(N.2)ESTUDO E COMENTARIO
DE HEBREUS
Hebreus
1.4-14; 2.1-3.
Os crentes hebreus, baseados nos relatos e
ensinamentos do Antigo Testamento, tinham os seres angelicais em alta estima e
respeito, uma vez que os mesmos ocupavam proeminente lugar na economia divina.
Eles sabiam que caso suas mensagens fossem desprezadas, conseqüências terríveis
haveriam de vir.Era urgente e necessário para aqueles crentes entenderem que
Jesus está acima dos anjos em todos os aspectos, pois sua mensagem e missão têm
finalidade infinitamente mais sublime: a salvação de todos os homens em todas
as épocas e lugares. Somente ao Senhor Jesus toda honra, glória e majestade.
Os anjos tiveram importantes momentos na história dos
judeus, tanto no âmbito nacional como na vida de indivíduos. Em sua natureza,
mesmo atuando em favor dos que hão de herdar a vida eterna, são criaturas com
limitações se comparadas ao Senhor Jesus Cristo. Ele é declarado como Filho
pelo próprio Deus, é o Messias. Criador e está à direita do Pai.
O escritor, ainda demonstrando a superioridade de
Jesus sobre os anjos, lembra aos leitores que, se o que foi dito pelos anjos
foi válido ao ponto de toda desobediência às palavras angelicais receber
punição, maior pena receberá aqueles que desprezarem, em Jesus, “tão grande
salvação”. Apenas Ele, como verdadeiro Sumo Sacerdote, pode se compadecer dos
que são tentados e salvá-los.
Na Antiga Aliança, os
anjos eram muito considerados. Na epístola aos Hebreus, o escritor ressalta, de
modo enfático, a superioridade de Cristo em relação aos seres angelicais e, ao
mesmo tempo, afirma que Ele, ao se encarnar, fez-se “um pouco menor que os
anjos” (Hb 2.9). Nesta lição, estudaremos alguns aspectos importantes dessa
superioridade, entendendo esse paradoxo numa análise exegética simples.
I. MAIS EXCELENTE EM SUA NATUREZA E NO SEU NOME
1. Os anjos na Bíblia. Os anjos tiveram papel muito
importante entre o povo de Deus no Antigo Testamento. Ver Gn 19.1,15; 28.12; Êx
3.2; 23.20; Sl 103.20. No Novo, não foi diferente. Um anjo apareceu a José,
revelando o nascimento sobrenatural de Jesus (Mt 1.20); um anjo removeu a pedra
do sepulcro de Jesus, após sua ressurreição (Mt 28.2). Hoje, há uma verdadeira
idolatria em torno desses seres celestiais. A Bíblia adverte: “Ninguém vos
domine a seu bel-prazer, com pretexto de humildade e culto dos anjos” (Cl
2.18).
Outras referências demonstram claramente a ação dos
anjos, não só em favor de Israel, mas de todos os servos de Deus, em todo o
mundo (cf. Sl 34.7).
2. A natureza dos anjos (vv.7,14). O texto bíblico nos
revela alguns aspectos relativos à natureza dos anjos. No v.7, lemos que Deus
“de seus anjos faz ventos, e de seus ministros labaredas de fogo”. É uma
citação de Salmos 104.4. Eles são ministros usados por Deus segundo a sua
vontade, submissos a cada convocação sua, portanto, ficam muito aquém da
natureza e das funções do Filho de Deus. Por maiores que sejam os anjos, em
comparação com Cristo são apenas bafos de ventos e fagulhas de fogo. Eles são
criaturas. Jesus é Criador, inclusive dos anjos (ver Jo 1.3). No v.14, os anjos
são chamados “espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles
que hão de herdar a salvação”.
II. A SUPERIORIDADE DE JESUS EM RELAÇÃO AOS ANJOS
1. Declarado Filho de Deus, gerado pelo Pai. No v.5, o
escritor indaga: “a qual dos anjos disse jamais: Tu és meu Filho, hoje te
gerei? E outra vez: Eu lhe serei por Pai, e ele me será por Filho?”. Estas
perguntas trazem em seu bojo a afirmativa de que Cristo é superior aos anjos,
por ter sido gerado pelo Pai. Ver também Rm 1.4. O escritor sacro reporta-se a
Salmos 7.2, que diz: “Recitarei o decreto: O SENHOR me disse: Tu és meu Filho;
eu hoje te gerei”. Essa questão é realmente difícil de entender. Sendo Deus, em
que sentido Jesus poderia ser gerado? A resposta está no grandioso milagre e
mistério da sua encarnação, incompreensível à mente humana, que só entende um
pouco das coisas terrenas.
2. O Filho pela ressurreição. O escritor Lucas, no
Livro de Atos, declara: “E nós vos anunciamos que a promessa que foi feita aos
pais, Deus a cumpriu a nós, seus filhos, ressuscitando a Jesus, como também
está escrito no Salmo segundo: Meu filho és tu; hoje te gerei” (At 13.32,33).
Sem ter deixado jamais de ser Deus, Jesus foi apresentado ao mundo
publicamente, como Filho de Deus, na ressurreição. Veja o que Paulo diz:
“Declarado Filho de Deus em poder, segundo o Espírito de santificação, pela
ressurreição dos mortos — Jesus Cristo, nosso Senhor” (Rm 1.4). De fato, se
Jesus tivesse feito milagres, mas não houvesse ressuscitado, ninguém poderia
crer que fosse o divino Filho de Deus (Ver Mt 3.17; 17.5; Rm 1.4). Seria como
Buda, Maomé, Chrisna, etc.
3. O Filho deve ser adorado pelos anjos (v.6). “E
quando outra vez introduz no mundo o primogênito, diz: E todos os anjos de Deus
o adorem”; “...por isso lhe darei o lugar de primogênito; fá-lo-ei mais elevado
do que os reis da terra” (Sl 89.26,27).
4. Jesus está à direita de Deus (v.13). Esta é a
posição de honra, dada somente a Cristo, e a ninguém mais: “E a qual dos anjos
disse jamais: Assenta-te à minha destra até que ponha a teus inimigos por
escabelo de teus pés?”. Estêvão, quando estava sendo martirizado, contemplou
Jesus à direita de Deus (cf. At 7.55).
5. Jesus é Rei, Messias e Criador. No v.8, lemos: “Mas
do Filho diz: ó Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos, cetro de
eqüidade é o cetro do teu reino”. Aqui o Filho é chamado Deus, como de fato Ele
o é, além de ser também Rei, cujo cetro (símbolo da autoridade real) é de
retidão. Os anjos não têm poder de reino ou soberania. Nos vv.9-12, vemos que
Jesus é apresentado como o Ungido, o Messias, e, ao mesmo tempo, como aquEle de
quem a terra e “os céus são obra” de suas mãos. O v.13 prossegue exaltando a
superioridade de Cristo como o vencedor, pondo seus inimigos debaixo de seus
pés.
III. A GRANDE SALVAÇÃO EM JESUS
1. Advertência contra o desvio (vv.1-3). Depois de
apresentar o quadro da superioridade de Cristo em relação aos anjos, o escritor
aos Hebreus é levado a advertir os destinatários da carta (e a nós, também),
quanto “às coisas que já temos ouvido, para que em tempo algum nos desviemos
delas” (v.1). E explica que, se “a palavra falada pelos anjos permaneceu firme,
e toda a transgressão e desobediência recebeu a justa retribuição”, indaga
solenemente: “Como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande
salvação...?” (v.3). Esta salvação, trazida por Jesus Cristo, não foi efetivada
por meras palavras, e sim, autenticada por Deus, por meio de “sinais e
milagres, e várias maravilhas e dons do Espírito Santo...” (v.4). Quem se
desvia da sua fé em Cristo, corre o risco de perder-se para sempre (v.3).
2. Jesus, homem, um pouco menor que os anjos (2.7-9).
Esse é um aparente paradoxo encontrado na carta aos Hebreus, relacionado à
encarnação de Cristo. “Vemos, porém, coroado de glória e de honra aquele Jesus
que fora feito um pouco menor do que os anjos, por causa da paixão da morte,
para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todos”. A dedução é simples:
Jesus, feito homem, despojou-se voluntariamente de parte de seus atributos, e
sujeitou-se a morrer, na cruz, para que “provasse a morte por todos”. Nessa
condição, em sua natureza humana, tornou-se “um pouco menor que os anjos”. Se
não fosse assim, a sua natureza divina não o permitiria morrer, pois Deus não
morre.
IV. JESUS, O FIEL SUMO SACERDOTE (2.9-18)
1. Tudo existe em função dEle (v.10a). Para Jesus são
todas as coisas, visto que elas existem por Ele e para Ele (Cl 1.16). E assim
é, para que Ele traga “os filhos à glória”, e, pelas aflições, se tornasse “o
príncipe da salvação deles” (v.10b). Os filhos, ou seja, os que o receberam,
deu-lhes o poder (o direito) de serem feitos “filhos de Deus” (Jo 1.12), e são
chamados por Cristo de “irmãos” (v.11). É sublime a declaração de Cristo, em
relação aos que são salvos por Ele. No v.13, Ele diz: “Eis-me aqui a mim, e aos
filhos que Deus me deu”. Esses são livres do “império da morte, isto é, do
Diabo” (v.14), e da servidão (v.15).
2. Em tudo, foi semelhante aos irmãos (v.17). Para
poder cumprir sua missão salvadora, Jesus, “em forma de Deus, não teve por usurpação
ser igual a Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo,
fazendo-se semelhante aos homens, e, achado na forma de homem, humilhou-se até
à morte, e morte de cruz” (Fp 2.6-8). Assim, “feito um pouco menor que os
anjos”, entregou-se a Deus para, como “fiel sumo sacerdote”, expiar os pecados
do povo (v.17)
3. Em tudo foi tentado (v.18). Em sua condição humana,
Jesus, o Filho do Homem, suportou a tentação, “para socorrer aos que são
tentados”. Esta é uma afirmação consoladora para nós, os crentes, que durante a
caminhada na Terra, somos acossados e ameaçados por várias tentações. Nosso
Deus, Jesus, não foi em sua missão um deus alienado dos seus adoradores e
fiéis, como prega o deísmo. Pelo contrário, Ele se colocou no meio dos
pecadores e, como eles, foi tentado até à cruz para lhes dar vitória sobre as
tentações. Na verdade, Ele, “como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado” (Hb
4.15). Glória a Deus, por isso!A superioridade de Cristo em relação aos anjos
excede em muito a idéia distorcida, e difundida entre os incrédulos, de que os
seres angelicais têm papel místico, ao ponto de serem venerados ou mesmo
adorados pelos adeptos das falsas doutrinas.
O autor da carta aos Hebreus, iniciando seu escrito,
fala acerca de três tipos de emissários que Deus enviou ao mundo para
transmitir a sua revelação: os profetas, os anjos e o Filho.
Comparando-se os profetas e os anjos, deve-se deixar
claro que os primeiros foram muito usados por Deus, falando com autoridade e
convicção. Entretanto, seus oráculos, mesmo sendo da parte de Deus, nem sempre
eram bem recebidos. A rebeldia dos ouvintes fez com que diversos profetas
fossem assassinados, desprezados e passassem por adversidades. No caso dos
anjos, não há relatos de terem sido desprezados ou apedrejados, pois eram tidos
em grande temor por serem figuras sobrenaturais. (Note que as diversas
aparições dos seres celestes causavam muito medo, motivo este que levava os
anjos a começarem seus diálogos com a expressão “Não temas”). Comunicações que
exigiam decisão de uma pessoa eram transmitidas por anjos (veja os exemplos de
Abraão, Gideão e Ló).
Se o povo ouvia os anjos com certo grau de temor, mais
temor deveriam ter diante do Filho de Deus, por ser este maior do que os anjos.
Ele criou todas as coisas, inclusive os anjos. Se o povo reverenciava os
mensageiros celestes, estes, por sua vez, reverenciavam o Filho. O mundo
vindouro não foi deixado sob os cuidados dos anjos, mas de Jesus. Eles são
“espíritos ministradores”, que labutam em prol dos que “hão de herdar a
salvação”, enquanto o Filho é o próprio executor da salvação. Até na forma de
tratamento, a designação “anjos” é inferior ao “Filho”, pois são eles servos,
criaturas, e Jesus é Senhor e Criador. Partindo desses argumentos, o escritor
anuncia a superioridade de Jesus tanto sobre os profetas como sobre os anjos.
O autor conclui que, se as palavras ditas pelos anjos
foram firmes e, no caso de transgredidas, receberam punição, maior
responsabilidade haverá para os que rejeitarem as palavras do Filho de Deus,
sem o qual não há salvação.FONTE CPAD
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