Após a morte do Imperador Décio, Galo passou a reinar 251-253 d.C.. Nessa época Orígenes morreu, no décimo sétimo ano da sua era. Galo não compreendeu a perversidade de Décio, nem prenunciou o que o havia destruído, antes, tropeçou na mesma pedra colocada diante dos seus olhos. Pois quando o seu reinado estava prosperando, se ateve a perseguir os homens santos que intercediam com Deus por sua paz e segurança. Dessa forma, perseguiu também as próprias orações que eram oferecidas por ele também.
Assim sendo, Galo desencadeou mais uma violenta e injusta perseguição, contra aqueles que não ofereciam risco para o império, matando e torturando pessoas inocentes. Como resultado da sua maldade, ele foi destituído do cargo após reinar durante dois anos.
8ª Perseguição
Com a destituição do império das mãos de Galo, Valeriano, juntamente com seu filho Galieno, passaram a reinar. Durante o seu reinado temos um relato de Dionísio que diz: “De igual modo, foi revelado a João e houve”, diz ele, “uma boca dada a ele, falando grandes coisas e blasfêmia. E foi lhe dado o poder e quarenta e dois meses, mas é maravilhoso que ambos tiveram lugar em Valeriano. Ele foi um homem piedoso e generoso para com homens, como nenhum outro imperador havia sido, mas ele se deixou levar por conselhos do mestre e governante chefe dos magos egípcios Macriano, mandando perseguir e matar a todos os homens puros e santos, como inimigos a seus encantamentos perversos e detestáveis.
Dessa forma, Valeriano se deixou levar pelos conselhos de Macriano e acabou desencadeando uma perseguição contra os cristãos, enquanto se expunha aos insultos e censuras, escolhendo ele o próprio o caminho e as abominações que a alma deles desejava. Valeriano foi levado pouco tempo depois, cativo e reduzido à escravidão pelos bárbaros, e seu filho Galieno reinou em seu lugar, onde decretou a liberdade dos cristãos declararem sua fé.
9ª Perseguição
Após a perseguição de Décio e Valeriano, a igreja gozou de relativa tranqüilidade. Mas nos fins do século terceiro se desatou às duas últimas e mais severas de todas as perseguições. Reinava na época Diocleciano, que havia organizado o império em uma tetrarquia. Dois imperadores compartilhavam o título de Augusto: Diocleciano no Oriente, e Maximiano no Ocidente.
Diocleciano no seu décimo nono ano do seu reinado iniciou uma violenta perseguição contra os cristãos, perseguição essa que não perdurou por muito tempo, pois aprouve Deus, por mordaça na boca desses dois tiranos, Diocleciano e Maximiano, que a desistir de suas funções imperiais para viver como cidadãos comuns.
10ª Perseguição
A décima e última das grandes perseguições contras os cristãos, ocorreu durante o reinado do sucessor de Maximiano, Maxêncio seu filho, que reinou em Roma com intolerável tirania e maldade, sendo comparado a um novo Faraó ou a um Nero, pois muitas vezes em seus momentos de fúria chegou a assassinar a maior parte dos seus nobres e destruiu grandes multidões de romanos pelas mãos de seu exército. Praticou todo tipo de maldade e lascívia, também, era viciado em magia, o qual com freqüência invocava os demônios. No inicio do seu reinado se passou por protetor dos cristãos, para com isso conquistar a confiança do povo de Roma.
No entanto, ele praticou todos os tipos de opressões e insolências contra os cristãos, até que por fim se mostrou como um perseguidor manifesto dos cristãos. Essa perseguição durou por volta de sete ou oito anos, isto é, até 313 d.C. Foi contido por Constantino, quando esse reuniu suas tropas na Bretanha e França, e teve êxito mais precisamente por causa da força de Deus que o auxiliou nessa batalha. Constantino então, publicou, desobrigando todo e qualquer homem de qualquer religião, mas concedendo a todos a liberdade, e aos cristãos a exortação de permanecerem na sua profissão de fé sem risco algum e aos outros para se associar-se livremente ao cristianismo se assim o quisessem.
Perseguição dos primeiros cristãos sob os imperadores Diocleciano e Maximiliano, 301 d.C.
A estes homens de vidas santas se uniu uma vasta multidão dos eleitos, que em muitas indignidades e torturas, vítimas da inveja, deram um valoroso exemplo entre nós. Por razão dos ciúmes teve mulheres que foram perseguidas, depois de ter sofrido insultos cruéis e iníquos, como Danaidas e Dirces, atingindo seguras a meta na carreira da fé, e recebendo uma recompensa nobre, por mais do que eram débeis no corpo. Clemente de Roma (30-100 d.C.)
A seguir uma citação de Tácito, um historiador romano não cristão, descreve os tormentos da primeira perseguição imperial contra os cristãos levada a cabo por Nero:
A fim de promover o rumor (que assinalava a Nero como o culpado do incêndio de Roma), ele acusou a pessoas chamadas pela gente “cristãos” e quem eram odiados por suas travessuras, culpando-os e condenando-os aos maiores tormentos. O Cristo de quem tinham tomado o nome, tinha sido executado no reino de Tiberio pelo procurador Poncio Pilatos; mas ainda que esta crendice tinha sido abandonada por um momento, surgiu de novo, não só em Judea, o país original desta praga, senão na mesma Roma, em cuja cidade a cada ultraje e cada vergonha encontra um lar e uma grande disseminação. Primeiros uns foram detidos e confessados, e, depois, baseando-se em sua denúncia, um grande número de outros, quem não eram acusados do crime do incêndio senão do ódio à humanidade. Sua execução (a morte dos cristãos) constituiu uma diversão pública; foram cobertos com as peles de feras e depois devorados por cachorros, crucificados ou levados à pira e queimados ao vir a noite, alumiando a cidade. Para este espetáculo Nero facilitou seus jardins, e até preparou jogos de circo nos quais se misturou com o povo com o traje de carreteiro, ou montado numa carroça de carreira. Tácito (100 d.C.)
A carne aborrece ao alma e está em guerra com ela, ainda que não recebe nenhum dano, porque lhe é proibido permitir-se prazeres; assim o mundo aborrece aos cristãos, ainda que não recebe nenhum dano deles, porque estão na contramão de seus prazeres. Epístola a Diogneto (125-200 d.C.)
Os cristãos amam a todos os homens, e são perseguidos por todos. Não se faz caso deles, e, pese a tudo, se lhes condena. Se lhes dá morte, e ainda assim estão revestidos de vida. Pedem esmola, e, com tudo, fazem ricos a muitos. Se lhes desonra, e, pese a tudo, são glorificados em seu desonro. Fala-se mal deles, e mesmo assim são reivindicados. São escarnecidos, e eles abençoam; são xingados, e eles respeitam. Ao fazer o bom são castigados como malfeitores; sendo castigados se regozijam, como se com isso se lhes reavivasse. Os judeus fazem guerra contra eles como estranhos, e os gregos os perseguem, e, pese a tudo, os que os aborrecem não podem dar razão de seu ódio. Epístola a Diogneto (125-200 d.C.)
E coisa patente é que ninguém há capaz de intimidar-nos nem submeter-nos a servidão aos que em toda a terra acreditamos em Jesus. Se nos decapita, se nos crucifica, se nos arroja às feras, ao cárcere, ao fogo, e se nos submete a toda classe de tormentos; mas à vista de todos está que não apostatamos de nossa fé, antes bem, quanto maiores são nossos sofrimentos, tanto mais se multiplicam os que abraçam a fé e adoram a Deus no nome de Jesus. Justino Mártir (160 d.C.)
Chegou a tal extremo (o ódio para os cristãos) que nem nas casas, nem nos banhos, nem ainda no foro, tolerava-se nossa presença; em nenhum lugar nos podíamos apresentar. Os Martires de Lyon, França (177 d.C.)
Estes, surpreendidos de improviso, suportaram toda sorte de ultrajes e tormentos que a outros tivessem parecido demasiado longos e dolorosos, mas a eles lhes pereciam ligeiros e suaves: tal era seu desejo de unir-se com Cristo. Mostraram-nos com seu exemplo que não há comparação entre as dores desta vida e a glória que na outra temos de possuir. Em primeiro lugar, tiveram de sofrer todos os insultos e blasfêmias que o povo em massa lhes esbanjou, gritos, golpes, detenções, confiscações de bens, lapidações e, por fim, o cárcere. Os Martires de Lyon, França (177 d.C.)
Os profetas, efetivamente, junto com muitas outras profecias também anunciaram este fato: que aqueles sobre os quais repousasse o Espírito de Deus, obedecessem à Palavra do Pai e o servissem segundo suas forças, teriam de sofrer a perseguição, seriam lapidados e assassinados. E os profetas mesmos se converteram numa figura de tudo isto, pelo amor a Deus e por sua Palavra. Irineu (180 d.C.)
Vocês pensam que o cristão é um homem que comete todos os crimes, um inimigo dos deuses, do Imperador, das leis da moralidade e de toda a natureza. No entanto, obrigam-no a negar-se (de ser cristão) para absolvê-lo, sem o qual não poderiam fazê-lo. Por tanto vocês jogam de maneira rápida e livre com as leis. Tertuliano (195 d.C.)
Eles nos perseguem, não porque fazemos o mau; senão pelo só feito de ser cristãos, eles pensam que pecamos contra a vida. Isto se deve à maneira como nos conduzimos neste mundo e porque lhes exortamos a adotar uma vida similar. Clemente de Alexandria (195 d.C.)
¡Diariamente estamos rodeados de inimigos! ¡Diariamente somos delatados! Com freqüência somos surpresos em nossas reuniões e congregações. Tertuliano (195 d.C.)
Tenho aqui uma lei decretada pelo governo romano contra os cristãos:
“Não é lícito que os cristãos vivam no mundo.” Tertuliano (197 d.C.)
Fatiguem-nos, atormentem-nos, condenem-nos, esquartejem-nos, que sua maldade é a prova de nossa inocência. Tertuliano (197 d.C.)
Vocês põem aos cristãos sobre cruzes e estacas. Com unhas de ferro aram os custados dos cristãos… Nos arrojam às feras. Somos abrasados em fogo vivo. Somos também condenados às minas. Somos desterrados às ilhas. Tertuliano (197 d.C.)
Porque a perseguição é um ato livre de Deus que quer provar a fé, e se serve da iniqüidade doo diabo para levá-la a cabo. Por isto dizemos, se talvez, que a perseguição vem peloo diabo, mas não vem doo diabo. Nada pode oo diabo contra os servos do Deus vivo, se não é por permissão de Deus, o qual, ou quer destruir aoo diabo por meio da fé dos eleitos que sai vitoriosa na tentação, ou quer mostrar que são doo diabo aqueles que passam a suas filas. Tertuliano (197 d.C.)
Só aos cristãos se lhes proíbe dizer algo em seu defesa. O único que lhes importa é a exigência do ódio do público. Tertuliano (195 d.C.)
Trajano (um imperador romano) contestou dizendo que não há que procurar aos cristãos, mas se são entregados a ele, devem ser castigados. Tertuliano (195 d.C.)
As assembléias pagãs têm todos seus circos onde estão prestos para gritar com alegria: “Morte para a terceira classe (referindo-se aos cristãos).” Tertuliano (213 d.C.)
Quando Deus permite que o tentador nos persiga, padecemos perseguição. E quando Deus deseja livrar-nos da perseguição, desfrutamos de uma paz maravilhosa, ainda que nos rodeia um mundo que não deixa de odiar-nos. Confiamos na proteção daquele que disse: ‘Confiem, eu venci ao mundo.’ Orígenes (225 d.C.)
Os cristãos não podem dar morte a seus inimigos, nem condenar àqueles que quebrantam a lei, queimando-os ou apedrejando-os como manda Moisés. Orígenes (248 d.C.)
Valeriano (imperador romano que perseguiu aos cristãos) deu uma carta ao Senado, ordenando que os bispos e anciões e Diaconos fossem executados ao instante, que… devem ser despojados de seus bens, além da dignidade, e, se perseverarem em seu cristianismo, depois de despojados de tudo, sejam decapitados… Estamos esperando cada dia que chegue esta carta, mantendo-nos em pé com a firmeza da fé dispostos ao martírio, e esperando da ajuda e misericórdia do Senhor a coroa da vida eterna. Cipriano (248 d.C.)
O Senhor quis que sua família seja posta a prova. Porque uma paz prolongada corrompeu a disciplina que uma vez foi entregada a nós. A repreensão acordou nossa fé, porque nossa fé estava falhando e dormindo. Ainda que nossos pecados merecem algo pior, o Senhor moderou tudo, de modo que o que nos sucedeu, parece mais bem uma prova do que uma perseguição. Cipriano (250 d.C.)
Alguns ainda estão em calabouços ou minas e em correntes, demonstrando por seus castigos prolongados maiores exemplos para fortalecer a fé de seus irmãos. Nas minas não se descansa sobre colchões e sofás, senão no consolo de Cristo. O corpo cansado se deita no solo, mas não há vergonha em deitar se com Cristo. Seus membros sujos do cheiro mau no meio de terra e sujeiras, mas por dentro são limpos em espírito. Ali o pão é escasso, mas não só de pão vive o homem, senão de toda palavra de Deus. Tremendo de frio lhes falta roupa, mas o que se veste de Cristo se acha bem enfeitado e vestido. O cabelo de sua cabeça média rapada parece repugnante, mas Cristo é a cabeça de cada homem; assim que tudo se vê atrativo por causa do nome de Cristo. Cipriano (250 d.C.)
Tinha certo homem em Frigia que queimou uma assembléia inteira de cristãos juntamente com o lugar onde se reuniam. Lactâncio (304-313 d.C.)
Nosso número não se diminui inclusive no meio da perseguição. A verdade prevalece por seu próprio poder. Lactâncio (304-313 d.C.)
Para que não sejam corrompidos por uma vida suave como seus antepassados, foi a vontade de Deus que sejam oprimidos por quem sob cujo poder estavam postos. Há outra razão por que Ele permite a perseguição na contramão de nós. É para que o povo de Deus cresça em número. E não é difícil demonstrar como ocorre isto. Primeiro, grandes multidões deixam de adorar aos deuses falsos, vendo a crueldade destes. Segundo, quem não desejaria saber que coisas tão nobres temos para estar dispostos a defendê-las até a morte? Que coisas valem mais do que todas as coisas agradáveis e apreciadas nesta vida? Porque nem a perda de seus bens, nem o ser privados da luz, nem a dor corporal, nem as torturas de seus membros internos, podem apartar aos cristãos das coisas (que estes amam). Estas coisas têm grande efeito, e sempre resultam no aumento do número de nossos seguidores. Lactâncio (304-313 d.C.)
(Um dos imperadores romanos) proibiu a matança dos servos de Deus, mas não proibiu que sejam torturados. Assim que suas orelhas e narizes lhes foram cortadas juntamente com as mãos e os pés, e também os olhos lhes foram arrancados. Lactâncio (304-313 d.C.)
Eles torturam, dão morte e desterram aos que adoram ao Deus Altíssimo, isto é, à Justiça. No entanto, aqueles que nos odeiam com tanta veemência, não podem dar razão de seu ódio. Lactâncio (304-313 d.C.)
A tortura e a piedade são muito diferentes. Não é possível que a verdade esteja unida com a violência nem a justiça com a crueldade. Lactâncio (304-313 d.C.)
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