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segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Estudo e comentario do apocalipse os selos (2)




A selagem dos mártires (Ap 7:1-8).




Consideremos os fatos abaixo enumerados, conforme os encontramos nas Escrituras, em favor da ideia que a igreja terá de atravessar a Grande Tribulação:

1.      O livro de Apocalipse foi escrito para confortar à igreja sob perseguição. Historicamente, isso se aplicava aos próprios dias do autor sagrado, à perseguição movida por Domiciano e pelos imperadores que se seguiram, cujos atos foram antecipados. Profeticamente, porém, isso se aplica à igreja que viverá na terra nos tempos do anticristo, o qual promoverá a mais cruel de todas as perseguições religiosas que o mundo já terá visto ou poderá ver. Ver a igreja ausente durante esse tempo é negar o propósito mesmo com que este livro foi escrito.

2.      Os mártires do trecho de Ap 6:9-11 têm de ser mártires cristãos, já que será somente perto do fim do período da Grande Tribulação que Israel será salva como uma nação. O vidente João não escreveu este livro a fim de consolar os mártires de Israel; escreveu para uma igreja perseguida, que já contava com muitos mártires sob Nero. Domiciano foi apelidado «segundo Nero», e o Apocalipse foi escrito durante o tempo de Domiciano, pouco antes do fim do primeiro século de nossa era. Por conseguinte, foi para «mártires cristãos» que João escreveu. Eles é que aqui pedem vingança a Deus, contra a ímpia Roma. Estão em foco mártires cristãos, que terão sofrido sob os selos segundo a quarto, e que farão o mesmo clamor contra o anticristo; e esse é o aspecto «profético» do trecho de Ap 6:9-11.

3.      Porém, antes do golpe final da Grande Tribulação, ou melhor, antes de desencadear-se a «ira» de Deus, no julgamento inaugurado pela vinda de Cristo (ver Ap 4:17), os mártires serão selados, e, portanto, aceitos na presença de Deus, de tal modo que a ira divina não poderá atingi-los prejudicialmente. O capítulo que temos à nossa frente descreve isso. Esse capítulo garante-nos que o martírio e todas as temíveis provações da Grande Tribulação não poderão prejudicar àquele que está firme em Cristo. Seu propósito é indestrutível, a despeito da ira do homem. Os mártires em potencial serão selados, e, portanto, protegidos de todo o dano, até que chegue o momento, dentro da vontade de Deus, de oferecerem o seu sacrifício. Se fosse da vontade de Deus, alguns crentes ou mesmo todos eles, seriam capazes de desafiar ao anticristo, até ao fim mesmo da Grande Tribulação. Mas a verdade é que os crentes, em vastos números, sofrerão o martírio (ver Ap 6:9-11 e 7:9). Observemos quão avantajado é o número deles. É impossível que pudesse continuar havendo na terra tão «inumerável» companhia de crentes, se a igreja tivesse de ser arrebatada antes da Grande Tribulação. A «selagem» protegerá os corpos deles enquanto Deus assim quiser fazê-lo: mas, principalmente, a ideia dessa selagem é que estarão protegidos da ira de Deus, que se seguirá imediatamente à Grande Tribulação, bem como estarão protegidos da ira de Deus que será desfechada durante a Grande Tribulação, a qual meramente será predição daquela ira maior que se seguirá. Seja como for, esse grupo representa o Israel espiritual, protegido em meio aos horrores da Grande Tribulação, e não retirados do meio dela.

4.      Tudo isso pode ser confrontado com o trecho de Mt 24:29-31. Será somente «após a tribulação» que os anjos serão enviados para recolher os eleitos, de uma à outra extremidade dos céus, de uma à outra extremidade da terra. Esses estarão «selados» até que tenha lugar esse recolhimento; e isso só terá lugar «após a tribulação daqueles dias». É impossível ver aqui a nação de Israel, já convertida, como se fosse ela, exclusivamente, quem está focalizada no quadro, embora seja verdade que a conversão de Israel antecederá à batalha de Armagedom por um bom tempo. Contudo, o trecho de Ap 7:9 e ss. certamente descreve a igreja cristã. Nesta passagem, o «Israel espiritual», embora inclua judeus convertidos, certamente é a igreja cristã. Do ponto de vista do vidente João, somente o Israel espiritual pode estar em foco; porém, do ponto de vista profético, a nação de Israel, futuramente convertida a Cristo, provavelmente também está em foco. O vidente João, ao exaltar os mártires cristãos, chama-os de «Israel espiritual». Porém, embora ele não pudesse saber disso em seus dias, uma vez que a nação de Israel se converta, sem dúvida haverá a selagem dos mártires em potencial entre eles, de tal modo que possam escapar ao poder do anticristo. A exposição abaixo aborda o problema que indaga se o Israel espiritual ou a nação de Israel é que está aqui em foco, ou se ambos são focalizados neste ponto. A maioria dos intérpretes da herança da literatura cristã tem opinado que está em pauta o Israel espiritual, de princípio a fim.

Certo número de intérpretes supõe que o trecho de Ap 7:1-8 fala da nação literal de Israel, ao passo que os versículos nono em seguida, desse mesmo capítulo, falam dos cristãos gentílicos, ou seja, da igreja. Outros acreditam que o mesmo grupo —a igreja— está em pauta, embora apresentada sob diferentes condições e perspectivas. Outros eliminam totalmente a possibilidade da igreja estar presente, preferindo pensar apenas na nação literal de Israel, que então terá se convertido a Cristo, uma vez que a igreja já foi arrebatada, supostamente devido ao testemunho de Israel. Esse último ponto de vista é de origem relativamente recente, dentro da história dos estudos escatológicos, não sendo aprovado pela herança geral da literatura cristã dos séculos. Tal posição moderna idealiza o arrebatamento da igreja antes da tribulação, o que é ponto de vista extremamente duvidoso, embora se tenha tornado popular em certas esferas do protestantismo evangélico de nossa época. Também supõe, essa posição, que a nação de Israel, uma vez que a igreja tenha sido arrebatada, passará a prestar testemunho ao mundo, quase desde o início da tribulação predita. Mas isso é altamente improvável, ou melhor, impossível, porque Israel, como nação, só se converterá nos estágios finais da Grande Tribulação, e não nos seus primeiros desenvolvimentos.

Conforme se dá com outras porções do Apocalipse, há um grande número de interpretações acerca deste sétimo capítulo. Apesar de não sermos capazes de dar resposta a muitas das questões que então se apresentam, porque somente o cumprimento dos acontecimentos preditos fornecerá a resposta exata para tudo, cremos que podemos fornecer um quadro geral do que é aqui tencionado.

O sétimo capítulo é considerado um parêntesis por muitos eruditos, como se fosse uma pausa entre o sexto e o sétimo selos. Mas outros estudiosos veem aqui certos aspectos do sexto selo, ainda sob consideração. O trecho de Ap 6:17 promete a ira divina contra os rebeldes. Este sétimo capítulo mostra que essa ira não poderá descarregar-se contra os selados, os quais estão justificados em Cristo. Este capítulo, pois, representa uma interrupção no ritmo e no estilo do sexto capítulo. Mas é ponto relativamente destituído de importância se o mesmo faz parte ou não da descrição do sexto selo.

O principal problema que envolve o capítulo à nossa frente é a identificação dos cento e quarenta e quatro mil. Isso é discutido de modo breve mais acima, e mais amplamente nas notas expositivas sobre o quarto versículo deste capítulo, onde são expostas as principais opiniões dos intérpretes. O que quer que digamos sobre os cento e quarenta e quatro mil, este capítulo certamente retrata a igreja de Cristo durante a Grande Tribulação, sofrendo sob a ferocidade do anticristo, o qual promoverá a pior perseguição religiosa de todos os séculos.

7:1         Depois disto vi quatro anjos em pé nos quatro cantos da terra, retendo os quatro ventos da terra, para que nenhum vento soprasse sobre a terra, nem sabre o mar, nem contra arvore alguma.

«...Depois disto...» Essas palavras são um artificio literário do autor sagrado, a fim de identificar uma mudança de assunto ou o desenvolvimento do mesmo assunto. Algumas vezes a expressão aparece em forma plural, «depois destas coisas», e às vezes em forma singular, como aqui. Os manuscritos minúsculos 1, 27, 30, 33, 47 e os latinos g e n apresentam aqui o plural, no grego, «tauta»; mas sem dúvida isso é secundário. A forma singular aparece aqui nos mss Aleph, acp, 046 e na maioria das versões.

«...vi...» Em visão

Esperaríamos uma descrição sobre o «sétimo» selo, mas a narrativa faz
uma pausa a fim de dizer-nos como os verdadeiros crentes, durante a Grande Tribulação, serão ou protegidos, ou então, como, a despeito do seu martírio, não serão atingidos pela ira de Deus. Esses são os que podem «resistir» no dia da ira do Senhor, sem sofrerem qualquer dano. Pouco ou nada importa se considerarmos este sétimo capítulo como a continuação da descrição sobre o sexto selo, ou se o considerarmos como um parêntesis, uma interrupção na narrativa dos selos.

«...em pé...» Trata-se de uma visão. Pois nenhum anjo é grande bastante para dar a impressão que está apoiado sobre o globo terrestre. Quando há tal simbolismo na Bíblia, como podemos presumir em dizer que a interpretação «simbólica» ou «mística» prejudica nosso entendimento sobre o Apocalipse? Bem pelo contrário, se sempre tentarmos interpretar este livro literalmente, nossa compreensão deste livro será fatalmente distorcida, porquanto o Apocalipse certamente é um documento de natureza «mística», devendo ser interpretado como tal. Somente a prosaica mente ocidental é que procura interpretar um livro místico de forma literal «sempre quepossível», conforme dizem alguns eruditos. A consulta das «fontes informativas» do Apocalipse, especialmente das fontes informativas dos vários apocalipses do período helenista, nos convencerá que devemos ter extremo cuidado com a interpretação literalista. Como exemplo, disso, em Ap 8:8, há um «monte» que atinge incendiado o mar, o qual poderíamos identificar de imediato como um cometa que atingirá o oceano, ou seja, um objeto físico literal. Ao assim dizermos, teremos simbolizado toda a questão, porquanto um meteorito não é um monte. E assim teremos preservado um objeto literalmente físico, como se estivesse aqui em foco. Então, ao consultar outra literatura apocalíptica, como se vê em I Enoque 18:13, onde há uma cena similar, poderíamos pensar estar confirmada essa interpretação literal. Mas, prosseguindo até I Enoque 21:3 e 108:3-6, descobriremos que esse monte é, na realidade, um anjo caído, isto é, um dos sete que cairão no mar, por terem sido expulsos por Deus dos lugares celestes, devido à sua desobediência. A terra estremecerá ante a vinda desses anjos. Talvez, então, nesse caso, o «oceano» represente as nações. Em outras palavras, o ensino pode ser que anjos caídos, ou poderosos seres demoníacos, estão sendo enviados para vexar os homens, e isso como castigo devido àquilo que os homens merecem. Quão diferente é essa interpretação daquela outra que vê aqui um meteorito a mergulhar em algum de nossos oceanos! Outrossim, a tentativa de interpretarmos o Apocalipse de maneira literal, «sempre que possível», com facilidade nos desviará para longe da verdade.

«...quatro anjos...» Consideremos os pontos abaixo, a esse respeito:

1.      O termo «anjo» pode implicar em seres angelicais literais, dotados de alguma missão especial a ser realizada na terra. O terceiro versículo deste capítulo mostra que eles têm missões de juízo a efetuar. Esses anjos tiveram de ser entravados por um outro anjo, «...que subia do nascente do sol...» (no segundo versículo). Supomos, pois, que aquilo que têm de fazer deve ser incorporado dentro do sétimo selo, talvez os juízos das «trombetas», porquanto aquilo que são impedidos de fazer (no terceiro versículo) é mais ou menos paralelo àquilo que é realmente feito (em Ap 8:7); e, de modo geral, no restante das trombetas, porquanto trarão «dano contra a terra». É possível que esses quatro anjos pertençam ao número dos sete anjos que farão soar as trombetas, mas não se pode afirmar isso com confiança absoluta. São em número de «quatro» porque exercem controle sobre as «quatro extremidades» da terra e sobre os «quatro ventos». Em cada caso, todavia, o número «quatro» fala de algo completo. A terra «inteira», pois, está debaixo do controle desses anjos, até ao ponto que Deus lhes determinar.

2.      Outros eruditos creem que o termo «anjo», neste caso, simboliza as operações de Deus, de sua providência, nada tendo a ver com seres celestes literais.

3.      É possível que o autor sagrado aluda aqui aos «quatro anjos da natureza», as forças naturais que controlam o meio ambiente terrestre, sob direção divina.

4.      Alguns eruditos supõem que esses anjos são maus, forças espirituais malignas que invadirão a terra nos últimos dias; mas certamente essa interpretação erra totalmente o alvo, ainda que aquela invasão também seja predita na Bíblia.

5.      As interpretações históricas veem aqui quatro impérios mundiais; mas estão equivocadas, sem dúvida alguma.

Pouca dúvida pode haver que a alusão é ao trecho de Zc 6:5, «...os quatro ventos do céu...» Isso pode ser comparado aos quatro seres viventes de Ap 4:6,7, e aos quatro cavaleiros.

«...quatro cantos da terra...» Os antigos pensavam que a terra fosse quadrada, e, portanto, dotada de quatro cantos. Os filósofos gregos jônicos (600 A.C.) modificaram isso, pensando ser a terra um disco; mas a maioria dos antigos, desde os tempos babilônicos, aceitava a ideia de uma terra com «quatro cantos». O vidente João contempla a terra do alto de seu ponto visionário, vendo a terra como um plano retangular, havendo um imenso anjo de pé sobre cada um de seus cantos. É indagação inútil se o vidente João cria ou não em uma terra quadrada. Sem dúvida ele assim cria, mas isso em nada prejudica a mensagem de sua visão, ainda que inclua o que agora é uma ideia cosmológica obsoleta. É tão inútil isso como tentar «modernizar» o autor sagrado, e supor que, enquanto ele escrevia, usando ideias antigas, ele mesmo sabia melhor do que elas. A questão inteira, sobre o que o vidente João pensava sobre o formato da terra, não tem peso algum para a fé, pelo que é inútil a discussão sobre a mesma, positiva ou negativamente.

A expressão quatro cantos, inteiramente à parte do fato se expressa ou não o formato da terra, diz-nos que esses anjos controlam a terra inteira, de todo o ponto de vista, de todos os ângulos, até ao ponto onde Deus lhes dá permissão. Portanto, podem provocar vastos juízos, se assim lhes for dado fazer. E quando soarem as trombetas, assim realmente farão; por enquanto, porém, são impedidos de agir, até que sejam selados os mártires em perspectiva.

«...para que nenhum vento soprasse sobre a terra...» Os anjos que se acham nos quatro cantos da terra, conservam presos os quatro ventos. Não lhes é permitido soprar e nem destruir. Também se vê nas cosmologias babilônica e outras da antiguidade, a ideia que seres angelicais ou espirituais, controlam os quatro ventos, mantendo-os sob controle desde o seu posto, nos quatro cantos da terra. Assim sendo, o vidente João uma vez mais se utiliza de uma expressão da cosmologia antiga, a qual agora nos é estranha, mas que não o era para os leitores originais do Apocalipse. Em Dn 7:2,3, vemos os quatro ventos do céu irrompendo sobre o mar, provocando destruições imensas. É óbvio que esses ventos não são literais, e, sim, alguma força cósmica e espiritual, que tem o poder de produziracontecimentos horrendos sobre a face da terra, mediante forças humanas e sobre-humanas.

Assim, pois, se insistirmos em uma interpretação «literal», fazendo com que esses ventos sejam quatro ventos literais, estaremos nos afastando da verdade. No Apocalipse Siríaco de Pedro, há uma advertência da parte de Deus, no sentido que quando ele soltar os quatro ventos, haverá saraiva antes do vendaval, um fogo consumidor diante do vento sul, enquanto montanhas e rochas serão partidas pelo meio pelo vento ocidental. Mas nada é dito ali sobre o quarto vento. No Apocalipse do Pseudojoão 15, a promessa de Deus é que os quatro ventos deixarão o mar limpo de todo o pecado. Por igual modo, nas Perguntas de Bartolomeu 4:31-34, aos quatro anjos será dado o poder de restringir aos quatro ventos, para não liberarem sua força destruidora sobre a terra. De modo bem geral, pois, o versículo ensina-nos que Deus controla a terra inteira; que os seus juízos são administrados como e quando ele quiser, e através dos instrumentos e eventos que melhor lhe agradarem. Outrossim, ele restringe seus julgamentos a fim de proteger os seus servos. Além desse significado geral, é perfeitamente possível que nada mais seja aqui ensinado, e que os objetos da visão, como os anjos, os quatro cantos e os quatro ventos, sejam apenas imagens necessárias para dar-nos um quadro interessante, mas que não têm qualquer significado literal ou metafísico. O número «quatro», entretanto, retém seu simbolismo de algo «completo». A terra inteira, com todos os seus acontecimentos, são controlados pela providência divina.

Outras ideias sobre o primeiro versículo do sétimo capitulo:

1.      Notemos que os ventos não poderão soprar sobre a «terra», o «mar» ou as «árvores», em que o número «três» entra em ação. Esse é o número divino. Assim, por conseguinte, Deus se relaciona à terra, e esta, finalmente, estará totalmente vinculada ao Senhor. De maneira geral, a terra (a parte seca), o mar (as águas) e as árvores (a vegetação) representam as várias condições existentes em nosso globo terrestre literal, que podem sofrer dano dos ventos (ou julgamentos) de Deus.

2.      Este versículo, tal como grande parte do Apocalipse, diz-nos claramente que Deus pode intervir e realmente fará intervenção na história humana. Os homens se destruiriam totalmente se Deus assim não fizesse. Mas uma intervenção divina devolverá aos homens o bom senso. O novo ciclo, o milênio, seguir-se-á aos terríveis juízos da Grande Tribulação. Alguns desses sofrimentos serão produzidos pelos homens, mas outros procederão de levantes naturais da natureza, e outros virão de uma direta intervenção divina. Isso expressa aposição do «teísmo», a ideia que o Criador continua presente conosco, pois faz intervenção e castiga ou galardoa aos homens. Em contraste com isso, o «deísmo» afirma que o criador se divorciou do seu próprio universo, deixando que as leis naturais o governassem em seu lugar, pelo que também não faria intervenção direta e nem estaria interessado em galardoar ou punir aos homens.

3.      Deus protegerá certo número de mártires em potencial, a fim de que sejam testemunhas por toda a terra e desafiem com sucesso ao anticristo. Lembremo-nos do caso de Jó. Deus o protegeu, até onde lhe pareceu melhor. Nenhum dos esquemas de Satanás conseguiu prejudicá-lo de modo contrário à vontade divina. O nono versículo deste capitulo mostra-nos que haverá um imenso número de mártires, embora isso venha a suceder por permissão de Deus. Os mártires receberão privilégios espirituais especiais, conforme se vê em Ap 6:9-11; e a ira de Deus não os atingira. Portanto, na realidade, serão tanto protegidos como altamente privilegiados. Todas as obras de Deus são boas, e eventualmente haveremos de perceber isso. Nesse ínterim, as provações demonstrarão que muito podemos sofrer com elas.

4.      «O desentendimento chega a proporções fantásticas quando alguém se propõe a interpretar literalmente a símbolos alegóricos, e quando, por outro lado, a explicação regular dessas figuras alegóricas é denominada de interpretação alegórica. Com igual justiça, poder-se-ia dizer que o ‘semeador’ do decimo terceiro capitulo de Mateus, e um semeador literal, e que devemos interpretar espiritualmente a sua pessoa, como uma exposição alegórica. Por mais abortivas que sejam quase todas as interpretações de tais figuras alegóricas, assim sucede porque não dão suficiente importância para a chave que lhes é oferecida pelo estilo de expressão poética e profético-simbólico» (Lange, in loc.). Esse autor, ao assim falar, quer dizer que devemos interpretar simbólica ou alegoricamente livros como o Apocalipse, os quais nos transmitem sua mensagem nesse estilo. O fato que muitas interpretações falsas são apresentadas por esse método não e contrário ao fato que a verdadeira interpretação deve, sem dúvida alguma, provir desse método. Deixar de compreender isso é ignorar a tradição inteira da literatura apocalíptica, a qual, até onde as expressões dizem respeito, forma a base deste livro.

5.      Há interpretações alegóricas que provavelmente estão equivocadas, no tocante a este versículo: a. O mar seriam as nações, e a terra seria Israel: b. o mar seria a Europa e a terra seria a Ásia, ao passo que as árvores seriam a Áfri­ca; c. as árvores seriam os poderes elevados e a grama seria as autoridades secundárias. Essas interpretações estão equivocadas porque podem chegar à mensagem correta sem entrarmos em particulares ridículos.

6.      Também não devemos tentar ver aqui a luta entre o paganismo, a heresia ou Roma, por um lado, e os ministros do evangelho e a igreja, por outro lado. Antes, temos aqui um quadro sobre a ira de Deus, que espera atingir a terra inteira, visando especialmente os que se mostram rebeldes contra Deus.

7.      O vento sacode e derruba por terra os figos temporãos, fora da estação certa, produzindo assim uma contradição da natureza (verAp 6:13). Assim também os juízos de Deus, os ventos, têm o poder de produzir muitas formas de catástrofes contra os homens que rejeitam o seu devido destino em Cristo.

8.      «Quem pode resistir?» (Ap 7:17). Aqueles que estão solidamente fixados no solo do evangelho de Cristo são aqueles que serão selados, e, portanto, resistirão aos ventos do juízo divino. Diz o trecho de Jr 49:36,37: «Trarei sobre Elão os quatro ventos dos quatro ângulos do céu, e os espalharei na direção de todos estes ventos. ...farei vir sobre os elamitas o mal o brasume da minha ira, diz o Senhor...» (Isso também pode ser comparado ao trecho de Dn 7:2: «Eu estava olhando, durante a minha visão da noite, e eis que os quatro ventos do céu agitavam o Grande Mar»), «Mas essas tempestades não surgirão, para sacudir uma única folha, enquanto não estiver completa a selagem dos servos de Deus» (Carpenter, in loc.).

7:2         E vi outro anjo subir do lodo do sol nascente, tendo o selo do Deus vivo; e clamou com grande voz aos quatro anjos, a quem fora dado que danificassem a terra e o mar,

«... outro anjo que subia do nascente do sol...» Há uma cena similar a esta, em II Baruque 6:4 - 8:1. Ali há quatro anjos que estão prestes a incendiar a cidade de Jerusalém, com o propósito de impedir que caia na idolatria, devido à influência dos babilônios. Um quinto anjo veio impedi-los em suas intenções, até que objetos sagrados fossem retirados do templo. Então a cidade foi incendiada. Por igual modo, aqui, o quinto anjo impede que quatro outros lancem terrores sobre a terra. É de presumir-se que os juízos das trombetas sejam esses terrores, os quais, tal como no segundo livro de Baruque, finalmente tiveram permissão de ocorrer, mas não sem que primeiro alguns propósitos divinos fossem realizados.

Identificação do quinto anjo, o refreador. 1. Alguns estudiosos pensam que o próprio Cristo está aqui em foco. 2. Mas outros pensam em algum ser angelical literal, guiado por ordem de Cristo. 3. Outros supõem que esse anjo é totalmente simbólico, representando a providência de Deus, que dispõe de muitos meios e métodos de operação.

«...nascente do sol...» O grego é aqui literalmente traduzido, embora seja mais provável que esteja em foco apenas o «oriente». Não sabemos dizer por que razão essa direção específica foi indicada. Talvez a ideia seja que assim como o sol nasce e inaugura um novo dia, renovando as esperanças, assim também, em meio aos mais aterrorizantes juízos, haja alguma esperança na providência de Deus, que faça o sol brilhar sobre os favorecidos do Senhor.

«...grande voz...» Uma expressão favorita do vidente João, expressando uma «mensagem autoritária», que chama a atenção e realiza tudo quanto tenciona fazer. Isso pode ser comparado aos trechos de Ap 5:2,12; 6:10; 7:10; 8:13; 10:3; 12:10; 14,7,8,15,18 e 19:17.

«...tendo o selo do Deus vivo...» Esse anjo tem a tarefa de «selar» aos cento e quarenta e quatro mil, a fim de protegê-los dos horrores desfechados pelo anticristo, os quais são aplicados no terceiro versículo. Não nos é revelado que tipo de «selo» será esse. O trecho de Is 44:5 menciona a «inscrição» do nome de Yahweh sobre as mãos dos fiéis, para identificá-los como pertencentes a ele. (Ver um paralelo disso em Ap 14:1. E talvez este versículo também seja um paralelo). Esse é um dos tipos de selos. II Esdras 6:5 mostra-nos como os fiéis foram selados antes da criação, a fim de assegurar sua bem-aventurança durante os tempos messiânicos. A passagem de Ez 9:1-8 ,encerra cena similar a esta, quando seis anjos são retratados como preparados para destruir os habitantes de Jerusalém, quando então um sétimo anjo fá-los estacar por um momento, a fim de «assinalar as testas» dos justos, a fim de não serem prejudicados. E em Salmos de Salomão 15:8, os justos recebem uma marca sobre a testa, a fim de serem preservados das pragas, da fome, da espada e da pestilência, julgamentos que serão lançados contra os ímpios. No Talmude (Shabbath 55a) os justos são marcados a tinta, ao passo que os ímpios trazem a marca de sangue, impressa sobre eles. O trecho de II Esdras 2:38 é o mais próximo paralelo que existe da presente passagem, onde aparecem «confessores» ou «testemunhas», assinalados de tal modo que permanecem até ao final de grandes provações, sem sofrerem dano.

Esse selo, essa marca na terra, é o equivalente contrário da marca da besta, no que diz respeito aos justos, ao passo que a marca do anticristo identifica os seguidores de uma religião e de um sistema político iníquos. (Ver Ap 13:16 e 14:9 acerca disso).

«...Deus vivo...» Temos aqui um título frequente de Deus, no A.T. e nos escritos judaicos helenistas, salientando o fato que Deus é a única deidade verdadeira, em contraste com os «ídolos mortos» ou «imaginários», que não têm vida, e portanto, não têm poder. O Deus vivo confere vida aos homens, a saber, a sua própria modalidade de vida, de tal modo que os remidos virão a participar da imagem e natureza do Filho (ver Rm 8:29).

Sobre o Deus vivo, no N.T., ver Jo 6:69; At 14:15; Rm 9:26; II Co 3:3; 6:16; I Ts 1:9; 4:10; 6:17; Hb 3:12; 9:14; 10:31; 12:22.
            
Bibliografia R. N. Champlin,comentário do novo testamento,2010,+ ww.ebareiabranca.com   V.1-8
fonte 
www.mauricioberwaldoficial.blogspot.com

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