ESCATOLOGIA INTRODUÇÃO
GERAL
ESCATOLOGIA
VISÃO PANORAMA
Introdução
Estamos no limiar do
terceiro milênio. Nestes dias que antecedem os últimos momentos deste sistema
dos reinos do mundo, muitas doutrinas e filosofias têm surgido e o esoterismo,
misturado com os ensinamentos profusos da chamada Nova Era, tendem a confundir
os mais desavisados e os desconhecedores da Bíblia. É de suma importância que
tenhamos um conhecimento mais aprofundado do que a Bíblia ensina a respeito dos
acontecimentos mundiais mais importantes, e daquilo que está à nossa espera em
breves dias futuros. Inúmeras pessoas se filiam, a cada dia, às diversas
igrejas espalhadas em todo mundo. Entretanto, sabemos, também, que um número
razoável dessas pessoas se afastam em razão de interpretações errôneas e falsas
das Escrituras Sagradas. Nessas oportunidades, surgem as seitas e religiões
fanáticas (Exs. Jim Jones, na Guiana Inglesa e o líder espiritual David Koresh,
de uma seita em Waco - Texas, EUA), marcando datas da volta de Jesus, do fim do
mundo e outras heresias. Para essa finalidade, o estudo sério e bíblico da
Escatologia, é essencial para dirimir dúvidas e esclarecer muitas questões
relacionadas com os eventos presentes e futuros e trazer uma compreensão de
importantes temas bíblicos.
Importância do assunto
A Escatologia é um dos
temas mais tratados na Bíblia. Sua importância despertava agudo interesse na
igreja primitiva. Em toda a Bíblia, tanto no Antigo como no Novo Testamento, o
assunto é retratado de forma relevante e intensa. O foco central, o âmago, o
coração da Escatologia é A Segunda Vinda de Cristo. Como o próprio termo
denota, a Escatologia não trata de toda a história do homem, mas focaliza e
direciona o estudo para os acontecimentos finais da história humana e o estado
eterno.
Segundo Henry C.
Thiessen, a importância do retorno de Jesus é demonstrado por cinco motivos:
sua proeminência nas
Escrituras - profusão de textos referindo-se ao assunto. Só no Novo Testamento
encontramos mais de 300 referências à vinda de Jesus - Dn 7.13,14; Zc 14.4; Mt
24 e 25; Mc 13; Lc 21; 1 Co 15; 1 Ts; 2 Ts; Ap;
é uma chave para as
Escrituras. Muitos temas, ordenanças, promessas e simbolismo na Bíblia ficam
plenamente claros quando compreendemos bem a doutrina do retorno de Jesus à
terra - Sl 2; 22; 24; 45; At 3.19-24; Tg 5.8; Hb 10.37; Ap 1.7; 22.12,20;
é a esperança da igreja -
Tt 2.13 "... a bendita esperança...";
é incentivo para o
Cristianismo bíblico - induz a auto-purificacao; inspira vigilância e
perseverança; 1 Jo 3.3; 2 Pe 3.11; Mt 24.44; Rm 13.11; 2 Ts 1.7-10;
tem efeito marcante sobre
nosso serviço - Há maior incentivo ao testemunho cristão de vida e verbal do
evangelho. Rm 13.11-12.
Por envolver um período
futuro e uma série considerável de acontecimentos, vários pontos da Escatologia
são controversos. Alguns estudiosos até têm se esquivado de discutir esses
temas que geram muitos debates pela dificuldade das questões. Millard J.
Erickson, no entanto, diz que "quer concordemos que estas questões são
importante, quer não, devemos examiná-las, pois aqueles que as discutem as
consideram importantes". "Opções Contemporâneas na Escatologia"
- pág. 10.
Etimologia da Palavra
O termo Escatologia tem
origem em duas palavras gregas (éschatos = "último", e logos
="estudo"). Portanto, a tradução da palavra seria algo como: "A
Doutrina (ou estudo) das Últimas Coisas".
Premissas
Houve um início e haverá
um fim do atual sistema mundial
desfecho da evangelização
mundial
a justiça divina deve ser
implantada
o Milênio de paz será
estabelecido
é necessário iniciar-se o
tempo eterno
a morte e o mal serão
destruídos
o bem triunfará
o envelhecimento
(murchação-deterioração das células) do ser humano cessará
o Reino eterno de Jesus
será estabelecido
o pecado e suas
conseqüências terão fim
Esboço Simplificado
A Escatologia pode ser
dividida em cinco grandes blocos:
fim do mundo;
a segunda vinda de
Cristo;
a ressurreição dos
mortos;
juízo final;
a criação dos novos céus
e da nova terra.
Esses cinco blocos
envolvem, principalmente, os seguintes tópicos, com relação aos indivíduos e ao
mundo, contemplando aspectos redentivos, de julgamentos e uma intervenção
pessoal de Deus no mundo humano e físico:
a) acontecimentos
importantes na história mundial;
b) o testemunho da igreja
a todas as nações - Mt 24;
c) Israel: história,
rejeição e salvação do remanescente
d) as duas ressurreições
e) os julgamentos
intermediário e final
f) a Parousia de Jesus
Cristo
g) o milênio de paz
h) o arrebatamento da
igreja
i) a transformação dos
salvos
j) morte física e eterna
Aspectos Históricos
Vários aspectos da
doutrina cristã têm sido tratados no decorrer dos séculos passados. Desde o
estabelecimento da igreja, no século I da Era Cristã, os grandes temas têm
recebido atenção e desenvolvidos em períodos diferentes da história da igreja,
conforme abaixo:
· século II - a igreja lidava especialmente
com a Apologética e os fundamentos do Cristianismo;
· séculos III e IV - com a Doutrina de
Deus;
· século V (início) - o homem e o pecado;
· séculos V até o VII - com a pessoa de
Cristo;
· séculos XI até XVI - com a Expiação;
· século XVI - aplicação da redenção (fé,
justificação, etc);
· século XIX - na metade deste século a
Escatologia foi estudada precariamente.
Vários erros foram introduzidos na
igreja. Houve frustrações das expectativas, até então cridas, quando livros da
Bíblia foram desconsiderados, inclusive o Apocalipse. Alguns teólogos chegaram
ao absurdo de questionarem a autoridade de Jesus com relação aos eventos
futuros, julgando-o, até mesmo, que havia se equivocado, e decidiram que, as
predições bíblicas sobre o futuro do mundo eram meras invenções da igreja
primitiva; século XX - bem no início deste século,
entretanto, Albert Schweitzer fez uma revolução com o seu livro A Questão do
Jesus Histórico, no qual demonstrou que a erudição crítica estava errada, e que
a Escatologia devia ocupar posição central, e não periférica, nos ensinos de
Jesus. Nos últimos tempos o assunto tem sido discutido até no governo da maior
potência mundial, os EUA, inclusive, em debates presidenciais e televisionado
para todos os países do mundo (ex. Reagan). Russell N. Champlin acha que o
mundo tem de conhecer o tema e debatê-lo antes que os eventos finais sejam
desencadeados em todo mundo (conforme veremos nas últimas lições). Por isso é
que surgem místicos, dizendo as maiores heresias, das quais precisamos nos
precaver para não sermos ludibriados por nenhuma delas.
A Escatologia no Antigo
Testamento
Praticamente, quase todas
as passagens do Antigo Testamento sobre a Escatologia está relacionada com a
pessoa do Messias (Jesus Cristo) como Profeta, Sacerdote e Rei, em conexão com
os diversos eventos. As profecias referentes a Jesus e a tudo que ele
realizaria, em boa parte, foram preditos na sua totalidade, sem fazer clara
distinção entre os fatos referentes ao primeiro e segundo advento, por estarem
intimamente ligados, parecendo, às vezes, tratar-se de apenas um, o que só se
tornou mais compreensível mais tarde, com a concretização de alguns
acontecimentos - Sl 2; Is 7.14;9.1-6; 53; Jl 3.9-17; Jó 19.25,26. Esta foi uma
das por que os judeus rejeitaram Jesus. Eles esperavam um Messias político, um
rei que livrasse Israel do domínio do império romano pela força e estabelecesse
um reino de paz. Quando se depararam com Jesus e seus ensinamentos de amor,
ficaram decepcionados e o rejeitaram como o Messias. As expressões: "tempo
do fim" (Dn 11.1-4), "naquele dia" (Is 24.21; 25.9; 27.1),
"últimos dias" (Is 2.2; Os 3.5), "dia do Senhor" (Jl
2.28-32; Am 5.18-20; Ml 4.5), "dia da sua vinda" (Ml 3.1,2), são
expressões escatológicas para indicar o tempo da segunda vinda de Cristo, com
todos os eventos a ela relacionados.
No capítulo 9.24 do livro
de Daniel, temos o resumo de alguns acontecimentos escatológicos relacionados
com a nação de Israel e à cidade de Jerusalém, dentro da profecia das Setenta
Semanas, reveladas a Daniel. São eles:
a) cessar a transgressão;
b) dar fim aos pecados;
c) expiar a iniquidade;
d) trazer a justiça
eterna;
e) selar a visão e a
profecia;
f) ungir o santo dos
santos.
Charles Caldwell Ryrie
faz, segundo seu entendimento, um esboço interessante do significado de cada um
desses acontecimentos profetizados pelo anjo Gabriel ao profeta Daniel. Mesmo
que não haja concordância com toda a interpretação de Ryrie, pelo menos merecem
ser cuidadosamente estudados pela importância daqueles eventos.
a. cessar a transgressão
- pôr fim à apostasia dos judeus;
b. dar fim aos pecados -
expiar os pecados ou selar os pecados, no sentido de julgá-los de modo
definitivo;
c. expiar a iniquidade -
uma referência à morte de Cristo na cruz, que é uma base para o futuro perdão
de Israel;
d. trazer a justiça
eterna - no reino milenar do Messias;
e. selar a visão e a
profecia - colocar o selo divino de confirmação em todas as profecias concernentes
ao povo judeu e Jerusalém;
f. ungir o santo dos
santos - consagração do Santo dos Santos no templo, no Milênio.
Desde que tornou-se nação
até o tempo dos Macabeus no relato histórico do período intertestamental,
Israel inúmeras vezes se viu dominado por outros reinos que o subjugavam. Por
isso, então, a idéia e esperança sempre viva na mente dos judeus era a do
estabelecimento de um reino definitivo e a libertação do domínio romano.
A Escatologia no Novo
Testamento
Mencionamos um pouco
atrás, na segunda lição, a posição de alguns intérpretes, que chegaram até a
dizer que Jesus teria se enganado a respeito de alguns fatos e acontecimentos
aos quais teria se referido.
Escatologia Consistente,
ou Radical
Pois bem, no meio de toda
uma discussão da Escatologia e a vinda do Reino de Deus, se esse Reino seria
literal ou não, onde prevalecia a posição de que o Reino de Deus não era
literal na sua natureza mas ético, foi que surgiu Schweitzer com um posicionamento,
iniciado por Johannes Weiss, de que o Reino do qual Jesus falou não era ético
mas escatológico, isto é, que viria no fim, seria apocalíptico. Com isso, ele
então afunilou o ensino de todo o Novo Testamento para uma visão totalmente
futurística. Na sua concepção, a chegada do Reino de Deus seria um clímax
dramático, com distúrbios cósmicos, refutando, assim, os conceitos anteriores e
não-escatológicos dos teólogos liberais, tendo esta sua posição sido chamada de
Escatologia Consistente, ou Radical. Para melhor compreensão, cabe dizer neste
ponto que a Escatologia no sentido mais amplo e com tudo que a envolve, trata
da implantação dos Reino de Deus aqui na terra, a começar dos corações humanos,
e envolve uma série enorme de ações e acontecimentos previstos para ocorrerem
na terra, o sobrenatural, vindo dos céus, entrando no natural e se
estabelecendo no planeta. Na verdade, o Reino de Deus deveria vir a ser
estabelecido na terra com todas as características (já que é de Deus e de
caráter justo) próprias de sua implantação: é claro, para os inimigos do Reino,
o desfazimento do mal e seus agentes, com a aplicação da justiça e do juízo;
mas, para os que o buscam e anseiam por ele, o estabelecimento da paz tão
almejada e todas os benefícios que ela traz. Por que isso? É a destruição do
reino atual, perverso, mal e corrupto, que é o de Satanás, e a implantação do
justo e perfeito Reino de Deus.
Por isso, é que F. F.
Bruce afirma que a pregação de Jesus, resumida em Mc 1.15 ("O tempo está
cumprido e o Reino de Deus está próximo; arrependei e crede no
evangelho"), declara o cumprimento da visão de Daniel: "E veio o
tempo em que os santos possuíram o Reino" (Dn 7.22). Diz Bruce que, em
certo sentido, o Reino já estava presente no ministério de Jesus: "se,
porém, eu expulso os demônios pelo dedo de Deus, certamente é chegado o Reino
de Deus sobre vós" (Lc 11.20; cf Mt 12.28). Mas, em outro sentido, o Reino
ainda estava no futuro. Jesus ensinou seus discípulos a orar: "Venha o teu
Reino" (Lc 11.2).
Escatologia Realizada
Logo após Schweitzer,
veio C. H. Dodd com o que ele chamou de Escatologia Realizada, afirmando que o
Reino de Deus não seria escatológico futurístico mas que já havia chegado com a
primeira vinda de Jesus, ao contrário da posição de Schweitzer. Ou seja, na
época do ministério de Jesus na terra foram cumpridas todas as promessas sobre
o fim. Hoje, sabemos que essas posições não expressam toda a verdade, mas parte
dela. Os judeus, na época de Jesus, tinham uma compreensão mais ou menos nessa
linha de raciocínio (Lc 19.11). Erickson diz que, segundo Dodd, o conceito do
dia do Senhor foi transferido a um evento histórico específico já ocorrido ou a
uma série de eventos - o ministério, a morte e a ressurreição de Jesus. Ou
seja, a escatologia foi cumprida, ou "realizada". Esse entendimento
de Dodd é falho, visto ser incompleto e desconsiderar todo o quadro futuro. O
Reino de Deus, na verdade, já começou a ser implantado entre os homens, como
disse Jesus (Mt. 11.12; 12.28; 13.24,31,33; Mc 10.15; Lc 17.20,21), mas esse
enfoque é apenas sob um ponto de vista porque, como parte da Escatologia, era
tão somente o início da implantação do Reino de Deus entre os homens, o qual
deveria começar dentro de cada pessoa, de maneira individual, para mais tarde
ser implantado de forma literal e visível no meio de todos os homens, na terra
(Mt. 6.10; 7.21; 8.11; 13.43; 16.28; 25.31-34; Mc 14.25; Lc 13.23, 27-29;
22.16,18,30,42).
Escatologia Inaugurada
George E. Ladd chama a
percepção distinta de textos, como os acima, de Escatologia Inaugurada, que
guardam coerência com as palavras e ensinos de Jesus e com todo o Novo
Testamento. O período da encarnação de Cristo, sua vida, paixão, exaltação, o
derramamento do Espírito Santo e o chamado dos gentios para se integrarem ao
Novo Israel (o povo de Deus) e o cumprimento das predições proféticas a
respeito do fim é, de fato, a Escatologia Bíblica. O resumo de tudo é que, o
"tempo do fim", "os últimos dias" começou com a encarnação
de Jesus e vai até o início do estado eterno futuro, e disso falaram todos os
profetas. De acordo com Shedd, o Reino de Deus veio na pessoa de Jesus Cristo e
seu ministério, de forma legítima, mas não na sua totalidade. Concluímos
finalmente que a questão do estabelecimento do Reino de Deus na terra, no qual
existe uma tensão até que tudo se cumpra, é o que alguns chamam de
"já", mas "ainda não" da esperança cristã, isto é, já
iniciou-se a sua implantação mas ainda não de forma completa. Tudo que
estudaremos a seguir é a exegese, a interpretação pormenorizada desse tema
maior que é a Escatologia.
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