Lições Bíblicas CPAD
Adultos 2º Trimestre de 2016
Título: Maravilhosa Graça — O Evangelho
de Jesus Cristo revelado na carta aos Romanos
Comentarista: José Gonçalves
Lição 2: A necessidade universal da
Salvação em Cristo
Data: 10 de Abril de 2016
TEXTO ÁUREO
“Como está escrito: Não há um justo,
nem um sequer” (Rm 3.10).
VERDADE PRÁTICA
O pecado manchou toda a raça humana e
somente o sangue de Cristo é suficiente para purificá-la.
LEITURA DIÁRIA
Segunda — Rm 3.9
Todos os homens, depois da Queda, estão
debaixo do pecado
Terça — Rm 3.10
Não há um nenhum justo sob a face da
Terra, judeu ou gentio
Quarta — Rm 3.23
Todos pecaram e foram afastados da
presença de Deus
Quinta — Rm 3.20
Nenhum homem pode ser justificado
diante de Deus pelas obras da lei
Sexta — Rm 6.23
O castigo ou o salário para o pecado é
a morte
Sábado — Rm 3.24
Somos justificados somente pela graça e
redenção de Jesus Cristo
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Romanos 1.18-20,25-27; 2.1,17-21.
Romanos 1
18 — Porque do céu se manifesta a ira de
Deus sobre toda impiedade e injustiça dos homens que detêm a verdade em
injustiça;
19 — porquanto o que de Deus se pode
conhecer neles se manifesta, porque Deus lho manifestou.
20 — Porque as suas coisas invisíveis,
desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder como a sua divindade, se
entendem e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles
fiquem inescusáveis;
25 — pois mudaram a verdade de Deus em
mentira e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito
eternamente. Amém!
26 — Pelo que Deus os abandonou às
paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural, no
contrário à natureza.
27 — E, semelhantemente, também os
varões, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns
para com os outros, varão com varão, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos
a recompensa que convinha ao seu erro.
Romanos 2
1 — Portanto, és inescusável quando
julgas, ó homem, quem quer que sejas, porque te condenas a ti mesmo naquilo em
que julgas a outro; pois tu, que julgas, fazes o mesmo.
17 — Eis que tu, que tens por sobrenome
judeu, e repousas na lei, e te glorias em Deus;
18 — e sabes a sua vontade, e aprovas
as coisas excelentes, sendo instruído por lei;
19 — e confias que és guia dos cegos,
luz dos que estão em trevas,
20 — instruidor dos néscios, mestre de
crianças, que tens a forma da ciência e da verdade na lei;
21 — tu, pois, que ensinas a outro, não
te ensinas a ti mesmo? Tu, que pregas que não se deve furtar, furtas?
HINOS SUGERIDOS
235, 291 e 294 da Harpa Cristã.
OBJETIVO GERAL
Mostrar que o pecado manchou toda a
raça humana, por isso, todos necessitam de salvação.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Abaixo, os objetivos específicos
referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o
objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.
I. Apontar a necessidade de salvação
dos gentios;
II. Mostrar a necessidade de salvação
dos judeus;
III. Explicar a necessidade de salvação
da humanidade.
INTERAGINDO COM O PROFESSOR
Adão e Eva pecaram ao desobedecer a
Deus. O pecado deles afetou toda a humanidade, por isso, as Escrituras afirmam
que “todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3.23). O castigo
para o pecado é a morte, porém Deus por sua infinita graça, amor e
misericórdia, enviou seu filhos Jesus Cristo ao mundo para morrer por nossos
pecados. O Filho de Deus morreu pelos judeus e gentios, pois ambos necessitam
de salvação. Somente Jesus Cristo pode salvar o homem libertando-o do pecado. A
salvação não pode ser alcançada pelo cumprimento da Lei ou por qualquer tipo de
esforço ou sacrifícios humanos. Somos libertos do poder do pecado unicamente
pela graça de Jesus Cristo.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Na lição de hoje teremos a oportunidade
de compreender que o pecado, em sua universalidade, atingiu os gentios, os
judeus e toda a raça humana. Todos ficaram debaixo do impiedoso jugo do pecado.
A necessidade de uma salvação universal, na pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo
é um tema bastante claro na argumentação do apóstolo Paulo em Romanos 1.18 a
3.20.
Paulo nos mostra em Romanos que tanto
os pagãos, que estavam nas trevas do pecado, quanto os judeus, que se
orgulhavam de possuir a Lei divina entregue a Moisés no Sinai, estão sob o
domínio do pecado. Veremos nesta lição que somente a revelação da justiça de
Deus em Cristo Jesus é suficiente para salvar tanto os judeus quanto os
gentios.
PONTO CENTRAL
O pecado afetou toda a raça humana, por
isso, todos precisam de salvação.
I. A NECESSIDADE DA SALVAÇÃO DOS
GENTIOS (Rm 1.18-32)
1. A rejeição. Ao dar início a sua
argumentação em Romanos 1.18-32, o apóstolo tem em mente a triste situação na
qual se encontra o mundo gentílico. Esse estado de insensibilidade frente à realidade
das coisas espirituais foi proporcionado pela ignorância na qual eles viviam. O
pecado os havia lançado para longe de Deus. Quanto mais distante do Criador,
mais o pecado manifesta os seus tentáculos e ganha força. Essa atitude de
rebelião contra Deus culmina na idolatria, ou seja, coloca a criatura em lugar
do Criador. O homem, com suas paixões e concupiscências, e não Deus, se torna o
centro da existência: “E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança
da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis” (Rm
1.23). A ignorância espiritual conduz à idolatria religiosa.
2. A revelação. Se o mundo está em
trevas, Deus não pode ser responsabilizado por isso. Esta é a argumentação de
Paulo aos romanos. Deus sempre se revelou aos homens ao longo da história. Aqui
fica evidente que o Senhor se deu a conhecer através das coisas criadas (Rm
1.20). Essa revelação natural, também denominada na teologia bíblica de
“revelação geral”, é uma testemunha contra a falta de sensibilidade da criatura
diante do seu Criador. Embora o homem não possa conhecer a Deus perfeitamente
através da revelação natural ou geral, conhecimento que só se torna possível
através da revelação especial de Deus, Jesus Cristo, todavia ele deveria se
sentir despertado para a realidade espiritual através das coisas criadas (Rm
1.21).
3. A punição. Os versículos 22 até o 32
do capítulo primeiro de Romanos revelam as consequências do pecado na vida dos
homens. Eles tiveram a oportunidade de glorificar a Deus, mas não o fizeram (Rm
1.21), e agora colhem os maus frutos dessa obstinação. A expressão “Deus os
entregou” não tem o sentido de causalidade, o que demonstra que Deus não é o
responsável por essa obstinação humana. Ele apenas permitiu que os homens, como
consequência de suas próprias ações e escolhas, andem nos seus próprios
caminhos. Todavia, precisam saber que serão responsabilizados por isso. E de
fato o foram. Paulo destaca que essa atitude reprovada cegou os homens,
lançando-os na insensatez da idolatria, pois trocaram o Criador pela criatura
(Rm 1.23). Depois os levou ao desvio da sexualidade (Rm 1.26,27) e, por último,
fez com que eles adotassem uma diversidade de vícios morais e sociais (Rm
1.28-32).
SÍNTESE DO TÓPICO (I)
Os gentios necessitam de salvação, pois
também foram afetados pela Queda.
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
“Paulo retratou claramente a inevitável
decadência em direção ao pecado. Primeiro, as pessoas rejeitaram a Deus; em
seguida, elaboraram seu conceito de como Ele deveria ser; depois cedem a toda
espécie de iniquidades: ganância, ódio, inveja, crimes, lutas, engano, malícia;
finalmente, chegam a odiar a Deus e a encorajar os outros a fazerem o mesmo.
Mas Ele não é o agente dessa progressão em direção ao mal. Quando as pessoas o
rejeitam, Deus permite que elas vivam como desejam. Permite que experimentem as
consequências naturais dos pecados que praticam. Uma vez preso nesse movimento
descendente rumo ao pecado, ninguém poderá libertar-se por suas próprias
forças. Os pecadores devem confiar somente em Cristo para libertá-los da
destruição” (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. RJ: CPAD, p.1553).
II. A NECESSIDADE DE SALVAÇÃO DOS
JUDEUS (Rm 2.1 — 3.8)
1. Os judeus em relação aos gentios.
Paulo valeu-se do método de diatribe na carta aos Romanos, pois tal recurso
permitia que ele dialogasse com os leitores. É de imaginar que um judeu, quando
lesse o que Paulo dissera anteriormente sobre o mundo gentílico, ficasse
eufórico pelo tom duro adotado no discurso de Paulo. Os gentios, de fato,
encontravam-se numa situação deplorável diante de Deus. Entretanto, os judeus
moralistas não estavam em melhor situação (2.1-16). Eles também eram igualmente
condenáveis diante de Deus (Rm 2.1-3). Eles condenavam os gentios, mas
praticavam pecados semelhantes. Por isso, eram carentes da graça de Deus da
mesma forma.
2. Os judeus em relação à Lei. Outro
aspecto da argumentação do apóstolo em relação aos judeus encontra-se nos
versículos 17-29 do capítulo 2 de Romanos. Paulo sabia que todo judeu se
orgulhava da Lei que lhes fora outorgada no Sinai (Rm 2.17,18). Ao contrário dos
gentios que possuíam apenas a revelação natural, a eles fora dado também a Lei.
Contudo, havia uma incongruência entre o conhecer a Lei e o praticá-la. Apenas
o conhecimento da letra da Lei, sem a devida interiorização das suas normas e
preceitos, conduziu o judaísmo a um moralismo estéril e farisaico. Nesse
aspecto, de nada adiantava conhecer a Lei e não vivê-la (Rm 2.28,29). O judeu
se tornara tão culpável quanto o gentio. Infelizmente, é ainda exatamente assim
que muitos cristãos agem.
3. Os judeus em relação à aliança. A
pergunta que todo judeu faria Paulo fez para logo depois dar a resposta: “Qual
é, logo, a vantagem do judeu? Ou qual a utilidade da circuncisão? Muita, em
toda a maneira, porque, primeiramente, as palavras de Deus lhe foram confiadas”
(Rm 3.1,2). Mesmo tendo afirmado anteriormente que o que vale mesmo é a
circuncisão do coração, o apóstolo não nega os privilégios de pertencer ao povo
de Deus (Israel). Isso é mostrado no privilégio que eles tiveram de serem os
despenseiros dos mistérios de Deus. A palavra grega logion, traduzida aqui como
“palavras de Deus”, significa oráculo. A expressão refere-se é a revelação da
Lei que Deus deu a Israel no Sinai. Era uma alta honra ter sido escolhido
dentre todas as nações para ser despenseiro dos mistérios de Deus. Todavia,
como bem observou F. F. Bruce, essa alta honra levava consigo uma grande
responsabilidade. Se se mostrassem infiéis à confiança depositada neles, seu
caso seria pior do que o das nações as quais Deus não se tinha revelado.
SÍNTESE DO TÓPICO (II)
Os judeus, embora fosse o povo
escolhido de Deus, também necessitam de salvação.
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
“‘Bem sabemos que o juízo de Deus é
segundo a verdade’ (Rm 2.2). Que podemos entender nessa declaração? O
julgamento de Deus é instituído aqui em razão dos pecados do paganismo e do
falho moralismo dos judeus em condenar os gentios. A questão da condenação do
pecado é uma só para todos. Uma vez que tenha pecado, qualquer um incorre na
condenação de Deus. Paulo declara que os gentios pecaram (1.18-32) e os judeus
também pecaram (2.17 — 3.8). Portanto, uma vez que, tanto judeus como gentios
pecaram, todos carecem da justiça de Deus (3.9-20).
O judeu cria que possuía privilégio
especial, e por isso poderia escapar do juízo já conhecido para os gentios, mas
a realidade era que o juízo seria ‘segundo a verdade’. Esta expressão ‘segundo
a verdade’ significa que o julgamento divino seria conforme a culpa de cada um,
baseada nos pecados cometidos por cada um. O judeu interpretava erradamente a
misericórdia, pois imaginava como um ato de tolerância divina com o pecado.
[...] Deus demonstrou aos judeus sua
‘bondade, tolerância e longanimidade’, a fim de que eles deixassem o pecado e
se arrependessem. Mas não fizeram caso dessa ‘riqueza’ (2.4) e, por isso, por
sua ‘dureza e impenitência’ (falta de arrependimento), e por julgarem
negativamente o propósito divino, entesouraram para si ‘ira para o dia da ira’
(2.5). Qual é o dia da ira? É o dia do ajuste de contas. É o dia quando a
balança julgadora de Deus vai pesar nossos atos e, mediante seu peso, serão
julgados. É o dia da retribuição ao pecado e da sua inevitável punição”
(CABRAL, Elienai. Romanos: O Evangelho da Justiça de Deus. 5ª Edição.ed. RJ:
CPAD, 2005, pp.39-40).
III. A NECESSIDADE DA SALVAÇÃO DA
HUMANIDADE (Rm 3.9-20)
1. A universalidade e o jugo do pecado.
A argumentação de Paulo em Romanos 3.9-20 é que tanto os gentios como os judeus
sem Cristo estão debaixo da condenação do pecado (Rm 3.9). A raça humana sem
Cristo está sob o domínio do pecado. A expressão grega hüpo hamartían,
traduzida como “debaixo do pecado”, tem o seguinte sentido: no poder de, debaixo
da autoridade de. Essa mesma construção gramatical ocorre em Mateus 8.9. Nessa
passagem encontramos o centurião dizendo: tenho soldados hüpo emautón (por
debaixo de mim), que em português tem o sentido de às minhas ordens. A ideia de
Paulo é mostrar que a humanidade em seu estado natural, separada de Cristo,
portanto, sob o domínio do pecado, é incapaz de libertar-se por si mesma.
2. Valores e comportamentos. Outras
duas verdades que podemos perceber na argumentação de Paulo em Romanos 3.10 a
18, estão relacionadas com o caráter e a conduta. O pecado distorceu valores e
comportamentos na sociedade. Valores invertidos são marcas de uma humanidade
caída. Somente em Cristo eles podem ser reorientados.
SÍNTESE DO TÓPICO (III)
Todos, judeus e gentios, pecaram e
necessitam da salvação que só pode ser encontrada em Jesus Cristo.
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
“Não há um justo, nem um sequer
(3.9-18). Paulo havia argumentado que tanto os judeus quanto os gentios haviam
pecado, e não alcançaram a glória de Deus. Agora ele prova essa observação
citando vários Salmos. Seus leitores judeus poderiam rejeitar seu argumento,
mas dificilmente rejeitariam o veredicto das palavras que eles sabem que são
palavras de Deus.
‘Tudo o que a lei diz aos que estão
debaixo da lei o diz, para que toda boca esteja fechada e todo o mundo seja
condenável diante de Deus’ (3.19,20). A palavra bupodikos foi usada no sentido
legal de ‘passível de punição’. A lei moral, na qual esperam o judeu e o gentio
de boa moral, provou não ser uma fonte de esperança, e sim o padrão pelo qual
foi estabelecido o insucesso deles. Assim, a lei não é marco de estrada nos
direcionando à recompensa divina, mas espelho que, quando usado corretamente,
nos revela nossos pecados” (RICHARDS, Lawrence. Comentário Histórico-Cultural
do Novo Testamento. 7ª Edição. RJ: CPAD, 2012, p.292).
CONCLUSÃO
A universalidade do pecado, isto é, que
todos os homens estão debaixo da condenação eterna, é uma doutrina claramente
demonstrada na Epístola aos Romanos. Por outro lado, o universalismo, doutrina
herética que afirma que todos os homens, independentemente se acreditam em
Cristo ou não, no fim de tudo, serão salvos, é claramente rejeitada nessa mesma
carta.
Cabe a nós, portanto, conhecedores
desses fatos, viver essa bendita salvação e compartilhá-la com quem ainda não a
possui.
PARA REFLETIR
A respeito da Carta aos Romanos,
responda:
Segundo a lição em que culmina a
atitude de rebelião contra Deus?
Essa atitude de rebelião contra Deus
culmina com a adoração idólatra que põe a criatura em lugar do Criador.
A ignorância espiritual conduz a quê?
A ignorância espiritual conduz à
idolatria religiosa.
Os judeus moralistas estavam em melhor
situação espiritual que os gentios?
Não. A argumentação de Paulo é que tanto
os gentios como os judeus sem Cristo estão debaixo da condenação do pecado (Rm
3.9).
O que produziu o conhecimento da Lei,
sem a devida interiorização das normas e preceitos?
Apenas o conhecimento da letra da Lei,
sem a devida interiorização das suas normas e preceitos, conduziu o judaísmo a
um moralismo estéril e farisaico.
Segundo Paulo, qual a vantagem de ser
judeu?
“Muita, em toda a maneira, porque,
primeiramente, as palavras de Deus lhe foram confiadas” (Rm 3.1,2).
SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO
A necessidade universal da Salvação em
Cristo
Caro professor, abordaremos a seção da
Epístola aos Romanos que se inicia em Romanos 1.18 e se encerra em 3.9.
Observando a estrutura da lição ora estudada: I. A necessidade da salvação dos
gentios; II. A necessidade da salvação dos judeus; III. A necessidade da
salvação da humanidade percebemos que o comentário segue a estrutura que o
apóstolo Paulo estabeleceu nesta seção de Romanos, 1.18-3.9. E fundamental que
a organização da estrutura da epístola esteja bem clara em sua mente.
Sobre os gentios
Na seção de Romanos 1.18-32, é
demonstrada com muita clareza a situação dos gentios diante de Deus. Eles não
reconheceram a Deus, que se manifestou por intermédio da criação, fazendo que o
Pai Celestial os entregasse “aos desejos dos seus corações, à impureza”. Esta
expressão é uma das mais importantes no desenvolvimento da explicação de Paulo
em relação à situação dos gentios. Os principais estudiosos dessa epístola
concordam que a expressão “Deus os entregou” não tem o sentido de uma condição
“decretada” por Deus para que os gentios jamais se arrependessem, mas, pelo
contrário, seria uma deliberação divina permitindo que o gentio seguisse o seu
próprio caminho de futilidade de vida, aprofundando mais no pecado e na
imundícia, pois na verdade esta seria uma consequência natural de escravidão do
pecado. Como frisa C. E. B Cranfield, esta condição não seria um “privilégio”
só dos gentios, mas de toda a humanidade, mostrando assim que a sessão 1.18-32
também engloba a realidade dos judeus, que, de maneira oculta, repetia o
caminho dos gentios (2.1). Ou seja, ainda assim Deus não perderia de vista a
possibilidade do mais vil pecador se arrepender, pois Ele quer que todos os
homens sejam salvos (1Tm 2.4).
Sobre os judeus
Ora, a eleição dos judeus como povo de
Deus deveria lhes trazer humildade, gratidão e quebrantamento. Mas aconteceu o
contrário. A soberba, a ingratidão e a dura cerviz fizeram com que esse povo
vivesse de maneira hipócrita perante Deus. Enquanto criticava os gentios, ele
ocultamente vivia os caminhos do ser humano escravo do pecado. Por isso, o
homem judeu não tinha a desculpa de ser filho de Abraão, pois na prática era
filho do pecado: “Tu, que te glorias na lei, desonras a Deus pela transgressão
da lei? Porque, como está escrito, o nome de Deus é blasfemado entre os gentios
por causa de vós” (Rm 2.23,24 cf. vv.17-22).
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