Lições Bíblicas CPAD Jovens
2º Trimestre de 2016
Título: Eu e minha casa — Orientações
da Palavra de Deus para a família do Século XXI
Comentarista: Reynaldo Odilo
Lição 5: Deixando pai e mãe
Data: 1º de Maio de 2016
TEXTO DO DIA
“Seus filhos erijam, crescem com o
trigo, saem, e nunca mais tornam para elas” (Jó 39.4).
SÍNTESE
A ordem de deixar pai e mãe não
significa desprezá-los, abandoná-los, pois o dever de honrá-los permanece para
sempre.
AGENDA DE LEITURA
SEGUNDA — Gn 2.24
A origem do mandamento
TERÇA — Gn 12.1
Deus reitera o mandamento
QUARTA — Gn 24.58
Rebeca obedece ao mandamento
QUINTA — Gn 24.67
Isaque cumpre o mandamento
SEXTA — Mt 19.5; Mc 10.7
Jesus ratifica o mandamento
SÁBADO — Ef 5.31
Paulo confirma o mandamento
OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar
apto a:
MOSTRAR que para a construção de uma
nova família, é imprescindível deixar pai e mãe;
SABER que o afastamento em relação aos
pais deve acontecer nas dimensões geográfica, psicológica e financeira;
EXPLICAR o aparente conflito entre o
mandamento de honrar pai e mãe e o de deixá-los para iniciar outro núcleo
familiar.
INTERAÇÃO
Professor, você sabe dizer quantos e
quem são seus alunos? Infelizmente, muitos de nós não sabemos. É imprescindível
que você conheça o perfil de sua turma: a estrutura familiar (mora sozinho ou
com os pais? Pais crentes? Separados?). O nível de escolaridade (estuda?), vida
profissional (onde e em que trabalha?), tempo de evangelho (“nasceu no
evangelho?”), etc... Se sua turma é pequena, essa tarefa não lhe trará maiores
dificuldades, porém, se a classe for numerosa, sugiro que elabore um
questionário e peça que todos respondam, explicando qual a finalidade. Assim,
você terá uma série de informações, em um só momento, e perceberá que conhecer
sua turma fará diferença na hora de planejar suas aulas e elaborar suas
estratégias de ensino.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Estimado docente, o assunto de hoje é
de extrema relevância para a vida de seus alunos, portanto cuide para que
ninguém saia com dúvida. Para começar, lance a seguinte pergunta: “O que pode
acontecer no casamento do rapaz e da moça os quais não deixaram pai e mãe
geográfica, psicológica e financeiramente, desobedecendo a ordem divina?”.
Espere que seus alunos respondam e registre todas as colocações no quadro ou em
outro recurso disponível. Deixe que todos, sem exceção, participem da tarefa,
independentemente de você concordar ou não com a resposta. Após, comece a
analisar, junto com eles, cada uma das afirmações. Aproveite para elogiar os
participantes e desfazer eventuais equívocos, tendo o cuidado de não causar
constrangimentos, pois isso pode desestimular novas participações.
TEXTO BÍBLICO
Efésios 5.31-33; Efésios 6.1-3.
Efésios 5
31 — Por isso, deixará o homem seu pai
e sua mãe e se unirá à sua mulher; e serão dois numa carne.
32 — Grande é este mistério; digo-o,
porém, a respeito de Cristo e da igreja.
33 — Assim também vós, cada um em
particular ame a sua própria mulher como a si mesmo, e a mulher reverencie o
marido.
Efésios 6
1 — Vós, filhos, sede obedientes a
vossos pais no Senhor, porque isto é justo.
2 — Honra a teu pai e a tua mãe, que é
o primeiro mandamento com promessa,
3 — para que te vá bem, e vivas muito
tempo sobre a terra.
COMENTÁRIO DA LIÇÃO
INTRODUÇÃO
O primeiro mandamento de Deus para o
homem (não o maior mandamento) é que, antes de casar, deve deixar seus pais (Gn
2.24). Esse paradigma para o casamento foi estabelecido de maneira tão veemente
por Deus porque, talvez, essa fosse a única forma de quebrar o forte elo que
liga pais e filhos, para poder surgir um novo ente social, a nova família. Como
Deus é sábio! Tal acontecimento, identificado como individuação, tem alcance
geográfico, psicológico e financeiro, não significando o distanciamento entre
pais e filhos, mas colocando limites. Adão e Eva foram os únicos humanos que se
casaram, e não tiveram de deixar pai e mãe, mas todos os demais devem cumprir a
determinação divina. É certo que isso, às vezes, pode ser difícil. Entretanto
não se trata de uma faculdade, mas de uma obrigação do novo casal. Afinal o
verbo está no imperativo: deixará! Ao longo da história bíblica, os casais que
serviram a Deus cumpriram integralmente essa norma divina.
I. O PRIMEIRO MANDAMENTO
1. Requisito para a perfeita união.
Toda nova família deve ter características próprias, para ter uma união
perfeita. Isso é impreterível para que haja crescimento e uma identidade
familiar própria. O novo casal, assim, precisa ter suas experiências pessoais e
resolver seus problemas, sem haver intromissão de nenhuma outra pessoa. Esse
mandamento mencionado no Éden foi reiterado para Abraão (Gn 12.1-3). Ele o
obedeceu e também o ensinou a seus descendentes. Tanto Abraão, como Isaque e
Jacó, conquanto fossem nômades parte do tempo de suas vidas, habitando em
tendas (Hb 11.9), tinham, cada um, a sua própria habitação (Gn 24.67; 31.34)!
Eles sabiam conservar a cultura familiar, sem deixar de atender a esse
importante mandamento.
2. Individuação. A filosofia chama de
individuação o fenômeno através do qual um organismo se singulariza dentro da
espécie, sem abandonar as características comuns dos seus pares. Era isso que o
Senhor queria que acontecesse com o novo casal. Estar junto dos familiares é um
compromisso perene da nova família (não deve se excluir das celebrações
familiares — aniversários, Natal, dia dos pais, das mães etc.). Entretanto a
singularização do ente familiar que se formou é imperiosa. Foi Deus quem pensou
assim. O Senhor chancelou esse fenômeno na biologia dando a cada ser vivo um
código genético distinto. Não existem, como se sabe, zebras com as mesmas
listras, nem leopardos com pintas iguais, nem seres humanos que apresentem
impressões digitais idênticas (ainda que sejam gêmeos univitelinos). Até os
cristais de gelo, microscopicamente analisados, demonstram formações
moleculares díspares. Essa construção idiossincrática faz parte da natureza.
Assim, quando uma nova família surge, ela precisa de um “DNA social” próprio.
3. Menção na Bíblia. Na Bíblia, Deus
fala de individuação em Jó 39, mencionando como esse fenômeno acontece na
família das cabras monteses (vv.1-4), cujos filhos, quando crescem e ficam
fortes, partem e “nunca mais tornam para elas”. Os filhos das cabras monteses
precisam viver sua própria história, identificando-se como indivíduos, sem
abrir mãos dos ensinamentos recebidos dos pais (indispensáveis à
sobrevivência). O certo é que, “à sombra” dos seus pais, elas jamais poderiam
cumprir integralmente o projeto do Criador. Por isso, os descendentes caprinos
procurarão suas próprias montanhas para estabelecerem suas famílias.
Pense!
Por que Deus estabeleceu como requisito
para a formação de uma unidade nEle (marido e mulher) a quebra de outra unidade
perfeita (pais e filhos)?
Ponto Importante
Na família, os filhos devem aprender
com os pais, mas, em tempo oportuno, devem sair de casa para ensinar também aos
seus próprios filhos. Esse é o ciclo da vida.
II. ALCANCE DO MANDAMENTO
1. Afastamento geográfico. Toda família
precisa de “espaço” para crescer. Para isso Deus mandou que o novo casal, antes
de se unir, saísse da casa dos pais. Observe-se uma planta. Ela precisa de um
espaço que seja só dela (veja o que acontece quando o trigo divide um pequeno
espaço geográfico com o joio — Mt 13.28-30 — é um problema). A grande
dificuldade é que as raízes do joio e do trigo podem se entrelaçar, diante da
proximidade territorial. Isso significa que o trigo precisa de um espaço
individual, próprio. A mesma coisa acontece com a nova família.
2. Afastamento psicológico. A planta
precisa da luz solar para fazer a fotossíntese e crescer. Entretanto, essa
radiação trará certo incômodo a ela nos horários mais quentes do dia. Isso
porém é necessário. Utilizando o mesmo raciocínio, pode-se dizer que os pais
não devem privar seus filhos dos eventuais desafios psicológicos. É preciso que
cada nova família adquira individualidade, tomando suas próprias decisões. Por
mais que “doa” ver os filhos passarem por certos “percalços” no novo contexto
familiar, o bloqueio emocional ao novo casal, pelos pais, (impedir que deixe
psicologicamente os genitores) ensejará prejuízo. Um escritor antigo dizia que
“em mar calmo todo barco navega bem”. As lutas, dificuldades, surgirão para que
possa despontar a nova liderança do lar: o marido. É bem verdade que o Código
Civil e a Constituição Federal não distinguem liderança entre homem e mulher,
no seio da família, mas a Bíblia estabelece. E, por isso, essa nova liderança
precisa surgir, mas não aparecerá se não houver autonomia psicológica. Esse
afastamento proporciona, à nova família e aos pais, a chance de um
relacionamento mais íntimo com o Criador, na confiança que Ele é o socorro na
hora da angústia (Sl 46.1) e, contra os incômodos do sol causticante, Ele é a
sombra (Sl 121.5-6).
3. Afastamento financeiro. A ordem de
“deixar pai e mãe” também atinge a parte financeira, porém o dever dos pais
ajudarem financeiramente os filhos (2Co 12.14) e vice-versa (Mc 7.10-13) nunca
terminará diante de Deus, bem como perante a lei civil, a qual usa como
parâmetro para definir o valor da “pensão alimentícia” o trinômio “necessidade-possibilidade-proporcionalidade”.
Isto é, o dever de pagar reciprocamente alcança pais e filhos, na medida da
necessidade e possibilidade de cada um, aplicando o critério da
proporcionalidade para achar o valor justo. Há, porém, pais que possuem renda
suficiente, mas exigem, para comprar supérfluos, aportes financeiros mensais do
filho casado. Por outro lado, existem filhos casados que, irresponsavelmente,
querem viver à custa dos pais. Os dois extremos estão errados e causam sérios
conflitos no lar. Frise-se, por fim, que nenhuma ajuda que inviabilize a
administração do lar de quem contribui vem de Deus, porque isso não tem origem
no amor, mas em um sentimento indevido de posse dos pais sobre o(a) filho(a)
recém-casado(a), ou vice-versa.
Pense!
Por que tantos pais querem manter o
controle sobre o filho após ele se casar? Seria isso amor ou egoísmo?
Ponto Importante
Deixar o filho seguir seu próprio
caminho, para construir um novo lar, como acontece com as cabras monteses (Jó 39.4),
é sinal de amor. Reter o que Deus liberou é egoísmo!
III. CONFLITO ENTRE MANDAMENTOS
Há, na Bíblia, dois mandamentos que
aparentemente se contradizem: deixar e também honrar pai e mãe.
1. Honrando pai e mãe. Sejam bons ou
maus, os pais devem ser honrados incondicionalmente. Entretanto se surgirem
conflitos entre o cônjuge e um dos pais, a Bíblia é clara: “deixará o homem pai
e mãe e se unirá à sua mulher”. O cônjuge deve ter sempre a prioridade! Os
interesses dos parceiros são superiores aos desejos dos sogros e filhos. Deus
disse a Abraão: “ouça a voz de sua mulher” (Gn 21.12). Os interesses de Sara
eram mesquinhos, pois o problema foi criado por ela e Deus faria Isaque ser o
herdeiro independentemente de qualquer coisa. Entretanto, mesmo sendo doloroso,
o Senhor determinou que Abraão abrisse mão do filho Ismael e Agar, por atenção
a Sara. A honra aos pais, porém, não pode ensejar em qualquer espécie de
humilhação ao cônjuge.
2. Deixando pai e mãe. Enquanto
estiverem em casa, os filhos deverão ser totalmente obedientes aos pais, no
Senhor. Quando se casarem, porém, “deixarão pai e mãe”, ou seja, os filhos
devem sair da casa, construir seu próprio patrimônio e tomar suas próprias
decisões na vida, para que a unidade do novo casal não seja comprometida. Por
tal motivo, é comum observar pessoas com sérios conflitos familiares, quando
acontece o caso de os pais continuarem intervindo nas decisões dos filhos
casados. É bom lembrar, porém, que, mesmo com o casamento dos filhos, a honra
àqueles que deram toda a atenção e carinho durante a infância, adolescência e
juventude aos filhos, ainda persistirá. Interessante que, logo após falarem
sobre o dever do novo casal de deixar pai e mãe, Jesus e o apóstolo Paulo
acrescentam sempre o dever de honrá-los (Mt 19.5,19; Mc 10.7,19 e Ef 5.31;
6.2), ou seja, um mandamento não invalida o outro.
3. Filhos que podem morrer cedo. O
primeiro mandamento com promessa é honrar pai e mãe, porque na primeira
infância os filhos ficam, diante de Deus, com grande dívida com seus pais e o
momento propício para o pagamento é quando os genitores não puderem mais cuidar
de si próprios. Então Deus garante ao filho atencioso que viverá muito, para
poder cuidar de seus pais na velhice! Dessa maneira, o Senhor harmoniza as
responsabilidades dentro da família. Não há ninguém sobrecarregado e outro sem
nenhuma obrigação. Todos têm um papel específico. O Senhor é justo.
Pense!
Quando o filho deixar os pais para
construir um novo lar, pode esquecer o que seus genitores fizeram por ele
durante a vida?
Ponto Importante
Sobre os filhos penderá, sempre, o
dever de honrar os pais até o fim, entretanto o dever de estarem em submissão
cessa com o casamento do filho.
CONCLUSÃO
Os pais e filhos que forem fiéis ao
mandamento mais antigo de Deus para a família — ao casar, deixar pai e mãe —
desfrutarão do ciclo da vida familiar em conformidade com a vontade do Criador.
E isso é muito bom e proveitoso. Obedecer às ordens do Senhor não é um peso,
mas um privilégio, pois a obediência garante um futuro de paz e a fruição de
toda a sorte de bênçãos divinas (Lv 26.3-10).
HORA DA REVISÃO
1. Qual o primeiro mandamento com
promessa?
“Honrar pai e mãe” (Êx 20.12).
2. Segundo a lição, em que consiste o
fenômeno da individuação?
É o fenômeno através do qual um
organismo se singulariza dentro da espécie, sem abandonar as características
comuns dos seus pares.
3. Como os pais devem tratar os seus
filhos casados?
Podem aconselhar, mas não interferir.
4. Por que os filhos devem deixar o lar
após o casamento?
Para dar início a um novo ciclo
familiar.
5. Quais tipos de afastamentos, entre
pais e filhos, devem ser feitos após o casamento?
Afastamentos geográfico, psicológico e
financeiro.
SUBSÍDIO I
“O casamento bíblico começa ‘deixando’
(a fundação), é sustentado ‘apegando-se’ (o processo) e resulta em uma carne (o
resultado). Deixar implica em uma transformação radical do básico e forte
relacionamento pré-conjugal, entre o homem e a mulher e seus respectivos pais,
e, desta maneira, todos os demais relacionamentos. A Bíblia não defende o
abandono dos pais e parentes para se casar (1Tm 5.8), mas espera uma
transformação radical no relacionamento entre pais e filhos, de modo que uma
nova unidade se forme, pelo casamento.
É importante que um casal recém-casado
perceba que é de seu interesse modificar o seu relacionamento com seus pais. A
raiz de muitos maus relacionamentos com os parentes do cônjuge frequentemente
devem-se ao fato de que os pais ou os filhos não são capazes de transformar o
seu relacionamento, [...], a fim de que se torne uma carne. [...] Um indivíduo
não pode se casar e se comportar como uma pessoa solteira, no que diz respeito
à administração do tempo, hábitos alimentares e associação com amigos e
parentes. No entanto, a Bíblia se concentra no mais básico de todos os
relacionamentos, que é o de pai e filho, para enfatizar a necessidade de
mudanças fundamentais, que devem ocorrer no casamento” (ADEI, Stephen. Seja o
Líder que Sua Família Precisa. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2010, p.110).
SUBSÍDIO II
“Deixará ('āzabh) raiz primitiva;
soltar, i. e., abandonar, permitir, etc.: — encomendar-se, entregar-se, deixar,
abandonar, desamparar, ajudar, retirar, mudar, dar de mão.
Verbo derivado de duas raízes
separadas. Na Bíblia hebraica, a mais comum é 'āzabhl, que significa partir,
abandonar, desamparar, soltar. A palavra pode ser usada para designar a partida
para um novo local (2Rs 8.6) ou para separar-se de outra pessoa (Gn 44.22 Rt
1.16). Quando o pai de Zípora a encontrou sem Moisés, perguntou: ‘Por que
deixastes o homem?’ (Êx 2.20). Um homem deve deixar os seus pais para se casar
(Gn 2.24). Deixar na mão é uma expressão idiomática que significa confiar (Gn
39.6). A palavra também pode ter uma conotação muito mais negativa. Os
israelitas abandonaram suas cidades depois que o exército fugiu (1Sm 31.7) o
sinal supremo de derrota (e frequentemente do juízo de Deus) eram cidades
abandonadas (Is 17.9; Jr 4.29; Sf 2.4). Os profetas conclamavam o povo para que
abandonassem, antes, os ídolos e o pecado (Is 55.7; Ez 20.8; 23.8)” (Bíblia de
Estudo Palavras-Chave Hebraico e Grego. 2ª Edição. RJ: CPAD, p.1834).
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PAZ DO SENHOR
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