SUBSIDIO(2) JUNIORES ESCATOLOGIA N.1
1 João
2.18-25,28.
I. O
CAMPO DA ESCATOLOGIA BÍBLICA
1. A
escatologia tem sua base na revelação divina. A Bíblia é a revelação da vontade
de Deus à humanidade. Inicialmente, Deus escolheu a semente de Abraão, ou seja,
o povo de Israel, para revelar a sua vontade. Mais tarde, Deus ampliou o campo
da sua revelação e formou um novo povo, a Igreja, constituída de judeus e
gentios (Ef 2.11-19). A partir de então, a Igreja é o alvo da revelação divina.
Toda a revelação aponta para o futuro e a Igreja caminha neste mundo com uma
esperança, pois é identificada como “peregrina e forasteira”, 1Pe 2.11. Ela
existe por causa da esperança (Rm 5.2; 8.24; Ef 4.4; 1Ts 4.13). A esperança
indica uma meta; traça planos para um futuro. O mundo pagão se fecha dentro de
um fatalismo histórico, sem expectativas, sem futuro, mas a Bíblia revela o
futuro.
2. A
escatologia pertence ao campo da profecia. A preocupação principal do estudo da
escatologia é interpretar os textos proféticos das Escrituras. As verdades
proféticas se tornam claras e definidas quando se tem o cuidado de
interpretá-las seguindo os princípios de interpretação, observando o seu
contexto histórico e doutrinário. O apóstolo Pedro teve o cuidado de explicar
essa questão quando escreveu: “E temos mui firme, a palavra dos profetas, à
qual bem fazeis em estar atentos, como a uma luz que alumia em lugar escuro,
até que o dia esclareça, e a estrela da alva apareça em vosso coração”, 2Pe
1.19. Na verdade, o apóstolo procura contrastar as ideias humanas com a palavra
da profecia escrita na Bíblia. Ele fortalece a origem divina das Escrituras e
da sua profecia. Não podemos duvidar nem admitir falha na Palavra de Deus. Ela
é inspirada pelo Espírito Santo (2Tm 3.16). A inerrância das Escrituras tem sua
base na infalibilidade da Palavra de Deus. Outrossim, o mesmo autor declara que
“nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação; porque a profecia
nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus
falaram inspirados pelo Espírito Santo”, 2Pe 1.20,21.
II.
MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO DA ESCATOLOGIA
Na
história da Igreja têm sido adotados vários métodos de interpretação no que
concerne às escrituras proféticas. Eles têm produzido explicações e posições
que obrigam os cristãos a serem cautelosos. Há idéias divergentes, por exemplo,
com respeito ao arrebatamento da Igreja. Alguns o admitem antes e outros crêem
que se dará no meio da Grande Tribulação. As teorias são várias, mas precisamos
ser definidos sobre o assunto. Para isso, dois métodos de interpretação devem
merecer a nossa atenção.
1. O
método alegórico ou figurado. Alguns teólogos definem a alegoria “como qualquer
declaração de fatos supostos que admite a interpretação literal, mas que
requer, também, uma interpretação moral ou figurada”. Quando interpretamos uma
profecia bíblica, sem atentarmos para o seu sentido real, figurado ou literal,
negamos o seu valor histórico, dando uma interpretação de somenos importância.
Corremos o risco de anular a revelação de Deus naquela profecia. Daí, as
palavras e os eventos proféticos perderem o significado para alguns cristãos.
Quando o
sentido de uma profecia é literal e se interpreta alegoricamente, se está, de
fato, pervertendo o verdadeiro sentido da Escrituras, com o pretexto de se
buscar um sentido mais profundo ou espiritual. Por exemplo, há os que
interpretam o Milênio alegoricamente. Não acreditam num Milênio literal. Por
esse modo, além de mutilarem o sentido real e literal da profecia, anulam a
esperança da Igreja.
Tenhamos
cuidado com interpretações feitas superficialmente ao bel-prazer das
especulações do intérprete, com idéias próprias ou ao que lhe parece razoável.
Declarações como: “eu penso que é isso”, “eu sinto que é isso”, são típicas de
interpretações vaidosas, irresponsáveis e vazias de temor a Deus. Portanto, o
método alegórico deve ser utilizado corretamente. Paulo utilizou-o em Gálatas
4.21-31. Ele tomou as figuras ilustradas no texto com fatos literais da antiga
dispensação, mas apresentou-os como sombras de eventos futuros.
2. O
método literal e textual. Esse é o método gramático-histórico. Isto é: se
preocupa em dar um sentido literal às palavras da profecia, interpretando-as
conforme o significado ordinário, de uso normal. A preocupação básica é
interpretar o texto sagrado consoante a natureza da inspiração da profecia. Uma
vez que cremos na inspiração plena das Escrituras através do Espírito Santo,
devemos atentar para o fato de que há textos que têm apenas um sentido
espiritual, sem que exija, obrigatoriamente, uma interpretação literal ou
figurada.
Ambos os
métodos são válidos, mas devem ser utilizados com cuidado e precisão. Há uma
perfeita relação entre as verdades literais e a linguagem figurada. Temos o
exemplo bíblico da apresentação de João Batista no texto de João 1.6, que diz:
“Houve um homem enviado de Deus, cujo nome era João”. Notemos que o texto está
falando literalmente de um homem, cujo nome, de fato, era João. Os termos
empregados referem-se literalmente a alguém fisicamente. Mais tarde, João
Batista, ao identificar Jesus, usou uma linguagem figurada, quando diz: “Eis aí
o Cordeiro de Deus”, Jo 1.29. Na verdade, Jesus era um homem real e literal,
mas João usou a forma figurada para denotar o sentido literal da pessoa de
Jesus.
III. A
PROFECIA NA PERSPECTIVA ESCATOLÓGICA
Não
entenderemos a profecia bíblica se a confundirmos com “o dom da profecia”. A
profecia bíblica tem um caráter inerrável, porque ela está nas Escrituras
inspiradas pelo Espírito Santo. A profecia, como dom do Espírito, tem a sua
importância no contexto da Igreja de Cristo na Terra, pois depende de quem a
transmite e, por isso, sujeita a erro e julgamento (1Co 14.29), e não pode ter
validade se a mesma choca-se com o ensino geral das Escrituras.
1. A
profecia cumprida e a futura. Para que a profecia bíblica tenha o crédito que
merece, devemos estudá-la no que concerne ao que já foi cumprido e, também,
referente ao futuro. Uma grande parte dos livros da Bíblia contém predições.
Quando estudamos as profecias cumpridas podemos enxergar o seu caráter divino,
e fazer distinção com as profecias não cumpridas. Jesus, em seu discurso aos
discípulos no aposento alto, falou do ministério do Espírito Santo após sua
ascensão aos céus, e disse: “Ele vos ensinará e vos anunciará as coisas que hão
de vir”, Jo 16.13.
2. A
profecia e o ministério da Palavra. Toda declaração bíblica sobre profecia é
tão crível quanto àquelas declarações históricas. Certo autor de teologia
declarou que “a história da raça humana é a história da comunicação de Deus com
o homem”. Deus mesmo recorre à sua Palavra, não como uma simples evidência da
verdade declarada, mas como a única forma pela qual nós podemos obter uma
perfeita e completa visão do propósito divino em relação à salvação. Por isso,
precisamos observar a história do passado, presente e futuro. Devemos ter
confiança de que assim como teve cumprimento a Palavra de Deus no passado e o
tem no presente, o mesmo acontecerá com as profecias relacionadas ao futuro.
As
Escrituras Sagradas apresentam um só sistema de verdade. Não importa o que
dizem as várias escolas de interpretação. Suas interpretações podem variar e
até estar equivocadas. E, nem a Bíblia se presta a dar apoio a qualquer sistema
de interpretação. O futuro é uma parte do plano de Deus, e só Ele conhece tudo
o que encerra a profecia. As opiniões humanas têm valor enquanto estiverem em
conformidade com as Escrituras.
Além de
ser um dos capítulos da dogmática cristã, ou seja, o estudo sistemático e
lógico das doutrinas concernentes às últimas coisas, há quatro outros tipos de
escatologia, segundo nos apresenta o Dicionário Teológico (CPAD):
“Escatologia
consistente. Termo nascido com Albert Schweitzer, segundo o qual as ações e a
doutrina de Cristo tinham um caráter essencialmente escatológico. Não resta
dúvida, pois, de que o Senhor Jesus haja se preocupado em ensinar aos
discípulos as doutrinas das últimas coisas. Todavia, sua preocupação básica era
a salvação do ser humano. Ele também jamais deixou de se referir à vida prática
e sofrida do homem.
Seus
ensinos, por conseguinte, não foram deformados por qualquer ênfase exagerada.
Nele, cada conselho de Deus teve o seu devido lugar”.
“Escatologia
idealista. Corrente doutrinária que relaciona a escatologia bíblica à verdades
infinitas. Os que defendem tal posicionamento, alegam que a doutrina das
últimas coisas não terá qualquer efeito prático sobre a história da humanidade.
Relegam-na, pois, à condição de mera utopia.
Mas, o
que dirão eles, por exemplo, acerca das profecias já cumpridas? Será que estas
não referendam as que estão por se cumprirem? Não nos esqueçamos, pois, ser a
profecia a essência da Bíblia. Se descrermos daquela, não poderemos crer
nesta”.
“Escatologia
individual. Estudo das últimas coisas que dizem respeito exclusivamente ao
indivíduo, tratando de sua morte, estado intermediário, ressurreição e destino
eterno. Neste contexto, nenhuma abordagem é feita, quer a Israel, quer a
Igreja”.
“Escatologia
realizada. Ponto de vista defendido por C. H. Dodd, segundo o qual as previsões
escatológicas das Sagradas Escrituras foram todas cumpridas nos tempos
bíblicos. Atualmente, portanto, já não nos resta nenhuma expectativa profética,
de acordo com o que ensina Dodd.
Gostaríamos,
porém, que ele nos respondesse as seguintes perguntas:
• A
Segunda vinda de Cristo já foi realizada?
• A
grande tribulação já é história?
• O
julgamento final já foi consumado?”.
A
escatologia tem profunda relação com a profecia. Não podemos evitar nem
negligenciar a profecia. Se trouxermos o estudo da Bíblia apenas para a esfera
presente, como trataremos das profecias que nos estimulam a vigiar acerca da
vinda de Cristo? Há um outro fator importante nessa relação entre a escatologia
e a profecia que é o seu cumprimento passado. São profecias que foram faladas
ou registradas bem antes dos eventos profetizados, principalmente, aquelas
relativas a Cristo. As profecias quanto à sua primeira vinda se tomaram
históricas pelo seu cumprimento literal (Is 7.14; Mq 5.2; Is 11.2; Zc 9.9; Sl
41.9; Zc 11.12; Sl 50.6; Sl 34.20; Is 53.4-6). Portanto, a relação da
escatologia com a profecia não é teórica, porque tem o testemunho das Escrituras.
Compreender
a linguagem da mensagem profética no estudo da escatologia é de fundamental
importância. Toda e qualquer declaração profética depende da linguagem.
Expressões simples do conhecimento humano foram usadas e inspiradas pelo
Espírito Santo aos profetas, para que, na apresentação da mensagem profética,
não houvesse confusão na sua compreensão. A linguagem da profecia bíblica é
singela e clara, mesmo quando ela vem em forma alegórica. Seu objetivo
primordial é apresentar as verdades divinas. Todo aquele que ministra a Bíblia
é chamado por Deus para declarar “todo o conselho de Deus” (At 20.27). Não há
como escapar da responsabilidade de conhecer e interpretar corretamente os
textos bíblicos proféticos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
PAZ DO SENHOR
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.