(N.8) ESTUDO E COMENTARIO DE HEBREUS
Hebreus
8.1-4,6-13.
Jesus Cristo é o Mediador da Nova Aliança. Que
significa isso? Qual a importância desse fato? A aliança dada por Moisés
deveria ser desprezada? Se todos os rituais e cerimônias do judaísmo haviam
perdido o seu valor, o que existia para tomar o seu lugar? Qual seria a base
para alguém se comunicar com Deus? Estas eram as interrogações daqueles crentes
hebreus. O presente estudo declara-nos a resposta: a base agora deveria ser
Jesus Cristo. Ele é o Ministro do “verdadeiro tabernáculo” (v.2); o Mediador de
superior aliança (v.6). O tabernáculo é a morada de Deus. Sendo Ministro, Jesus
Cristo nos leva à própria presença de Deus, onde temos plena comunhão com Ele.
Por ser de uma superior aliança, Cristo nos prepara e equipa para entrarmos e
morarmos no Lugar Santíssimo.
Nós, os crentes do Novo Concerto, possuímos um Sumo
Sacerdote de classe única e proeminente: Alguém que em si mesmo é a realidade,
que corresponde e cumpre o padrão estabelecido por Deus para o sacerdócio;
Alguém cujo ministério, por conseguinte, é cumprido na esfera celestial, e não
na terrena; Alguém cuja obra foi consumada pela entronização à mão direita de
Deus; e Alguém que, por isso mesmo, é apto para cumprir um mais excelente
ministério na qualidade de mediador de um novo e melhor Concerto: Cristo, nosso
amado Salvador, tornou-se ministro do verdadeiro tabernáculo, tendo entrado em
nosso lugar não em algum santuário terreno, mas na própria presença de Deus,
efetuou eterna redenção.
A Antiga Aliança implicava mandamentos, estatutos e
juízos, os quais não foram observados pelo povo escolhido. Era um concerto
transitório, como indica o escritor: “Porque se aquele primeiro fora
irrepreensível, nunca se teria buscado lugar para o segundo” (v.7). Diante
disso, Jesus trouxe uma Nova Aliança, que se estabeleceu, não em atos
exteriores, rituais, mas no interior do homem, no entendimento e no coração.
Por isso, é um melhor concerto. Que o Senhor nos faça entender esse tema, e que
o valorizemos em nossa vida cristã!
I. A POSIÇÃO DE CRISTO NO CÉU
1. “Um sumo sacerdote tal...” (v.1a). Com esta
expressão, a Palavra de Deus visa mais uma vez enfatizar a singularidade de
Cristo como Sumo Sacerdote, destacando-o e diferenciando-o dos sumo sacerdotes
comuns, frágeis, mortais, da Antiga Aliança. A expressão “tal”, aqui, evidencia
a incapacidade das palavras humanas para descrever a grandeza de Cristo. É o
que ocorre também em Jo 3.16 (de “tal” maneira).
2. “Assentado nos céus”. Esta expressão que também
aparece em 1.3; 10.12 e 12.2, indica Cristo, como Sumo Sacerdote perfeito, que
realizou sua obra de tal forma que tem o direito de assentar-se no seu trono,
ao lado direito do Pai. Já os sacerdotes do Antigo Pacto não podiam
assentar-se, pois sua obra nunca terminava. Por isso nunca são descritos como
sentados.
3. “À destra do trono da majestade” (v.1b). Cristo, à
direita de Deus, está na posição da mais alta honra, nos céus. Em Mc 16.19,
está escrito: “Ora, o Senhor, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu e
assentou-se à direita de Deus”. Jesus Cristo é o único ser que tem essa posição
de extremo destaque nos céus. Tal verdade nos é transmitida, para que saibamos
que o nosso mediador não é um ser celeste qualquer, mas aquele que tem posição
de honra, única e destacada, diante de Deus. As nossas orações são levadas a
Ele, que por nós intercede junto ao Pai.
II. O SACERDÓCIO DE CRISTO NOS CÉUS
1. “Ministro do santuário, e do verdadeiro
tabernáculo”. Não obstante estar Cristo assentado à destra de Deus, e tendo
concluído sua obra, quando do seu ministério terreno, Ele é aqui descrito como
“ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo” (v.2). Nos céus, o Mestre
amado continua a executar seu ministério ou serviço divino, como nosso
mediador, intercessor, advogado e Sumo Sacerdote perante o Pai, pois entrou no
Santo dos Santos.
2. O que cristo faz nos céus. Abrindo um pouco o véu
da eternidade, a Bíblia revela-nos algo sobre o trabalho de Cristo nos céus. De
lá, Ele controla todas as coisas, tanto as que estão nos céus, quanto as que
estão na terra, no universo, enfim. Ele está assentado “à destra da majestade”,
“sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder” (1.3). É muita coisa!
Em relação a nós, diz a Bíblia, que “ele está à
direita de Deus, e também intercede por nós” (Rm 8.34b). Há milhões de crentes,
orando todos os dias, em todos os lugares, em todas as mais de 6.000 línguas
conhecidas, e Jesus está ouvindo essas orações, e intercedendo por nós. Glória
a Deus! Jesus contempla todos os seus servos e trabalha em favor deles. (Leia
Is 64.4).
3. Constituído por Deus (vv.2-4). Jesus, como Sumo
Sacerdote constituído por Deus, no céu, exerce seu trabalho no verdadeiro
tabernáculo, fundado pelo Senhor, e não pelo homem. O antigo tabernáculo,
montado no deserto, deixou de existir. Sua exuberante glória desapareceu.
Salomão construiu o majestoso templo, que substituiu o tabernáculo (2 Cr
7.1,11). Mais tarde, esse templo foi destruído e substituído por outro, que
também desapareceu. Mas o tabernáculo celeste, no qual Cristo está, é eterno e
indestrutível.
III. UM NOVO CONCERTO
1. “Um ministério mais excelente” (v.6a). Mais do que
um sacerdote, na terra, Jesus foi o “cordeiro de Deus”, oferecendo-se a si
mesmo como holocausto, entregando sua vida em nosso lugar (cf. Jo 10.15,28).
Agora Ele exerce as funções sumo sacerdotais lá no céu: “ministério mais
excelente” (1.4), que o realizado por todos os sacerdotes e sumo sacerdotes
terrenos, da Antiga Aliança.
2. “Mediador dum melhor concerto” (v.6b). Numa
aliança, existem três elementos envolvidos. As partes, no mínimo duas, e um
mediador. No Antigo Pacto, vemos Deus de um lado e o povo de Israel de outro. O
mediador era o sacerdote ou o sumo sacerdote. Foi Deus quem propôs e
estabeleceu a Antiga Aliança. Os sacerdotes fizeram seu trabalho, mas fracassaram.
Foram mediadores deficientes e falhos. O lado humano, representado por Israel,
arruinou-se apostatando. Mas Deus, por sua infinita misericórdia, proveu-nos um
Novo e melhor Concerto, “confirmado em melhores promessas” (v.6), através de
Cristo.
3. O novo concerto aboliu o antigo (v.7). “Porque, se
aquele primeiro fora irrepreensível, nunca se teria buscado lugar para o
segundo”. Em Jeremias, lemos: “Mas este é o concerto que farei com a casa de
Israel depois daqueles dias, diz o SENHOR: porei a minha lei no seu interior e
a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo”
(Jr 31.33). Ver Ez 36.25,26. Isto é muito significativo.
No Antigo Pacto, o culto era mais exterior: havia os
sacrifícios de animais, os rituais, a guarda dos sábados, das luas novas, etc.
O Novo Concerto trazido por Cristo, em tudo é superior. A lei de Cristo é
colocada no coração do homem. Em lugar de todos os sacrifícios do Antigo Pacto,
Cristo, entregando-se na cruz, efetuou um único e suficiente sacrifício, expiador
e redentor. Glória a Deus!
Não devemos ter nenhuma dúvida quanto à validade da
Nova Aliança, perpetrada por Cristo. O apóstolo Paulo escrevendo aos Coríntios,
asseverou: “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas
velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2 Co 5.17). Isso se refere a
quem aceitou a Cristo, deixando os velhos pecados e costumes, e que deve
valorizar a cada dia a salvação em Cristo Jesus, não voltando às velhas
práticas. É preciso ter firmeza na fé.
“O novo santuário e a nova aliança (Cap.
8). Antes de considerar detalhadamente a obra sacerdotal de Cristo (cap. 9;
10.1-18), o autor apresenta um panorama geral, quanto à natureza, da relação
entre o novo santuário (8.1-6) e a Nova Aliança (8.7-13).
1. O novo santuário
O autor inicia o argumento dizendo: ‘Quanto ao assunto
em discussão, este ponto é principal (a essência do que temos dito) porque
agora possuímos um Sumo Sacerdote, e Ele já está exercendo a obra sacerdotal
condigna à sua posição no santuário celeste’. Este santuário foi divinamente
estabelecido sobre o trono da majestade nas alturas (vv.1,2).
A obra de Cristo como Sumo Sacerdote, nas regiões
celestiais, de maneira nenhuma poderia cumprir-se na terra, pois no tempo que
foi escrita a epístola ainda havia uma ordem sacerdotal (ultrapassada, contudo
ainda funcionando) estabelecida pela lei mosaica. Uma vez que Cristo não
pertencia à tribo de Levi (7.13,14), naturalmente não podia atuar com eles
(vv.5,6).
2. A nova aliança
O sistema levítico baseava-se numa aliança que até os
profetas reconheceram imperfeita e transitória, pois falavam do propósito
divino de estabelecer uma nova. Se a primeira fosse perfeita, não haveria
procura por uma segunda aliança (v.7). Daí entendemos que havia no coração do
povo santo que viveu no Antigo Testamento um senso de satisfação. Procuravam
algo superior. E essa aliança melhor já fora prometida, como provam as
Escrituras (Jr 31.31-34; Ez 36.25-29; vv.8-12).
Características da Nova Aliança:
• Inclui todo o povo da Antiga Aliança -
Israel e Judá - e mais os gentios (v.8).
•É distinta da Antiga Aliança, instituída
no tempo do Êxodo (v.9), através da qual Deus ordenou uma nação em tudo
separada e exclusiva, para testemunho do seu poder. A nação de Israel veio servir
de tipo à ‘nação santa’ (assim representada pela igreja, 1 Pe 2.9), que seria
levantada pela Nova Aliança.
•Possui características positivas, de ordem
espiritual e subjetiva. Sua eficiente operação transformaria o coração daqueles
que cressem, de um modo tão definitivo que os mandamentos fariam parte da
personalidade deles (v.10).
É universalmente eficaz em favor de todos
os povos, incluindo a ‘casa de Israel’, de quem o Senhor seria individualmente
conhecido (v.11).
•Apoia-se na graça de Deus, suficiente para
prover um perdão absoluto. O pecado seria removido até da memória divina (v.12)”.(Comentário
Bíblico — Hebreus. CPAD, págs.145-147)FONTE CPAD
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