MOVIMENTO PENTECOSTAL NO
BRASIL
Quando falamos em Pentecostalismo,
referimo-nos a um fenômeno característico
do século XX: o avivamento que aflorou
em Los Angeles, USA, em 1906
Analisando a História da Igreja, podemos observar nitidamente que Deus
sempre avivou ou reavivou sua Igreja em várias ocasiões diferentes. Esses
períodos da Era Cristã foram marcados por reavivamentos maravilhosos, onde Deus
se manifestou aos seus servos de forma sobrenatural.
No período da Reforma Protestante, no século XVI, Deus levantou homens
como Martinho Lutero, João Calvino e John Knox. No século XVIII, ocorreu o
Avivamento Morávio com o Conde Zinzendorf, o Grande Reavivamento na Inglaterra
com John Wesley, Charles Wesley e George Whitefield e o Reavivamento Americano
com Jonathan Edwards. Nenhum destes avivamentos foi conhecido como Pentecostal,
pois o termo é do início do século XX, quando houve o derramamento do Espírito
Santo nos Estados Unidos da América, semelhante à manifestação de Atos dois.¹
Conceito de avivamento espiritual
A palavra “Avivamento” vem do verbo “avivar” que significa: tornar mais
vivo, despertar, reanimar-se e vivificar-se. John Stott conceitua avivamento
como: “... uma visitação inteiramente sobrenatural do Espírito soberano de
Deus, pela qual uma comunidade inteira toma consciência de Sua santa presença e
é surpreendida por ela”.2 Devemos compreender que Avivamento é o cumprimento da
Promessa de Deus em Joel 2 e a resposta da oração, inspirada pelo Espírito
Santo, do profeta Habacuque que dizia: “Aviva a tua obra, ó Senhor, no decorrer
dos anos”.3
Avivamento é, acima de tudo, a manifestação de Deus no meio do povo,
através do Espírito Santo, com a finalidade de renovar, reavivar e despertar a
Igreja sonolenta e acomodada. O movimento Pentecostal é fruto de um Avivamento
genuíno que ocorreu na América do Norte, no início do século passado, e que se
espalhou por todo mundo, inclusive no Brasil.
Origens do Pentecostalismo
Tradicionalmente, reconhece-se o começo do movimento Pentecostal com o
Avivamento ocorrido em 1906, em Los Angeles (EUA), na Rua Azusa, caracterizado
pelo batismo com o Espírito Santo, evidenciado pelos dons do Espírito: línguas
estranhas, curas, profecias, interpretação de línguas, etc. O Avivamento na Rua
Azusa, rapidamente cresceu alcançando outros lugares e pessoas de várias partes
do mundo que foram até lá para conhecer, de perto, o movimento.4
Algum tempo depois, vários grupos semelhantes foram formados em muitos
lugares dos USA, mas com o rápido crescimento do movimento, o nível de
organização também cresceu até o grupo denominar-se Missão da Fé Apostólica da
Rua Azusa. A partir desse movimento, houve um despertamento espiritual e nasceu
um fervor missionário por parte daqueles que iam sendo avivados.
Pentecostalismo no Brasil
No Brasil, o Pentecostalismo chegou em 1910 e 1911 com a vinda de
missionários que tinham sido avivados na América do Norte. O primeiro deles foi
o presbiteriano Louis Francescon,5 que dedicou seu trabalho entre as colônias
italianas no Sul e Sudeste do Brasil6 e resultou no nascimento da Congregação
Cristã no Brasil. Logo depois, chegaram os batistas Daniel Berg e Gunnar
Vingren7 que vieram como missionários para Belém, PA,8 e, ali, iniciaram a
Igreja Assembleia de Deus, em 1911.9
Devemos entender que o Pentecostalismo brasileiro nunca foi homogêneo em
razão de suas diferenças internas. O sociólogo Ricardo Mariano10 classifica-o
em três vertentes:
Pentecostalismo Clássico
Deuteropentecostalismo e
Neopentecostalismo.11
Vejamos cada uma delas.
Pentecostalismo clássico
A primeira vertente do Pentecostalismo reproduziu no Brasil uma tipologia
Norte-Americana e é chamada de “Pentecostalismo Clássico”, que abrange o
período de 1910 a 1950. Esse é o período de fundação e “domínio” Pentecostal
dessas duas denominações: a Congregação Cristã no Brasil e a Igreja Assembleia
de Deus, que se difundiram em todo território nacional. Ambas caracterizavam-se
pelo anticatolicismo, ênfase na crença no Espírito Santo, sectarismo radical,
principalmente a primeira, e por um ascetismo que rejeitava os valores do mundo
e defendia a plenitude da vida moral. Essa vertente constitui a maior Igreja
Evangélica brasileira representada pela Assembleia de Deus atualmente.
Deuteropentecostalismo
A segunda vertente é chamada de “Deuteropentecostalismo” 12 vindo através
da Igreja do Evangelho Quadrangular, 13 em 1951, com o missionário Harold
Willians.14 Na capital paulista, ele criou a Cruzada Nacional de Evangelização
e percorreu quase todos estados brasileiros. Seu trabalho era centrado na cura
divina e na evangelização das massas, principalmente pelo rádio, contribuindo
bastante para a expansão do Pentecostalismo no Brasil.15 Paralelamente, surgem
duas Igrejas Pentecostais16 autônomas: “O Brasil para Cristo” (1955) e a
“Igreja Deus é Amor” (1962), fundadas pelos missionários Manoel de Melo e David
Miranda, respectivamente.
Nas décadas de 60 e 70, houve um movimento de avivamento com manifestações
carismáticas, ou seja, pentecostais, nas Igrejas tradicionais, tendo como
resultado o surgimento de vários grupos denominados “Renovados”. Há, a partir
desse período, uma proliferação de novas Igrejas pentecostais, como por
exemplo, a Igreja Presbiteriana Renovada do Brasil,17 a Convenção Batista
Nacional, a Igreja do Avivamento Bíblico, a Igreja Metodista Wesleyana, a
Igreja Cristã Maranata, entre outras.
Neopentecostalismo
A terceira vertente é a
Neopentecostal.18 O neopentecostalismo tem início na segunda metade dos anos
70. São igrejas fundadas por brasileiros que, influenciados por movimentos
norte-americanos, começaram suas denominações com características diferentes
das duas vertentes anteriores. A Igreja Universal do Reino de Deus, a
Internacional da Graça de Deus, a Comunidade Sara Nossa Terra e a Renascer em
Cristo estão entre as principais. As igrejas neopentecostais utilizam
intensamente a mídia eletrônica para propagar seu movimento, funcionam como
empresas e pregam a Teologia da Prosperidade. O Neopentecostalismo constitui a
vertente pentecostal mais influente e a que mais cresce hoje no Brasil.19
O Pentecostalismo iniciado na Rua Azusa, em 1906, está completando um
século. E, como resultado de sua consistência e seriedade, tem-se mantido por
todo esse tempo e com certeza continuará até a volta do Senhor. Os desvios e
abusos que eventualmente têm surgido não podem descaracterizar aquilo que
nasceu no coração de Deus, que é reavivar o seu povo para uma obra do fim.
Pentecostalismo brasileiro
O movimento pentecostal pode ser dividido em três ondas delineadas por
suas características sócio-religiosas e contexto cronológico. Além das grandes
denominações pentecostais, existem hoje centenas de "ministérios
independentes" ou novas denominações surgindo anualmente no Brasil e no
mundo.
Primeira onda pentecostal
A primeira onda, conhecida como pentecostalismo clássico, abrangeu o
período de 1910 a 1950 e iniciou-se com sua implantação no país, decorrente da
fundação da Congregação Cristã no Brasil e da Assembleias de Deus até sua
difusão pelo território nacional. Desde o início, ambas igrejas caracterizam-se
pelo anticatolicismo, pela ênfase na crença no batismo no Espírito Santo e por
um ascetismo que rejeita os valores do mundo e defende a plenitude da vida
moral e espiritual. Francescon, Berg e Vingren tiveram matriz pentecostal
comum, ao receberem as novas doutrinas na Missão de Fé Apostólica conduzida
pelo Pastor William H. Durham, ex-pastor batista, em Chicago, Illinois.
A primeira denominação desse movimento organizada no Brasil em 1910 com a
vinda do missionário Louis Francescon, que atuou em colônias italianas no Sul e
Sudeste do Brasil. Francescon realizou em 1910, o primeiro batismo de
orientação pentecostal em solo brasileiro com a conversão de onze almas,
originando a Congregação Cristã no Brasil em Santo Antônio da Platina - Paraná,
e no mesmo ano inicia esta igreja no Bairro do Brás em São Paulo.
Em 1911, Daniel Berg e Gunnar Vingren, iniciaram suas missões no Pará e
Nordeste, dando origem a Assembleias de Deus. O movimento das Assembleias de
Deus cresceu do norte-nordeste para o sul, com apoio inicial do movimento
pentecostal escandinavo e posteriormente transferência de aliança com as
Assemblies of God americanas. Com os anos surgiram ministérios e convenções,
dos quais muitos são independentes, ou seja, não afiliados à Convenção Geral
das Assembleias de Deus no Brasil.
Além da Congregação Cristã no Brasil e da Assembleia de Deus surgiram
outras denominações pentecostais menores nos primeiros quarenta anos do
pentecostalismo brasileiro. Na década de 1930, nasceu a Igreja Adventista da
Promessa à qual se referiu Duncan A. Reilyl, mencionando que no Recife do ano
de 1932, ao lado do pentecostalismo proveniente dos Estados Unidos, nascia a
Igreja Adventista da Promessa [113]. Em dezembro daquele mesmo ano, foi
organizada a Igreja de Cristo no Brasil em Mossoró (Rio Grande do Norte). A
Igreja de Cristo divergiu das demais igrejas pentecostais da primeira onda ao
seguir o dogma da "eterna segurança" mais conhecida como Perseverança
dos santos. Esta também defende que o cristão recebe o batismo do Espírito
Santo no momento da conversão e não como segunda bênção seguida de dons de
línguas. Em Catalão, GO em 1935 foi fundada a Igreja Evangélica do Calvário
Pentecostal. Esta igreja uniu-se à Igreja de Deus de Cleveland, EUA, e se
tornou a Igreja de Deus no Brasil, hoje presente em todos os estados
brasileiros. A Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo foi fundada em São Paulo em
1936 por Marcos Batista. A Missão Evangélica Pentecostal do Brasil, fundada em
Manaus em 1939, de origem americana, mas que atualmente atua de forma
independente, com direção nacional e credo baseado no pentecostalismo clássico,
de característica moderada quanto à questão de usos e costumes.
Uma das denominações derradeiras da primeira onda pentecostal no Brasil é
a Igreja Evangélica Avivamento Bíblico, fundada em 7 de setembro de 1946 por
Mário Roberto Lindströn, Oswaldo Fuentes e Alídio Flora Agostinho oriundos da
Igreja Metodista. A Igreja Evangélica Avivamento Bíblico conta hoje com mais de
60.000 pessoas.[carece de fontes]
Segunda Onda Pentecostal
A segunda onda começou a surgir na década de 1950, quando chegaram a São
Paulo dois missionários norte-americanos da International Church of The
Foursquare Gospel. Na capital paulista, eles criaram a Cruzada Nacional de
Evangelização e, centrados na cura divina, iniciaram a evangelização das
massas, principalmente pelo rádio, contribuindo bastante para a expansão do
pentecostalismo no Brasil. Em seguida, fundaram a Igreja do Evangelho
Quadrangular. No seu rastro, surgiram o Ministério Cristo Vive, O Brasil para
Cristo, Igreja União Evangélica Pentecostal, Igreja Pentecostal Deus é Amor,
Casa da Bênção, Igreja Luz do Calvário, Igreja Unida, Igreja de Nova Vida e
diversas outras igrejas pentecostais menores como a Igreja Cristã Maranata, a
Igreja Presbiteriana Pentecostal dentre outras.
Terceira Onda Pentecostal
A terceira onda, chamada de neopentecostalismo, teve início na segunda
metade dos anos 1970. Fundadas por brasileiros, as mais antigas são a Igreja
Universal do Reino de Deus (Rio de Janeiro, 1977), liderada pelo bispo Edir
Macedo, e a Igreja Internacional da Graça de Deus (Rio de Janeiro, 1980),
liderada e fundada pelo missionário R. R. Soares, ambas presentes na área
televisiva com seus televangelistas. Posteriormente, temos o surgimento da
Renascer em Cristo (São Paulo, 1986), da Comunidade Evangélica Sara Nossa Terra
(Brasília, 1992), do Ministério Internacional da Restauração (1992), e da
Igreja Mundial do Poder de Deus (1998). De um modo geral, utilizam intensamente
a mídia eletrônica, impressa e editorial, algumas aplicam técnicas de
administração empresarial, com uso de marketing, planejamento estatístico,
análise de resultados etc. Algumas pregam a Teologia da Prosperidade, pela qual
o cristão está destinado à prosperidade terrena, rejeitando os tradicionais
usos e costumes austeros dos pentecostais. O neopentecostalismo constitui a
vertente pentecostal mais influente, a que mais cresce e também a mais liberal
em questões de costumes.
Templo da Igreja Cristã Maranata, fundada em 1968 no município de Vila
Velha.
Renovados & Carismáticos
Paralelamente ao pentecostalismo, várias denominações protestantes que
eram tradicionais experimentaram movimentos internos, com manifestações
pentecostais. Assim foram denominados "renovados", como a Igreja
Cristã Maranata (originária da Igreja Presbiteriana do Brasil), Igreja
Presbiteriana Renovada (originária também da IPB), Convenção Batista Nacional
(originária da Convenção Batista Brasileira), Igreja do Avivamento Bíblico
(originária da Igreja Metodista do Brasil) e a Igreja Adventista da Promessa
(originária da Igreja Adventista do Sétimo Dia). Esta, entretanto, é
classificada por Duncan A. Reilyl como denominação pentecostal da primeira onda
e não como "renovada" [114].
Alguns movimentos renovados ou carismáticos permaneceram como organizações
internas de suas denominações, como é o caso do Movimento Encontrão na Igreja
Evangélica de Confissão Luterana do Brasil.
Nos anos mais recentes a doutrina de renovação do pentecostalismo
ultrapassou até mesmo as fronteiras do protestantismo, surgindo movimentos de
renovação pentecostal Católica Romana e Ortodoxa Oriental, como a Renovação
Carismática Católica que teve sua origem por padres influenciados por pastores
e literaturas pentecostais.
Fonte: Artigo publicado no Jornal Aleluia de setembro de 2006.
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