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segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Apologética inovações e modismos






“E puseram a arca de Deus em um carro novo e a levaram da casa de Abinadabe, que está em Ceba; e Uzá e Aio, filhos de Abinadabe, guiavam o carro novo” (2 Sm 6.3).

O mundo pós-moderno é pleno de inovações. Mas a Igreja de Cristo não precisa de novidades, e sim, de constante renovação no Espírito Santo.

O tema deste domingo é algo que estamos vivenciando, de maneira tímida em alguns lugares e de forma mais ousada em outros, não obstante, é necessário abordá-lo com embasamento bíblico. A igreja não pode viver de inovações e modismos, mas precisa ser alimentada pela verdadeira Palavra de Deus. Os modismos - como o próprio nome indica - vêm e passam, mas a Palavra do Senhor dura para sempre (Lc 21.33; Jo 6.68; 17.77; Fp 2.16).

Modismo: Aquilo que é transitório e está em moda, tendo, portanto, caráter passageiro.

Os modismos e desvios doutrinários constituem grandes desafios para a igreja destes últimos dias, por contrariarem os princípios doutrinários esposados nas Sagradas Escrituras. É dever de todo crente sincero e temente a Deus, preservar a sã doutrina.


INOVAÇÕES DOUTRINÁRIAS

1. O restauracionismo. Trata-se de uma inovação teológica que procura adaptar, aos dias atuais, os ensinos, ritos e costumes do antigo concerto entre Deus e Israel. É o velho fermento dos fariseus e judaizantes (Mt 16.11; 1 Co 5.6,7; Cl 5.9). Eis os seus principais ensinos:

a) A guarda do sábado. Certos “mestres” ensinam que os cristãos devem guardar o sábado. Essa prática é uma forma de retorno ao judaísmo. A guarda do sábado é um “concerto perpétuo” somente para Israel (Êx 31.14-17; Lv 23.31,32; Ez 20.12,13,20). Lembremos que Paulo exortou os crentes da Galácia sobre o perigo das práticas judaizantes na igreja (Gl 1.6-9; 3.1-3).

b) O ritual da circuncisão. Em Atos dos Apóstolos, lemos que os cristãos judeus tentaram coagir os cristãos gentios a circuncidarem-se, conforme a lei de Moisés. Segundo diziam, a salvação dependia, exclusivamente, desse ato litúrgico (At 15.1). Condicionavam a salvação em Cristo à observação dos rituais mosaicos, considerados nulos pelo Novo Testamento (Hb 8.13; 9.15-17; cf. Mt 9.16,17).

Na Nova Aliança, não há nenhuma necessidade de os crentes circuncidarem-se para serem salvos. A salvação é dada aos homens gratuitamente, por meio da fé na graça redentora de Jesus Cristo. Vejamos o que a Bíblia ensina sobre a circuncisão em Rm 2.28,29; 1Co 7.18,19; Cl 5.6; 6.15.

c) Festas de Israel. Certas igrejas são ensinadas a celebrar as festas dos Tabernáculos (Lv 23.34; Dt 16.13), da Colheita (Êx 23.16; 34.22) e da Páscoa. Tais celebrações, juntamente com outras quatro mencionadas na Bíblia, eram consideradas sagradas e específicas do povo judeu.

A igreja não precisa festejar a páscoa judaica, uma vez que Cristo é a nossa páscoa (1 Co 5.7). Ela deve, sim, celebrar a Ceia do Senhor, que é uma festa genuinamente cristã, e que comemora o Novo Pacto inaugurado com o sangue de Jesus (1 Co 11.20,25; At 2.42).

2. O evangelho da prosperidade material. Os adeptos deste ensino acreditam que todo crente deve ser rico e jamais adoecer. Caso contrário, o cristão está em pecado ou não tem fé. Vejamos alguns desses ensinos:

a) Autoridade espiritual. Essa falsa doutrina afirma que o crente tem autoridade espiritual porque é a própria encarnação de Deus, assim como Jesus o foi. Os proponentes desse ensino chegam ao absurdo de dizer que o cristão não tem um “deus” dentro dele, mas ele mesmo é “um Deus”. Todavia, aprendemos com a Bíblia que a autoridade que Deus concede a seus servos deriva-se de sua Palavra, e não daquilo que os homens ensinam à parte dela.

b) “Pobreza é maldição”. Assim como a riqueza nem sempre é uma bênção (Mc 19.23; Pv 30.9), pobreza não é maldição (Mt 26.11; Mc 14.7; Dt 15.11; Jo 12.8). Segundo as Escrituras, os que desejam ser ricos caem em tentação, laço e muitas concupiscências (1 Tm 6.6-10). Todavia, devemos ser ricos de boas obras (1 Tm 6.18,19), pois Deus escolheu os pobres deste mundo para serem ricos na fé e herdeiros do Reino (Tg 2.5).

c) Confissão positiva. Segundo os teólogos da prosperidade, se um crente disser que no prazo de um mês conseguirá um carro zero, isso terá de acontecer. Afirmam que para ser curado é só dizer que não aceita a doença. De acordo com essa falsa doutrina, o cristão nunca deve orar pedindo que se faça a vontade de Deus. No entanto, devemos seguir o exemplo de Jesus (Lc 22.42).

3. A verdadeira prosperidade. Não há problema em ser próspero. Na Bíblia, há várias promessas de prosperidade e saúde. Além disso, precisamos ter muito cuidado para não trocarmos a teologia da prosperidade pela teologia da pobreza. Ambas são nocivas à vida espiritual. Vejamos algumas formas de prosperidade mencionadas na Bíblia:

a) A prosperidade espiritual. A prosperidade espiritual deve vir em primeiro lugar (Sl 112.3; Sl 73.23-28). Entre outras preciosas bênçãos, inclui: a salvação em Cristo; o batismo no Espírito Santo; o nome escrito no Livro da Vida e a herança com Cristo (Rm 8.17; Ef 1.3).

b) Prosperidade em tudo. As bênçãos materiais prometidas a Israel no Antigo Testamento estavam condicionadas à obediência a Palavra de Deus (Dt 28.1-14), e não à “confissão positiva”. Da mesma forma, o Senhor tem prometido muitas bênçãos à Igreja, porém, todas elas dependem de nossa submissão às Sagradas Escrituras (Sl 1.1-3; Dt 29.29). Isso não significa, necessariamente, que o cristão enfermo e que passe por necessidades materiais seja infiel a Deus, pois a prosperidade não se restringe aos valores terrestres e passageiros, mas contempla principalmente os valores eternos (Sl 37.5; Pv 30.7-9).

O restauracionismo e o evangelho da prosperidade material são inovações perigosas que conduzem ao erro.

INOVAÇÕES E MODISMOS MINISTERIAIS

1. A síndrome do “carro novo” (2 Sm 6.1-3). Ao trazer a Arca do Senhor para Jerusalém, Davi não atentou para um detalhe importante: nada poderia ser modificado ou inovado em relação ao modo de lidar com aquele objeto sagrado. A despeito disso, a Arca foi colocada sobre um carro de bois em vez de ser conduzida nos ombros dos sacerdotes. Por que essa atitude, aparentemente normal, não teve a aprovação de Deus?

a) A Arca fora conduzida por pessoas não autorizadas. Os que transportavam a Arca do Senhor não eram divinamente chamados para esse ofício (Nm 1.47-52; 4.1-49). Eleazar, filho de Abinadabe, é que havia sido separado para esse ministério (1 Sm 7.1b).

b) A Arca fora conduzida de forma errada. De acordo com a orientação divina, a Arca deveria ser transportada pelos levitas (Êx 25.14; Dt 31.25; Js 3.3), e não por meio de carros puxados por bois. Aquele carro de bois não deveria fazer parte do cortejo sagrado (2 Sm6.6,7).

2. O ministério modernizado. Hoje, em muitos lugares, há aqueles que pregam o evangelho, utilizando-se de “carros de bois”, inserindo inovações e modismos contrários aos ensinos da Palavra de Deus. Tais pessoas têm até boas intenções. Todavia, o que elas realmente desejam é adequar o evangelho à cultura secular. Às vezes, não percebem que estão misturando o sagrado com o profano.

Devemos obedecer aos mandamentos das Escrituras de modo irrestrito, sem as muletas da inovação e dos modismos.

O episódio da transferência da Arca apresenta-nos duas advertências: o perigo de querer fazer as coisas sagradas conforme os modismos e o perigo da modernização ministerial.

INOVAÇÕES LITÚRGICAS

1. O evangelho do entretenimento. O evangelho de Cristo não é entretenimento carnal, mas o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê (Rm 1.16). O “evangelho do entretenimento” exalta o homem e não a Deus. Prega-se o evangelho, mas sem as suas exigências; ensina a graça, mas sem a cruz de Cristo (Sl 93.5).

2. A liturgia no culto a Deus. Através dos salmos de adoração a Deus aprendemos que a liturgia deve ser reverente e santa. Assevera-nos o salmista: "Adorai ao Senhor na beleza da santidade; tremei diante dele todos os moradores da terra" (Sl 96.9; 1 Cr 16.29; Sl 29.2).

O culto deve ser oferecido a Deus de modo santo, reverente e consciente. Não é para o entretenimento do homem, mas para adorar ao Senhor.

CONCLUINDO

É necessário discernir em que direção estamos caminhando. A Bíblia fala de dois caminhos, o da bênção e o da maldição (Dt 11.26), e de duas portas, a estreita e a larga (Mt 7.13). Cuidado com as inovações, pois o que a Igreja de Cristo realmente necessita é de uma constante renovação no poder do Espírito Santo.

“Vento de Doutrinas. Muitas doutrinas e práticas, em nossos dias, têm surgido depois de ‘divinas’ visões e revelações, supostos arrebatamentos ao céu ou ao inferno - individuais ou em grupo -, ‘quedas de poder’, contatos com anjos ou espíritos, além de outras experiências no mínimo estranhas.

Há crentes hoje sendo ‘levados em roda por todo vento de doutrina’, porque não aprenderam a guardar a Palavra de Deus acima de tudo (Ef 4.14). Em Marcos 16.17, está escrito: ‘E estes sinais seguirão aos que crerem’. Porém, muitos têm agido como se Jesus tivesse dito: ‘E estes que crerem seguirão aos sinais’. Mas Paulo ensinou, em suas epístolas, que não devemos ir além do que está escrito (1 Co 4.6)”.
(ZIBORDI, C. S. Evangelhos que Paulo jamais pregaria. RJ: CPAD, 2006. p.25.)

O ser humano tem a propensão de aceitar toda e qualquer inovação. Tudo que foge a normalidade - uma vez que não nos tire de nossa zona de conforto parece exercer atração irrestrita. Infelizmente, até mesmo a Palavra de Deus é vilipendiada pela comunidade cristã que, ávida por mudanças, acaba reproduzindo a dinâmica da sociedade consumista, anticristã e ateísta.

Sejamos, porém, como os crentes de Beréia, recebendo a Palavra de Deus de boa vontade, mas sem deixar de ser criteriosos (At 17.11). Pois, alguns sem conhecimento e outros de forma premeditada a torcem, reservando para si a perdição (2 Pe 3.16).
 Bibliografia E. R. de Lima

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