Lições Bíblicas CPAD
Jovens1º Trimestre de 2016
Título: Justiça e Graça — Um estudo da
Doutrina da Salvação na carta aos Romanos
Comentarista: Natalino das Neves
Lição 4: A necessidade universal de
salvação
Data: 24 de Janeiro de 2016
TEXTO DO DIA
“Ora, nós sabemos que tudo o que a lei
diz aos que estão debaixo da lei o diz, para que toda boca esteja fechada e
todo o mundo seja condenável diante de Deus” (Rm 3.20).
SÍNTESE
Todo ser humano estava condenado pela
Lei, que aponta o pecado humano. Somente Deus poderia apresentar um meio
alternativo para a necessidade universal de salvação.
AGENDA DE LEITURA
SEGUNDA — Rm 3.9
Judeus e gentios estão na mesma
condição diante Deus
TERÇA — Rm 3.10
Sem a graça de Deus, não há nenhum
justo
QUARTA — Rm 3.11-17
O pecador que não ouve o Espírito Santo
QUINTA — Rm 3.19
A Lei não justifica
SEXTA — Rm 3.24-25
A lei serve apenas para apontar a
solução
SÁBADO — Rm 3.20
O ser humano não tem como se justificar
por meio de suas obras
OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar
apto a:
MOSTRAR que os judeus e gentios
necessitam de um meio eficaz para salvação;
RECONHECER que a humanidade necessita
encontrar o caminho da paz;
EXPLICAR que a humanidade necessita da
solução para o pecado.
INTERAÇÃO
Caro(a) professor(a), precisamos
caminhar lentamente junto com o apóstolo Paulo. Perceba a paciência e o cuidado
de um bom mestre nas lições que estudamos até aqui, o que continuará também nas
lições posteriores. O apóstolo começa com a saudação, apresentando suas
credenciais, elogiando o que os membros da igreja de Roma tinham de positivo,
incentivando-os a continuarem no Caminho. Ele demonstra seu carinho e a vontade
de estar com eles. Testemunha o poder do Evangelho em sua vida e a importância
de perseverar nele, de fé em fé. Em seguida, ele começa apresentar a condição
de indesculpabilidade dos gentios e judeus até chegar ao momento desta lição
atual. Neste estágio do comentário do apóstolo, por meio de forte argumentação,
ele demonstra que todos nós, independente de raça, cor, gênero, classe social,
entre outros, estamos na mesma situação (mesmo barco) e necessitamos de uma
mesma solução para a justificação diante de Deus.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Para exemplificar a situação de
igualdade entre judeus e gentios e da humanidade, sugerimos que utilize a
figura de uma canoa com algumas pessoas dentro. As pessoas devem estar em lados
opostos. Diga que as pessoas do lado oposto da canoa simbolizam os judeus. Os
gentios estão em lados diferentes, mas ambos na mesma canoa. Diga que a canoa
apresenta um furo em um dos lados e se a situação atual continuar é inevitável
o naufrágio. No entanto, os personagens que estão do lado que não apresenta o
furo se sentem protegidos, não correndo o risco de morrerem afogados. Estes são
como cegos, por não querer ver que estão na mesma canoa, sujeitos a mesma
sentença: morrerem afogados. Esta era a atitude dos judeus que se julgavam
protegidos pela Lei e a circuncisão, mas que Paulo demonstra estarem na mesma
condição dos gentios, injustificados e condenados à ira de Deus. Judeus e
gentios no mesmo barco e em situação de risco fatal, pois o barco está furado.
TEXTO BÍBLICO
Romanos 3.9-20.
9 — Pois quê? Somos nós mais
excelentes? De maneira nenhuma! Pois já dantes demonstramos que, tanto judeus
como gregos, todos estão debaixo do pecado,
10 — como está escrito: Não há um
justo, nem um sequer.
11 — Não há ninguém que entenda; não há
ninguém que busque a Deus.
12 — Todos se extraviaram e juntamente
se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só.
13 — A sua garganta é um sepulcro
aberto; com a língua tratam enganosamente; peçonha de áspides está debaixo de
seus lábios;
14 — cuja boca está cheia de maldição e
amargura.
15 — Os seus pés são ligeiros para
derramar sangue.
16 — Em seus caminhos há destruição e
miséria;
17 — e não conheceram o caminho da paz.
18 — Não há temor de Deus diante de
seus olhos.
19 — Ora, nós sabemos que tudo o que a
lei diz aos que estão debaixo da lei o diz, para que toda boca esteja fechada e
todo o mundo seja condenável diante de Deus.
20 — Por isso, nenhuma carne será
justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento
do pecado.
COMENTÁRIO DA LIÇÃO
INTRODUÇÃO
Nas lições anteriores vimos que nem os
gentios com seu conhecimento natural e racional, nem os judeus com a Lei e a
circuncisão, foram justificados diante de Deus. Como o conceito de mundo
judaico se divide entre judeus e gentios, o apóstolo apresenta a realidade de
que todos são indesculpáveis e precisam de um meio eficaz de salvação. Para
isso, ele primeiro reforçará o conceito de que tanto judeus como gentios eram
indesculpáveis, em seguida demonstrará o estado pecaminoso do ser humano no
sentido universal e esclarecerá que a Lei era insuficiente para justificação e
salvação de qualquer ser humano, apontando para Cristo como a saída.
I. OS JUDEUS E GENTIOS NECESSITAVAM DE
UM MEIO EFICAZ PARA SALVAÇÃO (Rm 3.9)
1. A filosofia humana não apresentou o
caminho da salvação. “Pois que?”, o início do versículo demonstra que o
apóstolo está dando continuidade a um assunto anterior, a indesculpabilidade
dos gentios e judeus. Os gentios, influenciados pela filosofia grega, buscaram
chegar ao conhecimento de Deus e da salvação por meio do raciocínio humano. Os
filósofos trouxeram grandes contribuições tanto para a ciência como para a
teologia, basta ver a influência destes nos Pais da Igreja. Entretanto, a
revelação divina está acima do raciocínio humano, que apenas consegue obter
“lampejos” da revelação maior, que somente é possível por meio do Espírito
Santo. A filosofia levou muitas pessoas a acharem que o ser humano pudesse, por
meio de sua competência intelectual, entender Deus e sua obra. Por exemplo, no
século passado um movimento que sobressaiu foi o cientificismo que,
influenciado pelo avanço da tecnologia, entendia que poderia resolver o
problema da humanidade. Infelizmente, a resposta foi as duas guerras mundiais.
2. A lei e a circuncisão não libertaram
o judeu. Conforme visto na lição anterior, os judeus se achavam superiores aos
gentios por serem os receptores da Lei e que mantinham sua identidade e
exclusivismo por meio da circuncisão, um ritual obrigatório e que apenas
aumentava mais a arrogância e a hipocrisia dos judeus. Eles também não
obtiveram êxito na justificação diante de Deus. A religiosidade não salva.
Algumas pessoas buscam a religiosidade, a manutenção de uma aparência de
pureza, espiritualidade e santidade, ou seja, uma vida hipócrita que não
liberta ninguém. A Bíblia recomenda que congreguemos e que vivamos uma vida de
amor, com objetivos comuns, a não termos uma vida de religiosidade baseada no
legalismo. Jovem, você é um religioso ou um verdadeiro discípulo de Cristo?
3. Sentença igual para todas as
pessoas. O apóstolo continua o versículo com uma pergunta interessante: “Somos
nós mais excelentes?”. Ele agora se dirige a Igreja de Cristo, formada por um
único corpo e vários membros, coloca todas as pessoas “no mesmo barco”, debaixo
da mesma sentença (Rm 2.1). A pergunta chama todas as pessoas que se dizem
discípulas de Cristo a refletir. Ele mesmo responde: “De maneira nenhuma!”.
Nós, como membros da igreja, não somos melhores ou piores do que os gentios e
judeus da época de Paulo, mas estamos na mesma condição, humanamente falando,
indesculpáveis diante de Deus. O apóstolo vai desenvolvendo, cuidadosamente,
uma abordagem para que os membros da igreja reconheçam sua condição de
pecadores e dependentes da graça de Deus, por meio de Jesus. Eles precisam
aprender que, mesmo salvos, precisam manter o “velho homem” sob controle.
Pense!
Não adianta recorrer às filosofias
humanas nem à religiosidade ou ao legalismo para alcançar a paz.
Ponto Importante
Não adianta ter pressa para apresentar
a solução sem antes analisar o problema.
II. A HUMANIDADE NECESSITA ENCONTRAR O
CAMINHO DA PAZ (Rm 3.10-18)
1. Não há nenhum justo sequer
(vv.10-12). A partir deste versículo o autor faz vários recortes do Antigo
Testamento, chamando assim, a escritura judaica para testemunhar a culpa
universal, tanto de judeus como dos gentios. Inicia citando Salmo 14 para
demonstrar que toda humanidade estava corrompida pelo pecado. Conforme já
vimos, ninguém consegue ser justo por si mesmo, pois nossa natureza é má. Por
isso, devemos entender que ninguém é melhor do que o outro e adotarmos uma
posição de humildade e misericórdia. O único justo por mérito próprio foi
Jesus. Postura de superioridade por se considerar espiritualmente menos
falível, como os judeus, conduz à ruína. Jesus, em diversas ocasiões, criticou
a hipocrisia dos mestres da lei e fariseus, e se colocou ao lado dos excluídos
da sociedade. Como discípulos de Jesus, devemos compreender que o evangelho é
boa nova de salvação e não de hipocrisia e superioridade. Jovem, você tem se
considerado superior ao seu próximo?
2. O ser humano, sem Deus, não consegue
vencer o poder da carne (vv.13-16). O autor prossegue citando os Salmos 5.10 e
140.4 para falar sobre o perigo da língua e das trapaças. Para discorrer sobre
este assunto, Tiago 3.1-12 é leitura obrigatória. Tiago destaca como um membro
tão pequeno pode causar tantos males. O ser humano que consegue domar tantos
animais, tecnologias, entre outras coisas não consegue domar sua língua, pois o
autor diz que quem consegue é perfeito. O apóstolo continua citando o Salmo
10.7 e Isaías 59.7 para falar sobre a boca cheia de maldições e de amargor e os
pés velozes para derramar sangue e causar ruína e desgraça. Por isso, o cuidado
que temos que ter com o que dizemos, em vez de amaldiçoar que sejamos fonte de
bênçãos para as demais pessoas. Assim, como também com as atitudes de impiedade
e injustiça, denúncia que o autor cita aqui e que perpassa toda a epístola. Com
essa exortação fica claro que todos necessitamos constantemente nos submeter ao
Espírito Santo para vencermos o poder da carne.
3. A humanidade não alcança a paz a não
ser em Cristo (vv.17,18). Paulo fazendo referências ao Antigo Testamento (Is
59.8; Sl 36.2), destaca a busca sem sucesso da humanidade pela paz por não
terem aprendido a temer a Deus. O livro de Provérbios tem como um dos temas
centrais o temor do Senhor como o princípio de toda a sabedoria. Esta vida de
sabedoria é possível somente com a fé de Cristo, aprendendo com o exemplo que
Ele deixou. Não é servir a Deus por ter medo de ir para o inferno, mas sim ter
um conhecimento experiencial tão profundo com Ele, que o ser humano não se vê
vivendo de outra forma, a não ser servindo a Ele. Este é o caminho da paz, que
não significa uma vida sem conflitos, mas a paz apesar dos conflitos e aflições
(Jo 16.33). Quando sou questionado: “tudo tranquilo?”, eu costumo dizer:
“tranquilo não, mas em paz. A tranquilidade não depende de mim, mas a paz sim”.
Pense!
Você tem vivido em paz? A paz que
excede todo entendimento, que prevalece mesmo nas tempestades?
Ponto Importante
Os judeus davam muito valor aos
escritos do Antigo Testamento, onde se apegavam para justificar suas crenças e
atitudes.
III. A HUMANIDADE NECESSITA DA SOLUÇÃO
PARA O PECADO (Rm 3.19,20)
1. A lei tem a função de mostrar ao ser
humano sua condição de pecador (v.19). No versículo 19, o autor justifica o
porquê da utilização dos textos do AT: “Ora, nós sabemos que tudo o que a lei
diz aos que estão debaixo da lei o diz, para que toda boca esteja fechada e
todo o mundo seja condenável diante de Deus” (v.19). Fica evidenciado qual o
propósito da epístola até este momento, ou seja, demonstrar que toda a
humanidade, judeu ou gentia, tem uma dívida pelo pecado que é impagável. Dessa
forma, abre-se o caminho para apresentar a grande revelação de Deus para a
humanidade que é apresentada na epístola, as boas novas da salvação para uma
humanidade em pecado e que não têm como pagar sua dívida. Aqui é apresentada a
função específica da Lei que é conscientizar todo ser humano de que ele é um
pecador e carece da graça e misericórdia de Deus.
2. O ser humano não pode se justificar
pelas suas próprias obras (v.20a). O apóstolo, então apresenta o motivo da
culpabilidade da humanidade citada anteriormente: “Por isso, nenhuma carne será
justificada diante dele pelas obras da lei”. O ser humano pode se gloriar de
suas obras perante as demais pessoas, mas perante Deus não encontrará justificativa,
pois nem mesmo Abraão alcançou por méritos (Rm 4.1-3). Se houvesse um só ponto
ou característica do ser humano que o pudesse justificar, existiriam outros
caminhos para se alcançar a justificação além do caminho da morte e cruz
apresentado por Jesus, e certamente os homens escolheriam o caminho mais
simples. Paulo descarta qualquer possibilidade de o ser humano se gloriar
diante de Deus e, semelhante à prática usual de Jesus, usou da autoridade da
Escritura para esta afirmação. Mas, como se dá a justificação será assunto da
próxima lição.
Pense!
Jovem, se todas as pessoas são iguais
perante Deus, com tendências a pecar e não tendo como se justificar pelas suas
obras, porque existem tantas pessoas nas igrejas, dizendo-se discípulas de
Cristo, que se vangloriam e agem como se fossem melhores e mais santas do que
as outras?
Ponto Importante
O fato de a Lei não ser suficiente para
justificar o ser humano, não quer dizer que ela não teve uma função específica.
Segundo Paulo, ela serviu como “aio” para conduzir o pecador até Cristo.
CONCLUSÃO
Nesta lição aprendemos que toda
humanidade esta na mesma situação de culpabilidade diante de Deus, pois nem a
Lei, circuncisão nem a filosofia puderam justificar o ser humano.
HORA DA REVISÃO
1. Conforme a lição, somos melhores ou
piores do que os judeus e os gentios da época do apóstolo Paulo?
Estamos na mesma condição. Nós, como
membros da igreja não somos melhores ou piores do que os gentios e judeus da
época de Paulo, mas estamos na mesma condição, humanamente falando,
indesculpáveis diante de Deus e dependentes da graça de Deus, por meio de
Cristo Jesus.
2. Quem foi alvo de crítica de Jesus
por hipocrisia religiosa?
Jesus, em diversas ocasiões, criticou a
hipocrisia dos mestres da lei e fariseus.
3. Quais os textos do Antigo Testamento
utilizados pelo autor para falar sobre o perigo da língua e trapaças e qual leitura
do Novo Testamento, segundo o comentarista da lição é obrigatória?
O autor cita os Salmos 5.10 e 140.4
para falar sobre o perigo da língua e das trapaças. Para discorrer sobre
língua, Tiago 3.1-12 é uma leitura obrigatória.
4. Qual o versículo que o autor da
Epístola aos Romanos utiliza para justificar a utilização de textos do Antigo
Testamento?
O versículo 19: “Ora, nós sabemos que
tudo o que a lei diz aos que estão debaixo da lei o diz, para que toda boca
esteja fechada e todo o mundo seja condenável diante de Deus” (Rm 3.19).
5. Qual era a função da Lei?
A função da Lei era dar consciência
tanto a judeus como gentios de sua culpabilidade e conduzi-los à Cristo, a
solução para o pecado da humanidade.
SUBSÍDIO
“[...] Falsos mestres dizendo-se
cristãos ensinavam que depois do recebimento da salvação, o cristão tinha de
obedecer a todas as normas e regulamentos da lei do Antigo Testamento. Paulo
entrou em ação para corrigir este falso ensino. Ele mostrou que a salvação é um
dom gratuito de Deus, recebido mediante a fé na obra expiatória de Jesus
Cristo, dom esse gratuito, proveniente da graça de Deus. Para serem salvos os
gálatas não dependiam das obras, e também não dependiam disso para continuarem
salvos. A lei do Antigo Testamento não podia evitar que o ser humano, não
importando quão bom fosse, praticasse o mal; entretanto, esta mesma lei o
declarava culpado. A decisão para obedecer ou desobedecer à Lei era
responsabilidade de cada pessoa que a recebia. Se alguém escolhesse desobedecer
à Lei teria de arcar as inevitáveis consequências. Lendo a história da nação de
Israel no Antigo Testamento, vemos que o povo escolhido de Deus desobedeceu à
Lei muitas vezes e sofreu por causa da desobediência. Deus sabia que o homem
por seu próprio esforço não podia cumprir a Lei. Eis por que Ele concedeu-lhe
que oferecesse sacrifícios substitutos como expiação pelo pecado. Tais
sacrifícios eram repetidos continuamente, por serem imperfeitos, mas quando
veio o Senhor Jesus Cristo, o sacrifício perfeito, Ele ofereceu-se uma vez para
sempre como nossa expiação e cumpriu todas as exigências da justa lei divina”
(GILBERTO, Antônio. O Fruto do Espírito: A plenitude de Cristo na vida do
Crente. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2004, pp.147-148).
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PAZ DO SENHOR
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