(N.3) ESTUDO E COMENTARIO DE HEBREUS
Hebreus
3.1-8,12,14.
Você já resistiu à voz do Espírito Santo alguma vez na
em sua vida?Resistir à voz de Deus tem sido a prática de muitos em nosso meio,
que semelhantemente aos hebreus no deserto, tornaram-se insensíveis e
desobedientes aos preceitos do Todo-Poderoso: habituaram-se com as bênçãos, sem
contudo, reverenciar, obedecer e servir ao Doador e Provedor de todos os
benefícios. Ouvir a voz de Deus e abster-se do mal são procedimentos de um
coração bom e fiel. O Senhor está sempre pronto para agraciar seu povo com o suficiente
“maná diário”, garantindo sobrevivência e crescimento espiritual.Podemos estar
certos de que não pereceremos no “deserto desta vida”; nossa jornada culminará
na prometida Canaã celestial.
Os crentes destinatários da epístola, são chamados de
“santos”, e devem, por serem participantes da “vocação celestial”, considerar
Jesus não apenas como apóstolo (um enviado de Deus), mas também Sumo Sacerdote,
ao qual devem confessar suas dificuldades. Se Moisés foi fiel em seu
ministério, Jesus muito mais, pois foi o autor, não somente do ministério, mas
também da família de Moisés. O Grande Libertador dos hebreus, por ser homem,
não pôde ser perfeito. Entretanto, Jesus deu-nos o exemplo de irrefutável
perfeição.O sacro escritor relembra a seus leitores que o povo de Israel
peregrinara no deserto por muitos anos, por não ter ouvido a voz de Deus
através de Moisés, e roga-os que não ajam da mesma forma, endurecendo seus
corações às ordens divinas.
Exemplos de semelhanças:
• Moisés livrou o povo da escravidão do
Egito;
• Jesus livrou o homem da escravidão do
pecado.
• Moisés foi o intermediário entre Deus e o
povo;
• Jesus é o mediador entre Deus e o homem.
• Moisés instituiu o sistema levítico;
• Jesus inaugurou o sistema da graça.
Exemplos de diferenças:
• Cristo é Deus; Moisés apenas conhecia a
Deus.
• Cristo é Filho de Deus; Moisés foi apenas
servo.
• Cristo estabeleceu a “casa” da qual Moisés
era apenas uma parte (3.3).
Somos exortados a considerar Jesus Cristo como “Sumo
Sacerdote da nossa confissão”. Os israelitas tinham grande respeito aos
profetas e sacerdotes da antiga aliança, destacando-se entre eles Moisés e
Arão. Na Nova Aliança, Jesus é superior a todos eles, pois encarnou-se tomando
a forma humana, ou seja, tornou-se o Emanuel, “Deus entre nós”, concedendo a
gloriosa e eterna salvação para todos os que nEle crêem.
I. CONVOCAÇÃO DOS SANTOS À ADORAÇÃO A CRISTO (v.1)
1. “Irmãos santos”. A palavra santo vem do latim,
sanctu, que, originalmente, quer dizer aquele ou aquilo que “era estabelecido
segundo a lei”, passando depois a significar aquele ou aquilo “que se tornou
sagrado”. No Antigo Testamento, a palavra hebraica para santo é qodesh e seus
derivados, que significam santo, santificado, santificar, separar, pôr à parte.
No Novo Testamento, a palavra “santo”, no grego hagios, tem sentido semelhante
ao da língua hebraica; santos, segundo o ensino bíblico, são somente aqueles
que têm comunhão com Deus e com seu Filho, Jesus. Estes são convocados para
adorarem a Cristo, separados do mundo.
2. “Participantes da vocação celestial”. Os santos que
vivem aqui na terra não são apenas os mártires, ou os que fizeram algum
milagre, como ensina o Catolicismo. Os santos são pessoas de carne e osso,
“participantes da vocação celestial”, por aceitarem a Cristo como seu Salvador
ao ouvirem o seu convite através do evangelho.
3. Cristo, Apóstolo e Sumo Sacerdote. Os santos são
convocados para considerar “Jesus, apóstolo e Sumo Sacerdote da nossa
confissão”. Ele foi, de fato, o Apóstolo por excelência. Jesus foi enviado por
Deus ao mundo, “não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse
salvo por Ele” (Jo 3.17).
No Antigo Testamento, os sacerdotes intercediam pelo
povo, tendo que oferecer, por todos os pecantes, sacrifícios com sangue de
animais, que apenas encobriam o pecado. Na Nova Aliança, Jesus é o Sumo
Sacerdote perfeito, pois ofereceu o seu próprio sangue para nos salvar e nos
apresentar a Deus com a nossa confissão.
II. MAIOR GLÓRIA DO QUE MOISÉS
1. Moisés, fiel como servo (v.5). Moisés foi fiel em
sua casa, como acentua o escritor, na condição de servo, sendo o mensageiro que
testemunhou das “coisas que haviam de vir”. Ele foi o porta-voz de Deus ao
receber as tábuas da Lei no Sinai, transmitindo, com fidelidade, a palavra que
de Deus ouviu no monte. Ele nada alterou do que recebeu do Senhor. Foi servo em
sua casa, no âmbito do que lhe foi confiado, e desincumbiu-se muito bem de sua
tarefa na “casa” de Deus. Por isso, foi considerado um modelo entre os homens
(cf. Jr 15.1).
2. Jesus, fiel sobre sua própria casa (v.6). Jesus foi
superior a Moisés. Este foi servo. Aquele é o Filho, o Sumo Sacerdote
constituído por Deus, posição que não foi confiada a mais ninguém. Moisés,
mesmo sendo fiel como homem, não foi perfeito. Falhou em algum momento. No
episódio em que Deus mandou que ele falasse à rocha pela segunda vez,
descontrolou-se emocionalmente e feriu-a, ao invés de falar (Nm 20.11). Jesus,
no entanto, nunca falhou. “Em tudo foi tentado, mas sem pecado” (Hb 4.15).
3. A casa somos nós (v.6). Em nossa imperfeição, como
poderíamos ser chamados “casa” de Cristo para que Ele, nessa “casa”, fosse sumo
sacerdote? Só a graça de Deus pode explicar. A condição para que sejamos “casa”
do Senhor, é que tão-somente conservemos “firme a confiança e a glória da
esperança, até o fim”. O apóstolo Paulo teve de Deus revelação semelhante. Na
primeira Epístola aos Coríntios 6.19,20, lemos: “Ou não sabeis que o nosso
corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e
que não sois de vós mesmos?”. Diante disso, é grande a nossa responsabilidade
para com essa “casa”, em que, ao mesmo tempo, habitam Cristo, nosso Sumo
Sacerdote, e o Espírito Santo, nosso intercessor, que nos tem como seu templo.
III. ADVERTÊNCIA QUANTO AO ENDURECIMENTO CONTRA DEUS
1. Ouvindo a voz do Espírito. A advertência é grave e
solene: “Portanto, se ouvirdes hoje a sua voz, não endureçais os vossos
corações, como na provocação, no dia da tentação no deserto...” (vv.7,8).
Citando o Salmo 95.8-11 o escritor admoesta os destinatários da carta
valendo-se de fatos constrangedores, relativos ao povo de Israel. Na
advertência, o Espírito Santo os lembra para não fazerem como seus pais, que
provocaram a Deus no deserto com graves atitudes: 1) Tentaram a Deus; 2)
Provaram a Deus, mesmo tendo visto suas obras por 40 anos (v.9; Êx 15.22-25;
17.1-7). Esse aviso quanto a ouvir o Espírito Santo é significativo e oportuno
para nós em nosso tempo, pois há crentes tão insensíveis, em todos os sentidos,
que suas consciências já se encontram irremediavelmente cauterizadas (cf. 1 Tm
4.2).
2. Não endurecer o coração (v.8). O povo israelita,
não obstante presenciar as maravilhas do poder miraculoso de Deus no deserto, a
começar pela passagem do Mar Vermelho, rebelou-se contra o Senhor. Em
conseqüência, Deus se indignou. Manifestou a sua ira e decretou seu juízo: “Não
entrarão no repouso de Deus”. Daquela geração rebelde, todos os que tinham mais
de 20 anos não entraram na Terra Prometida. O endurecimento do coração é um
obstáculo para o recebimento da bênção de Deus.
3. Um coração mau e infiel (v.12). Outra advertência é
dada pelo Espírito Santo através do escritor da Epístola aos Hebreus, para que
neles não houvesse “um coração mau e infiel”, que viesse afastá-los “do Deus
vivo”. O verbo afastar, no texto, é apostenai (gr.), palavra que dá origem ao
termo apostasia. No versículo seguinte vem um conselho divino: “Antes
exortai-vos uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama Hoje, para
que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado” (v.13). Muitos, por falta
de orientação e advertência (exortação), endurecem o coração para Deus,
desviam-se e até negam a fé, aceitando falsas doutrinas e envolvendo-se em
práticas extra-bíblicas, semelhantes às do espiritismo, incluindo “regressão
espiritual” e outras invencionices.
4. Como nos tornamos participantes de Cristo (v.14). O
escritor nos mostra como nos tornamos participantes de Cristo: “Se retivermos
firmemente o princípio da nossa confiança até o fim”. Essa afirmação é
corroborada pelo que Jesus asseverou: “...mas aquele que perseverar até o fim
será salvo” (Mt 10.22). “Até o fim...”. O homem só alcança a salvação plena
quando aceita a Cristo como Salvador e permanece em santidade, até a “redenção
do nosso corpo” (Rm 8.23b). Se por um lado é difícil iniciar a carreira cristã,
mais difícil ainda é continuar e terminá-la. Porém, todas as promessas futuras
na eternidade estão reservadas para os vencedores, os que completam a carreira,
como diz o apóstolo Paulo (2 Tm 4.7).
A superioridade de Cristo em relação a Moisés é
incontestável. Moisés era homem imperfeito e falho, mesmo tendo de Deus uma
missão tão grande. Jesus, nosso Salvador, mesmo na condição humana, em face de
sua missão salvífica, “em tudo foi tentado, mas sem pecado”. Nós, cristãos,
precisamos honrar a Jesus Cristo, o Sumo Sacerdote da nossa confissão.
“Havendo declarado o
pensamento central do sacerdócio de Cristo, e antes de desenvolvê-lo nos
capítulos 5 a 7, o autor interrompe o assunto, a fim de estabelecer, sob outro ponto de
vista, a superioridade do Novo Concerto sobre o Antigo. Ele já demonstrou que
Cristo é superior aos anjos, os mediadores espirituais da Lei; agora demonstra
que também é superior a Moisés, o homem que promulgou a Lei.
O autor, ao abordar o assunto, emprega a expressão ‘o
mundo futuro’, ou ‘o século que há de vir’ (2.5; 6.5) — que no grego é
cukoumenen (literalmente ‘o mundo vindouro habitado’). Ele se refere ao reino
de Deus que será estabelecido entre os habitantes da Terra.
Isso leva, naturalmente, à comparação entre os
fundadores da velha teocracia judaica, sob Moisés e Josué, e Jesus, do novo
Reino. A posição de Moisés para com o sistema judaico torna necessário o
argumento, porque os cristãos hebreus estavam confusos sobre esse ponto.
O ponto de comparação, no versículo 2, prende-se ao
fato de que tantos Moisés como Cristo se ocuparam da administração de economia
divina: aquele, sob a velha ordem da Lei; este, sob a nova ordem da graça de
Deus, tendo ambos cumprido fielmente suas responsabilidades. Mas o autor
apresenta em seguida uma série de contrastes que demonstram a glória muito
superior de Jesus.” (Comentário Bíblico Hebreus, CPAD, págs. 129-131).FONTE CPAD
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