(N.11) ESTUDO DE HEBREUS E
COMENTARIO
Hebreus
10.26-31,38,39.
Os homens precisam aceitar o sacrifício de Cristo,
senão sofrerão o juízo eterno. Não há alternativa. O escritor aos hebreus
apresenta a salvação como presente para os que esperam a Cristo; mas para os
que rejeitam o seu sacrifício, há apenas uma expectação terrível de juízo
“prestes a consumir os adversários”. O apóstolo Pedro diria a essas pessoas:
“Porque melhor lhes fora não conhecerem o caminho da justiça do que,
conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado”.
O sacrifício de Cristo nos faculta o acesso a Deus.
Entretanto, Deus exige de nós responsabilidade no uso de seus dons, mas deseja
principalmente de nós uma vida de santidade. Pode haver na igreja pessoas que,
mesmo tendo experimentado os presentes de Deus — a salvação, o perdão dos
pecados, a inclusão na igreja — queiram pecar voluntariamente, não havendo para
os pecados de tais pessoas qualquer sacrifício. Pelo fato de retornarem à vida
de pecados e pisarem o Filho de Deus, resta-lhes a expectação de algo ruim,
pois cairão nas mãos do Deus Vivo.
Estudaremos sobre o pecado da apostasia, para o qual
“não resta mais sacrifício”. Esse tipo de pecado era conhecido entre os rabinos
do Antigo Testamento. Naquela ocasião, somente os pecados de ignorância podiam
ser expiados; se um homem pecasse deliberadamente, com pleno conhecimento de
sua maldade, não haveria mais sacrifício em seu favor; simplesmente seria
excluído do seu povo. Sua iniquidade permaneceria sobre ele e não teria direito
ao perdão. Este assunto tem sido motivo de muitos questionamentos.
I. PECADO VOLUNTÁRIO
No capítulo 3 de Hebreus, está escrito: “Vede irmãos,
que nunca haja em qualquer de vós um coração mau e infiel, para se apartar do
Deus vivo” (v.12). “O termo gr. aphistemi, traduzido ‘apartar’ é definido como
decaída, deserção, rebelião, abandono, retirada ou afastar-se daquilo a que
antes se estava ligado” (Bíblia de Estudo Pentecostal). Trata-se de apostasia.
“Esse pecado consiste na rejeição consciente, maliciosa e voluntária da
evidência e convicção do testemunho do Espírito Santo, com respeito à graça de
Deus manifesta em Jesus Cristo” (Oliveira). É nesse contexto que devemos
entender o presente tema.
1. Tendo conhecido a verdade (v.26). O texto sagrado
refere-se a um tipo de pecado espontâneo, consciente. O conhecimento da verdade
aqui mencionado não é o rudimentar, experimentado pelo novo convertido, ou por
aquele crente de vida cristã superficial, mas o conhecimento da verdade divina
no sentido amplo (epignosis).
2. Não resta mais sacrifício. “Já não resta mais
sacrifício pelos pecados”, assevera o texto sagrado. Trata-se dos pecados
insolentes, que se constituem numa afronta inominável a Deus. Pecar assim é um
atentado à santidade do Altíssimo. É loucura que trará sérias consequências.
A verdade divina liberta (Jo 8.32) quando o pecador a
recebe de coração. No entanto, quando a verdade é desprezada de modo
deliberado, consciente, doloso, reincidente e ofensivo, por quem a conhece
bastante, torna-se impossível o perdão porque tal pessoa repudia e repele para
longe de si a graça de Deus, que pode levá-la ao arrependimento. No contexto
iníquo já descrito, tal pessoa peca não somente contra o Filho, mas também
contra o Pai, que o enviou, e contra o Espírito Santo, que nos convence do
pecado. Quem então convencerá tal pessoa do seu pecado?
3. Só resta uma expectação horrível (v.27). Não
havendo mais sacrifício pelo pecado, o que resta? Só resta “a expectação
horrível de juízo e ardor de fogo, que há de devorar os adversários”. Só lhe
espera uma sentença: “Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo” (v.31).
II. DESPREZANDO O ÚNICO SACRIFÍCIO QUE SALVA
1. Pisando o Filho de Deus (v.29). Na lei de Moisés, a
palavra de duas ou três pessoas era válida para que um sacrílego fosse
condenado sem misericórdia (Dt 17.2-6). Para aquela pessoa, não havia mais
apelação: a morte era certa. Quem pisar o Filho de Deus, um “maior castigo” lhe
sobrevirá. Desprezar o evangelho é considerar sem valor o sacrifício de Cristo;
é zombar da salvação, desprezar tudo o que há de sagrado na igreja de Cristo
depois de ter conhecido a verdade proveniente dos Santos Oráculos.
2. Profanando o sangue do testamento (v.29b).
Significa considerar o sangue do Filho de Deus como sangue comum, profano, sem
nenhum valor sagrado ou redentor. A Bíblia diz que “o sangue de Jesus Cristo,
seu Filho, nos purifica de todo o pecado” (1 Jo 1.7). É por seu sangue que nos
aproximamos dEle (Ef 2.13); o sangue de Cristo purifica (Hb 9.14); resgata (1
Pe 1.19); lava de todo o pecado (Ap 1.5). Assim, se o deliberado transgressor
profana o sangue de Cristo, não há nada mais que o possa renovar ou purificar.
3. Agravo ao Espírito Santo (v.29). Trata-se de um
pecado múltiplo em sua prática: enquanto pisa o Filho de Deus, profana o seu
sangue e faz agravo ao Espírito Santo (literalmente, insulto, insolência,
ultraje). Para esse tipo de pecador, o Calvário não passa de uma encenação, de
uma farsa.
a) Blasfêmia contra o Espírito Santo. Com o coração
endurecido, o pecador ultraja conscientemente o Espírito Santo. Quanto a isso
Jesus advertiu severamente: “Qualquer, porém, que blasfemar contra o Espírito
Santo, nunca obterá perdão, mas será réu do eterno juízo” (Mt 12.32; Mc 3.29;
Lc 12.10). No texto de Marcos, depreende-se que blasfemar contra o Espírito de
Deus é o mesmo que atribuir a Satanás a obra de Cristo. Como vemos, a Epístola
aos Hebreus apenas corrobora o que Jesus já ensinara anteriormente.
b) O pecado imperdoável não é a simples incredulidade.
O incrédulo de fato, se não aceitar a Cristo, está condenado (Jo 3.18). No caso
em questão, não se trata de um incrédulo qualquer, mas de alguém que já teve
amplo conhecimento da verdade. O Espírito Santo é que tem o poder de convencer
o pecador de seus pecados (Jo 16.8). Se o miserável o despreza e lhe faz
agravo, não há mais esperança para o tal.
c) Arrependimento impossível. No estudo referente ao
capítulo 6 de Hebreus, já aprendemos que se torna impossível a renovação para
arrependimento daqueles que “uma vez foram iluminados”; “provaram o dom
celestial”; “se fizeram participantes do Espírito Santo”; “provaram a boa
palavra de Deus, e as virtudes do século futuro” (vv.5,6). Qual a razão de tal
impossibilidade? A resposta está claramente estampada no texto: por que “de
novo crucificaram o Filho de Deus, e o expõem ao vitupério”. Mais uma vez
constatamos que o pecado imperdoável não é cometido por um desobediente
desavisado qualquer; não se trata de pecado por ignorância.
III. O JUÍZO DE DEUS É SEVERO E TOTAL
1. “Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo”. Essa
advertência nos mostra o quanto Deus é severo em seu juízo: nenhum suborno
poderá alterar seus propósitos; nem fama, nem riquezas e nem vantagens terrenas
de qualquer espécie farão qualquer diferença no juízo celestial.
2. Lembrando dos dias passados (v.32). Aqui a
admoestação aos destinatários da Epístola é para que se lembrem “dos dias
passados”, nos quais eles deram seu testemunho diante de seus perseguidores.
Aqueles crentes compadeceram-se dos que foram presos e perderam bens, sabendo
que teriam “nos céus uma possessão melhor e permanente” (vv.33,34).
A apostasia, o abandono deliberado da fé em Cristo, é
algo de indescritível gravidade espiritual. Se rejeitarmos o sacrifício de
Cristo como paga pelos nossos pecados, nenhuma outra provisão haverá para a nossa
salvação (v.26). O relativismo religioso e o secularismo que debilitam a
igreja, afrouxando as regras e os limites entre o santo e o profano, constituem
um sinal de alerta a todos nós. Não rejeitemos a Cristo!
“Aviso contra a apostasia. O pecado voluntário que
ameaçava os hebreus consistia em abandonar o Cristianismo e voltar ao judaísmo.
Não há nenhum sacrifício em favor dos que apostatam da fé em Cristo - pela alma
do homem só existe um único sacrifício, o de Cristo (v.26). Ora, se o
sacrifício de Cristo é definitivo, também é o último. Rejeitá-lo
voluntariamente implica ‘uma certa expectação horrível de juízo e ardor de
fogo’ (v.27). O autor não limita a eficácia da obra de Cristo em favor do
penitente. Essa passagem deve ser estudada em conjunto com o capítulo 6.4-8.
Sob a Antiga Aliança, quem desprezasse a Lei de Moisés
era punido com a morte (v.28). O mesmo princípio está em vigência, e com maior
rigor ainda para quem apostatar da fé, pois constitui afronta a Cristo, à
eficácia do seu sangue e um insulto ao Espírito Santo, através de quem a graça
de Deus se manifesta. Sobre os tais pesa o juízo de Deus, do qual ninguém pode
escapar (vv.29-31)” (Comentário Bíblico - Hebreus, CPAD, pág. 156).
“Se pecarmos voluntariamente (Hb 10.26). O escritor de
Hebreus volta a advertir seus leitores sobre o caso de abandonar a Cristo, como
fizeram em 6.4-8.
Pisar o Filho de Deus (Hb 10.29). Continuar a pecar
deliberadamente depois de termos recebido o conhecimento da verdade (v.26) é:
(1) tornar-se culpado de pisar Jesus Cristo, tratá-lo com desprezo e
menosprezar sua vida e morte; (2) ter o sangue de Cristo como indigno da nossa
lealdade; e (3) insultar o Espírito Santo e rebelar-se contra Ele, o qual
comunica a graça de Deus ao nosso coração.
O justo viverá da fé (Hb 10.38). Este princípio
fundamental, afirmado quatro vezes nas Escrituras (Hc 2.4; Rm 1.7; Gl 3.11; Hb
10.38), governa o nosso relacionamento com Deus e a nossa participação na
salvação provida por Jesus Cristo. (1) Esta verdade fundamental afirma que os
justos obterão a vida eterna por se aproximarem fielmente de Deus com um
coração sincero e crente (ver 10.22). (2) Quanto aquele que abandona a Cristo e
deliberadamente continua pecando, Deus ‘não tem prazer nele’ e incorrerá na
condenação eterna (vv.38,39)” (Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD, pág. 1915).FONTE
CPAD
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