.20,24). Na Antiga Aliança, o termo
hebraico hesed corresponde ao sentido do Novo Testamento. Em diversas passagens
é traduzido por “favor”, “misericórdia”, “bondade amorosa”, ou “graça que
procede de Deus” (Êx 34.6; Ne 9.17; Sl 103.8; Jn 4.2).
No contexto da doutrina da salvação, charis é o dom ou
favor imerecido de Deus, mediante o qual os homens são salvos por meio de
Cristo (Ef 1.7; 2.5,8; Rm 3.24; Tt 2.14).
2. A extensão da graça. Estudar a respeito da graça de
Deus implica descrever os principais ramos da doutrina da salvação: o perdão
(At 10.43), a salvação (Tt 2.11; Rm 1.16), a regeneração (Tt 3.5), o arrependimento
(At 11.18; Rm 2.4) e o amor divino (Jo 3.16; Rm 5.8).
A graça de Deus é dinâmica. Não somente salva, mas
vivifica aqueles que estão destruídos pelo pecado, capacitando-os a viver em
santidade (Ef 2.1-8). O capítulo 6 de Romanos mostra que a vida cristã requer
santidade. Na igreja em Roma, muitos acreditavam que, se a salvação é pela fé,
então, cada um podia fazer o que bem desejasse. Se a lei não salva, temos algum
compromisso com ela? Paulo, portanto, escreve para evitar o mal-entendido. Somos
salvos pela graça, por meio da fé (Ef 2.8-10). No entanto, a fé não anula a
lei, mas a estabelece (Rm 3.30-31).
II. A CONTESTAÇÃO DA DOUTRINA DA GRAÇA
Havia duas correntes antibíblicas no período
apostólico que procuravam contestar a doutrina da graça: o legalismo e o
antinomismo.
1. Legalismo. Segundo este, só se adquire a salvação e
a excelência moral mediante a lei mosaica. Este sistema, defendido por certos
judeus cristãos em Roma, ensinava que a justificação era decorrente das obras
da Lei (Rm 3.27-31; Gl 3-4). Paulo os exorta: “Nenhuma carne será justificada
diante dele pelas obras da lei” (Rm 3.20).
2. Antinomismo. O termo significa “contrário à lei”.
Os antinomianos acreditavam que podiam viver no pecado e, ainda assim, estarem
livres da condenação eterna (Rm 6.1-7; 3.7; 4.1-25). Segundo os adeptos dessa
teoria, uma vez que o homem foi justificado pela fé em Cristo, nenhuma
obrigação moral é necessária agora. O apóstolo os persuade: “Porque vós,
irmãos, fostes chamados à liberdade. Não useis, então, da liberdade para dar
ocasião à carne” (Gl 5.13; Rm 6.1-3).
III. OS RELACIONAMENTOS DA GRAÇA
1. Graça e justificação (Rm 3.24; 5.18). A graça de
Deus garante gratuitamente a justificação em Cristo Jesus. Através da morte
expiatória de Cristo, a graça manifestou-se aos homens, garantindo-lhes a
justificação e a vida eterna.
2. Graça e redenção (Tt 2.11,14; Rm 3.24; Ef 1.7).
Segundo as Escrituras: “A graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a
todos os homens”. Cristo trouxe-nos completa redenção (1 Co 1.30); comprou a
todos com o seu sangue (Ap 5.9; Cl 1.14); redimiu-nos da maldição da lei e de
nossos pecados (Gl 3.13; Ef 1.7; Cl 1.14); e, por meio do Espírito, selou-nos
para o dia da redenção (Ef 4.30; Rm 8.23), segundo as riquezas da graça (Ef
1.7,14).
3. Graça e purificação (Tt 2.11-14b). A graça
salvadora não apenas ensina os homens a renunciarem a vil concupiscência, a
impiedade e as mazelas morais da sociedade rebelada contra Deus, mas também
capacita o crente a viver sóbria, justa e piamente no presente século. Vejamos
o que se deve esperar de alguém cheio da graça de Deus.
a) Evitar a impiedade. A impiedade é uma categoria de
pecado que se opõe à piedade (Jd v.4). Logo, inclui tudo o que a pessoa faz sem
considerar a Deus e as suas leis morais (Sl 10.13; Rm 1.18). O ímpio não
reconhece nem admite sua dependência de Deus (Sl 10.3,4). Os pecados de
impiedade incluem: a blasfêmia contra Deus (Sl 10.13); a malícia (Sl 34.21); a
violência (Sl 140.4) e as iniqüidades (Pv 5.22). O cristão deve rejeitar a
impiedade (Tt 2.12a), pois os que negligenciam a piedade serão condenados (Jd
vv.14,16).
b) Evitar as paixões mundanas. Ser ímpio constitui não
apenas uma maneira de pensar, mas um estilo de vida específico (Jd vv.15,16).
Os ímpios são materialistas e sensuais (2 Pe 2.12-14) e buscam as coisas que
conduzem aos apetites carnais (Rm 1.18). Em lugar do Reino e da justiça de
Deus, procuram tudo o que satisfaça seus desejos pecaminosos desregrados (Tt
2.12b; Ef 2.3; 1 Pe 4.2; 1 Jo 2.15-17).
c) Viver vida sensata. A palavra sensato, no original
(sophroneo), quer dizer “de mente sã”, “mente sóbria” ou “temperante”. Este
termo se refere à prudência e ao autocontrole proveniente de uma reflexão
criteriosa. O temperante é alguém que não se deixa dominar pela ansiedade; é
alguém que pondera seus atos e suas respectivas conseqüências de acordo com a
Palavra de Deus (1 Tm 3.2; Gl 5.22; Tt 2.8-12; 2 Pe 2.3-8; At 24.25).
d) Viver justa e piedosamente. A graça de Deus
possibilita ao crente uma vida justa e piedosa diante de Deus e dos homens. O
termo “piedoso” refere-se ao cristão que é reverente a Deus e que pratica o bem
em todos os seus relacionamentos (2 Pe 3.11; 2 Tm 3.12; Tt 2.12; At 10.2,7; 2
Pe 2.9). Uma pessoa piedosa tem como centro a vontade de Deus em todos os seus
caminhos (Pv 3.5,6; 1 Co 10.31).
Nesta lição, aprendemos que a graça de Deus é
imensurável. Ela inspira e cultiva. Santifica e transforma. Tudo isso vai muito
além do que a lei confere, tornando a salvação da alma um empreendimento
divino, embora, mediante a fé, seja necessária uma resposta positiva do homem
(Ef 2.8-10).
“A graça liberta-nos
Em Romanos 6, Paulo faz-nos a pergunta crucial: ‘Nós,
os que morremos para o pecado, como podemos continuar vivendo nele?’ (v.2).
Como podemos nós, que temos sido justificados, não viver justamente?
Como podemos nós, que temos sido amados, não amar
também? Como podemos nós, que temos sido abençoados, não abençoar? Como podemos
nós, a quem se oferece a graça, não viver graciosamente?
Paulo parece chocado com tal possibilidade! Como
poderia a graça resultar em qualquer coisa que não um viver gracioso?
‘Continuaremos pecando para que a graça aumente? De maneira nenhuma!’
(vv.1,2a).
O termo para esta filosofia é antinomianismo: anti
significa ‘contra’, e nomi, ‘lei moral’. Os promotores da idéia vêem a graça
mais como uma razão para se fazer o mal, do que para fazer o bem. A graça
concede-lhes um brevê para o mal. Quanto piores forem os meus atos, melhor Deus
aparecerá. Esta não é a primeira referência de Paulo sobre o assunto. Lembra de
Rm 3.7? ‘Mas, se pela minha mentira abundou mais a verdade de Deus para glória
sua, por que sou eu ainda julgado também como pecador?’.
Que desculpa! Ninguém respeitaria um mendigo que
recusasse trabalho, alegando: ‘Estou dando ao governo a oportunidade de
demonstrar sua benevolência’. Zombaríamos de tal hipocrisia. Não a
toleraríamos, e não a cometeríamos” (LUCADO, M. Nas garras da graça. RJ: CPAD,
1999, p.111).
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PAZ DO SENHOR
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