Lições
Bíblicas CPAD
Jovens 4º Trimestre
de 2015
Título:
Estabelecendo relacionamentos saudáveis
Vivendo e aprendendo a viver
Comentarista:
Esdras Costa Bentho
Lição 11:
Relacionamento e perdão
Data: 13 de
Dezembro de 2015
TEXTO DO DIA
“Então,
Pedro, aproximando-se dele, disse: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão
contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete? Jesus lhe disse: Não te digo que até
sete, mas até setenta vezes sete” (Mt 18.21,22).
SÍNTESE
A doutrina
bíblica do perdão é um bálsamo santo sobre a consciência pecaminosa do homem e
uma ponte para relacionamentos rompidos.
AGENDA DE
LEITURA
SEGUNDA — 1Co
13.1-13
Perdão é o
amor em ação
TERÇA — Gn
45.1-14
O perdão
irrestrito de José
QUARTA — At
7.54-60
O perdão
orante de Estêvão
QUINTA — Sl
51.1-19
Suplicando o
perdão divino
SEXTA — Mt
6.9-15
Exortação ao
perdão
SÁBADO — Mt
5.43-48
O perdão
conduz à perfeição
OBJETIVOS
Após esta
aula, o aluno deverá estar apto a:
DEFINIR
perdão nas línguas bíblicas;
DESFAZER os
equívocos sobre o perdão;
PRATICAR o
perdão como uma dádiva.
INTERAÇÃO
Professor,
como orientadores de nossos alunos, precisamos sempre estar em comunhão com
nosso Senhor Jesus Cristo. Não somos apenas “transmissores” de doutrinas, mas
profetas para a presente geração. Deste modo, é necessário que vigiemos para
que a inquietação da vida cotidiana não subtraia os instantes que costumamos
dedicar à comunhão diária com Cristo. Trabalho, estudo, tempo gasto no
trânsito, nas filas — tudo coopera para a fragilidade dos relacionamentos seja
social, seja espiritual. Contudo, precisamos nos dedicar a oração, ao estudo da
Palavra e adoração ao Senhor. Não é possível influenciar nossos alunos apenas
com palavras é preciso exemplo!
ORIENTAÇÃO
PEDAGÓGICA
Nesta lição
estudaremos um tema muito conhecido pelos cristãos: a prática do perdão. Embora
conhecido enquanto doutrina, muitos cristãos não perdoam com facilidade os
agravos cometidos. Por isso é necessário sempre retornar ao assunto. O perdão
envolve um ofensor (aquele que cometeu a ofensa) e um ofendido (aquele que
sofreu a ofensa). Quem administra o perdão é este último. A ele cabe o dever de
perdoar a ofensa cometida. Assim, oriente aos alunos a respeito do valor do
perdão como mandamento divino e como saúde para as emoções e relacionamentos.
TEXTO BÍBLICO
Mateus
18.21-35.
21 — Então,
Pedro, aproximando-se dele, disse: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão
contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete?
22 — Jesus
lhe disse: Não te digo que até sete, mas até setenta vezes sete.
23 — Por
isso, o Reino dos céus pode comparar-se a um certo rei que quis fazer contas
com os seus servos;
24 — e,
começando a fazer contas, foi-lhe apresentado um que lhe devia dez mil
talentos.
25 — E, não
tendo com que pagar, o seu senhor mandou que ele, e sua mulher, e seus filhos
fossem vendidos, com tudo quanto tinha, para que a dívida se lhe pagasse.
26 — Então,
aquele servo, prostrando-se, o reverenciava, dizendo: Senhor, sê generoso para
comigo, e tudo te pagarei.
27 — Então, o
senhor daquele servo, movido de íntima compaixão, soltou-o e perdoou-lhe a
dívida.
28 — Saindo,
porém, aquele servo, encontrou um dos seus conservos que lhe devia cem
dinheiros e, lançando mão dele, sufocava-o, dizendo: Paga-me o que me deves.
29 — Então, o
seu companheiro, prostrando-se a seus pés, rogava-lhe, dizendo: Sê generoso
para comigo, e tudo te pagarei.
30 — Ele,
porém, não quis; antes, foi encerrá-lo na prisão, até que pagasse a dívida.
31 — Vendo,
pois, os seus conservos o que lhe acontecia, contristaram-se muito e foram
declarar ao seu senhor tudo o que se passara.
32 — Então, o
seu senhor, chamando-o à sua presença, disse-lhe: Servo malvado, perdoei-te
toda aquela dívida, porque me suplicaste.
33 — Não
devias tu, igualmente, ter compaixão do teu companheiro, como eu também tive
misericórdia de ti?
34 — E,
indignado, o seu senhor o entregou aos atormentadores, até que pagasse tudo o
que devia.
35 — Assim
vos fará também meu Pai celestial, se do coração não perdoardes, cada um a seu
irmão, as suas ofensas.
COMENTÁRIO DA
LIÇÃO
INTRODUÇÃO
A doutrina do
perdão é um dos grandes pilares dos ensinos do Novo Testamento. Não é possível
ser verdadeiro imitador de Cristo sem o exercício do perdão. Jesus não apenas
perdoou como também ensinou o perdão, seja por parábolas, seja por ensinos
diretos. O perdão vence os sentimentos de ira e vingança e estabelece a paz
entre Deus e o homem e entre o homem e o seu próximo. Nesta lição estudaremos a
doutrina do perdão e sua importância nas interações humanas.
I. O QUE É O
PERDÃO
1. Nas
línguas bíblicas. O vocabulário para “perdão” nas Escrituras do Antigo e Novo
Testamentos é variado e rico. No hebraico, salach, designa a ação
misericordiosa de Deus mediante a qual Ele perdoa, desculpa e livra o pecador
da culpa e do castigo advindos pela transgressão (Gn 18.26; Lv 4.20; Nm 14.19;
15.25; Sl 25.18; 32.1,5; 85.2; Rm 4.6-8). No grego, aphiemi, quer dizer “soltar”,
“cancelar”, “remir” e “perdoar” e aparece nos Evangelhos referindo-se ao perdão
dos pecados (Mt 26.28; Mc 2.5; Lc 7.47), de dívidas (Mt 6.12) e “ofensas” (Mc
11.25).
2. Nos atos e
ensinos de Jesus. O perdão foi ensinado (Mt 6.9-15; 18.25-35; Lc 7.36-50;
15.11-32) e praticado por Jesus (Mt 9.6; Lc 23.34, 39-42). A pregação das
Boas-Novas era o anúncio do perdão irrestrito ao pecador penitente (Mt 1.21; Mc
10.45). Incluía desde o cancelamento do efeito do pecado cometido (Mc 2.5; Jo
8.11) à aceitação graciosa do pecador à comunhão com Deus (Lc 15.20-24). A
morte de Jesus Cristo no Calvário cumpria assim a oferta escatológica do perdão
anunciada pelos profetas (Jr 31.34; 33.8 ver Lc 1.76-79; 4.18,19).
3. Nos
ensinos das epístolas. O perdão nas epístolas aparece no contexto da doutrina
da justificação e da graça divina (Rm 3.21-26; 5.1,2,6-11). A pessoa não é tão
somente perdoada dos pecados e livre da culpa, mas liberta completamente do
poder do pecado sobre ela. O perdão promove a reconciliação do homem com Deus
(Rm 5.10,11; 2Co 5.18-21) e faz com que o pecador participe da justiça de
Cristo em Deus (Rm 3.21-28; 8.1; 9.30; 1Co 1.30,31).
Pense!
“Não levante
a espada sobre a cabeça de quem te pediu perdão” (Machado de Assis).
Ponto
Importante
“Quer ser
feliz por um instante? Vingue-se. Quer ser feliz para sempre? Perdoe”
(Tertuliano).
II. O QUE NÃO
É PERDÃO
1. Não é
fraqueza e covardia. Na perspectiva da filosofia existencialista anticristã, o
perdão é visto tanto como fraqueza quanto covardia, e uma forma de corrupção e
domesticação da natureza do homem por meio da moral cristã. O filósofo ateu F.
Nietzsche entendia os ensinos de Jesus e a ética cristã deste modo. Para ele, o
perdão ensinado por Jesus representava fraqueza e uma maneira de comprar a
Deus. Ele afirmava que “o homem perde poder quando se compadece”.
2. Não é
tolerância ao erro. Outro pensamento equivocado a respeito do perdão é
considerá-lo como tolerância ao erro. Aquele que perdoa estaria deste modo
sendo conivente com o erro, o mal, ou pecado. Assim, tolerar é compreendido
como “consentimento” ou “permissão”. Todavia, tolerância é suportar o peso do
erro de alguém em vez de concordar ou consentir com o pecado. Quem perdoa não é
conivente com o erro que lhe foi cometido, mas suporta a ofensa e a perdoa.
3. Não é
anular a justiça (Lc 23.39-43). O perdão de modo algum anula o exercício ou
prática da justiça (Dt 16.19). Justiça é dar a cada um o que lhe é devido
(v.41). Está relacionada à ação (Jo 7.24). O perdão reconhece que a injustiça
foi cometida, mas opera para além dela. É uma dádiva. Na morte de Jesus,
entretanto, temos a satisfação da justiça de Deus e a ministração do perdão
divino (Rm 1.17; 3.21-31 ver Mt 21.28-32). Assim, o perdão e a justiça podem
atuar conjuntamente. No caso do ladrão na cruz, a justiça veio primeiro e,
depois, o perdão (Lc 23.39-43). O perdão opera na esfera do sentimento e da
subjetividade, a justiça, no entanto, é concreta e objetiva.
Pense!
Jesus ensinou
que a justiça divina é distributiva e misericordiosa (Mt 20.1-16)
Ponto
Importante
O exercício
do perdão é uma lembrança de nossa posição diante de Deus.
III. PERDÃO,
BASE DE RELACIONAMENTOS SAUDÁVEIS
1. Conflitos
nos relacionamentos (Cl 3.13). Todo relacionamento humano está sujeito a
conflitos, desavenças e queixas (At 15.36-39; 1Co 1.10-30). Não existe
interação humana perfeita e por isso a dádiva do perdão deve estar presente (Mt
18.21,22).
2. As duas
dimensões do perdão. O perdão entendido corretamente abrange duas dimensões da
vida humana: vertical e horizontal. Na primeira advém de Deus para o homem,
removendo a culpa e se constituindo um ato de graça mediante o qual o ser
humano é restaurado à comunhão com Deus (2Co 5.19; Dn 9.9). Ninguém perdoa a
Deus, pois Ele é Perfeito e Justo (Sl 9.8; 18.30; 19.7; 98.9; Mt 5.48). Na
segunda, diz respeito ao tratamento dispensado ao próximo (Mt 5.44; 6.12;
18.21,22; Rm 12.14,19). Essas duas dimensões são interdependentes (Mt 6.12;
18.23-35).
3. A dádiva
do perdão. Perdoar é um ato de pura graça e de superação à ofensa recebida (Mt
18.21,22). Quem exerce o perdão lida melhor com o ressentimento e mágoas que
advêm das injustiças sofridas. Perdoar é o melhor remédio para curar as feridas
da alma: tristeza, angústia, compaixão própria, depressão entre outras. Quando
a pessoa perdoa ela abre-se para uma nova e saudável experiência na qual as
doenças psicossomáticas não se instalam sobre sua vida. O exercício do perdão
traz saúde para a vida. Perdoe e viva feliz!
Pense!
“Assim vos
fará também meu Pai celestial, se do coração não perdoardes, cada um a seu
irmão, as suas ofensas” (Mt 18.35).
Ponto
Importante
“O juízo
final será sem misericórdia sobre aquele que não fez misericórdia” (Tg 2.13).
CONCLUSÃO
O perdão é
uma dádiva divina na qual o cristão é chamado a participar livremente. Todavia,
se não o fizer por meio de um ato livre e misericordioso concedido por Deus,
deve exercê-lo como mandamento divino.
ESTANTE DO
PROFESSOR
ARRINGTON, F.
L.; STRONSTAD, R. (eds.) Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. 1ª
Edição. RJ: CPAD, 2003.
HENRY,
Matthew. Comentário Bíblico Matthew Henry. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2002.
HORA DA
REVISÃO
1. Descreva o
perdão nas línguas bíblicas.
Designa a
ação misericordiosa de Deus mediante a qual Ele perdoa, desculpa e livra o
pecador da culpa e do castigo.
2. Fale sobre
a relação entre Boas-Novas e perdão.
As Boas-Novas
era o anúncio do perdão irrestrito ao pecador penitente.
3. O que diz
a filosofia anticristã acerca do perdão?
Fraqueza e
covardia; uma forma de corrupção e domesticação da natureza do homem por meio
da moral cristã.
4. Faça a
distinção entre perdão e tolerância.
Tolerância é
suportar o peso do erro de alguém em vez de concordar ou consentir com o
pecado.
5. Qual a
relação entre perdão e saúde mental?
Quando a
pessoa perdoa ela abre-se para uma nova e saudável experiência na qual as
doenças psicossomáticas não se instalam sobre sua vida.
SUBSÍDIO I
“Perdoar não
é uma opção
Perdoar não
pode ser uma opção, até porque não há outra saída para quem foi ferido. Quem
não perdoa anula a possiblilidade de ser livre, vivendo aprisionado às
lembranças do que passou. Dentro desta ótica, o perdão é o passaporte para a
liberdade: quem não perdoa sofre e vivencia a mágoa noite e dia, carregando um
fardo que pode transformar-se em doenças do físico e da alma, ou até ser as
duas associadas (doenças psicossomáticas).
O irônico é
que muitas vezes quem comete o erro se arrepende, busca ajustar-se, procura
terapia para conhecer seus motivos e fortalecer-se contra quedas futuras, e até
passa a ter uma vida emocional e espiritual mais frutífera do que antes da
queda. Até porque uma das capacidades humanas é aprender com o erro e com a
dor, tornando-nos pessoas mais conscientes de fraquezas e tendências. Contudo,
quem foi ferido, se não decidir perdoar e submeter-se ao processo de perdão, viverá
sob o peso da dor da traição e pagará o preço emocionalmente pelo erro do
ofensor.
É por essa
razão que perdoar não é uma opção dentre outras para ser considerada. Mas é a
opção, a única decisão correta a ser tomada para que você seja livre da dor, da
ira, das doenças, do envelhecimento precoce, dos olhos turvos, da aniquilação
dos projetos de vida” (CRUZ, Elaine. Sócios, Amigos & Amados: Os Três
Pilares do Casamento. 1ª Edição. CPAD. RJ: 2005, p.206.)
SUBSÍDIO II
“Perdoar não
é esquecer
Deus é o único
que consegue apagar nossas culpas e pecados, deles não se lembrando mais,
tornando-nos, a cada vez que pedimos perdão a Ele, novas criaturas, limpas da
nódoa do pecado e brancos como a neve.
Bom seria se
tivéssemos um mar de esquecimento. Jogaríamos nele as nossas mágoas, os fatos
que nos fazem sofrer, as palavras que nos machucaram, nossos desapontamentos,
fracassos e tragédias — e para ficar melhor ainda, colocaríamos uma placa ao
redor com os letreiros ‘É proibido pescar’. Não seria, simplesmente, maravilhoso?
Infelizmente
isto não é possível. Nós, humanos, temos uma memória que não se apaga. Alguns
podem até passar por traumas ou dores tão profundas, que submergem em uma
amnésia temporária ou permanente os fatos e período que os fizeram sofrer: é comum
que pessoas que sofram acidentes graves esqueçam os momentos que antecederam o
fato.
A única forma
de apagar definitivamente a memória é remover do cérebro as áreas onde ela se
concentra, por uma lobotomia ou por perda da massa cinzenta. E isto certamente
não é o que desejamos” (CRUZ, Elaine. Sócios, Amigos & Amados: Os Três
Pilares do Casamento. 1ª ed. CPAD. RJ: 2005, p.203.)
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