(N.7) ESTUDO E COMENTARIO DE HEBREUS
Hebreus
7.1-3,11,12,24-27.
Melquisedeque é descrito, em poucas palavras, como uma
figura singular na história do Antigo Testamento. Sua genealogia é
desconhecida, como também não é registrado nada depois do seu aparecimento até
Abraão. O que se sabe de Melquisedeque é que era sacerdote do Deus Altíssimo,
rei de justiça e que recebeu os dízimos de Abraão. Se esse sacerdote foi
honrado pelo patriarca, maior honra deve ter o Senhor Jesus, que é
infinitamente superior a Melquisedeque. O autor da epístola aos hebreus
demonstra a insuficiência da lei, que não podia salvar nem aperfeiçoar os
homens em Deus. Jesus Cristo por sua vez, como sacerdote perfeito e definitivo,
proveu-nos mediante a nossa fé a eterna salvação.
O autor da carta agora reverte ao argumento deixado no
capítulo 5, versículo 10, no qual se referia a Cristo como Sumo Sacerdote de um
serviço divino, de ordem mais elevada do que aquela estabelecida sob a lei mosaica.
Esta ordem sacerdotal é de origem divina e segundo a ordem de Melquisedeque. A
descrição histórica desse personagem singular, encontra-se em Gênesis 14.17-20.
Ele surge nas páginas sagradas qual estrela nova, no firmamento. Logo
desaparece para só o encontrarmos na epístola aos hebreus.O fato de as
Escrituras não apresentarem o registro genealógico do nascimento de
Melquisedeque ou sua morte, já o torna tipo perfeito do sacerdócio eterno de
Cristo.
São poucas, mas profundas as informações da Epístola
sobre Melquisedeque, as quais fazem deste uma personagem enigmática, de difícil
compreensão quanto à sua origem, desenvolvimento e consumação de sua obra.
Cristo Jesus, ao contrário, sendo Deus, revelou-se de tal forma à humanidade,
que dEle se pode conhecer o que Deus quis revelar, tornando-se nosso sacerdote
eterno, perfeito e imaculado.
I. QUEM ERA MELQUISEDEQUE
A Bíblia não provê detalhes sobre a pessoa de
Melquisedeque; daí haver muitas especulações a seu respeito.
1. Era rei de Salém. “E Melquisedeque, rei de Salém,
trouxe pão e vinho...” (Gn 14.18a; Hb7.1); “e este era sacerdote do Deus
Altíssimo” (Gn 14.18). Esta é a primeira referência bíblica a Melquisedeque.
Ele aparece nas páginas do Antigo Testamento, quando foi ao encontro de Abraão,
após este haver derrotado Quedorlaormer, rei de Elão, e seus aliados. Salém
veio a ser Jerusalém após a ocupação da terra prometida por Deus a Abraão e
seus descendentes (Gn 14.18; Js 18.28; Jz 19.10). Rei de Salém que dizer “rei
de paz” (v.2b).
2. Era sacerdote do Deus Altíssimo. “... e este era
sacerdote do Deus Altíssimo” (Gn 14.18b; Hb 7.1). As funções de rei e sacerdote
conferiam-lhe grande dignidade perante os que o conheciam. Estas duas funções
são relembradas em Hb 7.1: “Porque este Melquisedeque, que era rei de Salém e
sacerdote do Deus Altíssimo...”.
3. Era de uma ordem sacerdotal diferente. Estudiosos
da Bíblia supõem que Melquisedeque pertencia a uma dinastia de reis-sacerdotes,
que tiveram conhecimento do Deus Altíssimo pela tradição oral inspirada,
transmitida desde o princípio, quando a religião era única e monoteísta e que
conservava a esperança do Redentor da raça humana, conforme Gn 3.15. Ele não
pertencia à linhagem sacerdotal arônica, proveniente da tribo de Levi.
4. Recebeu dízimos de Abraão (Hb 7.2). Isto nos mostra
que a instituição do dízimo remontava ao período bem anterior à Lei. Esse fato
indica “quão grande” era Melquisedeque (v.4). Ele abençoou Abraão, como
detentor das promessas (vv.5,6).
5. Era rei de justiça (v.2). Como um tipo de Cristo,
Melquisedeque tinha as qualidades de um rei justo e fiel.
6. Sem genealogia (v.3). O texto afirma ter sido
Melquisedeque “sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de dias
nem fim de vida...”. O que o sacro escritor quer dizer é que não ficou
registrada sua ascendência e sua descendência, bem como os dados referentes a
sua morte. Pelo contexto, entende-se que ele era um homem com características
especiais diante de Deus.
II. A MUDANÇA DO SACERDÓCIO E DA LEI
1. O novo e perfeito sacerdócio (v.11b). O sacerdócio
levítico era imperfeito (v.11a). Nele, os sacrifícios, as ofertas, o culto e a
liturgia eram apenas sombra do verdadeiro sacerdócio, que veio por Cristo. O
sacerdócio de Cristo, não da ordem de Arão ou de Levi, mas “segundo a ordem de
Melquisedeque”, trouxe a perfeição no relacionamento do homem com Deus.
O primeiro sacerdócio, com suas imperfeições, não era
capaz de salvar, mas Cristo como Sumo Sacerdote, mediante o seu próprio sangue
deu-nos acesso a Deus, garantindo-nos a salvação plena.
2. Mudança de lei (v.12). “Porque, mudando-se o
sacerdócio, necessariamente se faz também mudança da lei”. Com Cristo, de fato,
houve uma mudança não só do sacerdócio, mas também da lei. Antes, era a lei da
justiça, a lei das obras. Com Cristo, veio a lei da graça, a lei do amor.
3. A lei era ineficaz. “O precedente mandamento”, ou
seja, a antiga lei, foi “ab-rogado por causa de sua fraqueza e inutilidade”
(v.18). Ab-rogar quer dizer anular, cessar, perder o efeito, revogar. Foi o que
aconteceu quando Cristo trouxe o evangelho, ab-rogando a antiga lei, a Antiga
Aliança.
III. O SACERDÓCIO PERPÉTUO E PERFEITO DE CRISTO
1. Jesus trouxe salvação perfeita (v.25). Os
sacerdotes do antigo pacto pereceram (v.23). O sacerdócio arônico foi
constituído por centenas de sacerdotes, que se sucediam constantemente, visto
que “pela morte foram impedidos de permanecer”. Os sacerdotes arônicos apenas
intercediam pelos homens a Deus, mas não os salvavam. Jesus, nosso Sumo
Sacerdote, não só “vive sempre para interceder” por nós, como nos assegurou uma
perfeita salvação por seu intermédio (v.25; Rm 8.34). Jesus garante salvação
plena (Jo 5.24), sem depender de um suposto purgatório ou de uma hipotética
reencarnação.
2. Jesus, sacerdote perfeito (v.26). A Palavra de Deus
indica aqui as qualificações de Cristo, que o diferenciam de qualquer sacerdote
do antigo pacto. “Porque nos convinha tal sumo sacerdote”:
a) Santo. O sacerdote do Antigo Testamento teria que
ser santo, separado, consagrado. Até suas vestes eram santas (Êx 28.2,4;
29.29). Contudo, eram homens falhos, imperfeitos, sujeitos ao pecado. Jesus,
nosso Sumo Sacerdote, era e é santo no sentido pleno da palavra.
b) Inocente. Porque nunca pecou, Jesus não tinha
qualquer culpa. Ele desafiava seus adversários a acusá-lo (Jo 8.46).
c) Imaculado. O cordeiro, na antiga Lei, tinha que ser
sem mancha (Lv 9.3; 23.12; Nm 6.14). Jesus, como o “Cordeiro de Deus, que tira
o pecado do mundo” (Jo 1.29), não tinha qualquer mancha moral ou espiritual.
d) Separado dos pecadores. Jesus viveu entre os
homens, comeu com eles, inclusive na casa de pessoa de baixa reputação, como
Zaqueu, mas foi “separado dos pecadores”. Ele não se misturou, nem se deixou
influenciar pelo comportamento dos homens maus.
e) Feito mais sublime do que os céus. Tal expressão
fala da exaltação de Cristo, como dele está predito na Bíblia: “Pela minha
vida, diz o Senhor, todo joelho se dobrará diante de mim, e toda língua
confessará a Deus” (Rm 14.11).
f) Ofereceu-se a si mesmo, uma só vez (v.27). Os sumos
sacerdotes do Antigo Testamento necessitavam de oferecer sacrifícios, muitas
vezes, primeiro por eles próprios e, depois, pelo povo. Mas Jesus, por ser
imaculado, sem pecado, não precisou fazer isso por si. Tão somente ofereceu-se
num sacrifício perfeito, uma vez, pelos pecadores.
“Melquisedeque (Hb 7.1). Melquisedeque,
contemporâneo de Abraão, foi rei de Salém e sacerdote de Deus (Gn 14.18).
Abraão lhe pagou dízimos e foi por ele abençoado (vv.2-7). Aqui, a Bíblia o tem
como uma prefiguração de Jesus Cristo, que é tanto sacerdote como rei (v.3) O
sacerdócio de Cristo é ‘segundo a ordem de Melquisedeque’ (6.20), o que
significa que Cristo é anterior a Abraão, a Levi e aos sacerdotes levítico, e
maior que todos eles.
“Sem pai, sem mãe (Hb 7.3). Isso não significa que
Melquisedeque, literalmente, não tivesse pais nem parentes, nem que era anjo.
Significa tão somente que as Escrituras não registram a sua genealogia e que
nada diz a respeito do seu começo e fim. Por isso, serve como tipo de Cristo
eterno, cujo sacerdócio nunca terminará.
Vivendo sempre para interceder (Hb 7.25). Cristo vive
no céu, na presença do Pai (8.1), intercedendo por todos os seus seguidores,
individualmente, de acordo com a vontade do Pai (cf. Rm 8.33,34; 1 Tm 2.5; 1 Jo
2.1). (1) Pelo ministério da intercessão de Cristo, experimentamos o amor e a
presença de Deus e achamos misericórdia e graça para sermos ajudados em
qualquer tipo de necessidade (4.15; 5.2), tentação (Lc 22.32), fraqueza (4.15;
5.2), pecado (1 Jo 1.9; 2.1) e provação (Rm 8.31-39). (2) A oração de Cristo
como sumo sacerdote em favor do seu povo (Jo 17), bem como sua vontade de
derramar o Espírito Santo sobre todos os crentes (At 2.33) nos ajudam a
compreender o alcance do seu ministério de intercessão (ver Jo 17.1). (3)
Mediante a intercessão de Cristo, aqueles que se chegam a Deus (i.e., se chega
continuamente a Deus, pois o particípio no grego está no tempo presente e
salienta a ação contínua) podem receber graça para ser salvo ‘perfeitamente’. A
intercessão de Cristo como nosso sumo sacerdote é essencial para a nossa salvação.
Sem ela, e sem sua graça e misericórdia e ajuda que nos são outorgadas através
daquela intercessão, nos afastaríamos de Deus, voltando a ser escravos do
pecado e ao domínio de satanás, e incorrendo em justa condenação. Nossa
esperança é aproximar-nos de Deus por meio de Cristo, pela fé (ver 1 Pe 1.5)”
(Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD, págs. 1907-1909).FONTE CPAD
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PAZ DO SENHOR
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