(N.5) ESTUDO E COMENTARIODE LIVRO DE HEBREUS
Hebreus 5.1-10.
Ainda utilizando o método de comparação, com a
finalidade de exaltar o Filho de Deus, o escritor destaca no presente texto a
superioridade do sacerdócio de Cristo. O trabalho sacerdotal no Antigo
Testamento não era puramente humano, mas um ministério de intercessão
instituído por Deus em favor dos homens. O Eterno determinara, de antemão, que
os sacerdotes viessem da família de Arão, prefigurando o surgimento de Cristo
como o verdadeiro Sumo Sacerdote; aquele que se ofereceria como oferta pelos
pecados de toda a humanidade.Dentre outros, sua superioridade é aqui destacada
no fato de Ele não se exaltar, mas glorificar aquele que disse: “Tu és meu
Filho, hoje te gerei”. O Filho de Deus viveu entre nós sem pecado, aprendeu
pela obediência e trouxe-nos eterna salvação.
Por não conhecerem a Cristo sob a figura de Sumo
Sacerdote e por não ser Ele da linhagem de Arão, os cristãos hebreus não
compreendiam a aplicação deste título e ofício à sua pessoa e,
conseqüentemente, tinham dificuldades em aceitá-lo e honrá-lo nessa função.
Daí, a necessidade do escritor resumidamente apresentar as características e
atribuições do sumo sacerdote, demonstrando que as mesmas são perfeitamente
satisfeitas em Cristo.
O texto mostra a superioridade de Cristo sobre os
demais sumo sacerdotes, destacando que Ele não apenas satisfez as exigências do
sistema levítico para a vocação sacerdotal, mas distinguiu-se pelo fato de, sem
pecado, entregar-se a si mesmo por nossos pecados.
Segundo o sistema levítico, todo sumo sacerdote é
escolhido entre os homens e constituído a favor deles. Ele traz ao altar
sacrifícios sem sangue e de sangue (v.1). É exigido dele que possa “condoer-se”
ou “ter compaixão” do povo, ou seja, em seu julgamento, não deve ser severo
demais e nem tolerante ao ponto de transigir com o mal (vv.2,3).De acordo com o
enunciado acima, peça a seus alunos que procurem na Bíblia referências que
demonstrem essas qualificações da vocação sacerdotal em Jesus.
Os sumos sacerdotes do Antigo Testamento, apesar de
serem santos, eram limitados e imperfeitos. Arão, por exemplo, ainda que
grandemente honrado ao ser separado para o ofício de sumo sacerdote, cometeu
uma falha indecorosa: levantou um ídolo em forma de bezerro de ouro e levou o
povo a pecar.
Mas Cristo, nosso Sumo Sacerdote, é superior a Arão,
não somente por sua infalibilidade e perfeição, mas porque cumpriu cabalmente o
plano divino de redenção de toda a humanidade.
I. O SUMO SACERDOTE DO ANTIGO TESTAMENTO
1. Características básicas (v.1).
a) “Tomado dentre os homens”. O sumo sacerdote na
Antiga Aliança era uma pessoa comum que, apesar de separada por Deus, levava
para o sacerdócio suas virtudes e defeitos. Ele não era tomado dentre anjos ou
espíritos, mas “dentre os homens”. E essa é uma característica muito
importante.
b) “Constituído a favor dos homens”. O sumo sacerdote
não era eleito pelos seus pares, nem pelo povo em geral. Sua investidura no
cargo era por nomeação direta da parte de Deus. Hoje, há diversas formas
utilizadas na escolha e consagração de um pastor, porém, acima de tudo é
indispensável que o pastor seja constituído por Deus.
c) “Nas coisas concernentes a Deus”. O sacerdote
falava e agia em nome de Deus, no que concernia à sua expressa vontade. Por
outro lado, ouvia os homens e intercedia por eles diante do Altíssimo. Em tudo,
a missão sacerdotal era cuidar dos interesses de Deus em relação ao povo e os
do povo em relação a Deus. Era um mediador, um representante do Eterno.
2. Funções primordiais. De modo geral as principais
funções do sumo sacerdote eram ensinar a lei de Deus e interceder pelo povo.
a) Oferecer dons e sacrifícios pelos pecados (v.1b).
Na Antiga Aliança os oferentes não podiam dirigir-se diretamente a Deus.
Traziam suas dádivas e ofertas e as apresentavam ao sacerdote. Segundo
estudiosos do Antigo Testamento, os dons eram ofertas de cereais e os
sacrifícios eram “ofertas de sangue”. No Novo Testamento, Jesus, nosso Sumo
Sacerdote quanto a nossa salvação, é tanto o oferente como a própria oferta
vicária: “ofereceu-se a si mesmo [por nós] a Deus”.
b) “Compadecer-se ternamente dos ignorantes e errados”
(v.2). O sumo sacerdote deveria ter simpatia, ou seja, capacidade para
compartir as alegrias ou as tristezas das pessoas que lhe procuravam e, ao
mesmo tempo, ter empatia, capacidade para se colocar na situação do outro. Só
quem tem essas qualidades pode de fato ser um intercessor. Da mesma forma devem
proceder os obreiros do Senhor no trato com os que erram por ignorância ou por
fraqueza.
II. DIFERENÇA FUNDAMENTAL ENTRE CRISTO E ARÃO
1. Jesus, sacerdote perfeito. A Lei previa a
possibilidade de erro ou pecado por parte dos sacerdotes (v.3; Lv 4.3). O
próprio sumo sacerdote Arão tinha a orientação de Deus para oferecer
sacrifícios não só pelo povo (Lv 16.15ss.), mas por si próprio (Lv 16.11-14). Enquanto
o sumo sacerdote do Antigo Testamento estava sujeito a pecar, Jesus nunca
pecou. Ele é perfeito. Satisfez todas as condições para o perfeito sacerdócio.
Foi ungido como Rei, como Filho (Sl 2.6,7); e Sacerdote Eterno (Sl 110.4); foi
enviado por Deus (Jo 5.30); veio em nome do Pai (Jo 5.43). Jesus não se
glorificou a si mesmo para fazer-se sumo sacerdote (v.6). Diante de todas essas
qualificações, o Mestre nunca ofereceu sacrifícios por si próprio. Ele deu-se a
si mesmo por nossos pecados (Gl 1.4).
2. Sacerdote eterno (v.6). O escritor aos hebreus faz
referência a dois textos bíblicos no livro de Salmos para demonstrar o caráter
especial do sacerdócio de Cristo: um sacerdócio que não tem fim: “Tu és meu
filho; hoje te gerei” (Sl 2.7); e “Tu és um sacerdote eterno, segundo a ordem
de Melquisedeque” (Sl 110.4).
III. A MISSÃO TERRENA DE JESUS
1. “Nos dias de sua carne” (v.1). É uma referência
direta à vida humana de Jesus. O escritor já houvera acentuado esse aspecto no
cap. 2.14-17. Aqui, mais uma vez, ele demonstra que o nosso Sumo Sacerdote,
mesmo provindo de uma linhagem especial, encarnou-se, tomando a forma de homem,
como vemos no Evangelho de João (1.14): “E o verbo se fez carne...”. O Verbo
refere-se a Jesus Cristo (cf. Ap 19.13).
Os gnósticos ensinavam que o corpo é intrinsecamente
mau. Mas Jesus, o Verbo divino, provou o contrário. Ele se fez carne, “e
habitou entre nós”, tornando-se homem completo, pleno, perfeito. E não apenas
se fez carne, mas tomou a “forma de servo” (Fp 2.7); na semelhança da “carne do
pecado” (Rm 8.3), suportou a “paixão da morte” (Hb 2.9).
2. Clamor, lágrimas, orações e súplicas (v.7). A
Escritura diz que Jesus clamou a Deus, com “lágrimas, orações e súplicas ao que
o podia livrar da morte”. No Evangelho segundo João 11.35 está escrito que
Jesus chorou, mas aquela não foi a única vez, como atesta o v.7. É por isso que
Jesus entende de lágrimas e, um dia, como Deus, enxugará dos olhos toda a
lágrima (Ap 7.17; 21.4).
3. Aprendeu a obediência (v.8). Haverá prova mais
autêntica da humanidade de Jesus? “Ainda que era Filho, aprendeu a obediência,
por aquilo que padeceu” (Hb 5.8). Ele, sendo divino, obedeceu a Deus. A mente
humana é, por vezes, levada a indagar: “Afinal, se Ele era Deus, porque deveria
obediência a alguém?”. Esse é um mistério que só a fé pode aceitar.
Jesus como ser humano teve um desenvolvimento humano
normal: “E crescia Jesus em sabedoria, e em estatura, e em graça para com Deus
e os homens” (Lc 2.52). Como Filho de Deus, Ele obedeceu ao Pai.
4. “Por aquilo que padeceu” (v.8b). A prova suprema da
obediência de Cristo foi a sua paixão e morte. O Diabo tudo fez para que Jesus
não executasse o plano da salvação. Na tentação no deserto, seu objetivo era
que o Senhor obedecesse suas sugestões (Mt 4.1-11); na crucificação, o inimigo
usou alguém para lhe sugerir que “provasse” que Ele era o Filho de Deus,
descendo da cruz (Mt 27.40).
5. Trouxe eterna salvação (v.9). “E, sendo ele
consumado, veio a ser a causa de eterna salvação para todos os que lhe
obedecem”, (grifo nosso) Jesus declarou ao Pai: “Eu glorifiquei-te na terra,
tendo consumado a obra que me deste a fazer” (Jo 17.4). Na cruz, no momento
supremo de seu sacrifício em favor dos pecadores, Ele exclamou: “Está
consumado...” (Jo 19.30).
Nesse aspecto, é oportuno lembrar que alguns teólogos,
baseados no versículo em foco e em outras referências, pregam a doutrina da
predestinação absoluta, resumida na sentença “uma vez salvo, para sempre
salvo”. Entretanto, o versículo mostra inequivocamente que a salvação não é eterna
a priori, mas sim condicional. Ela é eterna para “todos os que lhe obedecem”.
Desse modo, exclusivamente é salvo quem crê e segue a Cristo em obediência.
6. Chamado por Deus (v.10). Jesus pertenceu a uma
ordem sacerdotal singular, diferente da de Arão. Nisto, vemos mais uma
importante distinção entre o sacerdócio de Cristo e o sacerdócio arônico.
Jesus, como diz o v.10, foi “chamado por Deus sumo sacerdote, segundo a ordem
de Melquisedeque” (v.10).
Como podemos constatar no capítulo cinco de Hebreus, o
texto revela com clareza meridiana a superioridade do sacerdócio de Cristo em
relação ao de Arão. Outro ponto importante diz respeito a humanidade de Cristo:
o escritor assevera que Jesus foi humano o suficiente para buscar a Deus, o
Pai, em oração, súplicas e lágrimas, sendo obediente como Filho. Trata-se de um
exemplo inigualável e uma lição incomparável para nós, mortais, que, às vezes
somos relapsos em fazer a vontade do Senhor, em obediência irrestrita.
“‘Todo sumo sacerdote’
(Hb 5.1).
Duas qualificações são necessárias para um verdadeiro sacerdócio. (1) O
sacerdote deve ser compassivo, manso e paciente com aqueles que se desviam por
ignorância, por pecado involuntário e por fraqueza (v.2; 4.15; cf. Lv 4; Nm
15.27-29). (2) Deve ser designado por Deus (vv.4-6). Cristo satisfaz ambos os
requisitos.
A origem de Melquisedeque (5.6). Melquisedeque é uma
personagem misteriosa do Antigo Testamento, que aparece em Gn 14 como o
sacerdote de Deus em Salém (que é Jerusalém, Gn 14.18; Js 18.28; Sl 110.1-4; Hb
7.1), antes dos tempos do sacerdócio levítico. O sacerdócio de Cristo é do
mesmo tipo que o de Melquisedeque” (Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD, págs.
1905, 1906).
“Em relação a Cristo, os cristãos hebreus não o
reconheciam sob a figura de Sumo Sacerdote. Por isso, não compreendiam a
aplicação desse título e ofício à sua pessoa. Não sendo Ele da linhagem de
Arão, naturalmente não o contemplariam como sacerdote. Seu ministério também
não lhes despertara tal pensamento, uma vez que não reivindicou nenhum privilégio
de acesso ao templo, nem executou nenhuma função sacerdotal, e sempre criticou
o concerto judaico do sacerdócio (Vicent).
O autor resumidamente apresenta as características e
atribuições do sumo sacerdote (5.1-4), demonstrando que são perfeitamente satisfeitas
em Cristo (5.5-10).
Segundo o sistema levítico, todo sumo sacerdote é
escolhido entre os homens e constituído a favor dos homens. Ele traz ao altar
tanto sacrifícios cruentos como sem sangue (5.1). Exige-se dele que possa
condoer-se ou ter compaixão do povo. A expressão significa ser ‘moderado’ ou
‘tenro’ em seu julgamento, nem severo demais nem tolerante demais. Não deve ser
homem que se irrita diante do pecado e da ignorância, nem transigente com o mal
(vv.2,3) Ele deve ser chamado por Deus (v.4)” (Comentário Bíblico Hebreus,
CPAD, pág. 135).FONTE CPAD
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