Lições Bíblicas CPAD
Jovens
1º Trimestre de 2016
Título: Justiça e Graça — Um estudo da Doutrina da Salvação
na carta aos Romanos
Comentarista: Natalino das Neves
Lição 13: O jovem e a Lei do Amor
Data: 27 de Março de 2016
TEXTO DO DIA
“A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos
ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei” (Rm 13.8).
SÍNTESE
Paulo, a exemplo de Jesus, resume o cumprimento da lei na
prática da lei do amor.
AGENDA DE LEITURA
SEGUNDA — Rm 13.8a
O cristão e as dívidas
TERÇA — Rm 13.8b
A única dívida recomendada é o amor
QUARTA — Êx 22.25; Dt 23.19
O judeu e seu próximo
QUINTA — Dt 15.1-8; 23.20
O judeu não considerava o estrangeiro como seu próximo
SEXTA — Lc 10.27-37
O ensino de Jesus a respeito do próximo
SÁBADO — Rm 13.9-10
Toda a lei se resume em amar ao próximo
OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
MOSTRAR como realizar um planejamento econômico-financeiro
para evitar a contração de dívidas;
CONSCIENTIZAR da necessidade de exercitar o amor
incondicional.
INTERAÇÃO
A leitura do Sermão do Monte (Mt 5—7) irá contribuir de
forma significativa para o entendimento da lição. O conteúdo deste sermão,
provavelmente, era muito popular no meio cristão, ainda que pudesse provocar
sentimentos de aversão pela profundidade de seu ensinamento para a vida cristã
verdadeira. Dentro de um contexto em que a lei continuava sendo exigida pelos
judeus e influenciava os judeu-cristãos, bem como do conflito que gerava na
comunidade cristã formada por judeus e gentios, a mensagem de que toda a lei se
resumia em uma frase: “Amarás ao teu próximo como a ti mesmo”, causava certo
incômodo.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Sugerimos a utilização da dinâmica conhecida como “desejar
ao próximo o que deseja a si mesmo”. Divida a turma em grupo. Solicite que cada
grupo elabore algum tipo de atividade que gostaria que o outro grupo
realizasse. A atividade terá melhor resultado se ela for primeiro escrita em um
papel e, depois de solicitado pelo(a) professor(a), ser lida em voz alta para
que todos possam ouvir. A próxima etapa é você dizer para as pessoas o nome da
dinâmica, sugerimos a seguinte frase: “Neste momento, antes de vocês executarem
a atividade, quero lhes informar qual é o nome desta dinâmica: Desejar ao
próximo o que deseja a si mesmo”.
Não é necessário executar a atividade sugerida pelos
participantes, pois a simples citação é o suficiente para uma reflexão. O
resultado desta dinâmica, geralmente, é que se não todos, um dos grupos, irá
sugerir uma atividade complexa ou que exponha o outro grupo ou pessoa. Porém,
se as pessoas forem coerentes e amorosas, facilitando a atividade para o
próximo, o grupo deverá ser parabenizado pela atitude. Entretanto, independente
do resultado esta dinâmica proporcionará algumas reflexões para o grupo. Como
sugestões, nós destacamos os seguintes questionamentos:
• Se você soubesse que o seu próprio grupo
fosse executar a atividade, teria sugerido a mesma?
• Qual o nosso comportamento como cristãos na
nossa rotina diária?
• O resultado desta dinâmica foi semelhante ou
difere o mandamento de Jesus para amar ao próximo como a ti mesmo?
TEXTO BÍBLICO
Romanos 13.8-10.
8 — A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que
vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei.
9 — Com efeito: Não adulterarás, não matarás, não furtarás,
não darás falso testemunho, não cobiçarás, e, se há algum outro mandamento,
tudo nesta palavra se resume: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.
10 — O amor não faz mal ao próximo; de sorte que o
cumprimento da lei é o amor.
COMENTÁRIO DA LIÇÃO
INTRODUÇÃO
Nesta lição, vamos refletir a respeito dos seguintes
assuntos: o problema da dívida e sua relação com a lei do amor, a dívida do
amor com base no exemplo de Jesus e o cumprimento da lei por meio do amor.
I. NÃO DEVA NADA A NINGUÉM (Rm 13.8)
1. A dívida no Antigo Testamento. “A ninguém devais coisa
alguma” (13.8a). A dívida incomodava muito o povo judeu, desde os tempos
antigos. Nos tempos bíblicos, Israel tinha uma economia predominantemente
agrícola e os empréstimos, quando realizados, tinham o objetivo de auxiliar os
camponeses em momentos de crise financeira. A lei protegia os judeus que
estivessem nessas condições, visando coibir a exploração da desgraça de um
compatriota (Êx 22.25; Dt 23.19; Lv 25.35), enquanto que aos estrangeiros era
permitida a cobrança de juros (Dt 15.1-8; 23.20). Para tomada de empréstimos
eram exigidas garantias como penhor pela dívida, que poderia ser um objeto
pessoal (Dt 24.10; Jó 24.3), hipoteca de uma propriedade (Ne 5), fiança de um
financiador (Pv 6.1-5). Em não havendo garantia, não sendo pago a dívida, o
devedor era vendido como escravo (Êx 22.3; 2Rs 4.1; Am 2.6; 8.6), uma das
condições mais humilhantes e desumanas do mundo Antigo.
2. A dívida no Novo Testamento. No Antigo Testamento o
empréstimo tinha mais um caráter de filantropia. Todavia, pouco antes do Novo
Testamento, no período judaístico com Hilel, começaram as mudanças no
procedimento devido a ampliação da economia comercial em Israel, principalmente
com adaptação para não cumprimento integral do ano do jubileu, em que todas as
dívidas tinham que ser perdoadas a cada sete anos (Dt 15.1). Na época do Novo
Testamento, a falta de pagamento passou a ser punida por meio de prisão (Mt
18.23-35; Lc 12.57-59) o que não estava previsto no código levítico. Jesus
aconselhou atitudes amigáveis e hospitaleiras, o bom senso, para busca de
solução dos problemas de dívidas, em vez de coerção legal (Mt 5.25,26). O
conhecimento da relação devedor e credor nos ajuda a entender a condição do ser
humano pecador/devedor que fora liberto em Jesus, gratuitamente (Rm 6.18-22;
1Co 6.20; 7.23; Tt 2.14).
3. O jovem cristão e a dívida. O conflito gerado pelo
relacionamento entre devedor e credor, leva Paulo a se posicionar contra a
contração de dívidas (Rm 13.8a). A igreja hoje não vive mais naquele contexto
do Antigo Testamento, em que a liberação de empréstimos se caracterizava mais
como uma atitude de caridade com quem tinha menos poder aquisitivo, as
condições econômicas são bem diferentes, pois o que se prioriza não é a ajuda
mútua, mas o lucro a todo custo. No entanto, as consequências do endividamento
não são tão diferentes daquele contexto, pois muitas pessoas têm prejudicado
sua vida pessoal, conjugal, bem como a vida espiritual pelo descuido nesta
área. Não tem como desconsiderar este contexto na citação de Paulo no início do
versículo 8. Como está sua vida financeira? Seja prudente!
Pense!
Jesus, utiliza várias vezes a figura da dívida para
expressar a condição do ser humano, o devedor sem condições de quitar a dívida,
diante de Deus, o credor compassivo.
Ponto Importante
O entendimento do contexto socioeconômico da época de Paulo,
que foi construído ao longo da história do povo de Israel, auxilia no
entendimento da mensagem do apóstolo, bem como do Evangelho.
II. A ÚNICA DÍVIDA RECOMENDADA É O AMOR (Rm 13.8b)
1. Jesus, o maior exemplo da lei do amor. Durante o estudo
dos capítulos anteriores da epístola ficou evidenciado a condição dos seres
humanos diante de Deus, condenados por uma dívida impagável. Condição alterada
para todas as pessoas justificadas gratuitamente pela fé no sacrifício de
Cristo, que foi motivado unicamente pelo amor à humanidade pecadora (Rm 5.8),
passando a condição de livres da dívida e do pecado (Mt 6.12; Rm 4; 6.23). O
ser humano ingrato e pecador tem Jesus como fiador de sua dívida, conforme
Hebreus 7.22 “de tanto melhor concerto Jesus foi feito fiador”. Dessa forma, a
dívida de quem é salvo em Cristo não é com a lei e a carne, que exigem servidão
(Rm 8.12), mas a Deus, não por obrigação e sim por gratidão pelo amor revelado
em Cristo, por meio da obediência voluntária (Mt 18.27; Lc 7.41,42). Jesus deu
o exemplo a ser seguido.
Quem é servido deve amor a quem serve. Paulo foi servido
pelos judeu-cristãos de Jerusalém, a quem ele era grato e ao escrever a
Epístola aos Romanos demonstra a retribuição do amor para com a igreja em
Jerusalém, levando donativos para socorrê-los no momento da dificuldade (Rm
15.26,27). O apóstolo não se sentia devedor somente aos de Jerusalém de quem
recebera o Evangelho, mas de todas as pessoas, conhecidas ou desconhecidas,
independente da origem: “Eu sou devedor tanto a gregos como a bárbaros, tanto a
sábios como a ignorantes” (Rm 1.14). A dívida que Paulo reconhecia deve ser a
mesma a ser reconhecida por todo cristão justificado gratuitamente pela fé no
amor de Deus, retribuindo ao Senhor por meio do serviço ao próximo para que
alcancem os mesmos privilégios recebidos, a salvação e a vida eterna com Deus.
2. O perdão de Deus é uma dívida de amor ao próximo. Paulo
aponta para os cristãos de Roma, o que serve para a igreja de todos os tempos,
a grande dívida do cristão salvo para com Deus, a ser paga com o amor ao
próximo (v.8b). O uso metafórico do pecado como dívida era uma prática comum
dos judeus e Jesus também faz uso dela, não para reforçar e cobrar o ser humano
pela sua dívida, mas para enfatizar a grandiosidade da graça de Deus (Lc
7.41,42), bem como o dever de quem foi perdoado por Deus (verticalmente) também
perdoar quem o ofendeu (horizontalmente). O perdão ao próximo (na horizontal),
após a justificação, é colocado como uma condicional para o perdão de novas
dívidas (na vertical; Mt 6.12; Mt 18.21-35). Algumas, senão a maioria das
pessoas, estão despercebidas da realidade da mensagem na oração do Pai Nosso:
“Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores”
(Mt 6.12).
Pense!
Você tem servido da mesma forma que as pessoas o servem?
Ponto Importante
Deus ama as pessoas de tal maneira, que as perdoa
graciosamente e as justifica, mas exige de quem recebeu esta graça a mesma
atitude de perdão para com o próximo.
Quem ama não deseja o mal a outra pessoa (v.10). Viver o
evangelho do amor proposto pelo cristianismo é gerar no coração das pessoas,
que antes apenas enxergavam afronta, miséria e morte, a compaixão pelo próximo.
A transformação da vida dos romanos pelo evangelho os conduziu para a ajuda
mútua, amizade e a cumplicidade de orar uns pelos outros. Eles receberam a
esperança de uma nova realidade permeada pelo amor divino impregnado nas
pessoas, diferente da antiga fé imprecatória que buscava a morte dos inimigos.
A dívida contraída pelo amor é uma dívida que nunca poderá ser liquidada,
portanto, a ação de amar e fazer o bem para as pessoas nunca poderá cessar. A
prática do amor une as pessoas na mesma esperança de construir um mundo mais
justo, cada vez melhor para se viver. Esta é a “verdadeira religião” (o que
religa com Deus) defendida por Cristo, a do amor, que não deseja o mal para o
próximo.
CONCLUSÃO
Nesta lição, aprendemos que o cristão deve ter um cuidado
especial com sua vida econômica e financeira, evitando contrair dívidas. A
única dívida recomendada por Paulo é a dívida do amor, contraída por todas as
pessoas que foram justificadas mediante a fé em Cristo, pois o amor de Deus nos
constrange a amar o próximo.
ESTANTE DO PROFESSOR
HENRY, Matthew. Comentário Bíblico de Matthew Henry. 1ª
Edição. RJ: CPAD, 2002.
HORA DA REVISÃO
1. Quando um judeu precisava de empréstimo e não tinha
garantia, qual era o procedimento adotado?
Em não havendo garantia, não sendo pago a dívida, o devedor
era vendido como escravo (Ex 22.3; 2Rs 4.1; Am 2.6; 8.6), uma das condições
mais humilhantes e desumanas.
2. Qual a importância de conhecer a relação devedor e credor
(dívidas) no AT e NT?
O conhecimento da relação devedor e credor (dívidas), além
de demonstrar as relações entre devedor e credor, ajuda a entender a condição
do ser humano pecador/devedor que fora liberto em Jesus, gratuitamente (Rm
6.18-22; 1Co 6.20; 7.23; Tt 2.14).
3. Quem foi o fiador do ser humano, uma vez que tinha uma
dívida impagável e não tinha nada em garantia para entregar? Qual a base
bíblica?
O ser humano teve Jesus como fiador de sua dívida, conforme
Hebreus 7.22 “de tanto melhor concerto Jesus foi feito fiador”.
4. Qual a lição que a oração do Pai Nosso traz sobre o
perdão?
O perdão ao próximo (na horizontal), após a justificação, é
colocado como uma condicional para o perdão de novas dívidas na vertical (Mt
6.12).
5. Segundo Paulo, quem cumpre a lei em sua plenitude?
Quem ama o próximo cumpre a lei em sua plenitude (Rm 13.8c).
SUBSÍDIO I
“Os cristãos devem evitar os gastos inúteis e ter o cuidado
de não contrair dívida que não podem pagar. Também devem se afastar de toda a
especulação aventureira e dos compromissos precipitados, e de tudo o que possa
expô-los ao perigo de não dar a cada um o que é devido. Não devais nada a
ninguém. Dai a cada um o que lhe for devido. Não gasteis convosco aquilo que
deveis ao próximo. Contudo, muitos dos que são muitos sensíveis aos problemas
pensam pouco sobre o pecado de endividar-se.
O amor ao próximo inclui todos os deveres da segunda tábua
(dos mandamentos). Os últimos cinco mandamentos se resumem nesta lei real:
‘Amarás ao teu próximo como a ti mesmo’; com a mesma sinceridade com que te
amas a ti mesmo, ainda que não na mesma medida e grau. O que ama o seu próximo
como a si mesmo desejará o bem estar de seu próximo. Sobre este se edifica a
regra de ouro; fazer o que queremos que nos façam. O amor é um princípio ativo
de obediência a toda a lei. Não somente devemos evitar o dano às pessoas, aos
relacionamentos, à propriedade e ao caráter dos homens, mas também não devemos
fazer nenhuma classe nem grau de mal a ninguém, e devemos nos ocupar em ser
úteis em cada situação da vida” (HENRY, Matthew. Comentário Bíblico de Matthew
Henry. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2002, p.943).
SUBSÍDIO II
Quem ama como Jesus amou cumpre a lei (v.8c). A mensagem do
amor incondicional de Jesus é reforçada pelo apóstolo Paulo, um verdadeiro
consolo aos cristãos em Roma, diante de uma realidade marcada pelo desafio de
viver a sua fé em meio ao imperialismo romano, uma sociedade norteada pela
guerra, pela ambição e pela disputa de poder. A mensagem do evangelho aproxima
ricos e pobres, senhores e escravos. Do amor dependem toda a lei e os profetas
(Mt 22.40). Jesus ensinou qual abrangência do amor ao próximo com a parábola do
bom samaritano (Lc 10.27-37): um amor não limitado às pessoas da própria nação,
da mesma religião, da liderança, mas também as pessoas distantes, inclusive
inimigas. Diferente do conceito que o judeu tinha de “próximo” (Lv 19.18,34; Mt
5.43). Os judeus buscavam atender o aspecto externo e jurídico da Lei e, por
isso, nunca conseguiram cumpri-la. Quem ama o próximo cumpria a lei em sua plenitude
(Rm 13.8c-10).
O resumo dos Mandamentos é “amarás ao teu próximo como a ti
mesmo” (v.9). Jesus foi questionado sobre qual seria o maior ou principal dos
mandamentos e Ele apresenta dois, o primeiro relacionado ao amor a Deus e o
segundo foi “amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mt 7.36-40; Mc 12.28-34),
uma citação de Levítico 19.18. Jesus utilizando a mesma fonte utilizada pelos
judeus para justificar a aplicação do aspecto externo e jurídico da Lei,
destaca o sentido moral da Lei, harmonizando o Antigo e o Novo Testamento (Mt
5.17-48). Paulo parece ter tido acesso ao conteúdo do Sermão do Monte proferido
por Jesus, implícito em sua afirmação em Romanos 13.9, deixando claro que quem
ama não tira o que é do outro ou o prejudica de alguma forma. Da mesma forma,
Paulo resume o cumprimento da lei para os cristãos da Galácia (Gl 5.14).
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PAZ DO SENHOR
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