CRONOLÓGICO
Quando se trata da arqueologia e a
cronologia bíblicas
, sabemos que o texto bíblico fornece um esqueleto de informação
cronológica que pode ser formado juntando as partes a partir das fontes da HD e
de P. Afirma-se que Salomão iniciou a construção do templo 480 anos após o
êxodo (1Rs 6,1; HD). Uma data no período de 967 a 985 a.C, para a colocação da
pedra angular do templo, parece garantida. Contando regressivamente, chegamos a
uma data do século XV para a saída do Egito, ca. 1447-1438 a.C. Êxodo 12, 40
(P) declara que a estada no Egito totalizou 430 anos (Gn 15,13, a partir de E,
declara 400 anos), o que colocaria a descida de Jacó ao Egito no século XIX,
ca. 1877-1868 a.C. Quando se computam as notas cronológicas Sacerdotais
heterogêneas (Gn 47,9; 25,26; 21,5; 12,4) chegamos a uma data de ca. 2092-2083
para a partida de Abraão de Harã.
Que deveríamos deduzir desta cronologia? Para começar, é necessário
tomarmos, como valor nominal, as idades excessivamente altas dos antepassados
(§15.3.b). Igualmente, observa-se que os números dados no Pentateuco Samaritano
divergem daqueles do Texto Massorético. Mais seriamente, situar um êxodo no
século XV vai contra o quadro bíblico das condições políticas no Egito na época
e também deixa de explicar por que Israel era tão pouco notado em Canaã no
período de 1400-1250 a.C. Em relação com a segunda objeção, não pode ser demonstrado
que os descontentes apiru, mencionados nas cartas de Amarna (tábua 1: 3B) como
altamente ativos em 1425-1350, devam ser equiparados ao Israel dos livros de
Josué e Juízes.
Com respeito aos antepassados, simplesmente nada existe de específico nas
tradições bíblicas que possa relacioná-los com a história conhecida em ou em
volta de Canaã, no período entre 2092 e 1868, quando, de acordo com a
cronologia bíblica, os antepassados estiveram supostamente em Canaã. Há algumas
décadas, houve um surto de agitação quando o rei Amrafel de Senaar (Gn 14,1)
foi identificado com Hamurabi de Babilônia, entretanto esta equação não pôde
ser mantida. Além disso, a alta data então preferida para o reinado de Hamurabi
(1848-1806) foi posteriormente mudada em direção a um ou outro dos dois espaços
de tempo posteriores (1782-1750 ou 1728-1686). Da mesma maneira, a tentativa de
associar a ascensão de José ao serviço egípcio com a chegada dos hicsos
asiáticos ao Egito na última parte do século XVIII, não é persuasiva em motivos
gerais e, de qualquer maneira, fornece uma data para a descida ao Egito mais de
um século posterior ao período de 1877-1868, estabelecido pela cronologia
bíblica. Em resumo, a cronologia bíblica tradicional de HD e P não está
confirmada em qualquer pormenor e realmente contradiz a substância dos relatos
bíblicos, ao menos no tocante ao êxodo.
Na suposição de que alguns vestígios do modo de vida antigo refletido em
Gn 12-50 pudessem aparecer nos restos materiais de Canaã, invocou-se livremente
a arqueologia para argumentar a favor de um ou outro esquema para datar os
patriarcas. O Bronze Médio I (2100-1900 a.C, denominado também bronze
Médio-Bronze Primitivo Intermédios), despertou interesse em muitos estudiosos
como sendo a era patriarcal, por causa da cultura não-urbana agora ricamente
atestada. Este intervalo entre períodos de construção de cidades em Canaã,
admite-se que indique uma incursão de populações nômades presumivelmente
similares no modo de vida aos antepassados de Israel. Documentos contemporâneos
da recentemente escavada Ebla, na Síria setentrional, são agora alegados por
alguns a fim de reforçar a probabilidade de que o Bronze Médio I foi a
legendária era patriarcal.
O Bronze Médio II (1900-1550 a.C.) é a era patriarcal preferida para
outros especialistas bíblicos. Um santuário a céu aberto em Siquém, que remonta
a ca. de 1800 a.C, é associado ao culto patriarcal naquele lugar (Gn 33,18-20),
e afirma-se que o modo de residência de Abraão num povoado satélite de Hebron
equipara-se ao traçado da não amuralhada Givat Sharett perto de Bet-Sames (Gn
13,18). Além disso, defensores do Bronze Médio II opinam que um abaixamento da
era patriarcal em dois ou mais séculos coloca os antepassados numa relação
cronológica mais satisfatória com a data amplamente aceita do século XIII para
o êxodo.
Em conjunto, todavia, o apoio arqueológico de uma ou outra data a favor
dos antepassados tem-se revelado pouco convincente. Em primeiro lugar, a
evidência não sustenta constantemente qualquer esquema de datação. Nenhum dos
sítios patriarcais importantes de Bersabéia e Siquém fornece qualquer sinal de
ocupação no BM I; de fato, Bersabéia parece não ter sido edificada até ca.
1200. Segundo os textos bíblicos, a localização do primitivo lugar santo
israelita em Siquém não estava provavelmente dentro da cidade amuralhada, onde
a instalação do culto foi encontrada pelos escavadores. Além do mais, a maioria
da avaliação arqueológica recorreu a vasta superestimação do papel do nomadismo
pastoril no primitivo Israel, como também a suposições muito duvidosas a
respeito de como organização social nômade pastoril pode ser “interpretada”
como presente nos restos materiais (§24.2.a).
Talvez muito criticamente, a arqueologia foi obrigada a carregar mais de
um fardo do que ela pode possivelmente carregar ao chegar a conclusões
históricas. Somente quando elementos sólidos históricos puderem ser
estabelecidos nas sagas dos antepassados — através da prova histórica
independente ou através de estudos literários comparativos controlados que
demonstrem os pormenores históricos, pormenores que as sagas são propensas a
preservar — somente então será capaz a arqueologia de oferecer apoio ou
clarificação suplementares para esses elementos. Não logrando encontrar prova
das inscrições relevante para os antepassados, os restos materiais ambíguos da
arqueologia podem apenas associar-se aos dados ambíguos provindos das sagas
para produzir ambiguidades ainda mais complexas.
Na tentativa por correlacionar texto bíblico e arqueologia a fim de
situar historicamente os antepassados, a linha operante de raciocínio funciona
da seguinte maneira: se elementos a e b nas sagas se consideram como sendo
históricos, então elementos c e d provindos da arqueologia propendem a
confirmá-los. É esta, evidentemente, uma linha bem mais fraca de argumento do
que qualquer das seguintes alternativas: (1) porque elementos a e b nas sagas
sabe-se, independentemente, serem históricos, portanto o seu valor histórico é
elucidado ou estendido por elementos c e d a partir da arqueologia ou (2)
porque elementos c e d a partir da arqueologia são historicamente seguros (e.g.
prova das inscrições), portanto aos elementos de sagas idênticos c' e d' e/ou
aos elementos de sagas relacionados a e b atribui-se credibilidade histórica.
Até agora não é manifesto que possuamos, seja dados histórico-literários, seja
dados histórico-arqueológicos que nos possibilitem raciocinar com segurança em
um ou outro dos dois últimos processos.NOTAS Arqueologia Bíblica, Werner Keller
Os túmulos reais dos sumérios — Uma camada de lodo misteriosa — Vestígios
do dilúvio sob a areia do deserto — Uma inundação catastrófica por volta de
4000 a.C.
fonte biblicaarqueologia.blogspot.com
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