Terra de UR
Na Bíblia: (Gn 11.28,31; 15,7 / Ne 9.7).
Terra de
UR
Na Bíblia: (Gn 11.28,31; 15.7
/ Ne 9.7).
Ur (em sumério: Urim; cuneiforme
sumério: URIM2KI ou URIM5KI; acádio: Uru] ) foi uma importante cidade-estado na
antiga Suméria, localizada nas proximidades da atual cidade de Tell
el-Muqayyar, na província de Dhi Qar do Iraque. Embora na Antiguidade fosse uma
cidade litorânea, situada na foz do rio Eufrates, no Golfo Pérsico, atualmente
situa-se no interior do país, ao sul da margem direita do Eufrates, a 16
quilômetros de Nassíria.
O padroeiro da cidade era Nanna, a
divindade lunar suméria, e o nome da cidade deriva, em sua origem, do nome do
deus, URIM2KI, grafia clássica suméria de LAK-32.UNUGKI, literalmente "a
morada (UNUG) de Nanna (LAK-32)".
O sítio arqueológico de Ur
caracteriza-se pelas ruínas do Grande Zigurate de Ur, que continha o santuário
de Nanna, escavado na década de 1930. O templo foi construído no século XXI
a.C. (cronologia curta), durante o reinado de Ur-Nammu, e foi reconstruído no
século VI a.C. por Nabonido. As ruínas abrangem uma área de 1 200 metros de
noroeste a sudeste e 800 metros de nordeste a sudoeste, e se elevavam a 20
metros acima do nível atual da planície local.
De acordo com o livro bíblico de
Génesis, foi a terra natal de Abraão, patriarca dos hebreus, considerada também
a maior cidade de sua época. Em sua peregrinação, Abraão sai de Ur e vai para
Harã e de lá para Canaã; nessa época muitos clãs migravam para a região
conhecida como Crescente Fértil.
Índice
1 História
1.1 História
antiga
1.1.1 Pré-história
1.1.2 Terceiro
milênio a.C. (Idade do Bronze inicial)
1.2 Idade
do Bronze Tardia
1.3 Idade
do Ferro
2 Ur
bíblica
2.1 Ur
na tradição islâmica
3 Arqueologia
3.1 Restos
arqueológicos
4 Descobertas
4.1 A
Ur dos caldeus
História
História antiga
Pré-história
Os arqueólogos descobriram evidências
de uma ocupação antiga de Ur durante o período de Ubaid. Estes primeiros níveis
foram selados por um depósito estéril, interpretado como evidência do Dilúvio
Universal mencionado na Bíblia pelos responsáveis pela escavação na década de
1920. Atualmente sabe-se que a planície do sul da Mesopotâmia estava exposta a
enchentes regulares tanto do Eufrates quanto do Tigre, e com forte presença de
erosões causadas pelo vento e pela água. A ocupação sistemática de Ur apenas se
torna clara durante sua emergência no terceiro milênio a.C. (embora ela já
fosse um centro urbano em desenvolvimento durante o quarto milênio). O terceiro
milênio a.C. costuma ser descrito como o início da Idade do Bronze na
Mesopotâmia, que termina aproximadamente após o fim da Terceira dinastia de Ur.
Terceiro milênio a.C. (Idade do Bronze
inicial)
Mesopotâmia no terceiro milênio a.C.
Existem duas principais fontes que os
acadêmicos utilizam para determinar a importância de Ur durante o início da
Idade do Bronze. A primeira é o grande corpus de documentos cuneiformes, a
maioria do império da chamada Terceira Dinastia de Ur, no fim do milênio. À
época, este foi o Estado burocrático mais centralizado que o mundo conheceu. A
respeito dos séculos anteriores, a Lista de Reis Sumérios apresenta, com alguma
incertidão, uma história política da antiga Suméria.
A segunda fonte de informação é o
trabalho arqueológico realizado no Iraque moderno. Embora os primeiros séculos
(primeira metade do terceiro milênio, e antes) ainda sejam pouco compreendidos,
as descobertas arqueológicas mostraram de maneira inequívoca que Ur era um
importante centro urbano da planície Mesopotâmica. Em especial a descoberta das
Tumbas Reais confirmaram este esplendor; estas tumbas, que datam ao período
Dinástico Antigo IIIa (aproximadamente século XXV ou XXIV a.C.), continham
quantidades enormes de itens luxuosos, feitos de metais preciosos e pedras
semipreciosas, que importados de locais distantes (nos atuais Irã, Afeganistão,
Paquistão, Turquia, e nações do golfo Pérsico).[6] Esta riqueza, até então sem
precedentes, é testemunho da importância econômica de Ur durante o início da
Idade do Bronze.
Estudos arqueológicos da região também
contribuíram enormemente à nossa compreensão do cenário e das interações de
longa distância que foram realizadas durante este período arcaico. Sabe-se que
Ur era o porto mais importante do golfo Pérsico, que se estendia mais para o
interior do que nos dias de hoje. Toda a riqueza que chegava pelo mar à
Mesopotâmia passava por Ur.
Até agora as evidências dos períodos
mais antigos do início da Idade do Bronze são muito limitadas. Que Ur já era
então um centro urbano importante parece ser indicado por um tipo de selo cilíndrico,
os chamados Selos das Cidades. Estes selos contêm um grupo de sinais
proto-cuneiformes que parecem ser insicrições ou símbolos representando o nome
de cidades-estados da Suméria antiga. Muitos destes selos foram encontrados em
Ur, e o nome de Ur aparece com destaque neles.
Império da Terceira
Dinastia de Ur
A terceira dinastia teve seu início
quando o rei Ur-Nammu assumiu o poder, governando entre cerca de 2 047 a.C. e 2
030 a.C. Durante seu governo diversos templos, incluindo o zigurate, foram
construídos, e a agricultura foi aperfeiçoada através da irrigação. Seu código
de leis, o Código de Ur-Nammu (um de seus fragmentos foi identificado em
Istambul, em 1952) é um dos documentos mais antigos do gênero, antecedendo o
Código de Hamurabi em pelo menos 300 anos. Tanto Ur-Nammu quanto seu sucessor,
Shulgi, foram deificados ainda durante seus reinados, e após sua morte Ur-Nammu
continuou a ser considerado uma figura heróica: uma das obras da literatura
suméria que chegaram até os dias de hoje descreve a sua morte, e sua jornada
até o mundo inferior. Neste período, as casas da cidade eram villas de dois
andares e 13 ou 14 dormitórios, com paredes interiores revestidas de gesso.
Ur-Nammu foi sucedido por Shulgi, maior
rei da Terceira Dinastia de Ur, que solidificou a hegemonia de Ur e transformou
o império num Estado burocrático altamente centralizado. Shulgi governou por
muito tempo (pelo menos 42 anos), e se deificou no meio de seu reinado.[carece
de fontes]
O império de Ur continuou pelos
reinados de três outros monarcas, Amar-Sin, Shu-Sin e Ibbi-Sin. Caiu para os
elamitas por volta de 1 940 a.C., durante o 24.º ano real de Ibbi-Sin, um
evento celebrado pelo Lamento de Ur.
De acordo com uma estimativa, Ur foi a
maior cidade do mundo de 2030 a 1 980 a.C.; sua população era de
aproximadamente 65 000
pessoas.Idade do Bronze Tardia
A cidade de Ur perdeu sua força
política após o fim da Terceira Dinastia de Ur. Ainda assim, sua posição
geográfica importante no acesso ao golfo Pérsico assegurou a importância
econômica da cidade durante o segundo milênio a.C. O esplendor da cidade, a
potência do império, a grandeza do rei Shulgi, e, indubitavelmente, a
propaganda estatal eficiente perduraram por toda a história mesopotâmica. Shulgi
foi uma figura histórica conhecida durante os dois mil anos seguintes, e as
narrativas históricas das sociedades mesopotâmicas conservaram nomes, eventos e
mitologias em sua memória.
Idade do Ferro
Durante o século VI a.C. foram
realizadas novas edificações em Ur, sob o governo de Nabucodonosor II da
Babilónia. O último rei babilônio, Nabonido, fez melhorias no zigurate. A
cidade, no entanto, entrou em declínio por volta de 550 a.C. e deixou de ser
habitada após 500 a.C., talvez devido a uma seca causada pela mudança no
traçado de alguns rios, e ao assoreamento da saída para o golfo Pérsico.
Ur bíblica
Ur é considerada por muitos estudiosos
como sendo a cidade de Ur Kasdim mencionada no Livro do Gênesis (hebraico
bíblico: em hebraico: אוּר), terra natal do patriarca Abraão (Ibrahim, em
árabe), que teria nascido, de acordo com a tradição, no segundo milênio a.C.
Ur é mencionada quatro vezes na Torá e
no Antigo Testamento, com a distinção de "dos Kasdim/Kasdin" -
tradicionalmente traduzidos como "Ur dos Caldeus". Os caldeus já
habitavam a região por volta de 850 a.C., e seu nome é mencionado em Gênesis
11:28, 11:31, 15:7. No Livro de Neemias (9:7), uma passagem que menciona Ur é
parafraseada do Gênesis.
O Livro dos Jubileus afirma que Ur
teria sido fundada em 1688 Anno Mundi, por 'Ur, filho de Kesed', supostamente
descendente de Arfaxade, acrescentando que naquele mesmo ano as primeiras
guerras teriam sido travadas na Terra.
"E 'Ur, o filho de Kesed,
construiu a cidade de 'Ara dos Caldeus, e deu a ela este nome em homenagem a
seu próprio nome e ao nome de seu pai. [Kasdim]" (Jubileus 11:3).
Ur na tradição islâmica
De acordo com os textos islâmicos, o
profeta Ibrahim (Abraão) teria sido arremessado ao fogo em Ur. Nesta história,
este fogo de Nimrod teria sido transformado em água, o que salvou a vida de
Ibrahim. Embora o Corão não mencione o nome do rei, estudiosos muçulmanos
descreveram Nimrod como sendo o rei com base nas fontes judaicas, especialmente
o Livro de Jasher (11:1 and 12:6).[15]
Arqueologia
Escavações arqueológicas em Tell
el-Mukayyar, Iraque.
Em 1625, o sítio foi visitado por
Pietro della Valle, que registrou a presença de tijolos antigos inscritos com
símbolos estranhos, e cimentados com bitume, bem como peças, igualmente
inscritas, de mármore negro, que pareciam ser selos.O sítio foi escavado pela
primeira vez em 1853 e 1854, por John George Taylor, vice-cônsul britânico em
Basra de 1851-1859.
Taylor trabalhava para o Museu
Britânico, tendo recebido instruções para fazê-lo do Foreign Office. Durante as
escavações, encontrou nos quatro cantos do topo do zigurate cilindros de argila
que traziam uma inscrição de Nabonido (Nabuna`id), último rei da Babilônia (539
a.C.), encerrada com uma oração para seu filho, Belshar-uzur (Bel-ŝarra-Uzur),
o Belshazar do Livro de Daniel. Foram encontradas evidências de restaurações
anteriores do zigurate, feitas por Ishme-Dagan, de Isin, e Shu-Sin, de Ur, e
por Kurigalzu, um rei cassita da Babilônia do século XIV a.C. Nabucodonosor
também alegou ter reconstruído o templo. Taylor escavou também um edifício
babilônico interessante, a pouca distância do templo, que fazia parte de uma
antiga necrópole babilônia. Por toda a cidade Taylor encontrou vestígios
abundantes de enterros realizados em períodos posteriores; aparentemente, por
ser considerada um local santificado, Ur havia se tornado um local favorito
para sepulcros, e passou a ser usada como necrópole após ter deixado de ser
habitada.
Como de costume na época, suas
escavações destruíram informações valiosas e deixaram o monte exposto. Nativos
passaram a utilizar os tijolos de 4000 anos de idade, agora soltos, para suas
próprias construções, durante os 75 anos seguintes em que o sítio permaneceu
abandonado. Após Taylor, o sítio foi visitado por diversos viajantes, dos quais
quase todos encontraram antigos restos babilônicos e pedras com inscrições e
objetos históricos semelhantes expostos na superfície; era considerado um local
rico em achados e relativamente fácil de ser explorado. Após algumas sondagens
feitas em 1918 por Reginald Campbell Thompson, H. R. Hill escavou o sítio por
uma temporada para o Museu Britânico, no ano seguinte, criando as fundações
para os esforços mais extensivos que se seguiram.
As escavações de 1922 a 1934 foram
bancadas pelo Museu Britânico e pela Universidade da Pensilvânia, e lideradas
pelo arqueólogo Charles Leonard Woolley. Um total de cerca de 1850 sepulcros
foram encontrados, incluindo 16 que foram descritos como "tumbas
reais", que continham inúmeros artefatos valiosos, incluindo o Estandarte
de Ur. A maior parte destas tumbas reais datava de por volta de 2 600 a.C.
Entre as descobertas estava a sepultura intocada de uma rainha que acreditou-se
ser Puabi — o nome foi conhecido a partir de um selo cilíndrico encontrado na
tumba, embora ela também contivesse dois outros selos distintos. Muitas outras
pessoas foram sepultadas com a rainha, numa forma de sacrifício humano.
Próximo ao zigurate foi descoberto o templo
E-nun-mah, e os edifícios E-dub-lal-mah (construído para um rei), E-gi-par
(residência da alta sacerdotisa), e E-hur-sag (edifício de um templo). Fora da
região do templo, muitas residências utilizadas para tarefas cotidianas foram
encontradas. Também foram realizadas escavações abaixo da camada que continha
as tumbas reais; uma camada espessa, de 3,5 metros de argila aluvial cobria os
restos das habitações mais antigas, juntamente com peças de cerâmica do período
Ubaida, primeiro estágio de colonização do sul da Mesopotâmia. Woolley escreveu
posteriormente diversos artigos e livros sobre suas descobertas.[26] Um de seus
assistentes nas escavações do sítio foi o arqueólogo Max Mallowan. As
descobertas feitas em Ur ocuparam as manchetes da imprensa de todo o mundo após
as descobertas das Tumbas Reais, o que trouxe ao local muitos visitantes; um
destes foi a célebre escritora Agatha Christie, que após a visita acabou por se
casar com Mallowan.
A maior parte dos objetos escavados em
Ur estão atualmente no Museu Britânico e no Museu de Arqueologia e Antropologia
da Universidade da Pensilvânia. Neste último a exibição "Passado Antigo do
Iraque" foi aberta a visitantes no fim da primavera de 2011, trazendo
muitas das principais peças encontradas nas Tumbas Reais.
Em 2009 foi assinado um acordo de
cooperação entre uma equipe da Universidade da Pensilvânia e estudiosos locais
do Iraque para dar continuidade ao trabalho arqueológico no sítio de Ur.
Restos arqueológicos
Embora algumas das áreas que foram exploradas
durante as escavações modernas tenham sido cobertas novamente por areia, o
Grande Zigurate está totalmente escavado, e continua a ser o marco mais visível
e bem-preservado no sítio.[29] As célebres sepulturas reais, também conhecidas
como Mausoléus Neo-Sumérios, localizam-se a cerca de 250 metros a sudeste do
Grande Zigurate, num canto da muralha que cerca a cidade, e estão também
totalmente escavadas. Partes da área das sepulturas parecem precisar de obras
de consolidação ou estabilização estrutural.
Existem inscrições cuneiformes
(sumérias) em diversas paredes; algumas estão totalmente cobertas por
inscrições feitas em tijolos de argila. O texto por vezes é difícil de ser
lido, porém cobre a maior parte das superfícies existentes. Grafitos modernos
também acabaram sendo feitos nas sepulturas, especialmente na forma de
assinaturas feitas com canetas coloridas (por vezes estes grafitos foram
inscritos). O Grande Zigurate, por sua vez, está muito mais coberto por
grafitos, em sua maior parte gravados levemente em seus tijolos. As sepulturas
estão totalmente vazias; algumas delas são acessíveis, enquanto a maioria está
isolada para o público. Todo o sítio está coberto por restos de cerâmica, de
tal modo que é virtualmente impossível colocar os pés em qualquer lugar sem
pisar sobre estes restos. Muitas destas cerâmicas estão cobertas por cores e
pinturas. Muitos restos de cerâmica e até mesmo restos humanos compõem muitas
das paredes da área das tumbas reais; especula-se se isto seria uma técnica
antiga ou parte de uma restauração moderna.
Em maio de 2009 o Exército dos Estados
Unidos retornou oficialmente o sítio de Ur às autoridades iraquianas, que
declararam esperar desenvolvê-lo e transformá-lo num destino turístico.[30]
Descobertas
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de 2012). Por favor, adicione referências e insira-as corretamente no texto ou
no rodapé. Conteúdo sem fontes poderá ser removido.
—Encontre fontes: Google (notícias,
livros e acadêmico)
Estandarte encontrado em escavações
arqueológicas
A primeira descoberta consistiu num
recinto sagrado com os restos de cinco templos que outrora envolviam, num
semicírculo, o zigurate construído pelo Rei Ur-Nammu. Os exploradores pensaram
tratar-se de fortalezas, tão poderosos eram seus muros. O maior, ocupando uma
superfície de 100x60m, era consagrado pelo deus da lua, outro templo ao culto
de Nin-Gal, deusa da lua, e esposa de Nannar. Cada templo tinha um pátio
interior, circundado por uma série de compartimentos. Neles se encontravam
ainda as antigas fontes, com longas pias calafetadas a betume, e profundos
talhos de faca nas grandes mesas de tijolos, que permitiam ver onde os animais
destinados ao sacrifício eram mortos. Em lareiras situadas nas cozinhas dos
templos, esses animais eram preparados para o repasto sacrifical comum. Havia
até fornos para cozer pão. "Depois de 38 séculos", observou Woolley
em seu relatório da expedição, "podia-se acender novamente o fogo ali, e
as mais antigas cozinhas do mundo podiam ser utilizadas novamente."
Hoje em dia, as igrejas, os tribunais,
a administração das finanças, as fábricas são instituições rigorosamente
independentes entre si. Em Ur era diferente. O recinto sagrado, a circunscrição
do templo, não era dedicada exclusivamente ao culto aos deuses. Além dos atos
do culto, os sacerdotes desempenhavam muitas outras funções. Foras as
oferendas, recebiam os dízimos e os impostos. E isso não se fazia sem o devido
registro. Cada entrega era anotada em tabuinhas de barro, certamente os
primeiros recibos de impostos de que se tem conhecimento. Sacerdotes escribas
englobavam essa coleta de impostos em memorandos semanais, mensais e anuais.
Ainda não se conhecia o dinheiro
cunhado. Os impostos eram pagos em espécie: cada habitante de Ur pagava à sua
maneira. O azeite, os cereais, as frutas, a lã e o gado iam para vastos
depósitos; os artigos de fácil deterioração eram guardados em estabelecimentos
comerciais existentes no templo. Muitas mercadorias eram beneficiadas no
próprio templo, como nas tecelagens dirigidas por sacerdotes. Uma oficina
produzia doze espécies de vestes. Nas tabuinhas ali encontradas estavam
anotados os nomes das tecelãs empregadas e os meios de subsistência conferidos
a cada um. Até o peso de lã confiado a cada operária e o número de peças de
roupa prontas que daí resultava eram registrados com minuciosa precisão. No
edifício de um tribunal, foram encontradas, cuidadosamente empilhadas, cópias
de sentenças, tal como se faz em nossos tribunais de hoje.
A Ur dos caldeus
Havia já três invernos que a expedição
anglo-americana trabalhava nos sítios da velha Ur, e esse singular museu da
história primitiva da humanidade ainda não havia revelado todos os seus
segredos. Fora do recinto do templo os exploradores experimentaram uma surpresa
inaudita.
Ao limparem uma série de colinas ao sul
da torre escalonada, surgiram de repente diante de seus olhos paredes, muros e
fachadas dispostas umas ao lado das outras, fila após fila. Pouco a pouco, as
pás puseram a descoberta na areia um compacto quadrado de casas cujas ruínas
mediam ainda em algumas partes três metros de altura. Entre elas passavam
estreitas ruelas. Em alguns trechos, as ruas eram interrompidas por praças.
Após muitas semanas de trabalho árduo e
remoção de inúmeras toneladas de cascalho, apresentou-se aos escavadores um
quadro inesquecível.
Sob o avermelhado Tell al Muqayyar
estendia-se ao sol brilhante toda uma cidade, despertada pelos incansáveis
pesquisadores após um sono de milênios! Woolley e seus colaboradores ficaram
fora de si de alegria. Pois diante deles estava Ur, aquela Ur dos Caldeus de
que falava a Bíblia!
"Tomou Terá a Abrão seu filho, e a
Ló filho de Harã, filho de seu filho, e a Sarai sua nora, mulher de seu filho
Abrão, e saiu com eles de Ur dos Caldeus, a fim de ir para a terra de Canaã; e
vieram até Harã, e ali habitaram." (Gênesis 11:31).Na Bíblia: (Gn
11.28,31; 15.7 / Ne 9.7).(WIKIPEDIA)
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