Os Desafios da ApologéticaContemporânea
Nos dias atuais há uma necessidade urgente de líderes cristãos que estejam
comprometidos com o discernimento da verdade, à defesa da fé e à proteção do
rebanho de Deus. Essa obra nem sempre é fácil, nem agradável, mas é sempre necessária.
Os cristãos devem identificar e fazer oposição ao erro doutrinário e espiritual
por uma razão principal: porque Deus nos comissiona para esta obra. Já no
primeiro século, na época do Novo Testamento, o Corpo de Cristo foi atacado por
seitas e falsos mestres, e as epístolas nos dão repetidos avisos acerca de
impostores espirituais. A epístola de Judas, nos versículos 3 e 4, exorta-nos a
batalhar diligentemente, pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos,
pois certos indivíduos se introduziram com dissimulação. A fé cristã já tinha
seus inimigos.
O apóstolo Paulo, em Atos 20.28-31, avisou aos bispos de Éfeso que os
inimigos do evangelho surgiriam tanto de fora da Igreja – “entre vós penetrarão
lobos vorazes, que não pouparão o rebanho” - quanto até mesmo de dentro dela –
“dentre vós mesmos, se levantarão homens falando coisas pervertidas para
arrastar os discípulos atrás deles”. Na segunda epístola aos Coríntios, Paulo
menciona que a Igreja não é invulnerável ao erro (11.3-4; 13-15). Igualmente
Pedro, em sua segunda epístola, exorta seus leitores a se acautelarem, pois
falsos mestres, introduzindo heresias destruidoras, surgiriam no seu meio
(2.1-22; 3.15-17).
Embora o termo tenha sido ultimamente popularizado por várias instituições
de pesquisas religiosas, ainda assim a conceituação correta permanece restrita
apenas aos círculos acadêmicos teológicos. Faz-se necessário resgatar o seu
verdadeiro sentido, para uma correta conceituação. O que é apologética? Para
que serve? Onde empregá-la? Antes de adentrarmos à definição propriamente dita,
precisamos averiguar o que NÃO significa apologética.[1]
Apologética não é a crítica pela crítica.
Apologética não é intolerância religiosa.
Apologia não é ataque puro e simples.
Portanto, vamos a Etimologia: A palavra apologética vem da palavra grega
apologeisthai, que significa “uma defesa verbal.” É usada oito vezes no Novo
Testamento: At. 22.1;25.8; 25.16; ICo. 9.3; IICo. 7.11; Fp. 1.7,16; II Tm.
4.16.
Por sua vez, o dicionário “Aurélio século XXI”, define apologia como:
“Discurso para justificar, defender ou louvar.” Essa palavra aparece em I Pedro
3.15 com o sentido de dar razão, responder, justificar: “antes santificai em
vossos corações a Cristo como Senhor; e estai sempre preparados para responder
com mansidão e temor a todo aquele que vos pedir a razão da esperança que há em
vós”. Apologética é a defesa do Cristianismo em sua inteireza, sua essência,
ou, de uma forma ou outra é a defesa de seus elementos de pressuposições contra
seus usurpadores, atuais ou possíveis, de forma a se defender de algum ataque
em particular.
Apologia significa resposta ou pergunta ao juiz de um tribunal, da parte
do acusado. A apologia de Sócrates, por exemplo, respondia aos que o acusavam.
Da mesma maneira, o cristianismo teve que se expressar em forma de respostas a
certas acusações particulares. Os apologistas foram os que se entregaram a essa
tarefa sistematicamente.[2] Enquanto a apologia trata-se de simplesmente
justificar ou defender a fé, a apologética ultrapassa este senso comum e
procura por meio de processos racionais e sistemáticos, apoiada em outras
ciências, defender cientificamente o Cristianismo. A Apologética perpassa por
diversas áreas tais como: teologia, filosofia, biologia, arqueologia, história,
antropologia, matemática e linguística. Nestas áreas ela pode estudar lógica,
manuscritos, línguas originais da Bíblia, teoria da evolução etc. A apologética
é processual e sempre está em via de transformações e aperfeiçoamentos. Como
Conceito: É a habilidade de responder fundamentado com provas adequadas e
sólidas à fé cristã perante os ataques das filosofias seculares e crenças
religiosas.
O cristianismo é uma religião exclusivista e como tal é inevitável que
surja conflitos com as demais crenças, filosofias e ideologias. Neste choque de
crenças a apologética se torna indispensável ao cristão. Ela nasce forçosamente
como uma resposta ao ataque contra o Cristianismo. William L. Craig afirma que
a Apologética cristã pode ser definida como um ramo da teologia Cristã que
procura apresentar uma garantia racional das alegações de verdade do
Cristianismo.
A Apologética atinge dois públicos básicos, o crente e o não crente. E se
divide em dois tipos de abordagens, negativo e positivo.
a) Quanto ao crente. A apologética contribui para o fortalecimento dos
crentes de pelo menos dois modos. Em primeiro lugar, lhes dá confiança de que a
fé deles é verdadeira e razoável promovendo assim um encorajamento para uma
vida de fé sempre em busca da compreensão. Em segundo lugar, a apologética pode
atuar até mesmo em algumas estruturas seculares que envolvem nossas próprias
vidas, nos auxiliando a enfrentar as diversas indagações a que tais estruturas
nos submetem bem como nos libertando para uma cosmovisão compatível com o
cristianismo. A apologética procura consolidar a fé do crente fundamentando
suas convicções religiosas mediante a explanação lógica e sólida,
tranquilizando sua consciência, iluminando seu coração e limpando sua mente. É
a dimensão pastoral da apologética.
b) Quanto ao não crente. Nesta categoria estão incluídos os vários tipos
de sujeitos que rejeitam a fé cristã de uma forma ou de outra: os indiferentes,
os incrédulos, os agnósticos, os ateus e os anticristãos. Para esta categoria,
a apologética serve como instrumento de convencimento e demonstração.
Evidenciando as razões lógicas do sistema doutrinário cristão, tanto sua coesão
interna bem como as evidências externas, levando-os à reflexão do Cristianismo
como única religião revelada. Tais evidências servem para convencê-los da
inutilidade de seu raciocínio materialista, da falácia de sua lógica humanista
e do logro de sua incredulidade, levando seus pensamentos cativos à obediência
de Cristo. A apologética pode ajudar a remover os obstáculos da fé e assim
ajudar os incrédulos a abraçar o evangelho. Certamente que nesta atividade o
próprio Espírito Santo está envolvido nos ajudando a empregar tais evidências
para o convencimento da proclamação do evangelho atraindo assim muitas almas
para Cristo.
a)Apologética negativa. Segundo sua concepção do assunto, na apologética
negativa, o objetivo principal é produzir respostas aos inúmeros desafios da fé
religiosa, ou seja, esta vertente apologética visa remover os obstáculos
enfrentados pela convicção de nossa crença. Nesta abordagem estratégica o
apologista recebeu argumentos ofensivos à sua convicção religiosa e, por
conseguinte, expõe argumentos defensivos.
b) Apologética positiva.Na apologética positiva, o apologista tem a
iniciativa e apresenta argumentos contundentes que amparam sua convicção
religiosa e conseqüentemente (às vezes até involuntariamente) se opõe às demais
convicções de fé. Nesta abordagem estratégica o apologista trabalha
demonstrando evidências que comprovam a sua crença e, ao contrário, da
abordagem negativa, não depende de um ponto doutrinário pré-estabelecido para
iniciar sua tarefa. Observamos, portanto, duas atitudes comportamentais
distintas, embora convergentes ao mesmo objetivo.[3]
Embasamento bíblico
Apologética não é uma opção deixada ao crente para que decida, sem
qualquer implicação, se quer ou não realizá-la. Igualmente, também não é uma
recente característica ou tendência da fé cristã contemporânea. Mais
propriamente, a apologética figura como um elemento essencial da Bíblia. Cerca
de 90% de todo o Novo Testamento foi escrito com finalidade apologética. Grande
parte das epístolas aludem a questões que perpassam à essa temática. Há vários
versículos no Novo Testamento que permitem um correto embasamento bíblico para
o ministério apologético. São eles:
“Antes santificai em vossos corações a Cristo como Senhor; e estai sempre
preparados para responder com mansidão e temor a todo aquele que vos pedir a
razão da esperança que há em vós” (I Pe. 3.15)
“…estes por amor, sabendo que fui posto para defesa do evangelho” (Fp.
1.16)
“Amados, enquanto eu empregava toda a diligência para escrever-vos acerca
da salvação que nos é comum, senti a necessidade de vos escrever, exortando-vos
a pelejar pela fé que de uma vez para sempre foi entregue aos santos” (Jd. 1.3)
“…retendo firme a palavra fiel, que é conforme a doutrina, para que seja
poderoso, tanto para exortar na sã doutrina como para convencer os
contradizentes” (Tt. 1.9)
Um Contraponto – O Testemunho Do Espírito Santo
Embora seja verdade que a apologética é indispensável a um ministério
cristão bem sucedido há, no entanto, de ser esclarecido que a apologética se
torna desnecessária para que a fé cristã seja garantida. Quanto a isso o
filósofo cristão Willian Craig nos adverte que:
Os argumentos e evidências apologéticas não são necessários para que a
crença cristã seja garantida para qualquer pessoa. A fé em Cristo pode ser
imediatamente fundamentada no testemunho interior do Espírito Santo (Rm.
8.14-16; 1 Jo. 2.27). Se o testemunho do Espírito Santo na vida de uma pessoa é
suficientemente poderoso (como deve ser), então isso irá simplesmente se
sobrepor à qualquer objeções dirigidas à crença Cristã, dessa forma removendo a
necessidade de apologética defensiva. Um crente não instruído o suficiente para
refutar argumentos anti-Cristãos está garantido em sua crença se baseando
apenas no testemunho interno do Espírito mesmo quando confrontado com tais
objeções não refutadas. Mesmo quando uma pessoa é confrontada com o que é, para
ela, objeções irrespondíveis ao teísmo Cristão ela ainda assim, devido à obra
do Espírito Santo, está dentro de seus direitos epistêmicos – digo mais, sob
obrigação epistêmica – de crer em Deus. Visto que crenças pautadas no
testemunho objetivo e verídico do Espírito são parte das invalidáveis
considerações da razão, a fé do crente é garantida mesmo se não tiver nenhuma
noção de argumentos apologéticos (como é o caso da maioria dos Cristãos hoje e
da história da Igreja).
Francis Schaeffer vai mais adiante e argumenta que a apologética não deve
ser usada como um conjunto de regras fixas e impessoais, mas que a explanação
da fé deve estar sujeita à direção do Espírito Santo e à consciência da
individualidade de cada pessoa.
Mas não se segue daí que a apologética Cristã seja, portanto, inútil ou
não tenha nenhum beneficio em garantir a fé Cristã.
O Dr. John Warwick Montgomery, apologeta cristão de grande proeminência,
destaca que a apologética não pode substituir a fé e muito menos suplantar a
ação do Espírito Santo, entretanto, ela atua como um instrumento indispensável
que elucida as verdades bíblicas, ajudando a preservá-las. Ao mesmo tempo em
que a Bíblia nos ordena a pregar a palavra a tempo e fora de tempo, também nos
ensina a redarguir, repreender e exortar com toda longanimidade e doutrina
(IITm 4.2). E por que devemos proceder assim? O versículo seguinte responde:
“Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos
ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências”
(IITm 4.3).
Tipos de Apologética
Há uma variedade de estilos e escolas de apologética Cristã. Os principais
tipos de apologética Cristã que abordaremos incluem: apologética
evidencialista, apologética pressuposicional, apologética clássica, apologética
histórica e apologética experimental. Fora estas ainda temos apologética
filosófica, apologética profética, apologética doutrinal, apologética bíblica,
apologética moral, e apologética científica. Vejamos as principais:
Apologética clássica – este tipo de abordagem trabalha com o principal
pressuposto teológico, isto é, a existência de Deus. É essa linha apologética
que vai explorar os argumentos comprobatórios da existência divina. Os
principais argumentos são:
a.) Cosmológico: uma vez que cada coisa existente no Universo, deve ter
uma causa, deve haver um Deus, que é a última causa de tudo.
b.) Teleológico: existe um objetivo, um propósito para a criação do
Universo e do ser humano.
c.) Ontológico: Deus é maior do que todos os seres concebidos porque
existe na mente do homem um conhecimento básico da existência de Deus. Os
teólogos que se destacaram como apologistas clássicos foram: Agostinho, Anselmo
de Cantuária e Tomás de Aquino.
Apologética evidencial – Como já podemos inferir do próprio nome, esta
linha apologética procura defender as doutrinas teológicas ressaltando as
evidências que as envolvem, tais como: a infalibilidade da Bíblia, a veracidade
da divindade de Cristo e sua ressurreição, entre outras. Um estudioso que
representa bem esta classe de apologistas em nossos dias é Josh McDowell, autor
do livro (um best seller) Evidências que exigem um veredicto.
Apologética histórica – Esta classe de apologética enfatiza as evidências
históricas. Seus representantes acreditam que a existência de Deus pode ser
provada com base apenas na evidência histórica, porém, isso não significa que
não utilizem outros argumentos. Geralmente, o fundamento deste tipo de
abordagem são os documentos do Novo Testamento e a confiabilidade de suas
testemunhas. Podemos encontrar teólogos expoentes da apologética histórica nos
primórdios da igreja, como Justino Mártir e Tertuliano.
Apologética experimental – Este tipo de apologética, geralmente, é
apresentada por fiéis que arrogam para si experiências religiosas pessoais e,
às vezes, exclusivas. Assim, alguns apologistas rejeitam este tipo de abordagem
por seu caráter excessivamente místico e alegam que tais experiências são
comprobatórias apenas para os que nelas crêem ou delas compartilham. Em suma, a
apologética experimental se apóia na experiência cristã como evidência do
cristianismo e está relacionada à teologia do leigo; ou seja, à teologia que
não é acadêmica, mas popular.
Um ponto negativo desta abordagem é que ela se apresenta de forma um tanto
quanto subjetiva. Ou seja, é difícil sentenciá-la como verdade ou fraude. O seu
ponto positivo, porém, é que a nossa crença precisa, de fato, ser vivida,
experimentada, do contrário não passará de teoria.
Apologética pressuposicional – Esta abordagem é chamada assim porque parte
de uma pressuposição para construir sua defesa… O pressuposicionalismo pode ser
assim classificado:
a.) Revelacional: todo o entendimento da verdade parte da pressuposição da
revelação de Deus e da legitimidade da Bíblia em expor esta revelação.
b.) Racional: a pressuposição básica gira em torno da coerência do
argumento. Se o cristianismo arroga para si a posição de única verdade, então
isso implica em dizer e provar que todos os demais sistemas são falsos.
c.) Prático: a pressuposição aqui é a de que somente as verdades cristãs
podem ser vividas.
Os teólogos que se destacaram como apologistas pressuposicionalistas
foram: Cornelius Van Till e John Carnell.
Dentro do contexto da Apologética Contemporânea e tendo em vista a
necessidade dos nossos jovens nas universidades, existem alguns argumentos e
evidências que são importantes a favor da existência de Deus. Vamos a eles.
Argumento Cosmológico – Deus provê a melhor explicação para a origem do
universo.
O argumento cosmológico vem em uma variedade de formas. Mas aqui iremos
abordar dois tipos, o argumento cosmológico da contingência e o argumento
cosmológico Kalam. O argumento cosmológico da contingência é simples e famoso e
é apresentado da seguinte forma: 1 – Tudo o que existe tem uma explicação de
sua existência, ou na necessidade de sua própria natureza ou em uma causa
externa; 2 – Se o universo tem uma explicação de sua própria existência, essa
explicação é Deus; 3 – O universo existe; 4 – Portanto, o universo tem uma
explicação de sua existência (de 1 e 3); 5 – Portanto, a explicação da
existência do universo é Deus (de 2 e 4). (CRAIG, 2010).
Considere a primeira premissa. De acordo com a premissa 1 existem dois
tipos de coisas: que existem necessariamente e coisas que são produzidas por
uma causa externa. Aquilo que existe necessariamente existem por sua própria
natureza. É impossível a elas não existir. Elas não são causadas por outra
coisa, elas existem necessariamente. Por contraste, as coisas que são trazidas
a existência por alguma coisa não existem necessariamente. Elas existem
contingencialmente. Elas existem porque algo as produziu. Objetos físicos,
pessoas, planetas e galáxias pertencem a esta categoria. A premissa 1 afirma
que todas as coisas que existem podem ser explicadas de uma dessas duas formas.
E a premissa 2? Embora a premissa 2 possa parecer um pouco controversa, o
que é realmente estranho para o ateu é que a premissa 2 é logicamente
equivalente a resposta típica do ateu ao argumento da contingência. Mas pense,
duas afirmações são logicamente equivalentes, se é impossível para uma ser
verdade e a outra falsa. Elas permanecem ou caem juntas. Os ateus sempre atacam
a premissa 2 da seguinte maneira: (A) Se o ateísmo é verdade, o universo não
tem nenhuma explicação de sua existência; (Porém, na explicação do ateísmo, o
universo é a realidade última e existe apenas como um fato bruto. Mas isso é
logicamente equivalente a dizer o que está a seguir) (B) Se o universo tem uma
explicação de sua existência, então o ateísmo é falso. Você não pode afirmar
(A) e negar (B). Mas (B) é virtualmente sinônimo com a premissa 2 (pode
comparar as duas). Então dizendo que, dado o ateísmo, o universo não tem
nenhuma explicação, o ateu está implicitamente admitindo a premissa 2: se o
universo tem uma explicação, então Deus existe. Somando a isso, pense sobre o
que o universo é: toda a realidade do espaço-tempo, incluindo toda a matéria e
energia. Segue-se que se o universo tem uma causa de sua existência, essa causa
deve ser um ser não físico, imaterial, além do espaço-tempo. Existem apenas
dois tipos de realidades que cabem nesta descrição: ou objetos abstratos como
números ou uma mente incorpórea, Deus. Esse argumento prova a existência do
Criador do universo que é não-causado, está fora do espaço, é atemporal, e
imaterial.
O argumento cosmológico Kalam baseado no inicio do universo é uma versão
diferente do argumento cosmológico. Este nome é dado em homenagem aos
pensadores mulçumanos medievais (Kalam é a palavra árabe para teologia). O
argumento ocorre assim: 1. Tudo o que passa a existir tem uma causa; 2. O
universo passou a existir; 3. Portanto, o universo tem uma causa. Mais uma vez
chegamos a conclusão de que o universo tem uma causa, então podemos analisar
que propriedades essa causa deve ter e atribuir o seu significado teológico. Novamente,
o argumento é logicamente rígido. Então a única questão é se as duas premissas
são mais plausíveis do que sua negação. A premissa 1 obviamente parece ser
verdadeira, pelo menos mais do que sua negação. Primeiro, ela está enraizada na
verdade necessária que algo não pode vir sem causa do nada. Dizer que algo pode
vir causado do nada é pior do que mágica. A segunda premissa pode ser apoiada
tanto por argumentos filosóficos quanto por evidência científica. O argumento
filosófico objetiva mostrar que não pode ter um regresso infinito dos eventos
passados. Em outras palavras, a série de eventos devem ser finitas e deve ter
tido um inicio. Alguns destes argumentos tentam mostrar que é impossível para
um número infinito de coisas existir; portanto, um número infinito de eventos
passados não pode existir. Outros tentam mostrar que uma série realmente
infinita de eventos passados nunca poderia decorrer; desde que a série de
eventos passados, obviamente decorridos, o número de eventos passados deve ser
finito. A evidência científica para a premissa 2 está baseada na expansão do
universo e nas propriedades termodinâmicas do universo. De acordo com o modelo
do Big Bang da origem do universo, o espaço físico e o tempo, junto com toda a
matéria e energia no universo passou a existir em um ponto no passado 13.7
bilhões de anos atrás.
O que faz o Big Bang tão maravilhoso é o que ele representa a origem do
universo literalmente do nada. Como o Físico P. C. W. Davies explica, “O
surgimento do universo, como discutido na ciência moderna…não é apenas uma
questão de impor algum tipo de organização…sobre um estado prévio incoerente,
mas literalmente o surgimento de todas as coisas físicas do nada”. Claro,
coomólogos propuseram teorias alternativas através dos anos tentando evitar
este inicio absoluto, entretanto nenhuma dessas teorias tem convencido a
comunidade científica como mais plausível do que a teoria do Big Bang. Por
exemplo, três astrofísicos famosos, Arvind Borde, Alan Guth, e Alexander
Vilenkin disseram em 2003 que qualquer universo que está em um estado cósmico
de expansão não pode ser eterno no passado, mas deve ter tido um começo
absoluto. Ninguém mais pode se esconder atrás da possibilidade de um universo
eterno, não há escapatória, eles tem que encarar o problema de um começo
cósmico, disse Vilenkin. Somando-se a evidência baseada na expansão do
universo, temos a evidência termodinâmica a favor do inicio do universo. A
Segunda Lei da Termodinâmica prevê que em um número finito de tempo o universo
entrará em atrito e se diluirá em um estado frio, negro e sem vida. Mas se o
universo existiu por um tempo infinito no passado o universo deveria estar
agora em uma condição desolada. Segue-se tão logicamente das duas premissas que
o universo tem uma causa. O proeminente filósofo ateu Daniel Dennett concorda
que o universo tem uma causa, mas ele acha que a causa do universo é o próprio
universo. Isso mesmo, ele acha que o universo criou a si mesmo! (CRAIG, 2010).
Outro astrofísico, Quentin Smith, disse que se o universo foi criado, foi
criado do nada, por nada e para nada! (CRAIG & SMITH, 2003). Então, quais
as propriedades que a causa do universo possui? Como a causa do espaço-tempo,
deve existir fora do tempo e do espaço. Esta causa transcendente deve ser
imutável e imaterial porque tudo o que é atemporal deve também ser imutável e
tudo o que é imutável deve ser não físico e imaterial desde que as coisas
materiais estão constantemente mudando em níveis molecular e atômico. Como a
primeira causa criou com planejamento e criou seres pessoais, ele deve ser uma
mente incorpórea. Todas estas características são relacionadas no Deus revelado
na Bíblia.
Dadas as evidências científicas que nós temos sobre o nosso universo e
suas origens, e reforçado por argumentos apresentados por filósofos por
séculos, é altamente provável que o universo teve um inicio absoluto. Desde que
o universo, como todas as demais coisas, não poderiam meramente passado a
existir sem uma causa, deve existir uma realidade transcendente além do tempo e
do espaço que trouxe o universo a existência. Esta entidade deve ser enormemente
poderosa. Somente uma mente transcendente e incorpórea se encaixa adequadamente
com esta descrição, como vimos acima. Para piorar a questão do Evolucionismo e
do Ateísmo como um todo, vamos analisar a cronologia das descobertas
científicas da Origem do Universo. Até 1917, os ateus pensavam que o Universo
era necessário e a matéria era eterna. Quais as implicações desses pensamentos?
Se isso fosse verdade, Deus não existe. Mas em 1917, Albert Einstein formulou a
sua famosa Teoria da Relatividade. Quais as implicações das descobertas de
Einstein? O universo teve origem em um passado finito. Implicações? Deus
existe! Ele descobriu o evento que os ateus denominaram de Big Bang. Vejamos
mais ou menos como foi:[4]
1 – 1917 – Einstein formula a Teoria da Relatividade; Mas ela precisava
ser confirmada por outras observações científicas. Por exemplo, para que o
universo tivesse sido criado, o Universo teria que estar em expansão. O flash
de luz de quando o universo surgiu deveria ser encontrado. Todas as estrelas e
galáxias deveriam poder ser rastreadas até o ponto de onde elas surgiram.
2 – 1919 – O Astrônomo inglês Arthur Eddington, um ateu, fazendo um
experimento durante um eclipse solar, confirma que a Teoria de Einstein era
verdadeira. Ele ficou tão frustrado com a descoberta, por causa das implicações
que disse: ―”Eu preferiria ter encontrado um verdadeiro buraco”.[5]
3 – 1927 – O Astrônomo holandês William de Sitter descobriu que o Universo
está em expansão;[6]
4 – 1929 – O próprio Albert Einstein vai até o Observatório no Monte
Wilson e vê pelo telescópio o universo em expansão. Ele ficou tão impactado com
essa observação que proferiu a sua famosa frase: ―”Quero saber como Deus criou
o universo”;
5 – 1965 – Os cientistas Arno Penzias e Robert Wilson dos laboratórios
Bell, fazendo um experimento, descobriram uma luz avermelhada sendo captada
pelas antenas. Eles subiram nos telhados, limparam os dejetos de pombos e
quando voltaram, aquele brilho avermelhado vinha de todos os lados do Universo.
Eles haviam “tropeçado” na maior descoberta científica do século 19. Eles
descobriram a luz de quando o Universo foi criado; Quando eles foram receber o
prêmio Nobel de Física, eles leram o Salmo 19.1.
6 – 1989 – A Nasa lança um satélite de 200 milhões de dólares, chamado de
COBE – Cosmic Background Explorer. Tentando rastrear a semente de cada estrela
e galáxia no universo.
7 – 1992 – George Smoot, líder da pesquisa com o COBE, divulgou as
descobertas do satélite. Ele disse que era possível rastrear cada estrela ou
galáxia até o ponto de onde eles surgiram. Ele ficou tão impactado com a
descoberta, que disse: ―Se você é religioso é como estar olhando para Deus […]
são marcas mecânicas da criação do universo ou impressões digitais do Criador.
Detalhe, George Smoot é ateu.
Um dos principais detalhes destas descobertas científicas era que antes
dessa criação, não existia exatamente nada. Nem tempo, espaço ou matéria. O que
diz o livro de Gênesis 1.1? ―No principio [tempo], criou Deus os céus [espaço]
e a terra [matéria].A evidência científica confirma o que a Bíblia já afirmava
a milhares de anos atrás.Como as coisas são engraçadas.
Argumento Teleológico – Deus provê a melhor explicação para o ajuste fino
do universo.
A física contemporânea tem estabelecido que o universo é milimetricamente
ajustado para a existência de vida interativa e inteligente. Ou seja, para que
vida inteligente e interativa exista, as constantes e as quantidades
fundamentais da natureza devem estar em uma faixa incompreensivelmente estreita
para permitir a vida. Existem três explicações rivais a este ajuste fino
extraordinário: necessidade física, acaso ou design. Os dois primeiros são
altamente implausíveis, dadas as constantes e quantidades fundamentais
independentes das leis da natureza e as manobras desesperadas necessárias para
salvar a hipótese do acaso. Isto deixa o design como a melhor explicação. David
Wood afirma que existem duas versões principais do Argumento do Design: (1) o
Argumento da Sintonia Fina, e (2) o Argumento da Complexidade Biológica. Os
Físicos estão bem conscientes do fato de que as constantes no nosso universo
parecem tão bem ajustadas para a vida. Se a força gravitacional, a força
nuclear fraca, a força nuclear forte e a força eletromagnética fossem alterados
mesmo levemente, os seres humanos não existiriam. Desde que não existe nenhuma
explicação naturalista em porque estes valores deveriam estar exatamente
corretos para a vida, a sintonia fina do cosmos fornece uma forte evidência de
um projeto inteligente. Um cosmos ajustado de maneira primorosa para a vida, no
entanto, não nos fornece a vida. Passos adicionais são requeridos para alcançar
células vivas, organismos multicelulares, ecossistemas completos e
especialmente seres conscientes, auto reflexivos. A complexidade de até mesmo o
mais básico organismo vivo (deixe somente a complexidade de vida mais avançada)
é evidência adicional de um projeto inteligente (apud DEMBSKI & LICONA,
2010, p. 41).
Craig afirmou, quando debateu com Flew em 1998, que durante os últimos
trinta anos os cientistas têm descoberto que a existência de vida inteligente
depende de um balanço delicado e complexo das condições iniciais dadas
unicamente no próprio Big Bang. Nós agora sabemos que universos onde a vida é
impossível são vastamente mais prováveis do que qualquer universo onde a vida é
possível, como o nosso. Qual é mais provável? Bem, a resposta é que as chances
de existência de um universo onde a vida é possível são tão infinitesimais
quanto incompreensíveis e incalculáveis (CRAIG, apud WALLACE 2003, p. 22).
Craig, quando debatia com Flew, também destacou sobre as constantes da física.
Os dados que ele trás são reveladores:
Por exemplo, Stephen Hawking estimou que se a taxa de expansão do
universo, um segundo após o Big Bang tivesse sido menoraté mesmo em uma parte
de cem mil milhões de milhões, o universo teria entrado em colapso dentro de
uma bola de fogo ardente.
P.C.W. Davies calculou que as probabilidades contra as condições iniciais
serem adequadas para a formação posterior das estrelas (sem as quais os
planetas não existiriam) é o número 1 seguido de um mil bilhões de bilhões de
zeros no mínimo.
Frank Tipler e John Barrow também estimaram que uma mudança na força da
gravidade ou na força fraca por apenas uma parte em 10100 teria impedido a
permissão da vida no universo.
Existem cerca de 50 quantidades e constantes como estas, presentes no Big
Bang que deveriam ser finamente sintonizadas para que a vida fosse possível no
universo. E não é somente cada quantidade que deve ser finamente ajustada. As proporções
delas ligadas umas com as outras também devem ser extraordinariamente ajustadas
(CRAIG, apud WALLACE 2003, p. 24).
Estes dados são incrivelmente relevantes e apontam, sem sombra de dúvidas,
para o Designer do Universo. Como afirmou o biólogo Jonathan Wells “Como todas
as outras teorias científicas, a evolução Darwiniana deve ser continuamente
comparada com a evidência. […] Se ela não se encaixa com a evidência, ela deve
ser reavaliada ou abandonada – do contrário isso não é ciência, mas mito” (STROBEL,
2004, p. 277.). Strobel escreveu, “Para abraçar o Darwinismo, a pessoa deve
crer que:
O nada produz tudo
A não vida produz vida
Aleatoriedade produz ajuste fino
Caos produz informação
Inconsciência produz consciência
Irracional produz a razão.
E ele arremata “Baseado nisto, eu fui forçado a concluir que o Darwinismo
requereria um salto cego de fé, coisa que eu não estava querendo fazer”
(STROBEL, 2004, p. 277).
Argumento Moral – Deus provê a melhor explicação dos valores e obrigações
morais objetivas
Mesmo os ateus reconhecem que algumas coisas, por exemplo, o Holocausto,
são objetivamente más. Mas, se o ateísmo é verdadeiro, que bases existem para a
objetividade dos valores morais que nós afirmamos? Evolução? Condicionamento
Social? Estes fatores podem, na melhor das hipóteses, produzir em nós
sentimentos subjetivos que existem valores e obrigações morais objetivas, mas
eles não fazem nada para prover a base para estes sentimentos. Se a evolução
humana tomou um caminho diferente, um conjunto de sentimentos morais muito
diferentes pode ter evoluído. Em contraste, o próprio Deus serve como o
paradigma de bondade e seus mandamentos constituem nossas obrigações morais.
Assim, o teísmo provê a melhor explicação das obrigações e valores morais
objetivos.
Se Deus não existe, então, valores morais objetivos não existem. Muitos
teístas e ateístas concordam semelhantemente nesse ponto. Por exemplo, Russel
observou:
A ética surge da pressão da comunidade sobre o individuo. O homem…nem
sempre sente instintivamente os princípios que são aplicados pelo seu grupo. O
grupo, ansioso que o individuo agisse em seu benefício, inventou vários
dispositivos para fazer os interesses do individuo alinharem-se com os do
grupo. Um desses…é a moralidade.
Michael Ruse, um filósofo da ciência na Universidade de Guelph, concorda.
Ele explica:
Moralidade é uma adaptação biológica, não menos do que as mãos, os pés e
os dentes…considerados como uma racionalidade justificável, um conjunto de
declarações sobre alguma coisa objetiva, [ética] é ilusória. Eu aprecio quando
alguém diz ‘ame seu próximo como a si mesmo’; eles acham que estão se referindo
sobre e além de si mesmos…não obstante,….tal referência é verdadeiramente sem
fundamento. Moralidade é apenas uma ajuda à sobrevivência e reprodução…e
qualquer significado mais profundo é ilusório…
Friedrich Nietzsche, o grande ateu do século dezenove que proclamou a
morte de Deus, entendeu que isso significava a destruição de todo o significado
e valor da vida. Eu acho que Friedrich Nietzsche estava certo. Mas nós temos
que ser muito cuidadosos aqui. A questão aqui não é: “Nós devemos crer em Deus
a fim de viver vidas morais?”. Eu não estou dizendo que nós devemos. Nem essa é
a questão: “Nós podemos reconhecer valores morais objetivos sem crer em Deus?”.
Eu acho que nós podemos. Ao invés, a questão é: “Se Deus não existe,
valores morais objetivos existem?”.Como Russell e Ruse, eu não vejo qualquer
razão para achar que na ausência de Deus, a moralidade do grupo, evoluída do
homo sapiens é objetiva. Depois de tudo, se não existe nenhum Deus, então, o
que há de tão especial nos seres humanos? Eles são somente subprodutos
acidentais da natureza, os quais evoluíram relativamente a pouco tempo a partir
de um grão de poeira infinitesimal, perdidos em algum lugar em um universo
hostil e sem sentido, e condenados a perecer coletivamente e individualmente em
um futuro relativamente próximo. Na visão ateísta, como vimos, algumas ações –
por exemplo, estupro – podem não ser socialmente vantajosas e então, no curso
do desenvolvimento humano, tornaram-se um tabu. Mas isso não prova
absolutamente nada no sentido de que o estupro é realmente errado. Na visão
ateísta, não há nada realmente errado no fato de você estuprar alguém. Assim,
sem Deus não existe nenhum certo ou errado absoluto que se impõe em nossa
consciência. Mas o problema é que valores morais absolutos existem e, no fundo,
eu acho que todos nós sabemos disso (WALLACE 2003).
Segundo alguns ateus famosos, aqui estão algumas conseqüências necessárias
do ateísmo.Deus não existe; não existe nada, apenas o mundo físico (Dan Barker
– Protestsignatthe Washington State Capital). Os seres humanos não são nada,
apenas máquinas que geraram o DNA (Richard Dawkins – The God Delusion). A
moralidade está baseada em um consenso dos seres humanos (Gordon Stein – “The
Great Debate: Does God Exist?”). Se isso é verdade, então seria impossível
considerar as coisas como absolutos morais, leis da lógica ou a dignidade
humana; três coisas que todos entendemos ser indisputáveis (CÓLON, 2010). Antes
de prosseguir, é bom destacar o que significa padrões objetivos de moralidade.
Craig, quando debateu com o ateu Stephen Law, trouxe uma definição do que
significa o termo, ele disse: “Por valores morais objetivos, eu quero dizer os
valores que são válidos e obrigatórios quer as pessoas creiam neles ou não.
Muitos teístas e ateus concordam que se Deus não existe, então, os valores e as
obrigações morais não são objetivas neste sentido” (CRAIG & LAW, 2011).
Considere o argumento seguinte fornecido por David Wood:
Se Deus não existe, valores morais objetivos não existem.
Valores morais objetivos existem.
Portanto, Deus existe. (apud DEMBSKI & LICONA, 2010, p. 41).
Uma das pessoas que defendia que os valores eram estabelecidos unicamente
pelo homem foi o filósofo humanista Paul Kurtz. Quando Craig debateu com ele
com o tema Is Goodness Without God Good Enough? [a tradução livre ficaria
assim: a bondade sem Deus é boa o suficiente?]. Paul Kurtz, apesar de ateu,
defende os valores morais a parte de Deus e defende uma singularidade especial
nos seres humanos também a parte de Deus, apesar de defender que o homem não é
nada! Craig percebeu a falha do argumento dele na sua fala:
Em um livro recente, ele [Kurtz] utilmente distingue três visões em resposta
a estas questões. O Teísmo mantém que os valores morais são fundamentados em
Deus. O Humanismo mantém que os valores morais são fundamentados nos seres
humanos. E o Nihilismo mantém que os valores morais não têm absolutamente
nenhum fundamento e, portanto são, por fim, ilusórios e não comprometedores.
Esta análise é instrutiva porque nos ajuda a ver que o Dr. Kurtz está engajado
em uma luta em dois fronts: de um lado contra o teísta e de outro lado contra o
niilista. Isto é importante porque nos ajuda a ver que o humanismo não é uma
posição sem concorrentes. Isto é, se o teísta está errado, isto não quer dizer
que o humanista está certo. Porque se Deus não existe, talvez o niilista esteja
certo. A fim de conduzir este caso, o Dr. Kurtz deve vencer a ambos, o teísta e
o niilista. Em particular, ele deve mostrar que na ausência de Deus, o niilismo
não seria verdade (CRAIG, apud KING & GARCIA, 2009, p. 29).
Ora, se Deus não existe não existem valores morais objetivos. Afirmar que
o homem criou regras não as torna objetivas. Afirmar que valores são produtos
da evolução para a preservação da espécie não torna os valores objetivos. Todos
os seres vivos tem mecanismos de defesa inatos que os leva a luta pela
sobrevivência, e isso também não torna os valores objetivos. Estes mecanismos
não tornam os valores no mundo animal objetivos. Se o ateu não aceita a
objetividade dos valores ele terá que abraçar o Niilismo. Vamos analisar o
problema do mal.
O Problema do Mal a Luz do Ateísmo
Stephen Evans descreve o Problema do Mal com as seguintes palavras:
“Dificuldade colocada pela existência do mal (tanto o mal moral e o mal
natural) em um mundo criado por um Deus que é ao mesmo tempo completamente bom
e todo-poderoso. Alguns ateus argumentam que, se tal Deus existisse, não
haveria mal, uma vez que Deus iria tanto querer eliminar o mal e seria capaz de
fazê-lo. Um argumento que o mal é logicamente incompatível com a realidade de
Deus constitui a forma lógica ou dedutiva do problema. Um argumento que o mal
faz a existência de Deus improvável ou menos provável é chamado de evidencial
ou forma probabilística do problema. As respostas para o problema incluem
teodicéias que tentam explicar por que Deus permite o mal, geralmente,
especificando um bem maior que o mal faz possível, e defesas, que argumentam
que é razoável acreditar que Deus é justificado em permitir o mal, mesmo se não
sabemos quais são suas razões” (2002, p. 42). Mas o ateu tem o direito de
reivindicar o problema do mal? O mal é incompatível com a existência de Deus?
Embora[7] seja comum pensar que apenas os teístas tem que explicar a
existência do mal, a verdade é que cada visão de mundo tem a mesma obrigação.
Religiões panteístas orientais tentam contornar o problema, negando que o mal
existe. O mal é uma ilusão, eles dizem (e de acordo com eles, você também!). Os
teístas dizem que mal é real e tentam explicar como o mal e Deus podem
coexistir. Os ateus tendem a ficar no meio. De um lado eles estão alegando que
não há bem, o mal ou a justiça, porque só as coisas materiais existem – nós
somos apenas máquinas moleculares materiais “dançando ao som da música” do
nosso DNA (como o próprio Dawkins colocou). Por outro lado eles estão
indignados com as grandes injustiças e o mal feito por pessoas religiosas em
nome de Deus [neste exemplo, os islâmicos].
Bem, os ateus não podem ter as duas coisas. Ou o mal existe ou não. Se ele
não existir, então os ateus devem parar de reclamar sobre as coisas “más” que
as pessoas religiosas têm feito, porque eles não têm realmente feito nada. Eles
estavam apenas “dançando ao som da música” de seu DNA. Afinal de contas, se o
ateísmo é verdadeiro, todos os comportamentos são apenas uma questão de
preferência. Por outro lado, se o mal realmente existe, então os ateus têm um
problema ainda maior. A existência do mal, na verdade, estabelece a existência
de Deus. Para explicar por que, precisamos voltar para Agostinho, que intrigado
com o seguinte argumento:
Deus criou todas as coisas.
O mal é uma coisa.
Portanto, Deus criou o mal.
Como poderia um Deus bom criar o mal? Se essas duas primeiras premissas
são verdadeiras, Ele criou, e este é um problema para Deus. Então, Deus não
deve ser bom afinal de tudo. Mas então Agostinho percebeu que a segunda
premissa não é verdadeira. Enquanto o mal é real, ele não é uma “coisa”. O mal
não existe por si só. Ele só existe como uma falta ou uma deficiência em uma
coisa boa.
O mal é como a ferrugem em um carro: Se você tirar toda a ferrugem do
carro, você tem um carro melhor; se você tirar o carro da ferrugem, você não
tem nada. Ou você poderia dizer que o mal é como um corte em seu dedo: Se tirar
o corte do seu dedo, você tem um dedo melhor; se você tirar o dedo do corte,
você não tem nada. Em outras palavras, o mal só faz sentido no contexto do bem.
É por isso que com frequência descrevemos o mal como negações de coisas boas.
Nós dizemos que alguém é imoral, injusto, desleal, desonesto, etc.
Nós poderíamos colocar desta forma: As sombras provam a luz do sol. Pode
haver sol sem sombras, mas não pode haver sombras sem luz do sol. Em outras
palavras, pode haver o bem sem o mal, mas não pode haver mal sem bem.
Assim, o mal não pode existir a menos que o bem exista. Mas o bem não pode
existir a menos que Deus exista. Em outras palavras, não pode haver nenhum mal
objetivo a não ser que haja o bem objetivo, e não pode haver nenhum bem
objetivo a não ser que Deus exista. Se o mal é real – como as notícias recentes
da França claramente revelam – então Deus existe. O melhor que o mal pode fazer
é mostrar que há um demônio lá fora, mas não pode refutar Deus.
C.S. Lewis era um ateu que pensava que o mal refutava Deus. Mais tarde,
ele percebeu que ele estava roubando de Deus, a fim de discutir com ele. Ele
escreveu: “[Como ateu] meu argumento contra Deus era que o universo parecia tão
cruel e injusto. Mas como eu tive essa ideia de justo e injusto? Um homem não
chama uma linha torta, a menos que ele tem alguma ideia de uma linha reta. Com
o que eu estava comparando este universo quando eu o chamei de injusto?”
(TUREK, 2014, p. 115). Ravi Zacharias chegou a mesma conclusão com a seguinte
lógica, quando conversava com um ateu:
Quando o senhor afirma que existe o mal, não está admitindo que existe o
bem? Quando o senhor aceita a existência da bondade, está declarando uma lei
moral com base na qual diferencia o bem do mal. Mas quando o senhor admite uma
lei moral, deve reconhecer que há um legislador moral. Isso, porém, o senhor
está tentando desaprovar, não provar. Pois, se não existe legislador moral, não
existe lei moral. Se não existe lei moral. Se não existe lei moral, não existe
o bem. Se não existe o bem, não existe o mal. Qual é então a sua pergunta?
(ZACHARIAS, 1997, p. 237).
Apesar de toda discussão em torno do problema do mal no mundo entre
cristãos e suas diferenças sobre o assunto, o ateu não pode ter razões
justificáveis de afirmar que a existência do mal é incompatível com a
existência de Deus. Não por algo dentro da doutrina cristã, mas pela própria
visão de mundo ateísta.
———————-
REFERÊNCIAS
CÓLON, Brian.
Atheism: A Falsified Hypothesis. Disponível em:
http://www.apologetics315.com/2010/04/essay-atheism-falsified-hypothesis-by.html,
acesso em 01/01/2015
CRAIG, William Lane. A Veracidade da Fé Cristã (H. U. Fuchs, trad.). São Paulo:
Edições Vida Nova, 2004.
CRAIG, William
Lane. The New Atheism and Five Arguments for God. 2010. Disponível em:
http://www.reasonablefaith.org/the-new-atheism-and-five-arguments-for-god#ixzz3QAelIaUc,
acesso: 28/01/2015
CRAIG, William
Lane; LAW, Stephen. Does God Exist? The Craig-Law debate (2011). Disponível em:
http://www.reasonablefaith.org/does-god-exist-the-craig-law-debate, acesso em
01/01/2015
CRAIG, William
Lane; SMITH, Quentin. Does God Exist?
Disponível em http://www.reasonablefaith.org/does-god-exist-the-craig-smith-debate-2003,
acesso em 01/01/2015
D’SOUZA, Dinesh. A Verdade sobre o Cristianismo: Por que a religião criada
por Jesus é moderna, fascinante e inquestionável; [tradução Valéria Lamim
Delgado Fernandes]. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2008
DEMBSKI, William A; LICONA, Michael R (Ed.). Evidence for
God: 50 Arguments for Faith from the Bible, History, Philosophy and Science.
Grand Rapids, MI: Baker Books, 2010.
EVANS, C.
Stephen. Pocket Dictionary of Apologetics & Philosophy of Religion. Downers Grove, IL: InterVarsity Press,
2002.
GEISLER, Norman L. Enciclopédia de Apologética (L. Noronha, trad.). São
Paulo: Editora Vida, 2002.
GEISLER, Norman
L; TUREK, Frank. Não Tenho Fé Suficiente
Para Ser Ateu (E. Justino, trad.). São Paulo: Editora Vida, 2006.
KING, Nathan
L.; GARCIA, Robert K. (Eds.). Is Goodness without God Good Enough?: A Debate on
Faith, Secularism, and Ethics. Lanham,
Maryland: Rowman & Littlefield Publishers, 2009
MARTINEZ, João Flávio. Curso de Apologética Aplicada. São Paulo: Centro
Apologético Cristão de Pesquisas, 2014.
STROBEL, Lee.
The Case For A Creator: A Journalist Investigates Scientific Evidence That
Points Toward God. Grand Rapids, Michigan: Zondervan, 2004
TUREK, Frank.
Stealing from God: Why atheists need God to make their case. Colorado Springs,
CO: NavPress, 2014
WALLACE, Stan W
(ed.). Does God Exist? The Craig-Flew Debate. Burlington, USA: Ashgate
Publishing, 2003
ZACHARIAS, Ravi. Pode o Homem Viver sem Deus? São Paulo: Mundo Cristão,
1997
Autor: Por Walson Sales
————————–
[1] Parte deste trecho da pesquisa sobre Apologética foi retirado e
adaptado do Curso de Apologética Aplicada ministrado pelo Pastor João Flávio
Martinez, Presidente do Centro Apologético Cristão de Pesquisas – CACP. Salvo
indicação em contrário demonstrado por citação.
[2] Nota importante: Apesar dos termos apologia e apologética serem
semanticamente similares são, entretanto, diferentes. Entendemos que o termo
apologética reporta a uma ciência da apologia. É a ciência que estabelece a
verdade do Cristianismo como uma religião absoluta.
[3] A apologética é um campo amplo e pode ser dividida em tipos. William
Lane Craig as apresenta como ofensiva (de afirmação) e defensiva (de negação) e
as subdivide em duas categorias: teologia natural e evidências cristãs. Que
envolve tais assuntos: argumento ontológico, cosmológico, teleológico e moral.
Ainda podem ser utilizados os seguintes argumentos: profecias bíblicas, as
afirmações radicais de Cristo sobre si mesmo e a credibilidade dos evangelhos
(2004, p. 15). Geisler as divide em 5 os tipos de sistemas apologéticos:
apologética clássica, evidencial, experimental, histórica e pressuposicional
(2002, p. 61-64).
[4]Todos os itens numerados foram retirados de Geisler&Turek (2006)
comentados e ampliados pelo autor.
[5] Mas depois, o grande astrônomo inglês, Arthur Eddington, declarou que
se o universo puder ser comparado a um relógio, o fato de que o tempo no
relógio está constantemente passando leva a conclusão de que houve um momento
em que se deu corda no relógio (apud D’SOUZA 2008, p. 139).Depois ele
finalmente admitiu a veracidade do Big Bang, reconheceu que “o começo parece
apresentar dificuldades insuperáveis a menos que concordemos em olhar para ele
como algo francamente sobrenatural” (Ibdem, p. 147).
[6] No final da década de 1920, o astrônomo Edwin Hubble, olhando do
telescópio de dois metros e meio do Observatório do Monte Wilson, na
Califórnia, observou através do redshift (em termos simples, o desvio para o
vermelho) da nebulosa distante que as galáxias estavam se afastando rapidamente
uma das outras. O número de estrelas envolvidas nessa dispersão galáctica
sugeria um universo espantosamente vasto, muito maior do que qualquer pessoa
havia imaginado. Algumas galáxias estavam a milhões de anos-luz de distancia
[…] Hubble notou que planetas e galáxias inteiras estavam se afastando uns dos
outros em velocidades fantásticas. Além disso, parecia que o próprio universo
estava ficando maior. O universo não estava se expandindo para o espaço de
fundo, porque o universo já contém todo o espaço que existe. Por incrível que
pareça, o próprio espaço estava se expandindo junto com o universo (D’SOUZA
2008, p. 140).
[7] A partir daqui citarei de forma parafrásica o livro do Frank Turek
(2014), ora denominado (TUREK 2014, p. 115) pela pujança e força no argumento,
salvo indicação em contrário mencionado por citação. fonte ICP.
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