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terça-feira, 20 de setembro de 2016
Apologética teologia da prosperidade
O
Movimento da Fé ou Movimento da Confissão Positiva, como atualmente conhecemos,
surgiu na década de 40 nos Estados Unidos. A origem moderna do movimento
remonta a Essek William Kenyon (1867-1948). Kenyon foi pastor de diversas
igrejas na Nova Inglaterra e fundador do Instituto Bíblico de Dudley,
Massachusetts. Em 1923, fundou a Figueroa Independent Baptist Church (Igreja
Batista Independente de Figueroa) em Los Angeles. Além de escritor, Kenyon
atuou como evangelista, sendo um dos pioneiros do evangelismo radiofônico. A
teologia de Kenyon tem sua origem nas seitas metafísicas do Novo Pensamento
(New Thought) e da Ciência Cristã. Os adeptos do Novo Pensamento crêem que o
pensamento cria e modifica a nossa experiência no mundo — razão pela qual
enfatizam o pensamento positivo, a auto-afirmação, a oração e a meditação.
O
principal divulgador da teologia e pensamento de Kenyon é o pastor Kenneth
Hagin, fundador do centro Rhema de Adestramento Bíblico, em Oklahoma.
Palavra
Chave
Confissão:
A fórmula da Confissão Positiva é: Diga; Faça; Receba; Conte.
A
Confissão Positiva não é uma denominação ou seita, mas um movimento introduzido
sutilmente entre as igrejas pentecostais, enfatizando o poder do crente em
adquirir tudo o que quiser. É conhecida também como “Teologia da Prosperidade”,
“Palavra da Fé” ou “Movimento da Fé”. As crenças e práticas desse movimento são
aberrações carregadas de perigosas heresias.
I.
HISTÓRICO
1. Sua
origem. A Confissão Positiva é uma adaptação, com roupagem cristã, das idéias
do hipnotizador e curandeiro Finéias Parkhurst Quimby (1802-1866). Os
quimbistas criam no poder da mente, e negavam a existência da matéria, do
sofrimento, do pecado e da enfermidade. Deles surgiram vários movimentos
ocultistas como o Novo Pensamento, as seitas Ciência da Mente e Ciência Cristã,
de Mary Baker Eddy. Seus promotores procuram se passar por cristãos evangélicos
(v.15).
2.
Principal fundador: Essek W. Kenyon. O movimento surgiu de forma gradual por
meio de Essek William Kenyon (1867-1948). Kenyon, aproveitando-se dos conceitos
de Mary B. Eddy, empenhou-se em pregar a salvação e a cura em Jesus Cristo.
Dava ênfase aos textos bíblicos que falam de saúde e prosperidade, além de
aplicar a técnica do poder do pensamento positivo. Kenyon, que pastoreou várias
igrejas e fundou outras, não era pentecostal. Ele foi influenciado pelas seitas
Ciência da Mente, Ciência Cristã e a Metafísica do Novo Pensamento. Hoje, é
reconhecido como o Pai do movimento Confissão Positiva, tendo exercido forte influência
sobre Kenneth Hagin.
3.
Principal divulgador: Kenneth Hagin. Nasceu em 1917 com problema de coração e
ficou inválido durante 15 anos. Em 1933, converteu-se ao evangelho e, no ano
seguinte, o Senhor Jesus o curou. A partir de então, começou a pregar. Ele
recebeu o batismo no Espírito Santo em 1937. Estudando os escritos de Kenyon,
divulgou-os em livros, cassetes e seminários, dando sempre ênfase à confissão
positiva. Em 1974, fundou o Centro Rhema de Adestramento Bíblico, em Oklahoma.
II.
FONTES DE AUTORIDADE
1.
Revelação ou inspiração de seus líderes. Hagin fazia diferença entre as
palavras gregas rhēma e logos, pois ambas significam “palavra”. Ainda hoje, os
seguidores dessa crença afirmam que logos é a palavra de Deus escrita, a
Bíblia; e rhēma, a palavra falada por Deus em revelação ou inspiração a uma
pessoa em qualquer época. Desse modo, o crente pode repetir com fé qualquer
promessa bíblica, aplicando a sua necessidade pessoal e exigir o seu
cumprimento.
2.
Confissão positiva do crente. Os adeptos da Confissão Positiva crêem ser a
Bíblia a inerrante e inspirada Palavra de Deus, mas não a única, pois admitem
que a palavra do crente tem a mesma autoridade. Para eles, as fontes de
autoridade são: a Bíblia, as revelações de seus líderes e a palavra da fé. O
crente deve declarar que já tem o que Deus prometeu nos textos bíblicos e, tal
confissão, confirmar-se-á. A confissão negativa é reconhecer a presença das
condições indesejáveis. Basta negar a existência da enfermidade e ela
simplesmente deixará de existir. É a doutrina de Quimby, da Ciência Cristã e do
Movimento Nova Era.
3. A
autoridade para a vida do cristão. Atribuir tanta autoridade assim às palavras
de uma pessoa extrapola os limites bíblicos. A emoção também caiu com a
natureza humana e, por isso, a fé não pode ser fundamentada em experiências (Jr
17.9). As experiências pessoais são marcas importantes na vida dos
pentecostais. Cremos em um Deus que se comunica com os seus filhos por sonhos,
visões e profecias (At 2.17,18), mas essas experiências são para a edificação
pessoal e não para estabelecer doutrinas. O cristianismo autêntico não deve ir
além das Escrituras Sagradas (Is 8.20; 1 Co 4.6). A Bíblia é a única autoridade
para a vida do cristão.
III.
RHĒMA E LOGOS
1.
Termos sinônimos. O vocábulo rhēma aparece 68 vezes e, logos, 330 no texto
grego do Novo Testamento. Como não existem sinônimos perfeitos, exatamente
iguais, aqui também não é diferente. O termo rhēma significa “palavra, coisa”;
enquanto em logos, os léxicos apresentam uma extensa variedade de significados
como: “palavra, discurso, pregação, relato, etc”. Mas ambos os termos
coincidem-se (Lc 9.44,45).
O
conceito de rhēma e de logos, inventado por Hagin, não resiste à exegese
bíblica. Não é verdade que haja a tal diferença entre as referidas palavras.
2.
Termos usados para designar as Escrituras. Ambos os termos são igualmente
usados para identificar as Escrituras Sagradas. Encontramos no texto grego do
Antigo Testamento (Septuaginta) a expressão rhēma tou theou, “palavra de Deus”
em Isaías 40.8. Nas páginas do Novo Testamento, a mesma passagem é citada pelo
apóstolo Pedro (1 Pe 1.25). Mas, encontramos também, logon tou theou, “palavra
de Deus”, com o mesmo significado (Mc 7.13). Esses exemplos provam, por si só,
que o conceito de Hagin é falacioso, sem base bíblica.
3.
Falácias da Confissão Positiva. O conceito de confissão positiva e negativa é
falso; não se confirma na Bíblia ou na prática da vida cristã. Deus é soberano;
nós, os seus servos. Jesus ensinou-nos: “Seja feita a tua vontade, tanto na
terra como no céu” (Mt 6.10). Basta tão-somente esse versículo para reduzir a
cinzas a insolência dos promotores da Confissão Positiva. A Bíblia ensina,
ainda, que devemos confessar nossas culpas para sermos sarados (Tg 5.16), e
isso, não parece ser confissão positiva.
IV.
CRENÇAS E PRÁTICAS
1.
Teologia. De maneira genérica, os adeptos da Confissão Positiva seguem uma
linha ortodoxa no que tange aos pontos cardeais da fé cristã. Não se trata de
uma seita, mas de um movimento que permeia as igrejas; daí a diversidade de
ensinos entre seus adeptos. Sobre Deus, uns são unicistas; outros deificam o
homem. Essa falta de padrão doutrinário existe, sobretudo, a respeito do Senhor
Jesus e de sua obra. Os ensinos da Confissão Positiva, por conseguinte, são um
desvio das doutrinas bíblicas apesar de sua aparência ortodoxa.
2. Sua
marca. As marcas distintivas do movimento são: a prosperidade e a pregação
restrita aos pobres e enfermos, oferecendo-lhes riquezas e saúde. No entanto,
deixa de lado o essencial: a salvação. A mensagem dos profetas da prosperidade
pode fazer sentido nos países ricos onde as oportunidades são mais amplas, mas,
nas regiões pobres do planeta, são irrelevantes. Isso é mais uma prova de que
se trata de um evangelho humano, contrário à Bíblia, pois o evangelho de Jesus
Cristo é para todos os seres humanos em todas as épocas (Mt 28.19,20; Tt 2.11).
3. A
salvação. Em vez de trazer riquezas materiais aos pobres e saúde aos enfermos,
o propósito principal da vinda de Jesus ao mundo foi salvar os pecadores (1 Tm
1.15), muito embora o seu ministério tenha sido coroado de êxito no campo da
cura divina e da libertação (At 10.38). O que esses pregadores fazem não passa
de espetáculo, contrariando o verdadeiro propósito do evangelho. Não foi essa a
mensagem pregada pelos apóstolos. Paulo afirma haver se contentado com a
abundância e com a escassez (Fp 4.11-13).Devemos combater os abusos e
aberrações doutrinárias desses pregadores. Tomemos cuidado, porém, para não
sermos levados ao ceticismo e ao indiferentismo religioso. Religião sem o
sobrenatural é mera filosofia. Temos promessas de Deus. Aliás, a história,
desde os tempos bíblicos, registra inúmeros testemunhos sobre sinais, prodígios
e maravilhas (Mc 16.20). Mas os tais pregadores, a começar pela origem de sua
teologia, estão fora do padrão bíblico.
Septuaginta:
Versão grega do Antigo Testamento hebraico preparado por um grupo de setenta e
dois eruditos, em Alexandria, no terceiro século antes de Cristo. Também
conhecida pela abreviação LXX. Foi a Bíblia conhecida no tempo dos apóstolos.
“A Fórmula da Fé
Na
Teologia da Fé, a fé é uma força. Ela é a substância da qual o Universo foi
feito e também a força que faz funcionar as leis do mundo espiritual. Mas como
fazer que essas leis funcionem para você? Por meio de fórmulas que, segundo
eles, não somente fazem funcionar as leis do mundo espiritual, mas também serve
de causa à ação do Espírito Santo em favor do indivíduo. Isto significa que
Deus é deslocado para uma posição de mero mensageiro que responde cegamente ao
aceno e à chamada de fórmulas proferidas pelos fiéis.
a) As
fórmulas de fé. As fórmulas de fé são o nome do jogo. Esse é o motivo pelo qual
o Movimento da Fé também tem sido chamado de Movimento da Confissão Positiva. A
doutrina da Fé ensina que as confissões servem para dar efeito à fórmula da fé,
fazendo com que a lei espiritual funcione em favor de quem as pronuncia. As
confissões positivas ativam o lado positivo da força; e as confissões negativas
ativam o seu lado negativo. A partir de uma perspectiva prática, pode-se dizer
que a lei espiritual (que rege todas as coisas na esfera da eternidade) é a
força derradeira do Universo. No livro chamado Two Kinds of Faith (Dois Tipos
de Fé), E. W. Kenyon insiste que é a nossa confissão que nos governa.
b) A
fórmula. [...] A fórmula é simples: 1º) ‘Diga a coisa. Positiva ou
negativamente, tudo depende do indivíduo. De acordo com o que o indivíduo
disser é que ele receberá’. 2º) ‘Faça a coisa. Seus atos derrotam-no ou lhe dão
vitória’. 3º) ‘Receba a coisa. Compete a nós a conexão com o ‘dínamo do céu’. A
fé é o pino da tomada — basta conectá-lo’. 4º) ‘Conte a coisa a fim de que
outros também possam crer’” (HANEGRAAFF, H. Cristianismo em crise. 4.ed., RJ:
CPAD, 2004, pp.79,81).
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