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terça-feira, 20 de setembro de 2016
Apologética a sutileza maligna
“Tende
cuidado para que ninguém vos faça presa sua por meio de filosofias e vãs
sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo e não
segundo Cristo” (Cl 2.8).Firmes na Palavra, poderemos desmascarar as sutilezas
e os ataques de Satanás contra a Igreja de Cristo.
O
cerne da presente lição encontra-se no versículo 8. Neste, há um divisor entre
a compreensão positiva e negativa da doutrina de Cristo demonstrada por três
expressões: “segundo os homens” (kata anthrōpōn); “segundo o mundo” (kata ton
kosmou); e “segundo Cristo” (kata Christon). As duas primeiras, não apenas
opõe-se a última, mas a combatem. Fazem parte daquilo que Paulo denominou de
“filosofias” e “vãs sutilezas”. Estas, procedem de fontes humanas e malignas,
enquanto a terceira, fundamenta-se na revelação divina em Cristo. “Segundo os
homens”, refere-se à crença em um conjunto de tradições orais ou lendárias que,
pela sua antiguidade, parecia ser merecedora de crédito e aprovação. Contudo,
não passava de sutileza ou engodo (apatē). “Segundo o mundo”, difere da
primeira, pois enquanto a expressão “segundo os homens” baseia-se nas lendas
artificiosas, esta, na adoração aos espíritos ou “aeons”. Portanto, a religião
professada em Colossos era constituída de um fundamento teórico antigo que
formava a doutrina e fortalecia a crença na adoração a espíritos intermediários
entre Deus e os homens. Estas tradições e sutilezas opunham-se ao corpo de
doutrina apostólico e a adoração ao Deus único e verdadeiro.
Tradição
Humana: Crença em um corpo de tradições lendárias que, pela sua antiguidade,
era merecedora de crédito e anuência.Desde os tempos bíblicos, Satanás vem
usando os seus agentes a fim de levar o povo de Deus a desacreditar na Bíblia,
na divindade e na obra redentora de Cristo. Temos de estar devidamente
preparados para detectar e desmascarar suas sutilezas. Sem dúvida, esse é um
dos maiores desafios da Igreja de Cristo nestes últimos dias.
I. OS
ARDIS DE SATANÁS
1. Seus disfarces. Desde a fundação da Igreja,
os falsos mestres vêm disfarçando-se entre os filhos de Deus para disseminar
suas heresias. Jesus disse que os mestres do erro apresentam-se “vestidos como
ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores” (Mt 7.15). A Bíblia
classifica os tais como “falsos apóstolos” e “obreiros fraudulentos”,
identificando-os como agentes de Satanás que se transfiguram “em ministros da
justiça” (2 Co 11.13-15). Devemos, por isso, acautelar-nos deles.
2.
Suas estratégias. Os expositores sectários preocupam-se com a aparência, pois
costumam apresentar o seu movimento como um paraíso perfeito (2 Tm 3.5).
Infelizmente, muitos são os que caem nessas armadilhas. Uma vez fisgados por
eles, dificilmente conseguem libertar-se, uns por causa da lavagem cerebral que
recebem, outros, em razão do terrorismo psicológico e da pressão que sofrem de
seus líderes. Seus argumentos são recursos retóricos bem elaborados e
persuasivos, para convencer o povo a crer num Jesus estranho ao Novo Testamento
(2 Co 11.3).
II. A
PERÍCIA DOS HERESIARCAS
1.
“Palavras persuasivas” (v.4). Os falsos mestres, a quem o apóstolo se refere,
estavam envolvidos com o legalismo judaico: circuncisão (Cl 2.11), preceitos
dietéticos e guarda de dias (Cl 2.16). Há também várias referências ao
gnosticismo (Cl 2.18,23). O verbo grego paralogizomai, “enganar, seduzir com
raciocínios capciosos”, descreve com precisão a perícia dos falsos mestres na
exposição de suas heresias. O nosso cuidado deve ser contínuo para não nos
tornarmos presas desses doutores do engano.
2. O
Jesus que recebemos (vv.6,7). O apóstolo insiste que devemos andar de acordo
com o evangelho, a fim de ficarmos arraigados, edificados e firmados na Palavra
de Deus. Entretanto, a mensagem dos agentes de Satanás é sempre contra tudo o
que cremos, pregamos e praticamos. Às vezes, há alguns pontos aparentemente
comuns entre nós e eles, e nisso reside o perigo, visto que é por onde tais
ensinos se introduzem.
3. A
simplicidade do evangelho. A mensagem do evangelho é simples e qualquer ser
humano, independentemente de seu preparo intelectual e origem, é capaz de
entender; basta dar lugar ao Espírito Santo, que convence o homem “do pecado,
da justiça e do juízo” (Jo 16.8). A conversão ao cristianismo não é resultado
de estratégia de marketing, nem de técnicas persuasivas (1 Co 2.4). Não é
necessário, portanto, um “curso de lógica” para alguém ser salvo ou entender os
princípios da fé cristã.
III.
AS SUTILEZAS DO ERRO
1.
“Ninguém vos faça presa sua” (v.8a). O significado de “presa” revela o que
acontece, ainda hoje, com os adeptos das seitas. O verbo grego sylagōgeō,
“levar como despojo, prisioneiro de guerra, seqüestro, roubo”, descreve o
estado espiritual dos que seguem os falsos mestres. Um dos objetivos dos
promotores de heresias é escravizar as suas vítimas para terem domínio sobre
elas (2.18; Gl 4.17). Hoje, muitos estão nos grilhões das seitas como
verdadeiros escravos.
2.
“Por meio de filosofias” (v.8b). Não há indícios de que o apóstolo esteja
fazendo alusão às escolas filosóficas da Grécia. O estoicismo e o epicurismo
eram as filosofias predominantes do mundo romano na era apostólica e são
mencionadas em o Novo Testamento (At 17.18). As “filosofias” de que Paulo trata
são conceitos mundanos, contrários à doutrina e à ética cristã. Qualquer
sistema de pensamento, ou disciplina moral, era, naqueles dias, chamado de
“filosofia”.3. “Vãs sutilezas” (v.8c). Engano e sutileza, nesse contexto,
significam a mesma coisa. A palavra grega usada para sutileza é apatē, isto é,
“engano” (Ef 4.22), “sedução” (Mt 13.22). É usada para referir-se a pessoas de
conduta enganosa e embusteira que levam outras ao engano. É mediante tais recursos
que os mestres do erro conduzem suas vítimas ao desvio. Tais sutilezas impedem
as pessoas de verem a verdade e, como conseqüência, tornam-se cativas das
astúcias de Satanás.
4.
“Segundo a tradição dos homens” (v.8d). Não é a tradição apostólica nem
judaica, mas um sincretismo de elementos cristãos, judaicos e pagãos:
angelolatria e ascetismo, por exemplo. Eram práticas que se opunham ao
evangelho.
Trata-se
de tradição humana, ao passo que o evangelho veio do céu (Gl 1.11,12).
IV. OS
RUDIMENTOS DO MUNDO
1. O
significado de “rudimentos” (v.8). A expressão “rudimentos do mundo”,
literalmente é: “elementos do universo”, ou “rudimentos do mundo”, em nossas
versões. A palavra stoicheion, “fundamento, elemento”, aparece na filosofia
grega para os quatro elementos da natureza: terra, água, ar e fogo que, segundo
ensinavam os físicos gregos, compõem a totalidade do mundo (2 Pe 3.10,12). Para
outra escola filosófica da Grécia, significava “elementos espirituais”, ou
“espírito vivo”, que se difundia por toda a natureza como força vivificante.
2. O
apóstolo se refere a que “rudimentos”? Essa palavra é usada, também, com o
sentido de “princípio básico” (Hb 5.12) e de “elementos judaicos” ou “adoração
cósmica” do sincretismo helênico (Gl 4.3,9). O termo deve ser analisado à luz
do contexto e, aqui, mostra que são uma referência aos poderes demoníacos que
se opunham a Cristo. Veja que o apóstolo contrapõe esses rudimentos a Cristo:
“segundo os rudimentos do mundo e não segundo Cristo”.
3. A
deidade de Cristo em jogo. Cristo é superior a todos os poderes (Ef 1.21). Os
crentes, portanto, não precisam dos stoicheia, ou poderes demoníacos,
apresentados pelos falsos mestres. As vãs filosofias são oriundas dos homens e
do reino das trevas e não de Cristo. Há uma diferença abissal entre Cristo e os
rudimentos do mundo. Não se trata, por conseguinte, de um demiurgo dos
gnósticos, nem dos poderes cósmicos dos adeptos da Nova Era (v.9).
4. O
significado de “toda a plenitude da divindade” (v.9). Temos, neste contexto, o
Deus verdadeiro com toda a sua plenitude. O sentido de “divindade”, no texto
original, é “deidade”. Um conceituado dicionário de grego afirma: “deidade,
difere de divindade, como a essência difere da qualidade ou atributo”. Na
Tradução do Novo Mundo, as Testemunhas de Jeová diluíram o v.9, traduzindo-o
por “qualidade divina”, para adaptar à Bíblia as suas crenças, atitude própria
dos falsos mestres.O povo de Deus vive em constante batalha espiritual. O
inimigo sempre trabalhou para desviar os crentes da vontade divina,
induzindo-os a crenças falsas e práticas que desonram ao Criador. Por isso,
devemos estar atentos quando um movimento religioso apresenta-se com persuasão
e argumentos aparentemente convincentes. Trata-se, geralmente, de alguém que
pretende mostrar-nos algo que não está de acordo com a Palavra de Deus.
“O que Significa
‘Seita’?
1.
Etimologia. O historiador Flávio Josefo e muitos outros escritores antigos
usaram a palavra hairesis com o sentido de ‘escola’ de pensamento, ‘doutrina’
ou ‘religião’ sem conotação pejorativa O verbo grego haireō, de onde vem o
substantivo em foco, significa ‘escolher’. Na literatura clássica tem o sentido
de escolha filosófica ou política. Todavia, o Novo Testamento traz essa palavra
com o sentido de ‘divisão, dissensão’, pois lemos: ‘E até importa que haja
entre vós heresias, para os que são sinceros se manifestem entre vós’ (1 Co
11.19). A versão Almeida Atualizada traduziu por ‘partido’; a NVI, por
‘divergências’; a Tradução Brasileira, por ‘facção’. A mesma palavra aparece em
Gálatas 5.20 sendo traduzida por ‘dissensão’. [...] Convém salientar que a
palavra grega para ‘heresias’ em o Novo Testamento, é a mesma para ‘seita’,
hairesis. O termo ‘herege’, que aparece em Tito 3.10, hairetikos, é adjetivo
que vem do referido substantivo grego. O sentido de erro doutrinário, como
‘heresia’, no campo teológico que nós conhecemos hoje, aparece pela primeira
vez em 2 Pedro 2.1. É nessa acepção que refutamos tais heresias.
2.
Conceituação. Atualmente a palavra ‘seita’ é usada para designar as religiões
heterodoxas ou espúrias. É uma palavra já desgastada, trazendo em si, muitas
vezes, um tom pejorativo. São grupos que surgiram de uma religião principal e
seguem as normas de seus líderes ou fundadores e cujos ensinos divergem da
Bíblia nos principais pontos da fé cristã. São uma ameaça ao cristianismo
histórico e um problema para as igrejas.
3.
Problemas. [...] As heresias afetam os pontos principais da doutrina cristã, no
que diz respeito a Deus: Trindade, o Senhor Jesus Cristo e o Espírito Santo; ao
homem: natureza, pecado, salvação, origem e destino; aos anjos, à igreja e às
Escrituras Sagradas. O mais grave erro é quando diz respeito à Divindade. Errar
em outros pontos da fé cristã pode até não afetar a salvação, mas a doutrina de
Deus é inviolável. Negar ‘o Senhor’ é trazer sobre si repentina destruição.
Os
novos movimentos internos como a Confissão Positiva e o G-12 não devem ser
classificados como seitas, pois além de não afetarem os pontos salientes da fé
cristã, seus ensinos e práticas não são necessariamente heresias, mas
aberrações doutrinárias. O efeito destrutivo pode ser pior do que os movimentos
externos, pois Satanás se utiliza, muitas vezes, da arrogância ou da ignorância
dos mentores dessas inovações para causar divisões nas igrejas” (SOARES, E. Manual
de apologética cristã. RJ: CPAD, 2002, pp.25-7).
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