(N.1) ESTUDO E COMENTARIO
DE HEBREUS
Hebreus
1.1-6.
A carta aos
Hebreus que, entre outros assuntos importantes, enfoca a pessoa de Cristo como
“o resplendor da glória de Deus”. Sua superioridade é destacada de forma
magistral: excede a Moisés, Arão, Melquisedeque, os profetas e os anjos.
Ademais disso, o presente tratado, ao alertar os destinatários da carta quanto
aos desvios e a apostasia, estabelece as bases da verdadeira adoração, da fé e
da comunhão com Deus.A Epístola aos Hebreus compara Jesus Cristo com o Antigo
Pacto, e o apresenta como o cumprimento de todas as promessas messiânicas. Tal
comparação visa demonstrar a superioridade de Cristo sobre tudo quanto o Antigo
Testamento tem a oferecer. O tema que percorre a carta do princípio ao fim é:
“Jesus Cristo é superior a ...”. Ele é superior aos anjos, aos profetas, ao
sacerdócio levítico e etc. É descrito como o Criador de todas as coisas,
resplendor da glória e imagem de Deus; aquele que tudo sustém com o seu poder,
que nos purificou de todo o pecado e está assentado à destra de Deus.
A epístola aos Hebreus contém
alguns enigmas. Não esclarece quem foi seu autor; a quem foi realmente destinada, nem a
data em que foi escrita. No primeiro século, os chamados pais da Igreja não
esclareceram tais detalhes. Clemente de Alexandria e Orígenes entenderam que
Paulo escrevera Hebreus. No Século II, Tertuliano discordava da autoria
paulina, e cria que Barnabé era o autor da epístola. Agostinho, de início,
julgou que fosse Paulo mas, depois, afirmou que ela era anônima. Martinho
Lutero sugeriu que a carta poderia ter sido escrita por Apolo (At 18.24).
Quanto à data, os estudiosos situam-na entre 68 a 70 d.C. Com relação aos
destinatários da carta, Hebreus deve ter sido inicialmente dirigida a judeus
helenistas convertidos ao Cristianismo. O propósito deste comentário não é discutir
tais pormenores, pois a resposta só teremos no céu, quando nos encontrarmos com
o escritor. É fundamental que nestas lições sobre a Epístola aos Hebreus,
vejamos a pessoa de Jesus Cristo como o resplendor da glória de Deus, o
Salvador perfeito.
I. DEUS FALOU DE MODO DEFINITIVO
1. A antiga revelação. No versículo primeiro, o
escritor assevera que, “antigamente”, Deus falou “muitas vezes, e de muitas
maneiras aos pais, pelos profetas”. Moisés foi um profeta especial. No Salmo
103.7, lemos: “Fez notórios seus caminhos a Moisés, e os seus feitos aos filhos
de Israel”. Na galeria dos profetas, destacam-se Isaías, que recebeu a
revelação do nascimento, vida, ministério, morte e ressurreição do Messias;
Jeremias, Ezequiel, Daniel, Joel, Malaquias, e outros, foram instrumentos da
revelação, não só para Israel, mas para a Igreja e para o mundo. (Ver 1 Pe
1.12.)
2. Deus falou de muitas maneiras (v.1b). Nas páginas
do Antigo Testamento, vemos que Deus não falou de modo uniforme pelos profetas.
A uns, como a Moisés, Ele falou direto, “cara a cara”; a outros, como Daniel,
falou por sonhos; a Jonas, em voz audível, e por meio do vento, do mar e do
peixe. Por esses meios, Deus se revelou de modo progressivo, nas diversas
dispensações, até que chegasse “...a posteridade, a quem a promessa tinha sido
feita” (Gl 3.19), e a posteridade era Cristo.
3. A última e definitiva revelação. Deus, “a nós
falou-nos nestes últimos dias pelo Filho” (v.1b). Essa afirmação é fundamental
para a fé cristã. Primeiro, porque Deus falou. Segundo, porque nos falou “pelo
Filho”. A revelação pelos profetas foi divina e progressiva. Eles, com
convicção, diziam: “Assim diz o Senhor” (Êx 5.1; Is 7.7; Jr 2.5; Ez 3.11). A
revelação pelo Filho, Jesus, é divina e superior, visto ser conclusiva e definitiva.
Em Hebreus, vemos a melhor e mais perfeita comunicação do Altíssimo. Ele,
nestes “últimos dias”, falou pelo seu próprio Filho, de modo completo, direto e
definitivo (cf. Lc 21.33; Mc 13.31). Os ímpios não entenderam esta revelação:
os espíritas dizem que o espiritismo é a “terceira revelação”, depois de Moisés
e Cristo. Os adeptos da “Nova Era” dizem que virá a “Era de Aquários”, para
substituir o Cristianismo. Com esse engodo, o Diabo engana os incrédulos, a fim
de que sejam lançados no inferno (cf. Sl 9.17). Jesus é a última e definitiva
revelação de Deus aos homens. Ele falou e está falado! “Cale-se diante dele
toda a terra” (Hc 2.20). Nós cristãos, precisamos estar seguros, fundamentados
na Palavra de Deus, para refutar toda e qualquer doutrina falsa, que apresente
qualquer outra revelação divina.
II. O PERFIL MAJESTOSO DE CRISTO
1. Herdeiro de tudo e criador do mundo. No v.2, lemos
que Deus constituiu Jesus como “herdeiro de tudo e criador do mundo”.
a) Todas as coisas foram feitas por Jesus. No
evangelho segundo João (1.1), temos uma declaração profunda da divindade de
Cristo, quando lemos: “Todas as coisas foram feitas por ele, e nada do que foi
feito sem ele se fez”. Ele foi o agente de Deus na Criação, fazendo vir à luz
as coisas criadas pelo poder do Espírito Santo.
b) Todas as coisas foram feitas para Ele. Jesus teve
do Pai a outorga para criar todas as coisas, e também para ser o herdeiro de
todas as coisas criadas. Paulo, escrevendo aos Colossenses, diz: “Tudo foi
criado por Ele e para Ele” (Cl 1.16). O Diabo usurpou parte da criação, mas, na
sua vinda, Jesus tomará posse de tudo o que lhe pertence por direito de
criação, de autoria e por direito de herança.
2. Cristo, o resplendor da glória de Deus (v.3). Esta
é uma revelação da maior transcendência. No Antigo Testamento, Deus manifestou
a sua glória, em certas ocasiões, de modo terrível e aterrador. Em alguns
momentos, a glória de Deus se manifestou sobre o povo de Israel, deixando-o
atordoado. Ezequiel viu a glória de Deus junto ao rio Quebar de modo estranho e
terrível. E concluiu, dizendo: “Este era o aspecto da semelhança da glória do
Senhor; e, vendo isso, caí sobre o meu rosto e ouvi a voz de quem falava” (Ez
1.1-28). Tudo isso que o profeta viu foi apenas a “semelhança da glória do
Senhor”. Mas em Cristo, Deus revelou “o esplendor da sua glória”.
3. Cristo, “a expressa imagem” de Deus (v.3). Essa
revelação, no texto, amplia a visão de Cristo, dada ao escritor. Mostra que Ele
não é só o resplendor da glória de Deus, mas tem a mesma natureza, o mesmo
caráter. O termo, no grego, para “expressa imagem” ou “a expressa imagem de seu
ser” é charakter, que dá idéia de um carimbo, uma gravação, de gravura
indelével. Sendo o Filho do Homem quanto à sua condição humana, Cristo
apresentou-se ao mesmo tempo com a natureza do Pai, divina. Ele disse: “eu e o
Pai somos um” (Jo 10.30).
4. Cristo sustenta todas as coisas pela palavra do seu
poder (v.3). Jesus é o agente da criação de Deus. Sua palavra criadora teve
efeito não apenas imediato, mas transformou-se em lei, executada no momento em
que, como Deus, Ele disse: “Haja luz”; “haja uma expansão...”; “façamos o
homem...” (Gn 1.1-26). O poder da palavra de Deus foi tão grande, que sua
eficácia continua por todos os séculos. O salmista diz: “tu coroas o ano da tua
bondade, e as tuas veredas destilam gordura” (Sl 65.11). No Gênesis, lemos:
“Enquanto a terra durar, sementeira e sega, e frio e calor, e verão e inverno,
e dia e noite não cessarão” (Gn 8.22). Devemos agradecer a Deus por todos os
dias que despertamos, pois, vendo a luz do sol, sentindo o ar que respiramos,
vendo as pessoas à nossa volta, cada animal que nasce, e cada ser humano que
vem à luz, constatamos que isso é obra da criação de Deus e de nosso Senhor
Jesus Cristo.
5. Cristo, o Salvador, fez a purificação dos nossos
pecados (v.3). O escritor aos Hebreus recebeu a revelação da obra redentora de
Cristo, como aquele que, pelo seu sangue, nos purifica de todo o pecado (cf. 1
Jo 1.7). As religiões feitas pelos homens e seus líderes não têm esse poder.
Pelo contrário, as religiões orientais, como o Budismo, o Hinduísmo e o
Islamismo, pregam uma salvação que pretende purgar os pecados, através de
reencarnações, dum carma, ou de obras, levando o homem a crer na mentira da
salvação efetuada pelo próprio homem. Com Cristo é diferente. Ele é o agente
eficaz da salvação, remindo o homem que o aceita como Salvador.
6. Assentado à direita de Deus (v.3). Nos antigos
impérios e reinos, o lugar de honra era ao lado do monarca, ou do imperador. A
comunicação sobre a posição de Cristo, quando elevado aos céus, evoca essa
metáfora. Após sua ascensão, Jesus foi recebido à direita de Deus (Mc 16.19);
Estêvão viu Jesus à destra de Deus, no momento de seu martírio (At 7.55); (ver
ainda Rm 8.34).
Alegremo-nos por não servirmos a um deus qualquer,
produto da mente humana, ou da necessidade imanente de se acreditar em algo ou
em alguém superior, como os indígenas e outros povos tidos como primitivos. O
nosso Deus é o excelso Criador. O nosso Cristo é o Verbo Divino, o Salvador,
que, cumprida sua missão, assentou-se “à direita da majestade nas alturas”.
“‘Falou-nos... pelo
Filho’ (Hb 1.1,2). Estes dois primeiros versículos estabelecem o tema principal deste livro.
No passado, o instrumento principal de Deus para sua revelação foram os
profetas, mas agora Ele tem falado, ou se revelado pelo seu Filho Jesus Cristo,
que é supremo sobre todas as coisas. A Palavra de Deus falada mediante seu
Filho é final: ela cumpre e transcende tudo o que foi anteriormente falado da parte
de Deus. Absolutamente nada, nem os profetas (v.1) nem os anjos (v.4) têm maior
autoridade do que Cristo. Ele é o único caminho para a salvação eterna e o
único mediador entre Deus e o homem. O escritor de Hebreus confirma a
supremacia de Cristo ao enumerar dEle sete grandes revelações (vv.2,3).
‘Assentou-se à destra’ (1.3). Depois de Cristo ter
efetuado o perdão dos nossos pecados mediante a sua morte na cruz, assumiu o
seu lugar de autoridade à destra de Deus. A atividade redentora de Cristo no
céu envolve seu ministério de mediador divino (8.6; 13.15; 1 Jo 2.1,2), de sumo
sacerdote (2.17,18; 4.14-16; 8.1-3) de intercessor (7.25) e de batizador no
Espírito (At 2.33)” (Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD, pág.1899).fonte CPAD
“Por designação divina,
herdeiro de todas as coisas (1.1,2). Deus, desde a eternidade, predestinou seu Filho para
ser Possuidor e Soberano de todas as coisas. Mas foi pela encarnação que Cristo
alcançou o senhorio messiânico. Como resultado da encarnação, Ele veio tomar
posse de algo antes não necessariamente disponível por sua condição de Filho.
Era o seu direito de primogenitura, mas foi de sua humanidade, morte e
ressurreição que surgiu o tipo de soberania que se tornou sua somente em razão
de seu triunfo sobre o pecado na carne (v.3), e como resultado de sua
identificação com os homens numa condição de irmandade. O senhorio messiânico
não lhe poderia pertencer enquanto estivesse no seu estado pré-encarnado, visto
ser uma questão relativa à função e não a poder e majestade inerentes. Em
essência, sempre foi o ‘Filho de Deus’, mas isto não o fazia Messias; era
necessário que se tornasse o ‘Filho do Homem’” (Comentário Bíblico Hebreus,
CPAD, págs.116,117).FONTE CPAD
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