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domingo, 27 de dezembro de 2015

Subsidio ebd CPAD escatologia 1/3/2016

                                   

                          ESCATOLOGIA INTRODUÇÃO GERAL                            
                   ESCATOLOGIA VISÃO PANORAMA

                                           Introdução



Estamos no limiar do terceiro milênio. Nestes dias que antecedem os últimos momentos deste sistema dos reinos do mundo, muitas doutrinas e filosofias têm surgido e o esoterismo, misturado com os ensinamentos profusos da chamada Nova Era, tendem a confundir os mais desavisados e os desconhecedores da Bíblia. É de suma importância que tenhamos um conhecimento mais aprofundado do que a Bíblia ensina a respeito dos acontecimentos mundiais mais importantes, e daquilo que está à nossa espera em breves dias futuros. Inúmeras pessoas se filiam, a cada dia, às diversas igrejas espalhadas em todo mundo. Entretanto, sabemos, também, que um número razoável dessas pessoas se afastam em razão de interpretações errôneas e falsas das Escrituras Sagradas. Nessas oportunidades, surgem as seitas e religiões fanáticas (Exs. Jim Jones, na Guiana Inglesa e o líder espiritual David Koresh, de uma seita em Waco - Texas, EUA), marcando datas da volta de Jesus, do fim do mundo e outras heresias. Para essa finalidade, o estudo sério e bíblico da Escatologia, é essencial para dirimir dúvidas e esclarecer muitas questões relacionadas com os eventos presentes e futuros e trazer uma compreensão de importantes temas bíblicos.

Importância do assunto

A Escatologia é um dos temas mais tratados na Bíblia. Sua importância despertava agudo interesse na igreja primitiva. Em toda a Bíblia, tanto no Antigo como no Novo Testamento, o assunto é retratado de forma relevante e intensa. O foco central, o âmago, o coração da Escatologia é A Segunda Vinda de Cristo. Como o próprio termo denota, a Escatologia não trata de toda a história do homem, mas focaliza e direciona o estudo para os acontecimentos finais da história humana e o estado eterno.
Segundo Henry C. Thiessen, a importância do retorno de Jesus é demonstrado por cinco motivos:
sua proeminência nas Escrituras - profusão de textos referindo-se ao assunto. Só no Novo Testamento encontramos mais de 300 referências à vinda de Jesus - Dn 7.13,14; Zc 14.4; Mt 24 e 25; Mc 13; Lc 21; 1 Co 15; 1 Ts; 2 Ts; Ap;
é uma chave para as Escrituras. Muitos temas, ordenanças, promessas e simbolismo na Bíblia ficam plenamente claros quando compreendemos bem a doutrina do retorno de Jesus à terra - Sl 2; 22; 24; 45; At 3.19-24; Tg 5.8; Hb 10.37; Ap 1.7; 22.12,20;
é a esperança da igreja - Tt 2.13 "... a bendita esperança...";
é incentivo para o Cristianismo bíblico - induz a auto-purificacao; inspira vigilância e perseverança; 1 Jo 3.3; 2 Pe 3.11; Mt 24.44; Rm 13.11; 2 Ts 1.7-10;
tem efeito marcante sobre nosso serviço - Há maior incentivo ao testemunho cristão de vida e verbal do evangelho. Rm 13.11-12.
Por envolver um período futuro e uma série considerável de acontecimentos, vários pontos da Escatologia são controversos. Alguns estudiosos até têm se esquivado de discutir esses temas que geram muitos debates pela dificuldade das questões. Millard J. Erickson, no entanto, diz que "quer concordemos que estas questões são importante, quer não, devemos examiná-las, pois aqueles que as discutem as consideram importantes". "Opções Contemporâneas na Escatologia" - pág. 10.

Etimologia da Palavra

O termo Escatologia tem origem em duas palavras gregas (éschatos = "último", e logos ="estudo"). Portanto, a tradução da palavra seria algo como: "A Doutrina (ou estudo) das Últimas Coisas".

Premissas
Houve um início e haverá um fim do atual sistema mundial
desfecho da evangelização mundial
a justiça divina deve ser implantada
o Milênio de paz será estabelecido
é necessário iniciar-se o tempo eterno
a morte e o mal serão destruídos
o bem triunfará
o envelhecimento (murchação-deterioração das células) do ser humano cessará
o Reino eterno de Jesus será estabelecido
o pecado e suas conseqüências terão fim

Esboço Simplificado

A Escatologia pode ser dividida em cinco grandes blocos:
fim do mundo;
a segunda vinda de Cristo;
a ressurreição dos mortos;
juízo final;
a criação dos novos céus e da nova terra.
Esses cinco blocos envolvem, principalmente, os seguintes tópicos, com relação aos indivíduos e ao mundo, contemplando aspectos redentivos, de julgamentos e uma intervenção pessoal de Deus no mundo humano e físico:
a) acontecimentos importantes na história mundial;
b) o testemunho da igreja a todas as nações - Mt 24;
c) Israel: história, rejeição e salvação do remanescente
d) as duas ressurreições
e) os julgamentos intermediário e final
f) a Parousia de Jesus Cristo
g) o milênio de paz
h) o arrebatamento da igreja
i) a transformação dos salvos
j) morte física e eterna

Aspectos Históricos

Vários aspectos da doutrina cristã têm sido tratados no decorrer dos séculos passados. Desde o estabelecimento da igreja, no século I da Era Cristã, os grandes temas têm recebido atenção e desenvolvidos em períodos diferentes da história da igreja, conforme abaixo:

·    século II - a igreja lidava especialmente com a Apologética e os fundamentos do Cristianismo;
·        séculos III e IV - com a Doutrina de Deus;
·        século V (início) - o homem e o pecado;
·        séculos V até o VII - com a pessoa de Cristo;
·        séculos XI até XVI - com a Expiação;
·        século XVI - aplicação da redenção (fé, justificação, etc);
·  século XIX - na metade deste século a Escatologia foi estudada precariamente. 
Vários erros foram introduzidos na igreja. Houve frustrações das expectativas, até então cridas, quando livros da Bíblia foram desconsiderados, inclusive o Apocalipse. Alguns teólogos chegaram ao absurdo de questionarem a autoridade de Jesus com relação aos eventos futuros, julgando-o, até mesmo, que havia se equivocado, e decidiram que, as predições bíblicas sobre o futuro do mundo eram meras invenções da igreja primitiva; século XX - bem no início deste século, entretanto, Albert Schweitzer fez uma revolução com o seu livro A Questão do Jesus Histórico, no qual demonstrou que a erudição crítica estava errada, e que a Escatologia devia ocupar posição central, e não periférica, nos ensinos de Jesus. Nos últimos tempos o assunto tem sido discutido até no governo da maior potência mundial, os EUA, inclusive, em debates presidenciais e televisionado para todos os países do mundo (ex. Reagan). Russell N. Champlin acha que o mundo tem de conhecer o tema e debatê-lo antes que os eventos finais sejam desencadeados em todo mundo (conforme veremos nas últimas lições). Por isso é que surgem místicos, dizendo as maiores heresias, das quais precisamos nos precaver para não sermos ludibriados por nenhuma delas.

A Escatologia no Antigo Testamento

Praticamente, quase todas as passagens do Antigo Testamento sobre a Escatologia está relacionada com a pessoa do Messias (Jesus Cristo) como Profeta, Sacerdote e Rei, em conexão com os diversos eventos. As profecias referentes a Jesus e a tudo que ele realizaria, em boa parte, foram preditos na sua totalidade, sem fazer clara distinção entre os fatos referentes ao primeiro e segundo advento, por estarem intimamente ligados, parecendo, às vezes, tratar-se de apenas um, o que só se tornou mais compreensível mais tarde, com a concretização de alguns acontecimentos - Sl 2; Is 7.14;9.1-6; 53; Jl 3.9-17; Jó 19.25,26. Esta foi uma das por que os judeus rejeitaram Jesus. Eles esperavam um Messias político, um rei que livrasse Israel do domínio do império romano pela força e estabelecesse um reino de paz. Quando se depararam com Jesus e seus ensinamentos de amor, ficaram decepcionados e o rejeitaram como o Messias. As expressões: "tempo do fim" (Dn 11.1-4), "naquele dia" (Is 24.21; 25.9; 27.1), "últimos dias" (Is 2.2; Os 3.5), "dia do Senhor" (Jl 2.28-32; Am 5.18-20; Ml 4.5), "dia da sua vinda" (Ml 3.1,2), são expressões escatológicas para indicar o tempo da segunda vinda de Cristo, com todos os eventos a ela relacionados.
No capítulo 9.24 do livro de Daniel, temos o resumo de alguns acontecimentos escatológicos relacionados com a nação de Israel e à cidade de Jerusalém, dentro da profecia das Setenta Semanas, reveladas a Daniel. São eles:

a) cessar a transgressão;
b) dar fim aos pecados;
c) expiar a iniquidade;
d) trazer a justiça eterna;
e) selar a visão e a profecia;
f) ungir o santo dos santos.

Charles Caldwell Ryrie faz, segundo seu entendimento, um esboço interessante do significado de cada um desses acontecimentos profetizados pelo anjo Gabriel ao profeta Daniel. Mesmo que não haja concordância com toda a interpretação de Ryrie, pelo menos merecem ser cuidadosamente estudados pela importância daqueles eventos.
a. cessar a transgressão - pôr fim à apostasia dos judeus;
b. dar fim aos pecados - expiar os pecados ou selar os pecados, no sentido de julgá-los de modo definitivo;
c. expiar a iniquidade - uma referência à morte de Cristo na cruz, que é uma base para o futuro perdão de Israel;
d. trazer a justiça eterna - no reino milenar do Messias;
e. selar a visão e a profecia - colocar o selo divino de confirmação em todas as profecias concernentes ao povo judeu e Jerusalém;
f. ungir o santo dos santos - consagração do Santo dos Santos no templo, no Milênio.
Desde que tornou-se nação até o tempo dos Macabeus no relato histórico do período intertestamental, Israel inúmeras vezes se viu dominado por outros reinos que o subjugavam. Por isso, então, a idéia e esperança sempre viva na mente dos judeus era a do estabelecimento de um reino definitivo e a libertação do domínio romano.

A Escatologia no Novo Testamento

Mencionamos um pouco atrás, na segunda lição, a posição de alguns intérpretes, que chegaram até a dizer que Jesus teria se enganado a respeito de alguns fatos e acontecimentos aos quais teria se referido.

Escatologia Consistente, ou Radical

Pois bem, no meio de toda uma discussão da Escatologia e a vinda do Reino de Deus, se esse Reino seria literal ou não, onde prevalecia a posição de que o Reino de Deus não era literal na sua natureza mas ético, foi que surgiu Schweitzer com um posicionamento, iniciado por Johannes Weiss, de que o Reino do qual Jesus falou não era ético mas escatológico, isto é, que viria no fim, seria apocalíptico. Com isso, ele então afunilou o ensino de todo o Novo Testamento para uma visão totalmente futurística. Na sua concepção, a chegada do Reino de Deus seria um clímax dramático, com distúrbios cósmicos, refutando, assim, os conceitos anteriores e não-escatológicos dos teólogos liberais, tendo esta sua posição sido chamada de Escatologia Consistente, ou Radical. Para melhor compreensão, cabe dizer neste ponto que a Escatologia no sentido mais amplo e com tudo que a envolve, trata da implantação dos Reino de Deus aqui na terra, a começar dos corações humanos, e envolve uma série enorme de ações e acontecimentos previstos para ocorrerem na terra, o sobrenatural, vindo dos céus, entrando no natural e se estabelecendo no planeta. Na verdade, o Reino de Deus deveria vir a ser estabelecido na terra com todas as características (já que é de Deus e de caráter justo) próprias de sua implantação: é claro, para os inimigos do Reino, o desfazimento do mal e seus agentes, com a aplicação da justiça e do juízo; mas, para os que o buscam e anseiam por ele, o estabelecimento da paz tão almejada e todas os benefícios que ela traz. Por que isso? É a destruição do reino atual, perverso, mal e corrupto, que é o de Satanás, e a implantação do justo e perfeito Reino de Deus.

Por isso, é que F. F. Bruce afirma que a pregação de Jesus, resumida em Mc 1.15 ("O tempo está cumprido e o Reino de Deus está próximo; arrependei e crede no evangelho"), declara o cumprimento da visão de Daniel: "E veio o tempo em que os santos possuíram o Reino" (Dn 7.22). Diz Bruce que, em certo sentido, o Reino já estava presente no ministério de Jesus: "se, porém, eu expulso os demônios pelo dedo de Deus, certamente é chegado o Reino de Deus sobre vós" (Lc 11.20; cf Mt 12.28). Mas, em outro sentido, o Reino ainda estava no futuro. Jesus ensinou seus discípulos a orar: "Venha o teu Reino" (Lc 11.2).

Escatologia Realizada

Logo após Schweitzer, veio C. H. Dodd com o que ele chamou de Escatologia Realizada, afirmando que o Reino de Deus não seria escatológico futurístico mas que já havia chegado com a primeira vinda de Jesus, ao contrário da posição de Schweitzer. Ou seja, na época do ministério de Jesus na terra foram cumpridas todas as promessas sobre o fim. Hoje, sabemos que essas posições não expressam toda a verdade, mas parte dela. Os judeus, na época de Jesus, tinham uma compreensão mais ou menos nessa linha de raciocínio (Lc 19.11). Erickson diz que, segundo Dodd, o conceito do dia do Senhor foi transferido a um evento histórico específico já ocorrido ou a uma série de eventos - o ministério, a morte e a ressurreição de Jesus. Ou seja, a escatologia foi cumprida, ou "realizada". Esse entendimento de Dodd é falho, visto ser incompleto e desconsiderar todo o quadro futuro. O Reino de Deus, na verdade, já começou a ser implantado entre os homens, como disse Jesus (Mt. 11.12; 12.28; 13.24,31,33; Mc 10.15; Lc 17.20,21), mas esse enfoque é apenas sob um ponto de vista porque, como parte da Escatologia, era tão somente o início da implantação do Reino de Deus entre os homens, o qual deveria começar dentro de cada pessoa, de maneira individual, para mais tarde ser implantado de forma literal e visível no meio de todos os homens, na terra (Mt. 6.10; 7.21; 8.11; 13.43; 16.28; 25.31-34; Mc 14.25; Lc 13.23, 27-29; 22.16,18,30,42).

Escatologia Inaugurada


George E. Ladd chama a percepção distinta de textos, como os acima, de Escatologia Inaugurada, que guardam coerência com as palavras e ensinos de Jesus e com todo o Novo Testamento. O período da encarnação de Cristo, sua vida, paixão, exaltação, o derramamento do Espírito Santo e o chamado dos gentios para se integrarem ao Novo Israel (o povo de Deus) e o cumprimento das predições proféticas a respeito do fim é, de fato, a Escatologia Bíblica. O resumo de tudo é que, o "tempo do fim", "os últimos dias" começou com a encarnação de Jesus e vai até o início do estado eterno futuro, e disso falaram todos os profetas. De acordo com Shedd, o Reino de Deus veio na pessoa de Jesus Cristo e seu ministério, de forma legítima, mas não na sua totalidade. Concluímos finalmente que a questão do estabelecimento do Reino de Deus na terra, no qual existe uma tensão até que tudo se cumpra, é o que alguns chamam de "já", mas "ainda não" da esperança cristã, isto é, já iniciou-se a sua implantação mas ainda não de forma completa. Tudo que estudaremos a seguir é a exegese, a interpretação pormenorizada desse tema maior que é a Escatologia.

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